A alma se vai como um sopro. |
Em nossa jornada infinita pelo
conhecimento de si mesmo (de nós próprios), ficamos sempre a nos questionar a
respeito do que nos ocorre quando nos vamos para o desconhecido. E fica aquela
pergunta... “para onde vamos, porquê?”. Tal pergunta vem seguida de repostas
que colhemos como experiências em nossas relações com esse manancial divino, a
que denominados vida.
Chega a ser relativo, até mesmo
cultural, pois, como diria aquele escritor do Mundo de Sofia, Jostein Garden
(Jostan Gardê, leia-se), temos óculos ocultos em nossas visões e por eles
enxergamos a vida. Alguns, claro, pelos óculos alheios...
O que significa olhos alheios?...
Se não tenho uma opinião formada acerca de alguma coisa, baseada em experiências
próprias; se não faço questão de ir atrás de respostas, elas me chegam por
terceiros, com intuito de me incutir uma realidade que ele mesmo (o terceiro)
quer que eu acredite. Se eu sou ignorante, fraco, e que por necessidades passo
por graves intempéries, e por isso minhas armas internas ficam obsoletas... A
probabilidade de manipulação é quase certa, e assim, me estruturo baseado em
premissas de outrem, sem questionar.
Não estou dizendo que somos todos
assim, mas apenas alguns que se encaixam no arcaísmo criado pelos ditadores de
normas (ocultas), criando e recriando meios de segurar o gado humano fazendo
cercas invisíveis, em nome de uma figura humana paterna, cuja sombra é maior
que o homem. Não estou falando de Deus. Pois não acredito que Este seja uma
sombra humana...
Aqueles que enxergam por si
mesmos são aqueles que seguem seu instinto, sua alma, o valor daquilo que o faz
ascender internamente. E quando o faz de modo natural, sem que haja os empurrões
da vida, podemos dizer que estamos perto de denominar o que há muito estamos à procura.
Não estou falando da sombra humana... Estou me referindo ao que a alma pede para
ser encontrado, como um balão pede para subir, uma águia pede para voar, como
uma criança pede para comer... A alma pede para ascender, e ir atrás de sua
origem, da tão complexa paz a que tanto teorizamos.
Nows
Platão dizia que a alma busca o
Nows, essa parte fundamental de dentro do ser humano, a qual balbuciamos em
universidades, em escolas de filosofias, e centros “iniciáticos” modernos, e
que juramos respeitar. O Nows, tão perfeito quando o sol, revela o que a alma
necessita, prega, trabalha, e ao mesmo tempo revela a luminosidade mais pura,
mais bela, e ao mesmo tempo... sem palavras.
Psiquê
Antes do Nows, temos a Psiquê,
formada por estruturas do céu e da terra, as quais, graças ao materialismo
humano, desvia-se de seu objetivo ou se confunde (essa é a mais certa) com
eles, de modo a relativizar o que muitos sábios já absolutizam (se é que existe essa palavra...).
Mas não somos sábios. Somos
pessoas comuns e ao mesmo tempo... Buscadores. E nas mínimas coisas
questionamos como crianças (pelo menos, sou assim... não sei vocês), e, em
razão de alguns racionalistas de plantão, que juram que sabem tudo, nos chamam
de tudo, menos de gente, simplesmente porque queremos entender a alma e seus
objetivos...
Na antiguidade, quando havia o
grande Sócrates, e uma democracia punitiva, o grande mestre dialogava em torno
de questões que instigavam esse elemento humano, que sangra em nome de
respostas, de sacralidade... A alma. Falava de coragem, de amor, de medo, de
virtude, de justiça (principalmente), de deuses, como potencialidades simbólicas, de tudo...
E o que a decadente Grécia queria
não era um homem que instigava o “mal”, e sim o “bem”... (valores invertidos),
ou seja, que o mestre ficasse calado, não corrompesse a juventude, ou falasse
da popularidade dos agentes políticos gregos... E por conhecer o grande
Sócrates, sabia-se que nada disso iria acontecer. Por isso, o julgamento.
Após a condenação, a maior prova
de sua filosofia acerca da alma era a morte, com honra, virtude e justiça.
Sócrates, ao contrário de muitos, sabia a hora da partida, e nos deixou legados
após sua morte, e um pouco antes dela... “Sacrifique um galo a Esculápio...”,
disse ele, a revelar sua entrada nos mistérios, aos quais tanto se referia
junto aos homens.
Soma
Mestre Platão denomina a parte
terra a que a alma tem acesso, como Soma. É a parte física, dos desejos, do
egoísmo, da dor das paixões, ou seja, é a parte que ainda tentamos compreender
e dela sair; porém, o obscurantismo religioso e político, que nos faz mais
terra do que nunca, nos propicia redondos enganos... E alguns “sacerdotes” do
presente sabem disso, pois o que menos querem é a verdade, e o que mais querem
é o luxo.
Contudo, quando os grandes do
passado diziam que somos uma gota dentro de um Oceano, podemos entender que
fazer parte desse manancial invisível do qual tiramos nossos conflitos, nossas
guerras, nossas dores, ainda de maneira completamente errada, também somos um
pouco do grande Oceano.
A parte soma relativiza o que
podemos ser, o que podemos buscar; nada é absoluto. Porém, quando nos
referenciamos ao cume do monte que nos espera, ao Nows, tudo começa a ter
sentido. É claro que devemos ter cuidado, pois, nossa natureza física se
reveste de natureza celeste e já somos santos, sem sermos.
As respostas vêm aos poucos e
ainda sofremos, talvez mais que o restante da humanidade, mas, no fundo,
sabemos que estamos perto daquilo que alma (nossa alma) quer, que é entender a
si própria, por meio de seus próprios sentimentos relativos... Não absolutos.
Uma professora um dia nos disse “Devemos
chorar quando nos vem o momento de chorar, e de rir, quando o momento for de
rir”. Tão simples e ao passo complexo, pois, o que temos na realidade é
totalmente o inverso do que ela diz... Rimos quando não é necessário, ou de
coisas que não engrandecem a alma, ou choramos por coisas desnecessárias, em
vez de chorar pela tristeza de um mundo que se está indo com a miséria
humana...
Nenhum comentário:
Postar um comentário