sexta-feira, 20 de setembro de 2013

O Copo e a Água: a Soma de Tudo.

A alma se vai como um sopro.




Em nossa jornada infinita pelo conhecimento de si mesmo (de nós próprios), ficamos sempre a nos questionar a respeito do que nos ocorre quando nos vamos para o desconhecido. E fica aquela pergunta... “para onde vamos, porquê?”. Tal pergunta vem seguida de repostas que colhemos como experiências em nossas relações com esse manancial divino, a que denominados vida.

Chega a ser relativo, até mesmo cultural, pois, como diria aquele escritor do Mundo de Sofia, Jostein Garden (Jostan Gardê, leia-se), temos óculos ocultos em nossas visões e por eles enxergamos a vida. Alguns, claro, pelos óculos alheios...

O que significa olhos alheios?... Se não tenho uma opinião formada acerca de alguma coisa, baseada em experiências próprias; se não faço questão de ir atrás de respostas, elas me chegam por terceiros, com intuito de me incutir uma realidade que ele mesmo (o terceiro) quer que eu acredite. Se eu sou ignorante, fraco, e que por necessidades passo por graves intempéries, e por isso minhas armas internas ficam obsoletas... A probabilidade de manipulação é quase certa, e assim, me estruturo baseado em premissas de outrem, sem questionar.

Não estou dizendo que somos todos assim, mas apenas alguns que se encaixam no arcaísmo criado pelos ditadores de normas (ocultas), criando e recriando meios de segurar o gado humano fazendo cercas invisíveis, em nome de uma figura humana paterna, cuja sombra é maior que o homem. Não estou falando de Deus. Pois não acredito que Este seja uma sombra humana...

Aqueles que enxergam por si mesmos são aqueles que seguem seu instinto, sua alma, o valor daquilo que o faz ascender internamente. E quando o faz de modo natural, sem que haja os empurrões da vida, podemos dizer que estamos perto de denominar o que há muito estamos à procura. Não estou falando da sombra humana... Estou me referindo ao que a alma pede para ser encontrado, como um balão pede para subir, uma águia pede para voar, como uma criança pede para comer... A alma pede para ascender, e ir atrás de sua origem, da tão complexa paz a que tanto teorizamos.

Nows

Platão dizia que a alma busca o Nows, essa parte fundamental de dentro do ser humano, a qual balbuciamos em universidades, em escolas de filosofias, e centros “iniciáticos” modernos, e que juramos respeitar. O Nows, tão perfeito quando o sol, revela o que a alma necessita, prega, trabalha, e ao mesmo tempo revela a luminosidade mais pura, mais bela, e ao mesmo tempo... sem palavras.

Psiquê

Antes do Nows, temos a Psiquê, formada por estruturas do céu e da terra, as quais, graças ao materialismo humano, desvia-se de seu objetivo ou se confunde (essa é a mais certa) com eles, de modo a relativizar o que muitos sábios já absolutizam (se é que existe essa palavra...).

Mas não somos sábios. Somos pessoas comuns e ao mesmo tempo... Buscadores. E nas mínimas coisas questionamos como crianças (pelo menos, sou assim... não sei vocês), e, em razão de alguns racionalistas de plantão, que juram que sabem tudo, nos chamam de tudo, menos de gente, simplesmente porque queremos entender a alma e seus objetivos...

Na antiguidade, quando havia o grande Sócrates, e uma democracia punitiva, o grande mestre dialogava em torno de questões que instigavam esse elemento humano, que sangra em nome de respostas, de sacralidade... A alma. Falava de coragem, de amor, de medo, de virtude, de justiça (principalmente), de deuses, como potencialidades simbólicas,  de tudo...

E o que a decadente Grécia queria não era um homem que instigava o “mal”, e sim o “bem”... (valores invertidos), ou seja, que o mestre ficasse calado, não corrompesse a juventude, ou falasse da popularidade dos agentes políticos gregos... E por conhecer o grande Sócrates, sabia-se que nada disso iria acontecer. Por isso, o julgamento.

Após a condenação, a maior prova de sua filosofia acerca da alma era a morte, com honra, virtude e justiça. Sócrates, ao contrário de muitos, sabia a hora da partida, e nos deixou legados após sua morte, e um pouco antes dela... “Sacrifique um galo a Esculápio...”, disse ele, a revelar sua entrada nos mistérios, aos quais tanto se referia junto aos homens.

Soma

Mestre Platão denomina a parte terra a que a alma tem acesso, como Soma. É a parte física, dos desejos, do egoísmo, da dor das paixões, ou seja, é a parte que ainda tentamos compreender e dela sair; porém, o obscurantismo religioso e político, que nos faz mais terra do que nunca, nos propicia redondos enganos... E alguns “sacerdotes” do presente sabem disso, pois o que menos querem é a verdade, e o que mais querem é o luxo.

Contudo, quando os grandes do passado diziam que somos uma gota dentro de um Oceano, podemos entender que fazer parte desse manancial invisível do qual tiramos nossos conflitos, nossas guerras, nossas dores, ainda de maneira completamente errada, também somos um pouco do grande Oceano.
A parte soma relativiza o que podemos ser, o que podemos buscar; nada é absoluto. Porém, quando nos referenciamos ao cume do monte que nos espera, ao Nows, tudo começa a ter sentido. É claro que devemos ter cuidado, pois, nossa natureza física se reveste de natureza celeste e já somos santos, sem sermos.

As respostas vêm aos poucos e ainda sofremos, talvez mais que o restante da humanidade, mas, no fundo, sabemos que estamos perto daquilo que alma (nossa alma) quer, que é entender a si própria, por meio de seus próprios sentimentos relativos... Não absolutos.


Uma professora um dia nos disse “Devemos chorar quando nos vem o momento de chorar, e de rir, quando o momento for de rir”. Tão simples e ao passo complexo, pois, o que temos na realidade é totalmente o inverso do que ela diz... Rimos quando não é necessário, ou de coisas que não engrandecem a alma, ou choramos por coisas desnecessárias, em vez de chorar pela tristeza de um mundo que se está indo com a miséria humana...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....