Os Quatro Elementos. Componentes de Deus. |
E sol
nasce por ele mesmo, adentrando em astros como a lua e em estrelas estáticas, num
universo tão presente. Ausente apenas a brisa no espaço, dando margem ao vácuo,
ao não ruído. O silêncio de uma respiração divina se faz.
E a brisa,
ao descer do abrigo do espaço frio, torna-se vento; e por momentos, ao passar
pelas surdinas, por janelas infinitas, se vai. Torna-se vento forte, levando a
moça do rio, o homem na chuva, a poeira no rosto, o assopro à ferida.
Vem a
tarde. Vento que debruça o capim e a vara forte; sol que machuca terra seca;
homem que morre em busca de água. Trovão. Esperança na lavoura, cansada de
morrer à míngua pela falta de terra, de água e vento.
E na
montanha fria, tão fria pelo vento que vem do norte, nasce o homem forte, que
sobe o pico, e, na escalada ao mundo gélido, sorri como menino em montanha-russa.
Nela, o pássaro passa; um voo raso ao lado da cria que grita, pede, clama, e em
nome do instinto cai do ninho, machuca-se, e morre.
A
montanha obedece ao céu. Assim como a árvore que sobe com suas galhas, frutas
que descem na gravidade caem na terra malvada, que envelhece o fruto, comido
pelo fungo, pelo verme que passa, arrasa e desfaz a matéria.
Da
matéria vem a tensão...
A tensão
da árvore ao receber o vento, do lírio que se inclina com a brisa, da água que
rebenta o dique, da lágrima que, roliça, cai dos olhos humanos, em nome de um
coração ferido. A tensão dos pássaros, da folha que cai, amarela, envelhecendo e
sendo levada pelo pequeno sopro da vida.
Nasce a
matéria humana, como um girino no útero da mulher, chora feito um pequeno
animal sem dor; vai ao peito por instinto, alimenta-se como um leão sem juba;
cria corpo, desenrola-se em braços, pernas, sorrisos, choros, e obedece sua
fome.
Cresce, se
fortalece, cria o racional, inteligência, busca, e vai atrás do que seu coração
pede: amor. Vem a experiência da guerra contra si mesmo, amadurece, reflete,
abraça, vê, sente. Anda em seu caminho, não mais do pai. Sonha, realiza, vive e
sobrevive. Se cansa, senta-se, enruga seus olhos e pele, mas não sua alma.
A busca
se faz; o encontro demora. A luz do nascimento, não apreciada no inicio, vem
como a do sol, como uma coroa dourada na cabeça do homem. Sem sorrisos, sem
lágrimas, sem sonhos. Apenas o mistério em partir para um novo início, por trás
das cortinas da visão.
E o
grande sopro da vida se faz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário