segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Sete de Setembro: saudades.




Natal de 2002: da esquerda para direita. Sorriso inesquecível.




Enquanto o desfile se fazia, passeatas de rua, em paralelo, se transformavam em guerra. Pessoas que andavam nas ruas de hoje não eram as mesmas de ontem – e nem poderiam ser,--- pois, ainda que fossem os filhos dos filhos..., pensamentos de “tomar consciência” do presente político tomavam, choravam, e se enlameavam  de dores que o passado nem sequer tomou partido.

Partidos...ah, esses sectários de ideias confusas que desarmonizam mentes jovens em nome do nada... Esses donos de pequeno universos, desligados da humanidade, do povo, e até mesmo da própria família. Esta um tesouro tão precioso, que modificara a estrutura do mundo, desde que o mundo soube interpretá-la...

Foi sete de setembro, o dia da hipocrisia. Soldados marchando com medo dos meninos astutos, com máscaras, com ódio, e sem armas. Armas talvez de pedras, saqueadas de destroços que eles mesmos o fizeram. Armas pontiagudas, tão perigosas quanto às de fogo, pois ali, em praças, nas quais transeuntes imperfeitos e perfeitos, se manifestavam ora pelos cavalos, ora por outros cavalos, presidentes, governadores e prefeitos fingiam sorrir em nome de uma pátria tão... tão distante.

Nem tudo, no entanto, se fizera de absurdo. Em algum lugar desse país, comemorava-se o aniversário de uma rainha que um dia, em vez de ficar em seu trono, preferiu ausentar-se dele e cuidar de seus filhos. Foi assim, meu sete de setembro...

Nele, as conversas eram comedidas, as músicas, as piadas, até os gritos, mas não as lembranças e o amor que um dia por ela sentimos e por elas sentiremos sempre. Tudo em homenagem à nossa mãe querida, que um dia nasceu patriota, e assim se foi...

Lembro-me, até hoje, que amava cantar as músicas, os hinos das bandas marciais, nas quais bandeira, flâmula, país, soldados eram elementos que a faziam soltar a voz e o choro. Disso eu tenho inveja.

Queria, pois, que meu filho (ou filhos, no futuro) amassem esse país tanto quanto ela amou. Mesmo advindo de origem humilíssima, de caminhos tão trôpegos, de frutos tão longínquos, conseguiu nos passar o amor ao país.  Se todos que nascessem nessa data fosse assim...

Mas ela, minha mãe, não apenas como rainha, mas também uma “generala” que assumia os seus e nossos problemas, os resolvia, sintetizava em um... “levante a cabeça”, combateu como poucos a sua batalha pessoal; nos levou ao patamar de príncipes e princesas, realizou nossos sonhos básicos, e com base em seus ensinamentos maternos, nos deu todo amor do mundo...

Nesse dia, sete, ela estava lá, sentadinha em sua cadeira, cruzados os braços, com uma carinha emburrada por não ter que servir mais ninguém, conseguiu sorrir conosco em cada conversa, soltou sorrisos hilários em direção ao seu genro principal, o qual, desde então, sofria pelas brincadeiras que ela, amavelmente, lhe servia depois do almoço.

Nesse dia, ainda, reviu conosco cenas antológicas em que todos nós, um dia, inclusive seu filho maior estivera conosco, estivemos juntos. Graças aos vídeos de terceira que gravei nos anos oitenta. A família se viu, sorriu e chorou. Pois a maioria estava ali, adulta, formada, com barbas; e as meninas, antes pequenas raízes que engatinhavam, agora possuíam filhos, ou estudantes prontas para passeatas...

Nesse dia, desse grande mês que se iniciou, ela esteve lá, cansada, mas alegre, com seu jeitinho sutil de saber o que cada um pensava. E olhava para cada um. E para mim, seus olhos enraigados de felicidade lacrimejavam feito criança que quer alguma coisa... E eu sei o que ela queria. Era dizer que nossos caminhos estão livres, para tomarmos nossos rumos. Dizer que cada neto, cada filho, que ali estava deve ser a semente natural da família, e na simplicidade da união diária do coração, devemos estar sempre juntos.

Sete de setembro será sempre o mês da senhora, mãe. Não adianta dizer que não precisa, pois eu sei o que a senhora pensa. Mas faremos o possível para alimentar mais esse amor que nos deixou e que nos faz  unidos, mesmo quando não estamos juntos.

Ontem, se foi. Hoje já é outro dia. Mas não haverá tempo algum em que jamais nos esqueceremos da senhora.



Um grande e saudoso abraço do teu filho que te ama.

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