Viver, uma Arte.
Mr Spock. Baseando-se sempre em premissas universais. |
A tradição sempre nos é um oceano no qual podemos tirar dele todas as provas para um mundo que necessita de sabedoria. E quando nos referimos à sabedoria, é como se nos remetêssemos aos grandes do passado – Zoroastro, Sócrates, Platão... – dos quais sempre podemos aprender a nos portar ante aos valores que tanto pensamos, refletimos, e dentro de nossas possibilidades praticamos.
Ao mesmo tempo, pensa-se nos grandes anciões do presente, velhinhos experientes, dos quais um diálogo de meia hora nos ensina um pouco acerca do modernismo com vistas a obedecer a regras um tanto quanto antigas ou mesmo no dá chaves com finalidades de abrir horizontes para os quais pensamos em alçar.
E hoje, em um dia tão dúbio, em que nuvens não se sujeitam a nos dar soluções imediatas de uma chuva, se virá ou não, pensamos na razão, novamente. E mais, pensamos no passado, mais especificadamente, em Epíteto, o grande estoico, que, escravo, não se deixava dominar por opiniões, ou mesmo críticas a seu respeito. Um exemplo.
Epíteto diz, “tenhamos que cuidar da razão; não deixemos que ela se submeta ao escárnio da vida”. Assim, como as nuvens, as quais não nos dão ainda respostas acerca da chuva, apesar do tempo mais que nublado, porém quente, a palavra do estoico nos faz pensar na razão, que, a depender de quem a usa, faz com ela se sinta outra ferramenta, menos aquela que nos propicia a praticidade filosófica necessária.
Ou seja, “é como uma faca”, como diria um mestre, “não se pode sair por aí cortando qualquer coisa, ou a usando para fins aquém-faca!”. A razão é uma ferramenta humana. Ela sobrevive em meio a uma personalidade e um logos interno, nos quais age como uma criança que não para de subir ou descer.
A grande razão é a nossa ferramenta não apenas para a opinião – como sempre a vemos – mas principalmente para alçar voos, na tentativa de encontrar-se consigo mesmo. Por isso, devemos zelar por ela, tendo amor ao que ela é, sempre assim, tendo-a como um corpo que não queremos machucar, desviando de socos, ou simplesmente um pé, de cacos esparramados no chão.
É raro, por isso é difícil. Um exemplo disso são leituras que fazemos acerca de tudo. Sempre queremos ler para praticar a maior de todas as nossas funções realizadas pela razão: opinar. Não é errado, porém, a própria razão, semelhante a uma faca, deve demonstrar a que veio, ou mesmo o que é.
Do livro, vamos extrair o que podemos. Das experiências, idem; ao mesmo tempo, no entanto, podemos transformar nossas vidas, tentando harmonizar o que sabemos, ou mesmo acreditando naquela premissa que diz “você está indo pelo caminho correto”, ir embora como um peregrino pelo deserto metafórico da vida, ou mesmo em meio a uma multidão que sequer entende a razão da palavra... Razão.
Virtude
Mas por que esse cuidado todo com a razão? Com ela conseguimos chegar mais facilmente ao mundo da virtude, o qual é um dos mais importante para o humano. Platão diz “o homem virtuoso se satisfaz por si só”. Mas não chegamos a ser virtuosos, e sim enganados pela personalidade que se satisfaz com elogios, com aplausos, e com festas em sua homenagem. O que, na realidade, é natural, mas, ao passo, desviamo-nos de tal mundo (o virtuoso) se nos acostumamos às honrarias.
A virtude se encaixa em nossos atos quando religados ao todo, ao bem, ao sagrado, à Vida, de modo que não saibamos racionalmente. Mesmo assim, somente pela razão se concebe tal estado. É como se atravessássemos uma ponte belíssima e depois de a atravessarmos não mais nos serviria. A razão, nesse caso, serve de ponte à virtude.
Trabalho de formiga
E quando observo formigas na labuta diária para a consecução de seus objetivos, vejo o quanto somos tão minúsculos quanto a elas. Nós pensamos, sentamos, refletivos, nos emocionamos, e, de repente, trabalhamos. No caso das formigas, não se pensa, se age. A única diferença é que serão sempre formigas; sempre.
Nós, humanos, podemos evoluir em nossas atividades, ainda que essa seja feita sempre se modificações, pois o que mais interessa é o nosso caráter frente ao que fazemos, ou seja, sempre ‘olhando para cima’, em um ato que somente o humano é capaz, trabalhar a passos de formiga para o encontro com ele mesmo.
Universo
Quando dizemos que uma pessoa tem razão, normalmente é quando ela tem em si a propriedade do assunto, seja racional, seja religiosa, seja filosoficamente a partir de premissas relativas entre causa e efeito. Não nos enganamos. Razão é quando partimos de premissas universais para concluir o que pretendemos. Não pode ser diferente.
Uma prova disso está nos livros de Platão, em seus diálogos. Ele ‘usa’ a razão para se chegar a conceitos universais, ou melhor, ele já tem um referencial, o qual já ilumina o diálogo dos participantes, mas eles não sabem. Assim, com o passar do tempo, entendem que foi uma estratégia do filósofo para se chegar ao que realmente queriam. A verdade.
Enfim, aqui, agora e mais tarde, podemos refletir sobre isso, e quem sabe, dentro do que somos, de nossas ferramentas divinas, podemos chegar ao que queremos – no sentido mais elevado possível, não relativo – ao outro lado da ponte.
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