segunda-feira, 30 de setembro de 2013

O Que Não Somos.




Quando alguém se refere a uma pessoa com má intensão, com certeza, é para ofendê-la e deixa-la pensativa ao que ela detesta pensar que seja. O objetivo da ofensa é esse, ofender. Porém, a depender de quem a recebe, pode ser um ganho... Como assim? Se ainda não tenho a certeza de que não sou aquilo de que me chamam... Nada melhor do que esperar para ver nas horas mais turbulentas...

As ofensas, de pessoas para pessoa, serão sempre de níveis diferentes. Muitas levam em consideração fatores externos, como a pele, o corpo, alguns defeitos – psicológicos, físicos; outros, como sabem, procuram defeitos no próximo, ainda que aqueles possuam muito mais que qualquer um.

Na realidade, é um joguete que nos faz repensar o que somos e o que não somos. Exemplo disso é ao nos chamar de carecas, quando nossos cabelos começam a cair... (eu disse ‘começam!’), e iniciamos um pensamento decadente em relação à nossa pessoa, simplesmente por que alguém nos chamou pelo que não somos ainda. E se fôssemos?

Será que minha estrutura biológica, física, interna, meus valores que colho, meus princípios, minhas experiências que colhi... Enfim, tudo isso pode ser rotulado de “careca?”... Acredito que não. Será que careca não seria apenas minha cabeça? Acho que sim.

Baseando-me nessa premissa, gostaria de levar pessoas a repensarem seus conflitos internos quando são ofendidas, seja de negro, branquelo, problemático, careca, marginal... De coisas que geralmente representam um plano de nosso físico, e não de nossas personalidades. A questão, no entanto, é quando levamos todos nossos valores ao que somos como pele... E isso nos faz defensor daquilo que não somos.
Se temos orgulho de nossa pele, é maravilhoso, mas levá-la a fazer parte de nossas estruturas internas, legado, princípios, religião, seja o branco ou o negro, é meio perigoso, porque nos faz defensor do que não somos... E sim defensor do que nossas peles o são.

O que não somos

Não somos nossas peles, não somos nossos cabelos, não somos nossas ideias, não somos nossos pensamentos, não somos nossos andados, nossos carros, nossa casa, nossos filhos, nossas mães... Digo isso em razão de estarmos motivados a nos educar, desde tenra idade, ao que podemos ser, mas nunca ao que realmente somos.

A prova disso é quando morremos... Alguém sempre vai dizer.., “ele foi um grande pai”, outros vão dizer, “ela foi uma pessoa que sempre pensou nos filhos”, mais alguns... “Aqui, morreu um homem que nunca fez mal a ninguém...”, e assim por diante...

Desde que me conheço por gente, nunca, após um enterro, ouvi pessoas dizer... “Lá se foi o careca”, “Aquele cara tinha uma pele muito escura”, ou “poxa, como aquele cara era branco, chegando ser rosado!”...

É nessa hora que elementos internos de uma pessoa são ressaltados, pois o que realmente vale é o que ela faz, não o que a pele, o andado, a careca, o corpo dela são. Como eu disse, são simplesmente joguetes para provocar reações e nos fazer repensar o que somos...

Sei que estou sendo simplista, mas há provas de que tudo que possuímos serve como referencial para conflitar ou mesmo tirar proveito do próximo. No entanto, a prática, na maioria das vezes, e isso serve para movimentos racistas, anti isso, anti aquilo, que sempre levantam bandeiras com finalidades separatistas, assim com vários movimentos o fazem até hoje, enfim, a prática revela o lado mais claro do que podemos ser.

Casos há em que pessoas percebem que tudo não passa de patologia, que ao longo dos séculos, foi tomando conta de suas culturas, ou mesmo em suas simples vidas, quando um individuo salva a vida de alguém que se ama tanto, ou mesmo a vida daquele que passou seu primeiro e segundo graus, fazendo comentários jocosos, discriminadores, preconceituosos em sua juventude...

O primeiro pensamento é... “poxa, como vou agradecê-lo?”... “que pessoa maravilhosa, e eu não sabia!”... “O que faço para me desculpar...”... A partir daí, vem o aperto de mão, o abraço, diálogos, pequenos coisas que fazem desaparecer o que há muito se defendia como ser humano, mas que, ao deparar com elementos mais humanos ainda, constata-se: eram inconscientes enraizados em minha personalidade que sempre acreditou em valores errôneos, e que devem ser vigiados, pois podem voltar a partir de pequenas falhas... Mas quem não erra?

O que somos.


Somos assim, mais que isso. Mais que tudo que dizem e, o mais importante, o que acreditamos ser, no sentido físico, estrutural, comportamental e psicológico da questão. Somos, como diria o sábio, o mistério mais belo do universo, e por ele devemos viver... 

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Fogo Puro



O amor é dos suspiros a fumaça; puro, é fogo que os olhos ameaça; revolto, um mar de lágrimas de amantes... Que mais será? Loucura temperada, fel ingrato, doçura refinada. (William Shakespeare)







Folhas ao vento que se vão,
Nuvens ao sol que se espalham,
Asas ao norte que revoam,
Para onde vão?
Flores perfeitas que decaem,
Ciscos de meus olhos abertos,
Que caem incertos,
Em sopros se vão.
Por quê?
Pingos de chuva em meu rosto,
Se agrupam e molham meu corpo,
Encharcam minha alma de frio,
E transbordam ruas feito rio...
O que são?
Salivas que saem de minha boca,
Turvas dores de meu coração,
Clamam ao céu respostas,
E quando de paixão se movem,
Desfazem lágrimas sem ação.
O que faço?
E o céu se move como ontem,
A terra tão fértil sem parar
Sorria abaixo do Arco,
O que há nesse olhar?

Sei que um pingo nos traz o oceano,
Das menores nuvens, o mar.
De uma asa solitária,
Ao fim do dia,
Um poeta dizia
“que venha a passarada ao meu lar”.

E no jardim de tua alma...

Linhas deságuam na imensidão,
Torneadas pelo vento,
Que me aproximam do teu corpo,
Que alimentam meu gosto...
Canção.
O que fiz?
Como santidade eu te toco,
Cheiro como jardins,
Se infiltram como planos,
Me desmontam no fim...
O que faço?
Jogo-me na escuridão da tarde,
De olhos fechados ao chão,
Esvazio minha alma de dores,
Espero teus lábios, em vão.
Percorro as esquinas da vida,
E as tuas, que se vão,
Alimento-me do teu segredo,
E com meu cetro... Paixão.
Para onde vou?
E os mistérios continuam,
Entre almas que suam,
Que soam, que sangram,
Em desejos ímpios,
Segredos libidos,
Amores férteis,
Que são meu vinho, meu pão.
O que sou?

E na dança do Vento

Baila como rosas na primavera,
Me congelam no outono febril,
Me caçam como leões doentes,
E você, uma hiena ardente,
Sorria em meu canto ardil.

Como eu te amo, minha senhoria,
Que não clama meu nome em vão,
Pois rebenta a porta de minha áurea,
Com a violência de uma brisa em
Formação...

Grande sol se foi,
a tarde se baniu...
Teus olhos sob o meu
Não eram ilusão,
e sim, castanhos sonhos 
de deusa febril.





quinta-feira, 26 de setembro de 2013

A Singularidade das Almas

A Alma está em tudo



...Não adiantou muito aquele ditador queimar a maioria dos livros de sua época, a fim de tornar ignorante seu povo, sua gente. Não adiantou muito a Igreja coibir direitos e obrigações religiosas, como se fossem ordens celestes, advindas de deuses pessoais; não adiantou o massacre de milhões de pessoas pelo mal em pessoa, como se fosse exterminar uma raça inteira, e “limpar” a humanidade e iniciá-la do nada, ou melhor, com outra.

O ser humano tem por natureza o começar. Nele, seja estruturalmente, psico e espiritualmente, estamos sempre começando. Não adianta eliminar as possibilidades que acredito serem errôneas, elas voltam com outra face. Não adiantam eliminar um físico, há sempre um “herdeiro” para continuar o que fora deixado; não adianta eliminar uma alma, ela... de algum modo... sobrevive nas pessoas que nela acreditaram, ou, como diria o sábio, a própria alma não pode ser eliminada, ela tem muito que fazer...

E a alma, seja ela individual ou coletiva, tem seus ideais. Não adianta eliminar pessoas e ideias, corpos e mentes, livros e letras, seja em fogueiras imensas, símbolo de uma época, ou seja em fogueiras ocultas, metáfora de uma outra época. Ela está sempre viva.

Há autores esotéricos que dizem que a alma grega não se foi... (a alma coletiva), ela se encontra em países que a respeitam, e que seguem aquela singularidade em leis e princípios que um dia nortearam uma época. Talvez não saibam, mas até mesmo a alma romana, da época de Júlio César, e não me refiro à alma senatorial, mas a dos guerreiros que, antes de seu vínculos com a terra, tinha um compromisso com a deusa maior – a própria Roma, a qual, para eles, era mais que uma ideia, era, enfim, o espírito maior de qualquer cidadão daquela cidade.

Sobre a alma egípcia, não sei, mas deve sobreviver em homens que, às escusas, tentam, a pingo d´água, imprimir seus ensinamentos, baseados nos grandes sacerdotes do passado, os quais deram a espiritualidade jamais alcançada por homem de país algum, seja de uma Roma, de uma Grécia, seja de uma Índia, enfim, até mesmo por países atuais que se julgam “espirituais”, mas que se adentram em confusões de interpretação bíblicas (de todos os tipos), trazendo à tona conflitos religiosos sem fim.

E hoje, quando sinto que podemos respirar um pouco dessas almas, assim com uma brisa que nos passa pelo rosto de vez em quando, sinto em meu coração mais forte, quente, em busca de uma realização só dele. É um trabalho em conjunto... Nossos corações, em sua pureza, ainda que em poucos milésimos, sentem a necessidade de encontrar uma verdade que lhe sobressai, que está além-alma.

Rejeitar essa busca é rejeitar ser humano. É propiciar que ventos separatistas (sectaristas) se aproximem e levem tal brisa para longe. É dizer a si mesmo, “não, quero isso, pois estou conformado com o que me deram”. A brisa, no entanto, vem de um universo misterioso, cheio de intenções de fazer evoluir nossos desejos, nossa natureza terra, e direcionar nossa mente, nosso corpo, nosso mundo ao céu.


Assim, e por isso, desde que aquele ditador enraigado por mudanças frias, natas de seu bel prazer, que queria que o mundo iniciasse a história por ele, esqueceu-se de que as brisas que sopram desse universo oculto revelam verdades antes de qualquer livro, antes de qualquer humano, e caem em consciências já voltadas a busca. Em filósofos. 

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Nas Entrelinhas da História

A história se faz com homens que buscam a Deus.




Há muito. Há muito tempo mesmo, o homem vem trilhando caminhos em nome de descobrir a divindade que mora fora e dentro de si. Seus mistérios, encantos, maldições. Tudo em forma de anjos e demônios dos quais todas as civilizações tiraram proveito, regeram ou foram regidas. Algumas, o conhecimento, outras, a ignorância.

Poucos homens, no entanto, dentro dessas grandes civilizações que nos norteiam (ou em alguns cantos do mundo), fizeram de suas vidas, graças a outros mais conhecedores do mundo, em seu âmbito mais interessante, o espiritual, uma busca desenfreada pela Verdade.
Fossem ricos ou pobres, cidadãos ou governantes, vinham com a ânsia análoga ao de um sol a iluminar seu espaço, seu canto. Fossem sapateiros, músicos ou líderes espirituais; fossem meramente mendigos a viver dentro de barris, fossem homens faraós, que traduziram, ao seu modo, o sagrado na vida de um povo.

Estes, tão enraizados na humanidade, e com almas em Deus, são inesquecíveis desde o dia em que pisaram na terra. Pois seus feitos, regados de sacralidade e amor, justiça e verdade, saltitam em nossos sonhos tais quais gafanhotos quando invadem plantação. Em nosso caso, damos graças aos deuses pela plantação ser nós próprios.

Neles, nesses grandes seres, a radiação se propaga muito mais em razão de nascerem em épocas conturbadoras, cheias de declínio. Se não o fossem, irradiariam do mesmo modo, pois, na verdade, em todas as épocas há, por si só, revelações de fim de mundo, apocalipse, surgimento de bestas, de crianças que salvarão o mundo... etc.

Contudo, assim como vejo a pedra, a verdade é vista pelos homens sábios que um dia deixaram seu conhecimento a muitos, os quais até então os resguardam mais ainda, em razão de desconfigurações históricas ainda existirem, principalmente no campo religioso.

Tais homens, segundo a tradição, vêm especialmente para mostrar por meio de painéis filosóficos – seus diálogos, complacência, humanidade, amor ao próximo, ética e principalmente virtude – o que devemos ter e ser. Se não fossem tais seres especiais, que acreditam até o último momento na humanidade, no ser humano, seja ele qual for, não teríamos como levantar da cama, pois nossa consciência, hoje, beira, antes de tudo a uma procura intima de nós mesmos, a fim de encontrar a divindade em nós, ou... fora de nós.

Os percalços pelos quais passamos, hoje, talvez seja um dos maiores, mesmo porque não temos, em evidência, mais heróis, sábios, nem mesmo idealistas de plantão dos quais poderíamos iniciar alguma filosofia pessoal.

Então... O que nos resta é voltar ao passado, tocar no rio da sabedoria, olhar, tocar, sentir a água em nossas mãos, e entender que a vida é tão maior do que essa visão que nossos olhos alcançam.  Rio que não tem inicio, nem mesmo fim. E quando o tocamos, parece que nele há elementos que um dia fizeram parte de nós...

Essa é a relação íntima que o homem devia ter com Deus. Não o temer, mas envolver-se em suas águas, tocá-lo, apreciá-lo, e descobrir sua profundidade em cada vida que passamos. Sim, pois, não há possibilidade de descobrir a Deus racionalmente, mas entender apenas que existe em todas as possibilidades micro universos, de modo a fazer Dele seu ideal.

E... como é difícil falar de Ideal. Muitos morreram por ele, outros viveram até o fim de sua vida. Por ele, filósofos clássicos revestiram de mitos, de contos, de lendas, de histórias com intenção de mostrar os sistemas opressores, a injustiça, a ignorância, e por que não dizer o mau caratismo? Deste, o mundo reina...

Homens que nasceram humildes, e que só pretendiam a verdade em suas palavras e vida; homens-filósofos que modificaram o rumo da história e, como um grito no meio da guerra, tentaram avisar da destruição desnecessária de um mundo que ainda tinha jeito...

O mundo, sim; mas nos parecia que o homem, não. Quantas vezes, o mal, em forma de palavras, de atos, e revestido de bondade, tentou cegar os reais sábios, e conseguiram calar multidões, fazendo-os de gado?... Assim o foi, por várias vezes, e até hoje, por meio de falácias, acredita-se nele.

Não somos nenhum Sócrates, Jesus Cristo, Platão, Pitágoras... Nem mesmo um Mozart, que, segundo a real história, fora um dos maiores idealistas de sua época, mas, graças à sua dedicação, ao seu amor ao que fazia e realizava com sua vocação, em uma época de inveja e competições, fora deixado à margem da sociedade por muito tempo, além de ser injustiçado por pessoas que inventaram maledicências a seu respeito.

A música, no entanto, a linguagem universal, sempre nos deixou sua espiritualidade como reflexo do que realmente era: um homem que, como poucos, realizava maravilhas em nome do que acreditava. O Ideal.

Ah, o ideal... Como Sócrates eu queria um dia morrer, e ter a certeza do que o outro lado me espera... Mas o medo em viver aqui, nesse frio mal que nos retrai pelas incertezas, nos faz mais temerosos pelo outro lado da vida. A questão, como mostrou-nos o mestre, era saber viver, saber lidar com o ser humano, consigo mesmo, e ter uma Trilha na qual poderíamos ter acesso, assim como vários, antes dele, o puderam.


Uma trilha perigosa na qual quando se vê tem-se a sombra da verdade, da justiça, do sol que tanto procuramos nas horas de nossas orações. Uma trilha pura e talvez por isso difícil de seguir, pois nossos corações já não o são, e se seguirmos temos que voltar ao passado e sermos um pouco crianças – não literalmente – e realizar façanhas naturais de um homem que alcançou o céu. Internamente.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

O Copo e a Água: a Soma de Tudo.

A alma se vai como um sopro.




Em nossa jornada infinita pelo conhecimento de si mesmo (de nós próprios), ficamos sempre a nos questionar a respeito do que nos ocorre quando nos vamos para o desconhecido. E fica aquela pergunta... “para onde vamos, porquê?”. Tal pergunta vem seguida de repostas que colhemos como experiências em nossas relações com esse manancial divino, a que denominados vida.

Chega a ser relativo, até mesmo cultural, pois, como diria aquele escritor do Mundo de Sofia, Jostein Garden (Jostan Gardê, leia-se), temos óculos ocultos em nossas visões e por eles enxergamos a vida. Alguns, claro, pelos óculos alheios...

O que significa olhos alheios?... Se não tenho uma opinião formada acerca de alguma coisa, baseada em experiências próprias; se não faço questão de ir atrás de respostas, elas me chegam por terceiros, com intuito de me incutir uma realidade que ele mesmo (o terceiro) quer que eu acredite. Se eu sou ignorante, fraco, e que por necessidades passo por graves intempéries, e por isso minhas armas internas ficam obsoletas... A probabilidade de manipulação é quase certa, e assim, me estruturo baseado em premissas de outrem, sem questionar.

Não estou dizendo que somos todos assim, mas apenas alguns que se encaixam no arcaísmo criado pelos ditadores de normas (ocultas), criando e recriando meios de segurar o gado humano fazendo cercas invisíveis, em nome de uma figura humana paterna, cuja sombra é maior que o homem. Não estou falando de Deus. Pois não acredito que Este seja uma sombra humana...

Aqueles que enxergam por si mesmos são aqueles que seguem seu instinto, sua alma, o valor daquilo que o faz ascender internamente. E quando o faz de modo natural, sem que haja os empurrões da vida, podemos dizer que estamos perto de denominar o que há muito estamos à procura. Não estou falando da sombra humana... Estou me referindo ao que a alma pede para ser encontrado, como um balão pede para subir, uma águia pede para voar, como uma criança pede para comer... A alma pede para ascender, e ir atrás de sua origem, da tão complexa paz a que tanto teorizamos.

Nows

Platão dizia que a alma busca o Nows, essa parte fundamental de dentro do ser humano, a qual balbuciamos em universidades, em escolas de filosofias, e centros “iniciáticos” modernos, e que juramos respeitar. O Nows, tão perfeito quando o sol, revela o que a alma necessita, prega, trabalha, e ao mesmo tempo revela a luminosidade mais pura, mais bela, e ao mesmo tempo... sem palavras.

Psiquê

Antes do Nows, temos a Psiquê, formada por estruturas do céu e da terra, as quais, graças ao materialismo humano, desvia-se de seu objetivo ou se confunde (essa é a mais certa) com eles, de modo a relativizar o que muitos sábios já absolutizam (se é que existe essa palavra...).

Mas não somos sábios. Somos pessoas comuns e ao mesmo tempo... Buscadores. E nas mínimas coisas questionamos como crianças (pelo menos, sou assim... não sei vocês), e, em razão de alguns racionalistas de plantão, que juram que sabem tudo, nos chamam de tudo, menos de gente, simplesmente porque queremos entender a alma e seus objetivos...

Na antiguidade, quando havia o grande Sócrates, e uma democracia punitiva, o grande mestre dialogava em torno de questões que instigavam esse elemento humano, que sangra em nome de respostas, de sacralidade... A alma. Falava de coragem, de amor, de medo, de virtude, de justiça (principalmente), de deuses, como potencialidades simbólicas,  de tudo...

E o que a decadente Grécia queria não era um homem que instigava o “mal”, e sim o “bem”... (valores invertidos), ou seja, que o mestre ficasse calado, não corrompesse a juventude, ou falasse da popularidade dos agentes políticos gregos... E por conhecer o grande Sócrates, sabia-se que nada disso iria acontecer. Por isso, o julgamento.

Após a condenação, a maior prova de sua filosofia acerca da alma era a morte, com honra, virtude e justiça. Sócrates, ao contrário de muitos, sabia a hora da partida, e nos deixou legados após sua morte, e um pouco antes dela... “Sacrifique um galo a Esculápio...”, disse ele, a revelar sua entrada nos mistérios, aos quais tanto se referia junto aos homens.

Soma

Mestre Platão denomina a parte terra a que a alma tem acesso, como Soma. É a parte física, dos desejos, do egoísmo, da dor das paixões, ou seja, é a parte que ainda tentamos compreender e dela sair; porém, o obscurantismo religioso e político, que nos faz mais terra do que nunca, nos propicia redondos enganos... E alguns “sacerdotes” do presente sabem disso, pois o que menos querem é a verdade, e o que mais querem é o luxo.

Contudo, quando os grandes do passado diziam que somos uma gota dentro de um Oceano, podemos entender que fazer parte desse manancial invisível do qual tiramos nossos conflitos, nossas guerras, nossas dores, ainda de maneira completamente errada, também somos um pouco do grande Oceano.
A parte soma relativiza o que podemos ser, o que podemos buscar; nada é absoluto. Porém, quando nos referenciamos ao cume do monte que nos espera, ao Nows, tudo começa a ter sentido. É claro que devemos ter cuidado, pois, nossa natureza física se reveste de natureza celeste e já somos santos, sem sermos.

As respostas vêm aos poucos e ainda sofremos, talvez mais que o restante da humanidade, mas, no fundo, sabemos que estamos perto daquilo que alma (nossa alma) quer, que é entender a si própria, por meio de seus próprios sentimentos relativos... Não absolutos.


Uma professora um dia nos disse “Devemos chorar quando nos vem o momento de chorar, e de rir, quando o momento for de rir”. Tão simples e ao passo complexo, pois, o que temos na realidade é totalmente o inverso do que ela diz... Rimos quando não é necessário, ou de coisas que não engrandecem a alma, ou choramos por coisas desnecessárias, em vez de chorar pela tristeza de um mundo que se está indo com a miséria humana...

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

O Copo e a Água. A Alma que Opina.

Um pouco de Opinião.




Hoje, a religião, não tem como desvencilhar, possui uma orientação: a de não responder questionamentos acerca da reencarnação. No entanto, a sabedoria antiga, para quem lê o bastante, para quem se intriga com o assunto, para os buscadores leais de uma verdade que se interpõe aos ensinamentos religiosos de hoje, sabe que não precisamos ir muito longe. Há escolas de teosofia , de filosofia e até mesmo budistas que têm, em suas aulas, o ensinamento acerca da reencarnação... Mesmo assim, com a marca d’água cristã.

Nelas, descobrimos que estamos – ou a maioria – fechados com relação a determinados assuntos, os quais, na realidade, muitos países adotam como ensinamentos normais. Porém, esse passo seria um tanto quanto sério em um país em que se propagam, a cada dia, igrejas evangélicas nas quais pastores, bispos e anciãos a ditar uma verdade baseada em um livro (a Bíblia).

Perigoso isso se faz, pois ler apenas um livro, especializar-se apenas nele, a renegar a maioria dos autores e deles nada retirar, pois fazem parte de um ciclo de autores do mal, os quais são citados – de acordo com certos “interpretes” – como filhos reais do filho expulso do paraíso (!). Há outros nomes , claro.

Vejo essa renegação como uma forma de restrição Idademediana que poderia ser tão útil na educação ocidental quanto às de céu e inferno... Ou seja, ser um país em que o arcaísmo é uma forma de tradição exausta, nos transforma em absolutos não pensadores, ainda que pensamos.

Se fôssemos um país europeu que respeitasse as regras naturais e humanas, aceitaríamos opiniões de terceiros, embora não adotássemos tais parâmetros, mesmo porque a religião, em si, é uma forma de filosofia na qual se adota apenas um exclusivo a ser seguido. A questão é que levar para a própria cultura esse parâmetro, ou melhor, essa verdade que um dia fora mentira, é castrar as possibilidades de questionamentos, de pesquisa, de maturidade quanto ao que podemos ser.

Digo isso porque, ainda que Cristo seja o Salvador do Ocidente, para muitos já do Oriente, não há provas de que o seja para a maioria dos países europeus, quiçá do Oriente, o seja! Será que a história de um país tem algo a ver com o que ele abre mão no presente?... Deveria ser uma afirmação, não uma pergunta.

Nós ocidentais podemos sintonizar as culturas, mesmo atrasados em relação a muitos tópicos. Estes podem ser vistos, hoje, em livros como Ilíada e Odisseia, A República, Leis, os quais eram lidos antes de nascermos como Brasil, Estados Unidos, Argentina... Ou seja, atrasados em  conhecimentos básicos, dos quais, se o tivéssemos, um pouco sequer, compreenderíamos o que é um Estado laico, sem ser laico.

Aqui, nessa confusa educação, a natureza humana se perde. Os humildes, os não humildes, os pastores, os falsos, os filhos dos sacerdotes arcaicos, os filhos destes, enfim, o show de opiniões acerca de um assunto que envolve não apenas o pensamento humano, mas um mistério que nos cerca desde que somos o que somos! Isso é uma verdade.

Experiências

Ao passar por experiências, somos dotados de vários sentimentos, e um deles é o medo. O medo de ir para o trabalho, de estudar, de andar com o louco desconhecido, e o medo da morte, um dos momentos mais certos das raças, que ainda nos faz repensar o porquê dela. Ou seja, nosso inconsciente (coletivo) com relação ao que somos ou temos nos revela a imaturidade de um passado histórico cheio de medo, que poderia ter sido minimizado.

Atualmente, nosso berço feito de civilizadores (colonizadores) brutos, de anciões que um dia quiseram até catequizar índios, faz-nos ainda crianças em comparação com outros povos. Vejo isso nas entrelinhas que revelam nossas fraquezas frente a tudo.

As experiências, como algo natural dos ser humano, deveriam ser pontes para a compreensão universal, não religiosa. Deveria ser histórica, mas isso só teria a possibilidade se houvesse uma reflexão em conjunto. De todos com o passado. 

Impossível...


terça-feira, 17 de setembro de 2013

O Copo e a Água: o Conto Sete dos Colchões.



A alma deve sentir sempre o que lhe é inerente



A alma pode vir sublinhada de maneira diferente em várias histórias, mitos e contos; mas deste último o que mais me impressiona é o da princesa que dorme em cima de sete colchões.

Aqui, aprendemos um pouco sobre o porquê da alma e sua utilidade...

Vamos ao conto...

Era uma vez um jovem príncipe, mui garboso, bom e inteligente tinha chegado à idade para se casas. E em todo reino começou a procurar uma linda jovem para unir as escovas de dente. Mas, contudo, no entanto, entretanto... Tinha que ser uma princesa! E com ela, os atributos de bela, meiga, doce, e que soubesse lavar panelas...

Assim, depois de meses, anos, o coitado não conseguira ninguém, pois o que lhe aparecia nada mais era que princesas fabricadas, de pai famintos por grana... Mesmo assim, suas filhas não eram de se jogar fora, porém, eram um tanto quanto vulgares... E isso ele não admitia. Enfim, com quem nosso querido amigo iria se casar? O reino ficara triste. Os dias se passavam, e a temeridade em passar a juventude do rapaz, que por lei deveria se casar, era aguda.

Um dia, numa noite tempestuosa, duas pessoas chegaram às portas do palácio. Bateram, bateram e foram atendidas. Uma senhora e uma bela jovem encharcadas da chuva. Impressionado com a beleza da jovem, o príncipe sorriu, mas a rainha ficou desconfiada. Depois de dizerem quem eram, o mancebo ficara ainda mais feliz, pois se tratava de uma princesa e sua ama, que se haviam perdido (interessante!!).

Depois de dar-lhes comida, e vendo os modos da suposta princesa, a mãe do jovem, a rainha, queria testar a realeza da bela menina, que, de pronto, encantava com seus modos e falas. Mas a prova maior deveria ser na hora em que ela iria dormir... A majestade pediu aos serviçais que providenciassem sente colchões para o dormitório, e que, embaixo deles, fosse colocada uma ervilha. Segundo a rainha, somente uma princesa perceberia.

No outro dia, todos muito bem, sorridentes, mas a mãe do jovem não. Pois a menina que se dizia princesa dormira muito bem. E o jovem, dessa vez triste, mais uma vez parecia ver seu sonho de casar-se ir embora... Foi quando ela voltara e disse: “Perdão, meu nobre, esqueci de dizer-lhe: senti uma dor no meio das costas a noite toda...”

E o reino foi abaixo em felicidade! A princesa era realmente a bela jovem que se instalou no castelo naquele dia. Somente uma princesa para sentir um incomodo tão ínfimo.

ALMA

Temos um príncipe que pede e implora por uma princesa. É o corpo pedindo a alma. É a história do Homem. É principio dos questionamentos desde que o homem é homem; desde que sua primeira consciência iniciou um processo de trazer à tona seus princípios baseados em leis universais, não lógicas, mentais. É a natureza humana a se fazer diante da necessidade de ir atrás de algo que lhe é inerente, o seu ideal humano e divino.

Um Ideal formado por atitudes em relação a si mesmo, no sentido mais interno possível, não interesseiro, sem rumo, tal qual folhas ao vento. Um ideal latente e ao passo acima de nós; pois o percebemos mais tarde na natureza externa, da qual o físico do homem é formado; falamos das dimensões astrais, nas quais, como simbolismo de um passado não muito distante, significava nossa fonte energética se fazendo, além dos corpos mentais, e intuitivos que a própria natureza mãe nos deu ao nascer, mas que tais elementos se encontram nela desde que o mundo é mundo...

São as respostas que precisamos para iniciar nossas resoluções frente às perguntas mais intimas e ao mesmo tempo mais maduras. É a alma, essa que permeia como fonte invisível, mas que nos norteia ao espírito e quem sabe ao Arquiteto do Mundo.

De volta ao conto

A princesa, ao sentir as dores quando dormira em cima dos sete colchões, não sabia que a ervilha nada mais era que os conflitos que a vida nos favorece em torno de nossas experiências; não sabia que a dor que sentia era a dor que sentimos quando uma injustiça acomete a alma – ela própria a princesa --, ou menos que isso, quando sentimos a necessidade de ver, ao nosso modo, a luz que nos bate nas costas quando amarrados a algemas internas.

A alma, a princesa, está acima dos colchões, está acima de nossos sete corpos, os quais, em todas as tradições, foram ditos como subcorpos que compõem o corpo sutil de cada um. E acima deles, a alma, significa que venceu os questionamentos, eloquências pelas quais vivemos, e delas vivemos em função.

Os sete colchões, assim como sete na Natureza, deve ser compreendido como um número mais que simbólico, por representar, sempre, em todos os quesitos naturais, uma relatividade que só os iniciados (não atuais) compreendem. Mas sabemos que é o número fundamental das manifestações.

Para o nosso conforto, então, precisamos só entender que temos alma, pois choramos com um poema, nos embriagamos com um pôr-do-sol, nos maravilhamos com os sete mares, com o voo das garças, com a força e com os olhos do falcão; nos sentimos pequenos com as estrelas, ao deitarmos no chão, na tentativa de presenciar um brilho caindo. E quando presenciamos o nascer de um filho, nem mesmo a palavra mais bela pode ditar o que sentimos... Pois a alma, como resposta, agradece e nos faz sentir mais que pais, mais que homens, mais que um ser biológico que anda, come, bebe, dorme... Sentimo-nos mais, muito mais.

E quando tudo se torna lei dentro de nossas almas? Quando os mistérios nos faz nos sentir buscadores quase que involuntários de algo que machuca, como a ervilha debaixo dos colchões? A resposta está em cada um. A depender de quem sente, sabe que a resposta é buscar, de algum modo, nas cortinas, ou fogueiras mentirosas da vida, a realidade por detrás delas, na qual se esconde a real Justiça, a Verdade, o Amor.... 

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

O Copo e a Água: Reflexões sobre a Alma.

Copo e Água: Corpo e Alma.




Houve um mestre budista que um dia disse a um grupo de discípulos, “vocês estão vendo esse copo e essa água dentre dele?”, depois de receber a afirmativa dos alunos, o ancião disse, “somos nós”. “A água...”, continuou, “... é a nossa alma, e o copo, nosso corpo...”. Tentando ensinar-lhe a migração da alma para os corpos depois da morte, pegou a mesma água, jogou-a em um pano, e o torceu..., e sentido a umidade no pano...   “Agora, o corpo é o pano, e a alma, ainda é a mesma”; vendo a água cair no chão, o aluno disse... “Quer dizer que nossa alma continua a mesma, mesmo depois de cair no chão”... E o mesmo, sorrindo, lhe disse “... Você se apegou ao corpo, meu filho, o chão é apenas um exemplo”.

Dentro das culturas antigas, com relação à alma, os princípios eram quase os mesmos: a alma era imortal, e transmigrava de corpo para corpo. Com a finalidade de evoluir, aperfeiçoar-se, transformar-se; a alma era o elemento que era somente discutido em reuniões iniciáticas, nas quais o indivíduo tinha suas aulas acerca do que realmente éramos.

Dessa forma, não havia espaço para reverberações, mas o seguimento próprio de um conhecimento que pairava em todas as coisas, não apenas em nós. Até mesmo no Cristianismo, se diz, houve esse espaço, baseado no que os mestre sempre diziam.

Quando o discípulo Paulo, que era Saulo, bebeu das águas do estoicismo*, sabia que algumas passagens bíblicas deveriam seguir seu rumo, mas não tal qual o conhecimento passado dos mestres de filosofia, então, com um novo pano de fundo, transformou o que havia aprendido em linguagem simbólica cristã. Isso fez com que, mais tarde, leigos acreditassem no contrário – ou seja, que Paulo tivesse trazido uma filosofia comportamental do seu mestre, Cristo, o qual, para muitos especialistas, ainda revela, em passagens, a migração da alma. Mas Paulo era mais inteligente do que a maioria. E em nome do mestre soube difundir a Palavra.

Nas Culturas Antigas

Na Grécia Antiga, eles “brincavam” com isso. Quando havia o teatro grego, sabiam todos que se tratava do teatro da vida, ou seja, da transmigração da alma para os outros corpos. Para os gregos, nosso corpo, pensamentos, aptidões, desejos, paixões... Eram a personalidade, a máscara que mudava de cena em cena; e o ator, aquele que representava vários papeis em uma só noite, era a alma, ou na maioria da vezes o que subjazia no homem – o espírito.

Não apenas no teatro, nos mitos, o que equivale o entendimento acima dos racional, tínhamos vários mito, entre eles, o do Labirinto, no qual tínhamos que conseguir alcançar a perfeição humana, durante várias encarnações, e atingir com o tempo o próprio Eu; entre outros.

E assim eram os teatros do passado, como também o era do Egito. No livro “O Último Deus do Nilo”, de Wilbur Smith, o autor nos transfere, com maestria, como os egípcios levavam a sério essa questão. Mais do que isso, fazia parte de sua cultura, do meio em que viviam, acreditar que pessoas, como nós, tinham a possibilidade de morrer, voltar e ser um pouco melhor do que éramos.

Um exemplo, como já fora contado aqui, era o mito do Chacal. Quando se morria, a pessoa tinha que encarar vários deuses, no Tribunal de Osíris. Ali, quando recebido pelo deus da morte, ou Chacal, a pessoa observava seu próprio coração sendo colocado em uma balança. Como todos sabem, o coração, símbolo do amor, da pureza, e às vezes da sinceridade, em todas as culturas tinha um papel de peso...

Na balança, voltando, o coração era colocado em um dos pratos da balança de prata, e do outro... Uma pequena pena da deusa Maât, que representava a Disciplina, a Ordem, a Organização universal, na qual os egípcios, em toda sua existência, dela viviam. Em todos os sentidos.

O morto, olhando os deuses nos olhos, teria que fazer um discurso em que teriam as palavras paz, humanidade, disciplina... Palavras que diziam a realidade na qual ele viveu, e pela qual viveu o morto. Se o discurso fosse verdadeiro, a pena da balança pesaria mais que o coração, cheio de verdades enunciadas pelo individuo. Contudo, nunca seria...

Maât, assim como sempre, apenas em casos excepcionais, como o dos faraós que um dia vieram e cumpriram sua missão, ou sacerdotes, pelo mesmo motivo, subiria, e a alma da pessoa voltaria. Agora em outro corpo.

A visão egípcia, essa nação que fora berço de nossa civilização e conhecimento, não pode ser contestada, e mesmo assim o fazemos como crianças benditas em frente à televisão.



(Vamos beber um pouco d´água, depois voltamos)

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Fios de Ariadne. Teseu, Labirinto, Novelo...




Encontrar a nós mesmos. O sentido de tudo.






Na realidade, se dispomos de elementos que nos fazem refletir acerca das saídas de nossos problemas, isso no mito de Ariadne, então o façamos. No entanto é preciso ter cuidado com todos eles, pois tais elementos podem ser relativos demais – ou melhor personais – ao ponto de profanarmos a ideia central. Que é elevar o ser humano, transformá-lo, e ao passo fazê-lo voltar às origens de si mesmo.

Quando Teseu penetra no labirinto, é a Vontade eliminando os resquícios de uma personalidade que se acostumou a viver de restos materiais, como paixões, desejos materiais, pensamentos mórbidos, ou como já dizia Sócrates, do que não interessa à alma.

E por isso Teseu, com o fio, entregue pela amada Ariadne, amarra-o ao inicio do labirinto, vai o desenrolando e passando pelas vias difíceis de nossos eus, o que, para nós, normalmente, não é uma decisão gratuita, e sim sagrada. E quando dizemos sagrada, equivale levar ao cume de nossas possibilidades, de nossa alma, o que ela, como diria a tradição, busca desde reminiscências...

É a juventude. Não no sentido jovem-adolescente, mas puro, ativo, idealista (de ideal), como se realmente fosse um jovem, mas eterno. Entretanto, sucumbimos à idade, e dizemos que somos velhos; à necessidade de descansar, e descansamos mais do que o corpo pede. Damos ouvido ao amor impuro, sujeito a mutações, graças a opiniões, a conceitos frios. E por muito mais, não chegamos ao real objetivo de Teseu, ao centro de nós ou a nós mesmos.

O novelo, como muitos se questionam, é um meio pelo qual o grande herói usa para que não possa se perder, ou seja, se apaixonar pelas nuances do corpo, da mente, e nos perguntamos, o que seria o novelo? Na tradição, assim como hoje é a religião, tínhamos a Filosofia. Meio pelo qual encontrávamos a saída e não nos perdíamos quando entrávamos em confronto com os conflitos da vida, e dela tirávamos o sumo, a essência, a universalidade das questões.

Hoje, o fio de Ariadne, com certeza, é bem relativo. Está sujeito a tudo, menos ao seu objetivo. Mas, como disse, havendo como sair de determinados conflitos, ainda que seja temporário, podemos dizer que é a gota em busca do oceano.

Pois todas as respostas aos problemas sejam eles quais forem têm sempre uma tônica voltada a eternidade. E isso é mais que bom. O que mais nos desespera, no entanto, é que o conceito de eternidade também está desvirtuado, assim como o céu, inferno, universo, razão, amor... E isso nos transforma em assassinos, vigiando a vida.

O labirinto somos nós. Cheios de eus, que se interpõem frente ao que a alma busca desde sua origem, a Verdade. Ele, o labirinto, se confunde com o que achamos que somos, essa personalidade que acostumamos louvar quando acordamos. Confunde-nos tanto que, na maioria da vezes, o medo de perder, de jogar, de sair, de amar... de viver nos atravessa o corpo e vai a uma mente que tem todas as respostas para não participar da vida.

O grande labirinto é tão forte quanto as rochas, e quanto ao maior aço já produzido. Não é de agora, mesmo se quiséssemos, chegar à essência de nós mesmos, assim como o fez Teseu e matar o Minotauro, o maior mal que assola nosso ser. Por ser tão maior quanto nossas possibilidades, o labirinto deve ser visto como a boca de um leão, e nós, o domador. Mesmo que o conhecemos, desde o primeiro dia nossas vidas, um dia pode nos engolir. Assim, se subestimarmos o labirinto, nossas personalidades, podemos ser engolidos, enganados... E quem sabe levados pela correnteza do mal que criamos.

E dentro desse grande labirinto, mora nosso maior mal, o Minotauro, ou seja, a raiz de todo o mal que nos faz sentir velhos, limitados, fracos; obedientes a leis mentirosas, a opiniões, desde a tenra idade, a falta de liberdade, a falta de sol... da Natureza.

O Minotauro se esconde também no maior mal da humanidade. No homem mal, que ama fazer dos outros homens discípulos falsos, escravos de opiniões; do homem que nos separa da Beleza, da Justiça, da Verdade, do real Amor. O Minotauro é aquele sentimento coletivo de ignorância que a humanidade leva para casa e o trata como o cãozinho, alimentando-o, todos os santos dias.

Hoje, ao reunir esses elementos, Teseu, Fio de Ariadne, Minotauro, fico observando a derrocada da humanidade, este grande ser, que se perde no grande labirinto dos ciclos. Mas também vejo ainda na Filosofia a saída para todas as dores do homem.








Fios de Ariadne: a guerra na Síria.

Rebeldes com armas de grosso calibre: inocentes.


EM se tratando de guerras civis, geralmente só coloca mãos alheias quando há crimes praticados fora dos limites da própria guerra. Como assassinato em massa de crianças, de jornalistas; quando há provas de genocídio voluntário, praticado por governantes que abusam do poder de fogo, que é o caso do ditador em voga, Bashar Al Assad, que, para não ser deposto, comete crimes além-guerra.

Dessa forma, os Estados Unidos, o Grande Pai moderno, munidos de toda artilharia, convoca todos os países com a finalidade de fazer o ditador honrar o compromisso bélico como se faz em toda guerra civil. Porém, como todos sabem – como fora relatado aqui --, ditadores ditam a regra, e não cessam em acreditar que o mundo nasceu a partir dele, e, mesmo sabendo das regras, viola-as ao seu bel prazer, ou, como no caso de Al Assad, para governar para sempre em nome da miséria humana...

O Fio...

O Fio de Ariadne, nesse ponto, torna-se inviável de procurar a partir de elementos expostos pelos  assessores do presidente americano Obama, pois o que se pretende na realidade é fazer valer os valores americanos (como todo presidente americano diz, antes de invadir um país...), o que é diferente dos demais povos. Um pecado mortal.

Quando se fala em valores, se eu não me engano, deve-se lembrar de que, no passado, não muito distante, poderíamos nos referir a algo que fosse comum ao mundo, ao universo, a tudo. Não apenas aos americanos do Norte ou do Sul.

E isso ficou bem claro na história da humanidade quando os romanos tomavam cidades, e nelas levantavam suas bandeiras e símbolos. Mesmo e apesar disso, todos os que naquela cidade eram “reféns” não deixavam suas culturas para adentrar na romana... Pelo contrário, era contra a lei do colonizador.

Roma decidia que a cidade era dela, no sentido material, mas na essência não. Sabiam os romanos que não poderiam tomar a alma daquele povo, e por isso pretendia-se apenas lidar com o lado terra, não céu. Aqui, nesse aspecto, pedia-se, claro, o respeito às leis, que eram universais, mas ao mesmo tempo mal compreendidas pelo colonizado...

Claro, ninguém gostaria de ser escravo fosse de qualquer maneira, ainda que sua cultura fosse respeitada. Mesmo porque se estava na cidade em que o cidadão havia nascido... crescido... e se tornado filho da pátria. Os romanos assim o viam, mas ainda sim atrapalhavam...

No caso da Síria, o medo de uma invasão, seja por qualquer motivo (gás, crimes, genocídios...) já nos faz pensar em guerras passadas nas quais os americanos tentavam impor limites democráticos, como o foi no Iraque. Tanto que, após dez anos da invasão naquele país, americanos que eram a favor da guerra, sentem, hoje, que não vale à pena convocar um soldado, fazê-lo ir à guerra, matar inocentes, outros poucos culpados, e às vezes, não voltar, custaria não só ao Estado milhões de dólares, como também às famílias... Saudade dos filhos.

Hoje se fala que o ditador usa armas químicas a vencer apelativamente a guerra, que já não faz mais sentido. E por ser uma guerra assassina, ou seja, sem regras, as Nações Unidas pede que o ditador seja mais comedido, e os Estados Unidos, não acreditando, pede uma invasão... mesmo porque há tratados, que fizeram sentido, depois da Segunda Grande Guerra, que diziam que tais armas usadas em guerras eram crimes contra a humanidade...

E eram. Mas, uma pergunta sobrevoa a tudo isso... Esperar que se usem armas químicas para invadir um país que, por si só, já não necessita de guerra para se desestruturar, pois se armas de grosso calibre são usadas a todo instante, eliminando inocentes que há muito não usavam, armas químicas vai fazer diferença?

A solução vem do frio, como já dizia o poeta. Mas o fio de Ariadne não. Este vai de encontro ao que todos os homens de bem o quer. A realidade é que há homens que querem a guerra, em razão de ter a certeza de é um grande comércio de armas por trás de tudo, mas outros sabem que a necessidade dela não existe, pois já morreram muitos civis, soldados, e que a solução pode vir com a consciência de alguma das partes – da população que luta armada ou do ditador e suas manobras escusas, a fazer de tudo para não ser deposto.

Nesse caso, fica difícil, pois nenhum cidadão sírio quer entregar o país a Al Saad, ainda que a guerra perdure; e o ditador, enquanto houver possibilidades bélicas a seu favor, não deixará o cargo. A solução realmente pode vir do frio. Vladimir Putin, presidente da Rússia, ao contrário das medidas visivelmente precipitadas do presidente americano, Obama, dizia que não aceitaria qualquer intervenção ou não acharia justa, se provas de gases químicos não fossem concretas...

Enfim, após repensar, tiveram um tempo, refletiram e entenderam que a natureza de uma invasão é mais complexa do que se pode esperar. E dentro desse contexto, assopraram da assessoria do presidente uma reles solução... Pedir ao ditador que entregue as armas químicas, de modo que elas fiquem ao resguardo da ONU...

Não sabemos se o fio de Ariadne se esconde nas mãos de pessoas que querem uma batalha calma ou uma guerra estúpida, nas quais pessoas inocentes que não têm nada a perder senão a própria vida, mas uma coisa é certa, só existe um meio de exterminar com a injustiça de um ditador. É cortando o nó de suas falas e ameaças, incutindo a Justiça real, aquela que revela que aquele que invade o país do ditador é a mesmo que invade uma pequena injustiça e a desfaz.


Não queremos que um país invada o outro para embutir seus valores ou usando leis arcaicas para tanto. Se dissessem... “vamos invadir, pois há pessoas como nós, morrendo de forma cruel, sem chances de revido”. “Vamos invadir, pois de ditadores o mundo está cheio. E não precisamos de mais um”. “Vamos invadir, pois como dizia os gregos, ‘se queremos paz, preparemo-nos para a guerra’”. Ai, sim... O novelo do fio estaria por vir.



A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....