sexta-feira, 30 de agosto de 2013

A Grande Caverna Genocida

Democracia. O pior dos sistemas?



Um dia, passou num programa global um ensaio do que era a metafórica Caverna à qual Platão se referia em seu livro “A República”. Para isso, convidaram uma filósofa (dessas contratadas, editadas, e que pensam apenas no que os dirigentes querem...) e nos mostrou, com toda sua pompa, uma grande caverna, na qual trabalhavam carvoeiros, esses homens que nela entram bem de manhã, e dela saem apenas quando o sol se põe...

Em uma entrevista a um dos trabalhadores, ela sorria ao seu lado, e como era de manhã, pudera ver a hora em que ele entrava, mas também em que ele saía. O pobre homem, tão humilde, dizia que pelo seu emprego daria tudo. Ou seja, não sairia dele por dinheiro algum. E no final da reportagem, via-se um ser orgulhoso ao entrar em sua caverna, trabalhar, e sair apenas quando o apito do patrão soasse...

Não sei se isso serve de parâmetro, mas vejo que não só ele, mas há muitos que desejam o que ele deseja: não sair de seus empregos, pois o que lhes resta de dignidade está lá... Dentro. Porém, se visualizarmos de modo simbólico, tendo como referência a grande caverna mitológica do mestre Platão, estaremos nos colocando em um contexto em que, até mesmo, nós podemos estar dentro de um meio, achá-lo incômodo, dele reclamar, porém, jamais dele sair. Porque acreditamos, piamente, que dependemos dele para nossa sobrevivência...

Na maioria das vezes, é uma realidade. E o exemplo maior disso tudo talvez seja o próprio sistema em que vivemos, a Democracia, no qual aprende-se a odiá-lo pelas desonras que nos propicia, além da falta de valores que, no passado, permeavam. E hoje, tais valores não significam muita coisa, quando percebemos, por meio dos meios de comunicação, que a tolerância nossa de cada dia é a nossa arma.

Mas até quando?

Ainda ontem, um deputado que fora cassado pela instância maior do Judiciário, tinha sido preso em um dos piores presídios da capital (Brasília), e, como todo malfeitor, fora perdoado pelos seus camaradas na Câmara dos Deputados.

Natan Donadoni, preso por peculato e formação de quadrilha, é mais um dos que seguirão felizes, graças a uma democracia que produz uma constituição, faz seus filhos a respeitarem, e seus donos nela pisarem.
A tolerância a regimes como esse faz com que saibamos que há uma grande caverna, que nos alimenta, nos veste e nos dá bons empregos, mas ao mesmo tempo nos pisoteia, nos rouba, e, na maioria das vezes, nos faz eleger assassinos, dos quais saem mais assassinos de gerações.

O apelo à decência, à ética, à moral fica sem sentido.  É como se pedíssemos aos nossos pais, que estão a passos de nós, que nos ensinaram, nos amaram (e que nos amam), para viver em função de algo que a eles é inerente.

Talvez seja esse o nosso mal. O que nos faz “achar” que os eleitos democraticamente são pessoas éticas, seres humanos reais que nos representam; que estão por fazer seus ofícios (antigamente sagrados) do mais humilde ao mais rico, do mais ignorante ao mais sábio, mas que faziam por obrigação, pois escolheram estar ali, a nos representar em qualquer sentido, principalmente humano.

Mas é uma falácia acreditar que deputados e senadores, presidentes, governadores são melhores do que o mendigo que está debaixo de uma ponte, até mesmo do que um homicida preso à espera de sua soltura.
São genocidas em potencial todos estes que governam em um sistema que dá brecha para a corrupção e liberdade a hitleres travestidos. Pois, enquanto houver mais pobres e negros encarcerados, e gatos pingados de um ou outro parlamentar preso... Não se deve dar credibilidade a qualquer sistema semelhante a este.

A Caverna é real

Olhando por esse lado, fica fácil identificar os amos da caverna. Parece- nos a decadente Grécia, na qual Sócrates fora obrigado a tomar cicuta. E mais, sinto-me como um “pequeno sábio” em meio a um emaranhado de pobres homens que desejam ficar dentro de uma caverna que os massacram, todos os dias.

Vejo não só aquele trabalhador amar sua caverna, mas todos. Do menor ao maior, do sem escola ao mais graduado, do pensador ao mais racionalista, do varredor ao presidente... Todos amam a grande caverna, mesmo porque a falta de consciência gera obediência, enquanto a outros, sem ela, não seriam poderosos. Sem nós, eles não existiriam...


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