Revelar nossas aspirações é revelar onde está nosso maior tesouro. |
Nossos corações são como crianças que se revelam falantes
quando encontramos a pessoa amiga, ou mesmo alguém que nos seja amável por
alguns minutos. A essas pessoas confiamos nossas vidas, em segundos, e
transbordamos nossas almas de segredos; damos o que temos e revelamos o
insondável. Por quê? É claro que somos humanos, e como diria uma grande amiga, “partimos
do princípio de que todos somos perfeitos, e para eles podemos nos abrir”...
Eu, antes de tudo, pela minha natureza quieta, tímida, e
cheia de segredos – graças a Deus – revelo-me um falante somente às pessoas que em mim
acreditam, ou pelo menos parecem acreditar. A elas, depois de uma grande
conversa, ao saber que seus pequenos segredos são-me revelados, sou “obrigado”
a nelas creditar um pouco dos meus... E só.
É uma tendência humana, quase que religiosa, como se abrir a
Deus nas horas vagas, ou mesmo a uma mãe que nos afaga com seu carinho nas
horas que mais precisamos, e sempre, se possível, até o final de sua vida. Ao
pai, nem tanto.
Reza, no entanto, a sabedoria dos grandes homens do passado,
Lao Tsé, Buda, Platão, Epíteto..., que devemos sempre resguardar os mistérios
que nos fazem crescer. Ao discípulo, ao fiel, ou mesmo ao aluno de sabedoria,
esse é o ensinamento mais exato para a consecução de suas realizações. Ser
misterioso. Mas no sentido apenas espiritual, não no corriqueiro, em que
sabemos o que ele faz, para onde vai ou
com quem conversa.
Suas aspirações, quando em segredo, trazem à tona a
praticidade que nelas se esconde, ou seja, a simplicidade dos gestos para com
as pessoas, o sorriso verdadeiro, a sensibilidade pelas causas humanas, a busca
pela paz nas mínimas coisas, o iluminar em seus olhos... Enfim, são revelações
que em pessoas residem quando nelas a vontade de ser maior no sentido interno da
questão está em progressão.
Estamos longe disso. Não estamos no entanto longe de tentar,
desde que tenhamos, em nossos caminhos, prismas tradicionais, aos quais sempre
nos referenciamos, e que, graças as lhanuras do tempo e da própria voluveidade da personalidade, ainda
estamos um tanto quanto distante.
Faladores
Assim, por começar, vamos tentar segurar os pequenos
segredos corriqueiros como forma de treinar-nos para os maiores. Vamos falar
menos, ou melhor, apenas o que realmente interessa ao nosso circulo, sem que
sejamos prolixos com nossas ideias. Por exemplo, uma pessoa que tem por objetivo emagrecer, normalmente, fala a todos suas pretensões para com seu corpo, sua comida ou seu modo de comer. Na realidade, seria melhor se tivesse a consciência de fazer o que lhe convém sem que qualquer pessoa, a não ser ela mesma, saiba. O sucesso seria mais garantido.
Sei que o racional vai nos enganar e não
vai suportar e incutirá suas armas naturais, modernas e tentará destruir nosso “segredo”,
nos levando a condição de faladores. Vamos ser fortes, firmes, filósofos. Vamos subir nossos degraus bem devagar...
Mas até mesmo os átomos, em seu crescimento, possuem certas
dificuldades, então porque não teríamos no gerar de uma ideia?
O que importa é o que temos em nós, nossas pretensões para
com nossa alma, nosso ser. Não importa o que dizem a respeito do que pensamos,
dos nossos atos, pois nosso mestre interno, o maior responsável por nossos
caminhos, sejam eles materiais ou espirituais, principalmente este, é quem
ditar as regras da lei maior, a qual abraçaremos de forma humilde. É o ideal.
O Ideal
Ao observar o grande ideal que vai nas várzeas distantes,
nas montanhas mais altas do mundo, e ao passo nas sandálias de uma criança que
sobe o morro, nos perguntamos, “o que é isso que buscamos, que nos torna mais
fortes, e ao mesmo tempo mais fracos à medida que recuamos?”... Parece um tipo
de sol que precisa ser o que é independentemente de nós, mas nós, antes de
tudo, precisamos eloquentemente dele. “O que é isso?”.
E quando tomamos resoluções em sua direção, somos
iluminados, mesmo que não seja algo grandioso, mas que tenha a aparência harmoniosa,
viva e quente como a do sol maior. E exemplos há na história de homens e
mulheres que, sutilmente, conseguiram andar nas águas do ideal e nele entender
o universo. E conseguiram pescar milhares de pessoas, mas poucos se tornaram discípulos;
outros virarem pescadores, pela tradição, mas trazerem poucos peixes.
O ideal é uma escada íngreme para os fracos, mas larga e
macia aos homens fortes e decididos. Não vamos somente contemplar, mas viver em
nossa plenitude o ideal.
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