segunda-feira, 16 de setembro de 2013

O Copo e a Água: Reflexões sobre a Alma.

Copo e Água: Corpo e Alma.




Houve um mestre budista que um dia disse a um grupo de discípulos, “vocês estão vendo esse copo e essa água dentre dele?”, depois de receber a afirmativa dos alunos, o ancião disse, “somos nós”. “A água...”, continuou, “... é a nossa alma, e o copo, nosso corpo...”. Tentando ensinar-lhe a migração da alma para os corpos depois da morte, pegou a mesma água, jogou-a em um pano, e o torceu..., e sentido a umidade no pano...   “Agora, o corpo é o pano, e a alma, ainda é a mesma”; vendo a água cair no chão, o aluno disse... “Quer dizer que nossa alma continua a mesma, mesmo depois de cair no chão”... E o mesmo, sorrindo, lhe disse “... Você se apegou ao corpo, meu filho, o chão é apenas um exemplo”.

Dentro das culturas antigas, com relação à alma, os princípios eram quase os mesmos: a alma era imortal, e transmigrava de corpo para corpo. Com a finalidade de evoluir, aperfeiçoar-se, transformar-se; a alma era o elemento que era somente discutido em reuniões iniciáticas, nas quais o indivíduo tinha suas aulas acerca do que realmente éramos.

Dessa forma, não havia espaço para reverberações, mas o seguimento próprio de um conhecimento que pairava em todas as coisas, não apenas em nós. Até mesmo no Cristianismo, se diz, houve esse espaço, baseado no que os mestre sempre diziam.

Quando o discípulo Paulo, que era Saulo, bebeu das águas do estoicismo*, sabia que algumas passagens bíblicas deveriam seguir seu rumo, mas não tal qual o conhecimento passado dos mestres de filosofia, então, com um novo pano de fundo, transformou o que havia aprendido em linguagem simbólica cristã. Isso fez com que, mais tarde, leigos acreditassem no contrário – ou seja, que Paulo tivesse trazido uma filosofia comportamental do seu mestre, Cristo, o qual, para muitos especialistas, ainda revela, em passagens, a migração da alma. Mas Paulo era mais inteligente do que a maioria. E em nome do mestre soube difundir a Palavra.

Nas Culturas Antigas

Na Grécia Antiga, eles “brincavam” com isso. Quando havia o teatro grego, sabiam todos que se tratava do teatro da vida, ou seja, da transmigração da alma para os outros corpos. Para os gregos, nosso corpo, pensamentos, aptidões, desejos, paixões... Eram a personalidade, a máscara que mudava de cena em cena; e o ator, aquele que representava vários papeis em uma só noite, era a alma, ou na maioria da vezes o que subjazia no homem – o espírito.

Não apenas no teatro, nos mitos, o que equivale o entendimento acima dos racional, tínhamos vários mito, entre eles, o do Labirinto, no qual tínhamos que conseguir alcançar a perfeição humana, durante várias encarnações, e atingir com o tempo o próprio Eu; entre outros.

E assim eram os teatros do passado, como também o era do Egito. No livro “O Último Deus do Nilo”, de Wilbur Smith, o autor nos transfere, com maestria, como os egípcios levavam a sério essa questão. Mais do que isso, fazia parte de sua cultura, do meio em que viviam, acreditar que pessoas, como nós, tinham a possibilidade de morrer, voltar e ser um pouco melhor do que éramos.

Um exemplo, como já fora contado aqui, era o mito do Chacal. Quando se morria, a pessoa tinha que encarar vários deuses, no Tribunal de Osíris. Ali, quando recebido pelo deus da morte, ou Chacal, a pessoa observava seu próprio coração sendo colocado em uma balança. Como todos sabem, o coração, símbolo do amor, da pureza, e às vezes da sinceridade, em todas as culturas tinha um papel de peso...

Na balança, voltando, o coração era colocado em um dos pratos da balança de prata, e do outro... Uma pequena pena da deusa Maât, que representava a Disciplina, a Ordem, a Organização universal, na qual os egípcios, em toda sua existência, dela viviam. Em todos os sentidos.

O morto, olhando os deuses nos olhos, teria que fazer um discurso em que teriam as palavras paz, humanidade, disciplina... Palavras que diziam a realidade na qual ele viveu, e pela qual viveu o morto. Se o discurso fosse verdadeiro, a pena da balança pesaria mais que o coração, cheio de verdades enunciadas pelo individuo. Contudo, nunca seria...

Maât, assim como sempre, apenas em casos excepcionais, como o dos faraós que um dia vieram e cumpriram sua missão, ou sacerdotes, pelo mesmo motivo, subiria, e a alma da pessoa voltaria. Agora em outro corpo.

A visão egípcia, essa nação que fora berço de nossa civilização e conhecimento, não pode ser contestada, e mesmo assim o fazemos como crianças benditas em frente à televisão.



(Vamos beber um pouco d´água, depois voltamos)

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