sexta-feira, 14 de março de 2014

Árvores, Sonhos, Vida, Morte...




Ontem, um construtor eu vi. Vi na poeira lírica de uma cidade que nascia a todo preço, inclusive ao seu. Vi em seus olhos um horizonte nascer, uma família crescer, máquinas sem fantasias elevar bacias, emborcar outras. Nele, nesse inigualável ser, vi a ignorância e sabedoria juntas, no entender de tudo, no desprezar do belo, do justo, do real. Ao passo, nesse homem, nascia a união de verdades que jamais nasceriam um dia em alguém... Filhos poderosos, unidos pelo riso, pela paz, e graças a sua companheira, ao amor.

E desse construtor, dos seus olhos, saiu um homem, não sábio, grande e forte, sorridente, menino. Amigo, irmão, humano, amável, sem virtudes, contudo. Minto. Havia uma virtude. Sua família. Dedicado, sério, professor, doador, filósofo paterno. E com ela, o hoje e ontem se fundem em belezas morenas e brancas, em rochas e batalhas vencidas.

E não menos que uma dama, antes desses dois homens, nasceu. Rosto cansado, mão enrugadas, pele fina como folhas velhas. Seriedade, verdade, amor eram os lemas desse ser, que um dia nascera e morrera, e se fora como poeira em desertos cuja ventania era parceira. Além do sorriso que nos alimentava a alma, suas palavras se revelavam o combustível de quem a conhecesse...  

E a tríade se formou novamente no céu
.

Árvore da Vida

Assim a vida é, como folhas que, junto ao fruto, nascem e crescem, amadurecem, ainda que verdes, se tornam velhas, e belas, experientes, respeitadas, e caem ao chão em nome de uma natureza que pede outra em seu lugar.

Assim é a vida. Uma árvore imensa – representada de cabeça para baixo, no passado – a simbolizar a raiz que viera do céu, e seus galhos, frutos, folhas, a cair em uma terra à espera de suas sementes.

E nessa grande Vida, quando tais sementes caem na grande terra, embebecidos pelo amor divino, começam a germinar em seu colo nossos pequenos passos, até crescermos e amadurecermos – como frutos terrenos – e quem sabe dessa experiência retirar o que o amor divino pediu. Vida.

E quando a Noite Vem

Na noite, quando olhamos ao céu, estrelas tomam conta de nossos olhos, e nestes uma vontade de chorar e acreditar em lendas passadas, nas quais diziam que morremos e viramos pontos luminosos, a tomar conta dos homens, ou mesmo daqueles que amamos.

Como eu queria acreditar que morrer nada mais é que uma experiência que não podemos contar (ou podemos?); acreditar que é apenas um intervalo de vida, dentro da própria vida, em nome de um descanso merecido, ao passo sem consciência – pelo menos esta que nos faz sentir a dor de uma partida.

Dizem, no entanto, pelo menos “os que vêm da morte”, o que Lázaro teria dito ao vir da suposta morte, quando Cristo o ressuscitou, era verdade... “Não senti nada. Era como se nada estivesse mudado”... Mas outros, no entanto, teriam falado de possíveis anjos, os quais, em forma de borboletas, o levaram para lugares além-consciência, e que, por essa razão, voltaram melhores e sem medo da Grande Partida.

Tradição

Não sei, é preciso que tenhamos mais exemplos, mais opiniões acerca do que está lá, por trás das cortinas misteriosas do grande Criador. Não podemos, no entanto, viver (em ou) de opiniões, mas de pessoas que um dia, no passado, pelo fato de respeitarem a tradição divina, ocultaram ou transformaram em mitos explicações que um dia poderiam ter sido dadas como hoje o fazem...

Os romanos, os campos Elísios; os Egípcios, o eterno Chacal a nos preparar para o grande julgamento frente aos deuses e assim por diante.

Mas não o fizeram talvez por isso, quer dizer, pelo fato de tudo cair no desacreditar humano, pelo fato de homens respeitados, de caráter elevado, quase que espirituais, em um único dia de sua vida, cometer um grave erro, seja ele qual for, e ter sua filosofia de vida sem qualquer credibilidade do dia para a noite...

O passado, suas organizações, seus homens souberam lidar com isso, com a fraqueza humana, com suas tendências ao mal, e sua luta pelo cimo da sabedoria, o qual, até então, pouquíssimos souberam subir, e muitos menos o fizeram pelo fato de serem tão humildes quanto puros, e graças a esse estado de pureza, nunca serão esquecidos.

Sonhos

E quando observo o ontem, e vejo que dele nada aprendi, tento não chorar por dentro. Difícil. É como se um diário longo passasse por nossos olhos, mente e alma, na tentativa de nos ensinar (naquele instante eterno) o que nunca entenderemos como filhos da nada que somos.

E ao observar, por meio de meus olhos internos, o que não posso por eles ver, parece-me que tudo se esvai, até mesmo a esperança (esse mal eterno da humanidade, segundo dizia Nietsche) que me faz sangrar em seu nome somente para me sentir bem, aqui dentro, e dormir como anjo, acordar como menino e voar como um pássaro experiente por cima das árvores, que um dia fui.




Á tríade

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....