terça-feira, 17 de setembro de 2013

O Copo e a Água: o Conto Sete dos Colchões.



A alma deve sentir sempre o que lhe é inerente



A alma pode vir sublinhada de maneira diferente em várias histórias, mitos e contos; mas deste último o que mais me impressiona é o da princesa que dorme em cima de sete colchões.

Aqui, aprendemos um pouco sobre o porquê da alma e sua utilidade...

Vamos ao conto...

Era uma vez um jovem príncipe, mui garboso, bom e inteligente tinha chegado à idade para se casas. E em todo reino começou a procurar uma linda jovem para unir as escovas de dente. Mas, contudo, no entanto, entretanto... Tinha que ser uma princesa! E com ela, os atributos de bela, meiga, doce, e que soubesse lavar panelas...

Assim, depois de meses, anos, o coitado não conseguira ninguém, pois o que lhe aparecia nada mais era que princesas fabricadas, de pai famintos por grana... Mesmo assim, suas filhas não eram de se jogar fora, porém, eram um tanto quanto vulgares... E isso ele não admitia. Enfim, com quem nosso querido amigo iria se casar? O reino ficara triste. Os dias se passavam, e a temeridade em passar a juventude do rapaz, que por lei deveria se casar, era aguda.

Um dia, numa noite tempestuosa, duas pessoas chegaram às portas do palácio. Bateram, bateram e foram atendidas. Uma senhora e uma bela jovem encharcadas da chuva. Impressionado com a beleza da jovem, o príncipe sorriu, mas a rainha ficou desconfiada. Depois de dizerem quem eram, o mancebo ficara ainda mais feliz, pois se tratava de uma princesa e sua ama, que se haviam perdido (interessante!!).

Depois de dar-lhes comida, e vendo os modos da suposta princesa, a mãe do jovem, a rainha, queria testar a realeza da bela menina, que, de pronto, encantava com seus modos e falas. Mas a prova maior deveria ser na hora em que ela iria dormir... A majestade pediu aos serviçais que providenciassem sente colchões para o dormitório, e que, embaixo deles, fosse colocada uma ervilha. Segundo a rainha, somente uma princesa perceberia.

No outro dia, todos muito bem, sorridentes, mas a mãe do jovem não. Pois a menina que se dizia princesa dormira muito bem. E o jovem, dessa vez triste, mais uma vez parecia ver seu sonho de casar-se ir embora... Foi quando ela voltara e disse: “Perdão, meu nobre, esqueci de dizer-lhe: senti uma dor no meio das costas a noite toda...”

E o reino foi abaixo em felicidade! A princesa era realmente a bela jovem que se instalou no castelo naquele dia. Somente uma princesa para sentir um incomodo tão ínfimo.

ALMA

Temos um príncipe que pede e implora por uma princesa. É o corpo pedindo a alma. É a história do Homem. É principio dos questionamentos desde que o homem é homem; desde que sua primeira consciência iniciou um processo de trazer à tona seus princípios baseados em leis universais, não lógicas, mentais. É a natureza humana a se fazer diante da necessidade de ir atrás de algo que lhe é inerente, o seu ideal humano e divino.

Um Ideal formado por atitudes em relação a si mesmo, no sentido mais interno possível, não interesseiro, sem rumo, tal qual folhas ao vento. Um ideal latente e ao passo acima de nós; pois o percebemos mais tarde na natureza externa, da qual o físico do homem é formado; falamos das dimensões astrais, nas quais, como simbolismo de um passado não muito distante, significava nossa fonte energética se fazendo, além dos corpos mentais, e intuitivos que a própria natureza mãe nos deu ao nascer, mas que tais elementos se encontram nela desde que o mundo é mundo...

São as respostas que precisamos para iniciar nossas resoluções frente às perguntas mais intimas e ao mesmo tempo mais maduras. É a alma, essa que permeia como fonte invisível, mas que nos norteia ao espírito e quem sabe ao Arquiteto do Mundo.

De volta ao conto

A princesa, ao sentir as dores quando dormira em cima dos sete colchões, não sabia que a ervilha nada mais era que os conflitos que a vida nos favorece em torno de nossas experiências; não sabia que a dor que sentia era a dor que sentimos quando uma injustiça acomete a alma – ela própria a princesa --, ou menos que isso, quando sentimos a necessidade de ver, ao nosso modo, a luz que nos bate nas costas quando amarrados a algemas internas.

A alma, a princesa, está acima dos colchões, está acima de nossos sete corpos, os quais, em todas as tradições, foram ditos como subcorpos que compõem o corpo sutil de cada um. E acima deles, a alma, significa que venceu os questionamentos, eloquências pelas quais vivemos, e delas vivemos em função.

Os sete colchões, assim como sete na Natureza, deve ser compreendido como um número mais que simbólico, por representar, sempre, em todos os quesitos naturais, uma relatividade que só os iniciados (não atuais) compreendem. Mas sabemos que é o número fundamental das manifestações.

Para o nosso conforto, então, precisamos só entender que temos alma, pois choramos com um poema, nos embriagamos com um pôr-do-sol, nos maravilhamos com os sete mares, com o voo das garças, com a força e com os olhos do falcão; nos sentimos pequenos com as estrelas, ao deitarmos no chão, na tentativa de presenciar um brilho caindo. E quando presenciamos o nascer de um filho, nem mesmo a palavra mais bela pode ditar o que sentimos... Pois a alma, como resposta, agradece e nos faz sentir mais que pais, mais que homens, mais que um ser biológico que anda, come, bebe, dorme... Sentimo-nos mais, muito mais.

E quando tudo se torna lei dentro de nossas almas? Quando os mistérios nos faz nos sentir buscadores quase que involuntários de algo que machuca, como a ervilha debaixo dos colchões? A resposta está em cada um. A depender de quem sente, sabe que a resposta é buscar, de algum modo, nas cortinas, ou fogueiras mentirosas da vida, a realidade por detrás delas, na qual se esconde a real Justiça, a Verdade, o Amor.... 

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