Todos temos o direito de dizer o que provavelmente podemos pensar. |
E continuando com nossa busca, em nome dos mestres que nos
deixaram legados maravilhosos, gostaria de salientar um pouco mais nossos
referenciais. Nesse caso, somente os mestres o são, e sempre serão, pois são a
imagem de um universo ao qual devemos galgar Um universo simbólico guardado em
nosso mais intimo e puro ser.
Não há, no entanto, aquele que diz “ah, encontrei um mestre,
encontrei aquele que me direcionará a Deus”, não, não haverá este. Se encontramos,
é íntimo, é forte, é incondicional. É involuntário a tudo que temos como
personalidade, pois esta, se pudesse agir por ela mesma, e de vez em quando o
faz, diria, “não posso seguir ninguém, estou livre, e sempre o serei”.
E a partir desse engano, sofrerá penas mitológicas nas quais
direção e caminho nunca serão palavras de uma mesma oração, de uma mesma pessoa
que, por si mesma, deixará de acreditar em algo maior em troca de algo que, por
meras opiniões acerca da liberdade, justiça, poder... E morrerá como muitos que
ainda vagam em nome do nada.
Ser forte. Ser vontade. Estar acima sem saber, apenas pelas
chaves simples oferecidas por um homem que nunca julgar-se-á mestre, e sim
apenas homem. Pois assim o são aqueles que, no podar de uma planta, de um
jardim inteiro, deixarão sempre sua marca, seu amor. E mais tarde, transformará
alguém (discípulo) no seu jardim, modificando-o, internamente, para além da
compreensão da maioria dos mortais.
Acreditar é a palavra. Acreditar como a própria vida o pede.
Como a própria matéria sempre faz em nome de uma vontade fria, mas que
conquista, transforma, no entanto, para a derrocada humana, rebenta em uma
rocha argilosa, a própria personalidade...
E dela, desse segundo ser matéria, filha de um universo visível,
nos materializamos também. E nos esquecemos de que viemos do invisível, do Nada
e pousamos no Tudo, dando origem ao que somos hoje. É mais que filosófico, é
sem palavras.
Nenhuma busca, por isso, deve ser vã. Sabemos. Após esse
misto de materialidade e consecuções internas, entenderemos, sempre, que há
mais perguntas a serem feitas, mais respostas a serem reveladas, mais universos
a serem descobertos; e tudo isso, em nome de algo que ainda não sabemos, mesmo
assim damos o nome Deus, pois subjaz ao que mais pensamos, aludimos,
pesquisamos, amamos com nossa alma impregnada de frialdade, e mesmo assim
queremos entender o que nos ocorre no mais difícil de questionar... O que é
isso, Divindades!
É a percepção humana levada ao extremo, na tentativa de
elevar-se e conduzir seu mais firme ser ao que mais nos dedicamos antes mesmo
de nascer. É o ideal.
E quando me refiro a referenciais, sei o quanto é
necessário, pois são regras naturais pelas quais passamos, mesmo em tom de
significados, metáforas, todos eles passam por nós como ventos insignificantes,
em forma de placas, de montanhas, de nuvens, sol... E não entendemos. Até que,
um dia, nos vem um ser de corpo e alma a nos ensinar o que somos, e o custo que
temos pagar para entender isso.
Muito trabalho, muitas formas de experiências, as quais
traduzidas se revelam cortinas de um teatro só nosso. O céu grego se faz. E não
por isso devemos ficar alucinados, fascinados, mas andar, sempre, como se nada
houvesse, a fim de alcançar o que não pretendemos de inicio, o que não havia em
nossas pretensões, nem mesmo em nossos sonhos, agora é ele próprio.
E quando sabemos lidar com ele – com esse referencial –
olhamos para tudo, colhemos somente o que ele representa, o que ele diz,
revela, sussurra. É a grande peneira de Sócrates, o grande filósofo, que nos
representou numa época tão estranha, cujos valores decadentes estavam somente
se iniciando.
E hoje, em uma bola de neve de tamanho global, precisa-se de
referenciais, de pessoas, ainda que leve caráter bondoso, de heróis, ainda que
sejam individualistas; de homens que se revelam em favor de uma política mais
humana, e de uma Religião que não segregue o mundo do resto do universo (muito
menos o homem de Deus).
Há muito o que dizer, mas muito mais do isso, há muito mais
a fazer e realizar.
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