De Volta ao Passado...
Quando pequeno, assistia muito ao
Sitio do Pica Pau Amarelo, com todas aquelas histórias inebriantes,
maravilhosas, contadas por dona Benta, a vovó mais amada do mundo, criada por
Monteiro Lobato, como a grande consciência daquele lugar paradisíaco, que
recebia, em cada palavra pronunciada, um visitante deveras estranho, para não
dizer de outro mundo, ou melhor, de outra história.
Mas o dia mais incrível fora o
dia em que a senhora de cabelo grisalhos, óculos meio caídos, sentada em sua
eterna cadeira de palha, nos transportou à Antiga Grécia... Quem assistiu a
esse episódio sabe que Lobato era um filósofo, pois relatou-nos de modo incrível
não só o Mito de Ariadne, mas contou-nos o quanto é importante tomar decisões
em momentos tão difíceis.
Pedrinho, Narizinho e a tagarela
Emília, juntamente com seu Visconde de Sabugosa, ajudaram Teseu -- que, à
época, fora protagonizado pelo grande Gracindo Júnior, filho de um dos melhores
atores de teatro do Brasil, Paulo Gracindo --, a entrar no famoso labirinto, construído
por Dédalo, e matar o famigerado Minotauro.
A fantástica da cena, mesmo e
apesar dos cuidados pela não violência, talvez tenha sido o ponto alto do
episódio. O eterno Pedrinho do Sítio, o ator Júlio César, encarnou um amigo que
Teseu não tinha, o que fora uma das maiores sacadas de Lobato, para a
participação direta de um dos personagens mais corajosos da série.
Antes de terem entrado no
labirinto, Pedrinho se lembra de algo que o mito não poderia se esquecer: o fio
de Ariadne. Mas o grande Teseu havia se esquecido... Então, o menino, que há
muito observava dona Benta em suas costuras, com seus fios de lã, busca um de
seus rolos e entrega ao herói.
Os dois, Pedrinho e Teseu, passam
pelo labirinto, após amarrar a ponta no inicio da construção, que dera inicio a
outro mito, o do Minotauro. Assim, depois de horas dentro da construção, foram
ao encontro do maior e mais temido dos monstros.
A luta... Bem... A luta fora algo
antológico! Um homem com máscara de touro, forte, com ar de monstro, o que,
para mim, foi um terror, e tenho a certeza que para muitos também, nos passava
um medo que só se iguala ao Freddy krueger. Mas nossos os heróis não tiveram
escolha, pularam em cima de suas costas, sendo que Pedrinho, o mais destemido,
por mais que não quisesse, realizava um feito clássico, participava da
derrocada de um monstro usado pelo rei para sacrificar sete moças e sete homens
oferecidos como impostos à cidade.
Tudo isso, no entanto, nos
mostrou não só a coragem de ambos, mas principalmente a possibilidade de entrar
no grande labirinto e dele sair com uma solução que há muito devemos utilizar...
O fio de Ariadne.
Aqui, nessa história, percebemos
que Pedrinho, quando se lembrou do novelo de lã de sua vó, teria na realidade
pegar o fio da heroína, Ariadne, filha do soberano de Creta, Minos, a qual
morria de amores por Teseu. E este ao saber das dificuldades de seu povo no que
tange ao pagamento de impostos, além da mão da donzela, não teve outro meio
senão enfrentar o monstro que um dia fora preso no labirinto. E para tanto, a
donzela apaixonada lhe oferece um fio, que, depois de séculos, nos faz refletir
acerca de sua utilidade em nossos meios confusos, problemas, conflitos, nos
quais, na maioria das vezes, perdemos o “fio da meada...”.
O Fio
O fio de Ariadne há muito nos
detém um pensamento lógico e ao mesmo tempo profundo, dentro do qual
sintetizamos o que podemos fazer em nossos momentos mais árduos. Apesar de os
gregos sempre serem universais em seus mitos, podemos fazer analogias com o
nosso próprio mundo, no sentido de nos orientar e, quem sabe, nos transformar
no sentido mais humano e divino possível.
O fio que encontramos, hoje, na
maioria das vezes, está um tanto quanto longe do mítico. Mas não por isso seja
inválido, pois, ainda que o seja, nos retira de momentos que acreditamos ser
eternos... Nossos maiores problemas!
No nível social
Há pouco tempo, vimos estudantes,
além de pessoas do povo, senhores de idade, além de jovens em manifestações
clamando resoluções para a problemática existencial em nosso país, desde que a
corrupção tomou conta dele... Ou seja, desde sempre. Mas, sendo no Brasil, foi
como se fosse um estrondo colateral, bilateral, central, afim de exterminar com
os ratos falaciosos do Congresso Nacional.
Dizem que, após manifestações na
Europa em prol de uma politica econômica independente do Fundo Monetário
Internacional, este país viu-se na necessidade de levantar-se e fazer o
mesmo... Que seja! O mais importante é que encontramos o fio que nos conduziu a
levantar de nossas poltronas e a realizar o que há muito – desde a Ditadura –
não se fazia: pedir mudanças.
Outro imbróglio, talvez um dos maiores que se pode perceber
atualmente, é a guerra na Síria. Depois várias varridas ditatórias no Oriente
Médio com seus ditadores, os sírios, com parcas ferramentas, tentar lidar com o
pior deles... Bashar Al Assad, o que detém em seu poder até mesmo armas
químicas...
Por isso, as nações do mundo, principalmente os Estados Unidos,
maior potência da civilização moderna, estão assustados com o desfecho da guerra
que lá se realiza, pois mais de cem mil pessoas já morreram em mais de cinco
anos de conflito, o que, nos faz repensar a necessidade de uma invasão no
sentido de frear tantas mortes de civis.
Mas a maior potência do mundo tem a saída para tal situação?
(Mais fios vêm por aí)
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