"Não preciso viajar, tenho tudo aqui, em minha pequena praça" autor desconhecido.
Sempre tive a vontade de viajar e
nunca mais voltar. Conhecer edifícios belíssimos, os coliseus, as grandes
muralhas, as eternas pirâmides egípcias, astecas; fazer parte dos países que sempre tiveram
legado histórico e que mudaram o pensamento humano em relação a tudo e a todos.
Penso um dia sair de casa, como um Forest Gump da
vida, caminhar até Roma, correr até a Grécia, voar até o Egito, voltar ao
Oriente Médio, em meio aquela desavença toda, e observar de perto a história da
Pérsia, que um dia, notória, guerreou para conquistar o mundo, assim como
Esparta, a melhor de todas!
Sonhar não custa nada, e disso eu
vivo. Mas, em minhas reflexões, penso que a necessidade de ir ao longe, e
voltar, meu pensamento, ou melhor, meu psicológico mudará no tocante à
realidade que verei. Não sei se teria a mesma visão apaixonada dos monumentos,
dos nativos que herdaram o pouco que amo nos livros – guerreiros, reis,
rainhas, sacerdotes... – além do comportamento, tão diferente, que me causaria
um dor... Boa ou má.
Não sei. Sei apenas que minhas
reflexões não cabem dentro de mim, quando me deparo com os mitos, com sua
universalidade, além de culturas que, ao mesmo tempo, se elevam e me elevam na
mesma proporção. É uma busca, percebe-se.
E consegui encontrar. Hoje, após
anos de leituras, posso me permitir dizer que mudei um pouco, em pensamentos,
em comportamentos. Não tem como, pois, ficar passivo a uma leitura de um “Ramsés”,
sem chorar no final da historia, na qual o grande faraó nos deixa órfãos quando
fará parte dos deuses.
Não tem como ficar estático, ao
ver as lutas dos grandes espartanos em sua época dourada, respeitando o
inimigo, ainda que este não tivesse o mesmo por eles. Descobre-se que somos
meros mortais, sem história, presos a pequenos valores e medrosos quando
conflitos internos nos convocam para saná-los. Os espartanos foram os únicos
que brilharam em todos os sentidos nas batalhas, pois deram sinais de valor ao
homem, ao país, às leis. E muito mais.
E, hoje, se eu passo pela
antiguidade, e tento descobrir o porquê desse amor à batalha, às leis, tenho a
obrigação de me sentir um espartano, no meu nível, e me obrigar a respeitar o
meu inimigo, o meu país, ainda que seja um país que não mereça, mas tem minhas
raízes e delas não posso abdicar. Estaria deixando um pouco de mim, e isso é
traição.
Não apenas na sabedoria grega que
devemos nos fincar, mas em todas elas. Dar a volta ao mundo, descobrir o
Oriente e sua dedicação ao sol, à chuva, à terra; sentir um pouco da retidão
sublime dos japoneses, chineses... Aprender um pouco sobre suas religiões,
filosofias, compreender que seus mitos são tão fortes, que até hoje muitos não
entendem o comportamento de algumas culturas orientais.
Claro... Nós do Ocidente
aprendemos a nos fechar ao mundo, chorar sentados ao meio fio, e esperar que
alguém nos diga alguma coisa, pois nos cerraram a mente de tal maneira que não
conseguimos mais abri-la para a grandiosidade de nossa alma; pelo contrário,
criticamos, e dizemos que nossa filosofia, religião, política, família são
exemplos... Como somos pobres!
E a pobreza cultural, aquela que
nos encerra uma verdade que não temos, é a mais perigosa, pois nos envelhece,
nos mata e nos leva ao um céu inexistente. E nos vamos em forma de cinzas para
as florestas, na esperança de sermos algo, pois não fomos nada em vida.
E quando olho para o além, depois
de paginar meus livros, penso na totalidade de uma população que busca romances
rápidos, frios, às vezes quentes demais. Penso nessas pessoas que se dizem
leitoras, cultas, aprendizes do dia a dia e que se sentem bem... lendo o que
vem e o que vai na moda das editoras. Perda de tempo.
Sei o quanto o perdi, e ainda
perco quando me refiro a essas pessoas, no passado e compreendo que o passado
de muitos é o agora, pois terão dores de estômago de tanto rir ao saber que o
pensamento humano não é nenhuma lixeira, e que um dia o foi quando jovem (para
muito adultos ainda o é...), mas se dão uma chance, se levantam, e se
questionam a respeito de seu ecletismo cultural.
Bem... Ainda não viajei, mas
espero ser um dos poucos a modificar minha vida, para melhor, pois o que tenho
em mim, como riqueza, é ainda teórico. E não gostaria de perder esse tesouro
que há muito faz parte de mim.
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