quarta-feira, 30 de abril de 2014

Plástico ao Vento

Desconfie das convenções sociais.



Quando lavamos uma louça, percebe-se que, se o fizermos da maneira organizada, não só lavaremos os pratos, talheres, copos, vasilhas, mas também teremos o ligeiro pensamento de que estamos dentro de uma micro-organização a qual pede naturalmente que imprimimos uma vontade advinda de uma mente mais organizada ainda.

Não somente a louça, mas se nos detivermos no mesmo pensamento, olharemos ao nosso redor e percebemos, com a mesma vontade, outras desorganizações nas quais se precisam impor mais ritmo, mais força e ao mesmo tempo mais leveza e compreensão, pois não podemos perceber apenas o que está ao nosso redor, temos que introduzir o que está em nossa mente. A organização. E praticá-la.

Para isso, é preciso que tenhamos a nossa própria organização. E quando me refiro a esse termo, obrigo-me a pensar de maneira macro, impondo-me dentro de outros contextos, nos quais serei obrigado a entender que minha mente seja organizada por mim, não por terceiros, ou seja, dentro do que já explanei, é natural que eu reflita, agora, acerca de referenciais.

Eles, como placas indicativas, vão me conduzir ao que escuto – em termos de músicas, em conversas, diálogos longos, declarações; vão me conduzir ao que eu leio , ao que assisto, às pessoas que ao meu redor ficam. Aos meus amigos. O referencial é propício ao ser humano notadamente que busca filtrar seus valores sociais, e perceber que, dentro deles, pode-se religar com algo maior, ou mesmo ao que subjaz a si mesmo. A  alma.

Por isso, não devemos nos portar como plásticos ao vento. Não o somos. Somos seres que pretendem evoluir com as ferramentas que os deuses nos deram, e com a vida que nos proporcionaram. É difícil. Por mais que acreditamos que trazer o que nos vale à pena ao nosso lado seja gratuito, não é. A depender do local em que residimos, da cultura em que nascemos, será mais difícil ou mais fácil...

Contudo, temos um trunfo escondido em nossas mangas internas. Temos a Vontade. A pura e bela Vontade que nos edifica em qualquer ambiente, independente de nossos valores sociais, culturais, falas, amigos, paixões, religiões, inteligências, enfim, temos a fração natural e certa para entender que Deus está em nós, e até mesmo debaixo daquela rocha que um dia será levantada.

Convenções...

É belo. No entanto, temos as convenções sociais que nos atacam diariamente com se fôssemos filhos a tomar um remédio ruim a nos fazer bem noutro dia. A questão é que, a depender do que nos inserem, o remédio não é bom, e não nos fará bem em qualquer época, simplesmente porque não é algo que nos oferece objetivos de mudança interna. Nossa felicidade.

Convenções são realidades naturais de uma sociedade que corre ladeira abaixo, como vagões de um trem descarrilhado; são opiniões, são formalidade usuais, que com o tempo serão informais. Pouco há de sábio em tudo isso.

Crenças...

E por falar em sabedoria, será que podemos falar em crenças quando nos tocamos em referenciais, em vontade? Difícil. Mesmo porque todas as crenças, se nos detivermos nesse pensamento, serão menos racionais, menos prodigiosas a objetivos divinos do que pensamos... Cairão no precipício.

Claro que as crenças, como um todo, têm seus objetivos. A maioria, sabemos, quer edificar seus muros ideológicos, fechando a sociedade por meio de suas... Convenções... frágeis, as quais se tornam princípios, e estes, advindos de esferas arcaicas, sem que haja qualquer ligação com o sagrado, se impõe e costumam a se elevar com indivíduos com falas simples e significativas ao contexto daquela sociedade... Contudo, sem qualquer natureza para ser algo que possa ter o cheiro de eternidade...

É essa a realidade das crenças. E quando caem nas estatísticas, ou seja, a perder seus fiéis, inventam qualquer meio para trazê-los ao rebanho do qual saíram. E se o fez foi porque teve a ideia de questionar, se mexer, roçar, e retirar suas “algemas” psicológicas, e ganhar o poder de pensar... Mas ao ver das crenças não pode...

Daí, ao saber que outros o fizeram, estão escolhendo suas religiões, seus caminhos, ideias novas são tramadas, e novos santos são eleitos. Assim, a bondade, o amor, a paz... Tudo é renovado ao homem que volta a acreditar em sua antiga crença, da qual ele pensava que tinha saído, mas nem sequer teve o pensamento. Não conseguiu. Foi resgatado antes que alcançasse a saída da caverna.

Assim, a confiança se vai. Não há mais crenças confiáveis. Todas elas, até mesmo as nossas, percebemos, são conseguidas de forma casual, ou, como o mais provável, transmitidas de forma irresponsável, ignorante... Ou seja, nos tonamos objetos, não seres humanos.







Voltamos com mais Plásticos outro dia...
Tenham um grande dia; um ótimo fim de semana!


terça-feira, 29 de abril de 2014

A Beleza de ser do Bem.

"A Sabedoria consiste em ordenar bem a nossa própria alma"

Platão.


Sol. Simbolo do Bem.


Já percebemos o quanto somos voltados ao bem, ao bom ao justo e ao verdadeiro. Sabemos que há uma jornada, na realidade um caminho longo para adaptá-los às nossas vidas, na maioria das vezes simples, porém as tornamos complexas no limiar desse universo. Isto é o mal, de alguma forma, fará parte dela, como um pequeno incêndio a ser apagado com nossas ferramentas.

Não podemos ter dúvidas, ainda que este último, o mal, tome-nos de assalto nas esquinas, nos bares, no trabalho, em família, temos que ser do bem. Sempre. Levá-lo como um chaveiro, preso em nossa alma, a fazer barulho quando nos encontramos com alguém que não o tenha. Mostrar os trunfos naturais de um ser que filtra a conversa vulgar, dispensa comentários jocosos, preocupa-se em ser cordial, e que dá certo conforto ao próximo...

Enfim, não somente dessas características vive o ser do bem, mas da própria essência que o conduz aos seus objetivos, dos quais não se abre mão. Este ser sabe que, no fundo, o próprio universo, indivisível, indecifrável, místico e misterioso terá sempre uma relação maior com o Bem, pois este nascera muito antes do primeiro, portanto, muito antes do homem. E cabe a nós carrega-lo em nome da Justiça e da Verdade, para sempre.

O Bem Platônico





Todos estão cansados de ler a respeito do mito da caverna, de Platão. Mas há sempre aquele que não; então vamos lembrar um pouquinho daquela caverna que abrigava seres humanos, desde a tenra idade, de modo que não sabiam nada acerca do que se passava do lado de fora daquela que era tida como a única de fato . Claro, não poderia ser diferente, pois estavam nela desde crianças, portanto...

Enfim; havia labaredas de um fogo que era alimentado por pessoas que comandavam o abrigo, e estas eram os amos, os donos, os mestres da caverna. Deles só se percebiam sombras que refletiam do lado oposto aos olhos dos “escravos”, que, algemados, sorriam, se alimentavam, brincavam, e dormiam sem se questionarem o porquê das algemas e tudo mais... (Parece um povo que conheço...).

Um dia, porém, um deles, “sem querer”, de tanto se mexer, conseguira o que os outros há tanto tempo acreditavam ser impossível: sair, levantar, e ver o que havia do outro lado do fogo.
Prometendo voltar, o agora homem se levantara e se fora nos caminhos estreitos que limitavam o caminhar dos mais ousados. E foi. Depois de caminhar por horas, sentira que estava perto de um clarão, de uma... Saída. E percebendo que não havia mais o chão pelo qual passara, pisou, pela primeira vez, em uma grama, mas teve que voltar um pouco o passo, em razão de seus olhos terem se deparado com um ser tão claro e limpo, e puro, e belo, e justo... O sol.

A continuar, percebeu o quanto perdera sua juventude preso às algemas, acreditando que a vida, a realidade, o mundo, ou próprio o universo se resumia em uma parede cheia de sombras!

Lição 

O mestre, como sempre, divino, deu-nos pistas eternas para entender o nosso universo, até mesmo nossos valores pelos quais lutamos tanto. O mito, ao contrário do que dizem, não é uma mentira, mas, como sempre será, uma realidade que esconde outra maior... E Platão não deixou por menos. Neste mito, em homenagem a seu mestre, Sócrates, que havia morrido injustamente em uma Atenas pútrida, decadente e fria, na qual o império de uma democracia subserviente estava surgindo, Platão também nos mostra a simbologia de elementos que, em outrora, em civilizações passadas, eram sagrados, e que intuíam o Bem, o Justo, a Verdade...

O Sol, por exemplo, como elemento que nos interessa, significa o Bem. Mas não esse bem relativo do qual somos portadores, nem mesmo próprio sol. Este, por não ter outro ser que transcenda a realidade que quis nos passar, é o alvo do que os mestres – acho que até a própria natureza – querem.

No mundo sensível, como deixava claro, não há outro que possa retratar o Bem senão próprio sol, pois este ilumina a todos independentemente da cor, raça e sexo, naturalidade, espécie... enfim, não teríamos palavras para entender a metafísica do Bem.

Por isso, dizia o mestre, a ideia do Bem estaria acima de todas as ideias, não só do próprio universo, mas a do homem em comandar o Estado. Este teria, acima de tudo, de se engajar e realizar, dentro de suas possibilidades, como Estado, a ideia suprema do Bem.

A Nós

O que nos fica dessa grande ideia é a beleza de ser do bem. O Bem, agora o maior, no entanto, fica aos grandes que poderão governar um dia esse mundo, pois somente eles podem ter a praticidade de um herói, a força de um guerreiro e a segurança de um guardião. Estou me referindo aos filósofos.



 Aos Justos.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Ser Forte, o Grande desejo Humano

Devaneios




Olhar para si mesmo. Primeiro passo.



Não sei ainda o que é ser... Forte. Sei que passei por diversas dificuldades, em razão de problemas sérios, os quais ainda se portam como meros batedores de porta de consciência de final de semana, mas admiro quem é. Esses grandes homens que, por mais dificuldades que passam, sorriem, dormem bem, e ainda agradecem a Deus pelo grande dia em que se tornaram heróis, sobrevivendo ao próprio homem.

Estranho não? Agradecer a Deus pelas mazelas, pelo sofrimento, pela dor e ainda sorrir ao fim da noite a dizer, “que amanhã seja um pouco melhor”. Eu não saberia explicar tamanha dedicação, força, e ao mesmo tempo prazer em... Viver, ou sobreviver em um mundo desses.
Não saberia ser tão forte ao ponto de “dar” a outra face depois de um tapa, nem mesmo que o sujeito fosse um parente, um amigo, um pai... Uma mãe, não sei. Mas esperaria que o tempo me dissesse isso, e parece-me que está custando a dizer.

Hoje, quase uma década casado, pergunto-me, por que o ser humano não consegue ou não conseguiu ante aos seus antepassados realizar-se sozinho?... Mas após perceber que a natureza, esse grande Oceano que nos cerca, possui Logus distintos dos quais homens e mulheres se somam em importância em auxiliarem-se, pois nenhum poderia fazê-lo sozinho, respondo, a mim mesmo, que é um tremendo egoísmo da minha parte questionar a união de seres opostos, que, a principio, se matam, se traem, se enlouquecem, e ao mesmo tempo não conseguem viver nem um segundo sem a respiração do outro...

Há coisas que não se questionam, aprendi. Responde-se por si mesmas. Os questionamentos caem como pingos de chuva, e nos molhamos naturalmente sem que os percebemos. Mas existem. Nos molham. E ao passo se respondem com o tempo. E um desses questionamentos é a união do homem e com a esposa, com seu filho, com o mundo... Essa vertente que se torna bela por si mesma, se levada de forma teórica, mas fria e densa, dolorosa e rara, levada ao pé de uma prática que, se não tivermos coração (a palavra que nos conduz), não entenderemos nem mesmo o porquê de nosso andar.

São apenas devaneios, tão simples, que nos aquecem a alma nos primórdios de nossas raízes mais profundas. E provocar nossa origem é provocar pensamentos que nunca tivemos, é tentar explicar a existência – não como o grande Sartre – mas --, é olhar mais a vida, a escuridão na qual trabalham estrelas, na qual acorda a lua e dorme o sol; é questionar a si mesmo nesse pequeno oceano em que residimos e ao passo colidimos com o maior deles.
Nada mais.

Ser forte talvez não nos cabe teorizar, mas entender que a própria natureza necessita de nós, caso contrário não existiríamos, e quando me refiro a existência, não falo somente desta, mas daquela que um dia nos pôs em evidência há muito tempo, mais do que nossas atuais vidas. E Ser forte, aqui, é penetrar no âmago de nosso pequeno mundo, perpetrar erros de consciência, acertá-los, avalia-los, remover quando necessário as folhas do tempo, varrendo-as do quintal de nossa alma que quer se renovar.

Olhar para um universo, talvez, sem que precisemos olhar para cima; ler um livro sem que precisemos folheá-lo, amar sem esforço, ajudar sem questionar, agir conforme uma razão voltada ao Belo, Justo e Verdadeiro... Isso é ser forte.

Por isso é que se morre. Para entender a morte. Uma ideia prática, clara, certa, natural e, como diria uma grande mestre, “inexorável”. Sim, sem medo, sem dor, sem devaneio, aceitável de todos os pontos de vista, sem prismas, apenas um e simples: ser.

Queria ser forte para entender tudo isso, aqui e agora, sabendo quem sou e para onde vou, e o porquê. E por mais que soubesse, viveria minha pequena e simples jornada, com meu caminhar claudicante, em busca do nada, apenas sorrindo em nome de algo que um dia brilhou dentro de mim e um dia não me sucumbiu por fazer questionamentos inerentes a essa grande jornada.




sexta-feira, 25 de abril de 2014

Rumo ao Desconhecido



O Desconhecido está aqui, bem perto de nós.






Não somos pedras, animais ou vegetais, mas podemos ser todos ao mesmo tempo, quando nos encontramos em estados semelhantes. E isso já é o bastante para sairmos da ataraxia de uma pedra, das águas do regador,  sem a preocupação no crescimento interno, como uma planta, ou vivendo de instintos, como animais.

O primeiro rolar de uma pedra ao seu objetivo é mais difícil do que o levantar de um sofá, ante uma televisão que nos traz, para o nosso conforto (quase eterno), tudo que pensamos ou imaginamos. Assim também o é uma planta em seu crescimento externo, o qual depende de fatores que o próprio o universo lhe dá, em seu âmbito. 

Aos animais cabe salientar que se assemelham a nós, humanos, pelo seu desenvolvimento físico, pela sua horizontalidade (muitos humanos nascem assim), pela sua busca desenfreada em alimentar-se, além dos jogos sexuais que a própria natureza lhe oferece, dentro da sua lei, em seu meio...

O homem, por ser o único que nasce de forma horizontal, e ao se desenvolver, verticaliza-se, tem a obrigação de se mostrar humano – não um mineral, vegetal ou muito menos animal. Como diria um grande filósofo, “Somos Homus Divinus”, o que transfere a grande responsabilidade de nos religar ao nosso ideal. Para o alto, e avante!

Para reconhecer tudo isso, no entanto, devemos nos levantar de nossas frivolidades diárias, tanger a um mundo novo, no qual somente o homem pode entendê-lo com suas ferramentas, com suas ideias, com sua filosofia.

Contudo, temos que nos mover com sabedoria, compreendendo que em sua direção só há dificuldades, conflitos, até mesmo guerras – é estafante --, pois nada, durante o trajeto, se revela compensador, ou seja, não se pode ir atrás de algo em troca de outro algo de maior valor. Estamos falando de algo natural, que devemos, por obrigação humana, buscar.. . E assim,   alma, que antes era teimosa e fraca, só nos agradeceria, pois nela há o emblema, a marca, o registro da busca ao desconhecido.

A Pedra

Quando uma pedra se move, ela vai ao encontro de seus objetivos, que é a mudança de lugar, de vida, mesmo que seja para se integrar com outras pedras, sem sair de seu mundo, do seu âmbito. E o homem quando o faz revela-se forte à medida de seus passos, progredindo física e psicologicamente, moralmente, pois as decisões, meios naturais para a consecução de mudança de uma sociedade, de um mundo, e por que não dizer do próprio ser humano, empurra-o para cima ou para baixo...

No caso daquele que se vê sem forças, sem ânimo, sem objetivos a alcançar, uma decisão deve e vai ser sempre para o alto, qualquer que seja a decisão. Daí, o progresso a passos de formiga, dando margem a realizações bem niveladas ao que se pretende. Haverá ônus e bônus, claro, mas não se pode vencer quando se ainda não se sabe as regras de um jogo que tememos, que é a própria vida.

E isso nos torna medrosos em relação ao que objetivamos, pois não queremos perder, apenas levar o troféu, a medalha, o carinho, o afago, o sorriso alheio... Coisas pelas quais lutamos, mas não faz sentido algum colocá-los em nosso caminhos, mesmo porque não vivemos eternamente de afagos ou de medalhas, gratificações, abraços... Vivemos pelo ideal divino.

Para isso, há de convir, temos que ser compromissados com o que visualizamos em nossas possibilidades, e sermos pacientes, e entender que nem todos os nossos temores serão extintos com o primeiro passo. Apenas o tempo vai nos “curar”...


Ressuscitar


Quando nos apaixonamos, nossas fraquezas, advindas de uma alma principiante em educar seu instinto, mostramos todas  as cartas ao próximo – pessoa amada. Colocamo-nos à disposição como crianças que nem mesmo sabe pronunciar seu nome, e caímos tal qual, em meio a uma alcateia que sobrevive ao nosso lado somente para nos saborear entre os dentes...

É um trabalho gigantesco, ao passo belo e livre, natural e divino, o qual nos trará constelações, antes de mesmo de conhecermos o grande sol. É uma decisão eterna, mesmo porque não tem volta.
Contudo, a uma personalidade deseducada temos que dar, primeiramente a ela, o que sempre damos, como se alimentássemos um pequeno leão, com intuito de adestra-lo com o tempo. Enfim, fazê-la (a persona) de escrava de nossos desejos sagrados, aqueles que se religam com o alto, não a deixando controlar nossas vidas, pois sabemos que o conforto externo fala mais alto, e, quando nos deparamos com ele, é como se estivéssemos em transe, e assim... Adeus ideais, a desfazer nossos caminhos que percorremos com tanta garra...

Às vezes é preciso se transformar em rochas – não pedras – e dizer “nada me detém, vou conseguir realizar meus sonhos”, para si mesmo, e, nas estradas, chorar, cair, até mesmo morrer, mas sempre buscando o sorriso, levantando, e por que não ressuscitando?







Volto na segunda com mais Pedras ...

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Portões de Ferro (final)

Máscaras de Ferro. Temos que retirá-las.






Sabemos que progredir, formar-se, evoluir em nosso meio tem conotações diferentes aos que buscamos. O ser humano, desde sempre, entende de forma material – claro que circunstancialmente – que palavras acima, se as intuirmos, teremos problemas em nosso meio, mesmo porque nunca seremos dotamos de uma educação que nos incentive na busca da profundidade de cada uma delas... Nos perdemos.

Então, Evoluir, Progredir, Formar-se, nada mais é que realizar sonhos concretos, estes que geralmente se veem em filmes, em novelas, e que, de vez em quando, nos acontece. Mas que sempre haverá um significado melhor quando sentirmos na pele.
Sentiremos, porém, uma coceira, lá dentro de nossa alma, em tentar compreender o porquê dos sábios, dos mestres em filosofia, dos grandes homens, os quais, por maiores em seus atos que fossem, se mostravam simples e muito mais religiosos, no sentido mais nato da palavra.

Por quê?...

Porque era preciso que o homem, em algum tempo, se voltasse ao sagrado, de forma mais humana, e em alguns casos até divina, para que hoje pudéssemos estar mais confortáveis quando nos referíssemos a Deus, a Amor, à Verdade... Para tanto, tiveram que levar as palavras, e seus conceitos, para cima.

O que quero dizer é que todos os conceitos, na realidade, eram voltados para o entendimento de uma cultura interna, não só dele, mas principalmente de um povo. Por isso, a invenção do mito. Nele se esconde uma raiz que desvenda a realidade pela qual o homem deve realmente viver. No mito, palavras e atos ficam mudos, universos se fazem, homens se encontram consigo mesmos... Mas nada disso se faz sem a prática diária.

Voltamos aos portões...

Por falar em práticas diárias, falamos no texto anterior em curiosidade, esse meio pelo qual seguimos rastros, como ratinhos em busca de queijo e que no mais tardar são presos em possíveis ratoeiras.

Não somos ratos, mas somos presos a palavras e a valores errôneos dos quais retiramos nossas informações diárias, as quais, na maioria das vezes, não nos servem para muita coisa, a não ser que jornalistas dela vivam, na realização de sites, e ganham com isso no final de tudo.

A informação, como já fora dito, a muitos, também, serve como elevação moral, ética, e realiza sonhos, em detrimento da miséria alheia. Além de tudo, nos torna arrogantes, frios, e nos embasa uma máscara que nos traz um sorriso parado, olhos vazios, e um rosto que nos reflete o que pensamos em relação ao espírito – escuro. Ou seja, o materialismo venceu.
Máscaras

Isso me faz lembrar o filme “O homem da máscara de ferro”, com Leonardo de Cáprio a realizar um dos melhores papeis já vistos, em um personagem duplo – um rei mal e um outro, irmão gêmeo deste, preso  na masmorra do castelo, desde a tenra idade, com uma máscara de ferro.

Os três mosqueteiros, mais Dartanhan (?), o quarto mosqueteiro, no limiar do filme se mostra interessado em descobrir o porquê das maldades do primeiro rei, o qual sempre resguardou o segredo do irmão, mas descobre o pior, que há um irmão e que esse, preso há muito, é seu real filho.

Depois de tudo, do desenrolar do filme, ainda com a máscara, o filho de Dartanhan olha para o rosto de seu pai, caindo ao chão e diz... “Pai, você, no fim de tudo, é que possuía a máscara”.. – foi incrível.

Voltando.

Assim, produzimos máscaras com finalidade de concretizar nosso caráter com o pouco que temos. E as informações, de todos os níveis, devem passar por um crivo interno, e se se revelarem úteis, podemos levar ao nosso maior filtro, o espiritual, aquele que nos condiciona a rever nossos conceitos, compará-los, e desvendar o que está por trás da cortina que colocam diariamente.

E isso me faz lembrar um novo episódio de nossa história recente de informações inúteis. A de um professor de filosofia, de um colégio público, que havia colocado, com muita coragem, em sua prova aos alunos, uma questão que os deixara pálidos a principio...

A prova de filosofia, com questões inerentes à matéria,  trazia o nome de uma suposta cantora, referindo-se a ela como uma grande pensadora, mesmo sabendo que ela não era aquela cantora, nem mesmo pensadora. Foi o fim da picada. Saiu em vários jornais, a repercussão foi forte, mas, depois de tudo, o professor, que de filosofia era, deixou claro em entrevistas que fez uma brincadeira. Queria fazer uma alusão a utilidade da mídia como um todo, até mesmo sua utilidade diária dentro dos valores sociais e humanos...

E conseguiu. Não precisa nem dizer que maior prova da mídia agora é mostrar sua utilidade.


A presunção

Toda mídia, assim como a maioria dos homens que estão por trás de tudo isso, é presunçosa. E isso não permite a entrada de novos valores, conhecimentos, a expansão de possibilidades ou mesmo de ideias construtivas... Ninguém iria ler, comentar, qualquer que fosse o artigo. Talvez alguns...

O mais importante, no entanto, é entender que há interesses por trás de cada ideia forte, e a mídia é uma ideia que se revela mais forte a cada passo, a cada comentário, e isso nos torna mais perto de ideais construídos, não que temos que construir.  Tornamo-nos a própria mídia... e nos tornamos excessivos em conhecimentos, nos julgando melhores pelo que colhemos. É fatal.

A presunção, como diriam no passado, é uma porta de ferro (ou um grande portão). Temos que nos abrir e descobrir, nas mínimas coisas, o que podemos fazer por nós mesmos, nos sentido mais interno possível, e realizar, a passos curtos, nossos objetivos, sempre observando, a nossa frente, as placas que os mestres nos deixaram para seguir.


Assim, vamos identificar o Amor, a Humildade, a Complacência, a Coragem, novas experiências, conhecimento, rumo à Verdade.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Portões de Ferro

Sócrates, o homem mais sábio da Grécia Antiga: "Só sei que nada sei".



Renunciar. Essa é a palavra que nos faz progredir espiritualmente. Renunciemos ao medo de sentir medo; ao medo da dor da vida, aos mistérios que ela nos envia dos céus; e principalmente, renunciemos à vaidade.

Não adianta falatórios, inquietudes, estereotipando acerca de acontecimentos, coisas, nas quais queremos nos encaixar somente com a finalidade de transcender o que em nós não vale à pena. A vaidade faz isso. Ela nos dá a impressão de que estamos subindo degraus inerentes aos nossos objetivos. Faz-nos ser mais inteligentes, astutos, ao passo vazios e desnecessários a contextos mais profundos.

Não queremos isso como buscadores. Não merecemos. Temos que contemplar o que de mais simples há, como o que nos toca de mais interno, ou seja, o que nos toca a alma. Temos que voltar a ser crianças (não literais, claro), mas saber olhar o mundo com simplicidade, com a vontade de um descobridor, com os olhos e a fé de um principiante.

Mais. Aprender a dizer não. Admitir que estamos errados. Buscar nos erros o que nos pode fazer voltar a entender o porquê das coisas, ou somente daquilo que está a nossa volta. E o mais importante, pedir desculpas a vida, a cada transgressão interna; saber se redimir, praticar o Bem, e, por fim, entender por que se está nele.

“Só sei que nada sei”.

Sócrates já dizia, “Só sei que nada sei”, mesmo sabendo que sabia o bastante para amanhecer sorrindo e respondendo a todos os questionamentos dos jovens gregos. Para ele, no entanto, saber não é uma questão de se informar a respeito de algo, somente com finalidade vaidosa em meio a um mundo no qual pessoas há com esse intuito. Informar-se e dizer-se sábio.

Sabedoria para ele, ao grande Sócrates, era ultrapassar nossos desejos fossem internos ou externos de querer ser ou ter. Era entender o seu papel no mundo por meio de uma natureza que progredia a olhos vistos, e dentro dela, nós, como humanos que somos, buscar o reflexo dos maiores mistérios nas entrelinhas.

O mestre – não somente Sócrates – deve preservar sua ingenuidade, pois sabe que  a humanidade, em peso, sabe muito pouco sobre qualquer coisa. Inclusive ele. O Mestre (sábio) não busca informações, e se o faz, deve leva-las para o céu de suas possibilidades, migra-as para um caminho mais útil, transforma-as em fertilizantes ao grande objetivo.
O sábio, de certo modo, é uma criança.

Hoje, em meio a uma sociedade cujos nobres nada mais são que vaidosos em busca de informações, buscamos em nós, ainda que digladiando conosco mesmos, esse mestre sábio, o qual, latente, diz “puxa, que maravilha!”, com um entusiasmo infantil, e ao mesmo tempo reluzente, forte, luminoso, sem a vergonha de ser um pequeno descobridor.

E por mais que sejamos, ou aprendemos ser com os maus exemplos, temos que deixar a demagogia de perto. Ser falante, procurando um espaço entre grupos, ser um falso curioso, ou seja, somente para se informar sobre assuntos que não nos faz falta, é de certo modo uma demagogia; pois nos revela interesseiros tentando usar de artimanhas mais interesseiras e preencher a lacuna de uma personalidade volátil.

A curiosidade é de natureza nossa, é um patrimônio, um substantivo que nos identifica e nos faz mudar o mundo. Temos que mantê-la viva, sempre, como uma chama que nos nunca se apaga... Como um sol.

Com ela, desvendamos mistérios – lembremos dos desenhos animados, dos filmes, até mesmo dos de suspense, nos quais se desenvolvem pela curiosidade do protagonista. Assim é a nossa vida. Deixar que a curiosidade, a pura, se desenvolva em nós é deixar que aconteçam descobertas infinitas. A expansão interna depende desse fator.






Portões de Ferro continua no próximo texto.


terça-feira, 15 de abril de 2014

Filosofia. O Apelo da Alma.

Estoicos: os mais disciplinados, os mais divinos.


"O Corpo humano é a carruagem, eu, o homem que a conduz, os pensamentos as rédeas, os sentimentos os cavalos
Platão.




Para a Filosofia clássica, da era estoica, que cuidava dos desvãos humanos, que nos ensinava a nos portar ante o sagrado, é responder o apelo da alma. Segundo os filósofos que nos influenciaram em séculos que se foram, como os epicuristas, estoicos, cínicos, podemos não só nos abrandar em meios universais, nos questionarmos acerca dos planetas, dos mundos que não conhecemos, mas principalmente de nós, de nossos medos e dores, e nos libertar de sua influência.

Quando chegamos ao fim de tudo, de nossas forças, ao fim do fosso, ou nos perdemos em labirintos psicológicos, daqueles em que nossas estruturas físicas são protagonistas, com dores de cabeça, enxaquecas, enfim, quando visitamos médicos e mais médicos e sentimos que só a há uma saída, reestruturar nossas vidas a partir de nossos conceitos, praticando-os, dentro de uma filosofia sem preconceitos, e com preceitos naturais, harmônicos, enfim...

O desejo de recuperar nossa honra, nosso equilíbrio e nosso caráter nos faz buscadores tardios, mas há sempre a estrada que nos conduz ao alto, como escadas que se inclinam com a finalidade de nos buscar e verticalizando-se novamente, a espera de nosso equilíbrio físico. A escada interna de cada dia, talvez a mais difícil de lidar, não tem degrau visíveis, tem conflitos. Destes, como em jogos cujos níveis são mais afunilados que o anterior, retiramos, na maioria das vezes, um aprendizado pequeno, sem o lampejo do sábio que vê, que sabe, que entende e por isso se revela quase um Deus aos nossos olhos.

Nós, graças a um mundo distante de filosofias que nos educavam no passado – em uma Roma, em uma Grécia, Egito etc – percebemos de maneira vaga essa grande porta. A Filosofia. Uma junção dos pilares principais de nossa sociedade; uma forma de religião, psicologia; uma emanação concreta, real de obedecer aos princípios humanos e universais, por meio da tradição que nela há; um estudo aprofundado sobre nossas potencialidades, nossa essência e por isso a necessidade desse caminho.

O medo da morte, da solidão; as perturbações em nossos corações, em nossa alma; a sensação de impotência ante a vida, o amor; nosso furor, nossas ambições, o sexo... Faz-nos levantar questionamentos internos, os primeiros e básicos, e sinceros. Porque, como nos vem à tona todo esse mar, a priori não há sentido aparente nenhum em nossas vidas. O desconforto, em todas as instâncias, é um fato comum.

O que fazer a respeito, então?

Como viver uma vida digna com um mundo em que não regras em política, em religião, em uma grande sociedade que se diz harmônica e ao mesmo tempo vende armas, compra armas, em meio a inocentes vítimas de doenças eternas, e de uma pobreza à mercê dos donos de empresas multinacionais, e de países que se julgam potências econômicas, mas se abstêm de auxílios externos e, quando o fazem, fazem quando outras empresas colocam sua economia em xeque...


Nossas emoções ficam à mercê de notícias nas quais a injustiça, o desamor, o ódio se propagam como pragas em lavouras, e voltamos a nos sentar e começamos a questionar, mais uma vez, nosso papel nesse mundo velho, os quais valores se vão abaixo como papel em cachoeiras. Não dá para disfarçar. Como iniciar alguma coisa?

A filosofia nos conduz a questionar mais. Por que os meios de comunicação são tão vastos em todo o mundo e ao mesmo tempo tão inúteis? Por que não se revelam detentores de novos valores; por que não se inclinam em organizar uma nova cultura em defender os reais valores humanos, invés de discutir uma política vesga; regimes frios e confusos, heróis de plásticos e culturas relativas?...


O apelo da Alma continua

O sofrimento é natural, mas podemos minimizá-lo, não o afastando por completo, tentando compreendê-lo, e dando a ele o que merece, a resposta em forma de remédios, os quais podem vir em uma pequena caixa, ou podem vir em uma grande caixa, a de Pandora, na qual todos os problemas há, mas a resposta real, no fundo. A filosofia.

Não podemos ser masoquistas. Encontramos o fio de Ariadne. E quando a alma grita é porque se está perdida, em algum lugar, ou mesmo tentando coçar aquela coceira que há muito nos incomoda e não temos coragem para nos livrar dela. Quando a alma grita, é porque nossos sonhos estão sendo burlados, e nosso eu se afastando de nossas possibilidades, ao passo, também, é um grito de razão, de força, de desejo consciente de mudar o que somos e, mas do que nunca, de realizar. O estágio natural de nossas indagações chegou.

Aqui nos fazemos heróis ocultos, pois vamos ao mundo desconhecido, sem medo, com nossas próprias pernas a matar o dragão e salvar a princesa, é aqui em que cavalgamos para salvar a mocinha – nossa alma – do vilão; damos passos fundamentais para entrar em labirintos lotados de homens maus, de seres de outro mundo, do desconhecido. Nossa imaginação cria minotauros. Não podemos ficar bloqueados; nossa experiência em torno de nossas pequenas práticas nos fez mais humanos. Podemos curar nossa própria vida!

A filosofia nos dá coragem (ou uma opção pela...), nos faz ver o que não nos ensinaram a ver. Ela tangencia a dor com meros questionamentos, nos retira o parcial medo com passos mínimos; nos faz guerreiros em batalhas nas quais nem mesmo o maior deles imagina o tamanho...

E hoje, após milênios, ainda nos faz um pouco melhores, não como pseudo-religiosos, psiseudo-políticos, mas, antes de tudo, religiosos, políticos (da maneira mais platônica possível), e antes de tudo amigos da verdade.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

O Apelo da Alma (i)



Não podem nos retirar o legado humano. Qualquer que seja,




Qual a principal tarefa da Filosofia? Alguns dizem que é responder a todas as questões da vida, em qualquer âmbito, de modo que não sejam aquelas respostas baseadas em premissas fúteis e básicas do dia a dia, além de tangenciar o óbvio... Outros pensam que a principal tarefa dela é questionar a respeito de Deus, o que, normalmente, não se faz em um grupo cuja verdade já é a placa de sua porta da frente. Por isso, torna-se ateu ou Filósofo... Sendo os dois sinônimos, ao ver de alguns.

Como já sabemos, dissertar acerca da grande Filosofia, palavra que “surgira” em uma época meio decadente, cheia de conturbações, é pisar em ovos da granja de coronel, pois o que nos dita as regras, mais do que na Idade da Trevas, é a Igreja, tão sutil quanto uma pata de uma formiga, e tão forte quanto uma manada de elefantes, quando seus paradigmas são postos em xeque.

Palavra esta que veio à tona após um grande filósofo ser chamado de sábio, e este, depois de ter negado tal predicativo, disse, “não sou um sábio, sou um filósofo; aquele que tem amor à verdade, à sabedoria; eu não tenho a verdade, eu a busco”.

A partir daí, nossos olhos, remetidos ao passado, se inclinam ao sol, às estrelas, ao universo, como homens que buscavam e que sustentavam esse princípio, de ir atrás da verdade, onde quer que ela esteja, mesmo sabendo que nunca a terá em sua plenitude...

Contudo, nesse universo, o homem, em seu âmbito humano, se questiona a respeito de seu próprio mundo, de sua existência, de seus poderes, mistérios, de sua história... E de sua Alma. Por que sofremos tanto? Por que temos que passar pelas lhanuras do tempo e aprender de modo tão injusto a nosso ver a respeito da vida? Por que contemplamos um futuro às vezes sem querer olhar um passado que nos ensina o que somos, para onde vamos, e de onde viemos?...


...para onde vamos, de onde viemos?



A Filosofia exerce essa atração. Por isso em Idades nas quais não se podia questionar, muitos filósofos se foram, mas muitos, com sua especialidade em velar o saber, sobreviveram e nos deixaram legados, os quais até hoje são alvo de críticas e ao mesmo tempo de nortes ao nossos caminhos tão íngremes.

Atualmente, depois das flâmulas das fogueiras preconceituosas, passamos por outras, nas quais homens que se julgam de bem tentam desmontar o que séculos montaram em torno da palavra; querem fechar as portas, ridicularizar, deixar em ultimo plano o que é realmente necessário ao homem atual... Questionar a respeito de si mesmo, adentrar em planos diferentes dos quais estamos hoje em forma de religião, política, família, sociedade etc.

Não podem. Não se pode reter o que subjaz ao individuo, ao que mais latente se esconde nele. Não se pode reter um tsunami, uma marola sequer, nem mesmo o porquê de uma criança, muito menos a vontade de mudar do ser humano. “Ontem eu vi, hoje eu sei”, dizia Tutan Kamon, o menino faraó, sua vida ainda é um mistério por ter sido, ao ver de muitos, base para muitas filosofias pós-cristãs.

Mas o que mais atém o homem à filosofia é a indignação ao presente em que se encontra. Não só socialmente, mas muito mais o que perturba a sua alma. E, aqui, nesse instante, a busca pelo equilíbrio de força se inicia...



Voltamos Mais Tarde.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

O Peso de Uma Virtude


Epíteto: alma leve nos leva a virtude.

“Não te digas filósofo nunca, nem fales em máximas na presença de ignorantes, mas age de acordo com essas máximas. Assim, num banquete, não ensines com é preciso comer, mas come da maneira conveniente.”


Uma corrente presa à parede, e ao mesmo tempo presa em nossos pés. Anos se passam, e nos acostumamos a ela, ou àquele peso, àquela circunstância; talvez, semelhante aos filmes mudos, quando prendiam um mero ladrão de galinhas, e nele colocavam as famosas roupas listradas em preto e branco, acompanhada daquela grande bola negra, com intuito se segurar o protagonista. Será que tudo isso ilustra o peso que temos do mundo em nossas vidas?

O problema, no entanto, é quando nos referimos ao aspecto psicológico, ou melhor, quando nos embriagamos de problemas sociais, familiares, conjugais e outros, que, por ventura, nunca falharão em nossa caminhada. Aqui, nesse quesito, não só neste, como ao de cima, quando nos amarramos a algo, ficamos presos involuntariamente, e somos obrigados a lidar com a situação como crianças que nasceram amarradas em algemas.

Presos, ou caminhando como personagens mitológicos, a carregar pedras eternas em suas costas, com vistas à construção de seus objetivos, são mais que formas metafóricas, para muita gente, é real, é natural.

Mas até que ponto podemos (ou temos que) caminhar com todo esse peso, seja na consciência, seja no corpo – nas costas, na cabeça --, enfim, por que temos essa natureza de sempre carregar algo acima de nossas possibilidades, se em nossos objetivos está a virtude, a moral, a ética...?

Chega a ser estranho, e no mínimo incoerente, da nossa parte quando nos referimos a esses valores e ao mesmo tempo trazemos em nossas almas o peso de nossa consciência, que, ainda que reflexiva, pensante, dotada de direções ao racional, prefere portar pesos os quais, desde a tenra idade, nos fazem acreditar que é preciso tê-los pelo resto de nossa existência...

Epiteto Pensa Diferente...

Desde que buscamos valores internos dos quais podemos tirar uma boa vivência, seja ela aqui ou acolá, temos que ser coerentes com eles. Não podemos simplesmente citá-los de forma didática, relativizando-os, colocando em xeque o que são, pois, apenas a maneira de praticá-los é cultural, eles não são.

São a essência humana caminhando dentro de uma alma que pede a primazia da calma, de andar sem peso, da necessidade de elevar-se sem dificuldades, sem exageros, como fazemos atualmente... E assim, a virtude o é; ao mesmo tempo a moral, a ética, inexoravelmente, como diria uma mestra de filosofia, a qual um dia nos disse... “Inexoravelmente significa cuidar de uma planta com um pouco d’água, todos os dias, e por isso vai crescer, dar frutos.”

A virtude não difere de uma planta, apenas em seu aspecto físico claro, quando presa ao chão; pois ela, a grande virtude que queremos, não se prende a nada, nem mesmo às raízes humanas, mesmo porque ela é inata ao ser humano, isto é, está ao lado do homem como uma prece, uma brisa, uma mera forma de ser.
A virtude, como Epiteto vê, não é o peso que procuramos no dia a dia para sermos de Bem. Não é a força interna latente, muito menos a física, com objetivos espirituais. Nada disso...

A virtude, segundo o filósofo, tem tudo a ver com a harmonia interior, com a vida moral, com aquela sensação de alivio coerente. Ao contrário, seria o mal nos confundindo, deixando-nos ambíguos.

Temos que Ter Um Código Moral

Para isso, temos que reconceituar liberdade, aceitar seu modo de ser. Como ele próprio, Epíteto, dizia... “Libertat et Dium”, Liberdade é Deus. Ao contrário do que debatemos em torno de conceitos modernos, arrastados pelo tempo como corretos. Além disso, o bem-estar, ou seja, o ficar bem consigo mesmo e com as pessoas ao nosso redor...

Para terminar, o que se pede é que escolhamos melhor, não tanto quanto escolhemos hoje, como útil, mas revisar nossas escolhas, deixá-las de lado apenas por um tempo, e entender que, quanto mais escolhas, mais peso, mais dores, mais problemas... A sensação é de um saco de lixo ambulante a escolher o que lhe cabe até o fim de sua jornada.

Nossas escolhas mais significativas devem ser de cunho moral, ético, virtuoso, dentro das quais a simplicidade deve reinar.



O filósofo tem razão.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

A Eternidade. Agora.

Soldados romanos: perfeitos em tudo.




Muitas coisas nos diferem dos grandes homens do passado, mas uma em essência nos corrói a alma, como uma coceira incansável dentro de um gesso que há muito nos pede para colocar as mãos, ir em frente e sanar aquela agonia. É o acreditar em nossos ideais, em nossos princípios, colocá-los em prática, tornar-se melhor... Se humano.

Não há porque ter medo, pois erramos; porém, voltar atrás consertá-lo, e novamente seguir em frente, como numa meta incansável, podemos fazê-lo. O que fazemos de bom ao próximo, a nós mesmos; nossas melhores formas de lidar com nossos conflitos interiores, usar os artifícios tradicionais, no sentido de fazê-los de ferramentas, como aquele soldado romano que, mesmo soldado, tinha a obrigação de levar pás, picaretas, martelos em sua mochila, para a construção de uma ponte, ou o conserto de estradas, nas quais passariam o grande César.

Se nos portamos como um grande soldado, que não pede, não chora, não se apaixona facilmente pelo vulgar, com nossas ferramentas construiremos mais que pontes, levantaremos, sim, edifícios internos, e venceremos batalhas ao nosso grande César – nosso objetivo maior.

Para isso, no entanto, é preciso crescer – e já crescemos, somos adultos, filhos de um universo que pulsa, que não para respirar, de trabalhar em função do seu centro, do seu grande espirito. E por que estamos a falar, se também – segundo a Filosofia Maior – somos um microuniverso cheio de células, de micro-organismos, que não se cansam e são determinados por uma energia misteriosa, chamada vida, a alcançar seus objetivos – que é ser o que são, na consecução de seus ideais.




Discurso de Sócrates antes de morrer: tinha tudo para fugir.



Assim, como Sócrates que tivera uma chance de sair de sua cadeia, desaparecer e não mais voltar; assim como Cristo que, com o seu poder, tivera a chance de corromper os homens contra uma cidade, e não o fez; assim, como muitos que poderiam ter negado a existência de um sol como centro e preferiram morrer numa Idade das Trevas, podemos sê-lo, em nosso nível, de acordo com nossa capacidade, enfrentar o mal que nos corrompe, mesmo que esse mal seja deixar de mão nosso vaidosismo, nosso conforto... E levantar, sair, viver.

O que importa? Temos caráter, uma linha que muitos, em nosso tempo, levam anos para obter; mas nós o temos, e podemos prosseguir, alavancar-nos de nossas poltronas internas, deixar de lado pequenos seres que nos afligem, como pensamentos frios, desvairados, sensuais, e andar de acordo com nossos princípios, pois agora, mais do que nunca o temos.

Convicções alheias

Mais do que nunca nossas convicções não são do tipo que atrapalham as outras. Pelo contrário. Complementam. Contudo, em nome de nossos ideais, podemos sofrer reveses pelo que acreditamos e sermos conotados como seres de outro mundo, mesmo porque, como disse, poucos são aqueles que seguem uma conduta, uma linha imaginária, porém tão visível aos olhos do espírito, que chega a nos cegar.

Seremos desatualizados, inconvenientes, não participativos, não religiosos, não familiares, aos olhos de uma juventude que só cresce para baixo, como raiz que se afunda e fica difícil de mostrar o céu. Podem, contudo, apesar da raiz, crescerem, desenvolverem, serem homens de bem, mesmo porque, quanto mais largas são as raízes – se perceberem – mais alta é a árvore.

Não somos desinformados, somos clássicos, e quando o digo, entende-se por eternos em qualquer que seja o diálogo, o assunto, pois a Tradição, custe o que custar, nos faz ver a essência das coisas, em todas as épocas, e nos torna mais que atualizados... Caso contrário, teremos pessoas de bem com que nos harmonizar...

Não somos inconvenientes, pois somos um pouco psicólogos, e trabalhamos a consciência humana com passos à frente da relativa, dado pelos mais modernos especialistas na área. No entanto, não descartamos qualquer psicologia, ou seja, qualquer opinião necessária a uma sociedade que precisa compreender seu papel, seu objetivos. Para tanto, é preciso de tais profissionais que levem a sério suas profissões, e mais, transformem tudo isso em algo prático. Como nós.

No quesito participativo há de convir que temos uma deficiência aos olhos do outro, porque não vamos às ruas, não fazemos passeatas, não quebramos monumentos, enraivecidos, cheios de cólera, mas pensamos em uma sociedade que precisa sanar seus serviços básicos, os quais, a depender do país, como o nosso, ainda claudica nessa questão; e muito.

Por isso, antes de nos revelar manifestantes, é preciso pensar, refletir acerca do é política, do que é religião, quem são esses homens, esses que se assemelham a amos de cavernas que nos fazem acreditar que o que vemos é a verdade, é o bem. Há uma distancia lunar entre o que nos ensinam e o que é realmente o que é, na visão de um homem que viu o sol, não as paredes da caverna...

Quanto à religião, precisamos finalizar deixando bem claro aos ouvidos “dos que querem ouvir”, que há muito não se pratica a religião, pelo menos pelo sacerdotes que se dizem tal. É mais fácil vir uma criança chegar ao céu, como diria a Cristo, do que um homem compenetrado há séculos, vestido de branco, a pedir, implorar, com seus atos por mais ortodoxos que sejam a benção dos céus.

Enfim, o filósofo, nós, homens de bem, de caráter, não precisamos ir em busca de templos modernos, arcaicos, para encontrar nossos ideais, pois se resguardam, todos eles, em nós, de modo que, em nossas orações, nos religamos com o Todo, com o Deus em Mim, assim como os grandes o fizeram no passado. E sempre o faremos, pois é um ato eterno e necessário ao homem de hoje e sempre.



Acrópole. Cidade alta. Uma cidade dentro de nós.



Nosso Projeto Maior

Não podemos adiar nossos projetos de crescimentos. Vamos dar uma pausa nas leituras, vamos praticá-las, sem desculpas. A felicidade, assim como a maior das estrelas, está em nosso céu, podemos vê-la. Agora, façamos com que seja a nossa rosa, em que podemos pegar, sentir seu perfume, levar conosco!

Nosso projeto não pode mais esperar. Podemos ser felizes, sem medo, e que este, como fora muitas vezes demonstrado, em muitas linhas, seja apenas um ser estratégico que nos faça andar para frente, com medo, não pavor.


Desde agora, desse minuto em diante, que nossas leituras maiores seja a natureza, e nossa oração, nosso trabalho.

A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....