quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Fios de Ariadne




De Volta ao Passado...


Quando pequeno, assistia muito ao Sitio do Pica Pau Amarelo, com todas aquelas histórias inebriantes, maravilhosas, contadas por dona Benta, a vovó mais amada do mundo, criada por Monteiro Lobato, como a grande consciência daquele lugar paradisíaco, que recebia, em cada palavra pronunciada, um visitante deveras estranho, para não dizer de outro mundo, ou melhor, de outra história.

Mas o dia mais incrível fora o dia em que a senhora de cabelo grisalhos, óculos meio caídos, sentada em sua eterna cadeira de palha, nos transportou à Antiga Grécia... Quem assistiu a esse episódio sabe que Lobato era um filósofo, pois relatou-nos de modo incrível não só o Mito de Ariadne, mas contou-nos o quanto é importante tomar decisões em momentos tão difíceis.

Pedrinho, Narizinho e a tagarela Emília, juntamente com seu Visconde de Sabugosa, ajudaram Teseu -- que, à época, fora protagonizado pelo grande Gracindo Júnior, filho de um dos melhores atores de teatro do Brasil, Paulo Gracindo --, a entrar no famoso labirinto, construído por Dédalo, e matar o famigerado Minotauro.

A fantástica da cena, mesmo e apesar dos cuidados pela não violência, talvez tenha sido o ponto alto do episódio. O eterno Pedrinho do Sítio, o ator Júlio César, encarnou um amigo que Teseu não tinha, o que fora uma das maiores sacadas de Lobato, para a participação direta de um dos personagens mais corajosos da série.
Antes de terem entrado no labirinto, Pedrinho se lembra de algo que o mito não poderia se esquecer: o fio de Ariadne. Mas o grande Teseu havia se esquecido... Então, o menino, que há muito observava dona Benta em suas costuras, com seus fios de lã, busca um de seus rolos e entrega ao herói.

Os dois, Pedrinho e Teseu, passam pelo labirinto, após amarrar a ponta no inicio da construção, que dera inicio a outro mito, o do Minotauro. Assim, depois de horas dentro da construção, foram ao encontro do maior e mais temido dos monstros.

A luta... Bem... A luta fora algo antológico! Um homem com máscara de touro, forte, com ar de monstro, o que, para mim, foi um terror, e tenho a certeza que para muitos também, nos passava um medo que só se iguala ao Freddy krueger. Mas nossos os heróis não tiveram escolha, pularam em cima de suas costas, sendo que Pedrinho, o mais destemido, por mais que não quisesse, realizava um feito clássico, participava da derrocada de um monstro usado pelo rei para sacrificar sete moças e sete homens oferecidos como impostos à cidade.

Tudo isso, no entanto, nos mostrou não só a coragem de ambos, mas principalmente a possibilidade de entrar no grande labirinto e dele sair com uma solução que há muito devemos utilizar... O fio de Ariadne.


Aqui, nessa história, percebemos que Pedrinho, quando se lembrou do novelo de lã de sua vó, teria na realidade pegar o fio da heroína, Ariadne, filha do soberano de Creta, Minos, a qual morria de amores por Teseu. E este ao saber das dificuldades de seu povo no que tange ao pagamento de impostos, além da mão da donzela, não teve outro meio senão enfrentar o monstro que um dia fora preso no labirinto. E para tanto, a donzela apaixonada lhe oferece um fio, que, depois de séculos, nos faz refletir acerca de sua utilidade em nossos meios confusos, problemas, conflitos, nos quais, na maioria das vezes, perdemos o “fio da meada...”.

O Fio

O fio de Ariadne há muito nos detém um pensamento lógico e ao mesmo tempo profundo, dentro do qual sintetizamos o que podemos fazer em nossos momentos mais árduos. Apesar de os gregos sempre serem universais em seus mitos, podemos fazer analogias com o nosso próprio mundo, no sentido de nos orientar e, quem sabe, nos transformar no sentido mais humano e divino possível.

O fio que encontramos, hoje, na maioria das vezes, está um tanto quanto longe do mítico. Mas não por isso seja inválido, pois, ainda que o seja, nos retira de momentos que acreditamos ser eternos... Nossos maiores problemas!

No nível social

Há pouco tempo, vimos estudantes, além de pessoas do povo, senhores de idade, além de jovens em manifestações clamando resoluções para a problemática existencial em nosso país, desde que a corrupção tomou conta dele... Ou seja, desde sempre. Mas, sendo no Brasil, foi como se fosse um estrondo colateral, bilateral, central, afim de exterminar com os ratos falaciosos do Congresso Nacional.

Dizem que, após manifestações na Europa em prol de uma politica econômica independente do Fundo Monetário Internacional, este país viu-se na necessidade de levantar-se e fazer o mesmo... Que seja! O mais importante é que encontramos o fio que nos conduziu a levantar de nossas poltronas e a realizar o que há muito – desde a Ditadura – não se fazia: pedir mudanças.

Outro imbróglio, talvez um dos maiores que se pode perceber atualmente, é a guerra na Síria. Depois várias varridas ditatórias no Oriente Médio com seus ditadores, os sírios, com parcas ferramentas, tentar lidar com o pior deles... Bashar Al Assad, o que detém em seu poder até mesmo armas químicas...

Por isso, as nações do mundo, principalmente os Estados Unidos, maior potência da civilização moderna, estão assustados com o desfecho da guerra que lá se realiza, pois mais de cem mil pessoas já morreram em mais de cinco anos de conflito, o que, nos faz repensar a necessidade de uma invasão no sentido de frear tantas mortes de civis.



Mas a maior potência do mundo tem a saída para tal situação?






(Mais fios vêm por aí)

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A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....