Deixar de acreditar em pontos do
passado que um dia foram formas míticas, é uma necessidade do mundo atual. Não
podemos, no entanto, de uma hora para outra, estarmos livres daquilo que um dia
nos educou para um mundo voltado somente àqueles que se subjugam detentores de
inteligência o bastante para dizer que são poderosos, pois possuem conhecimento.
Ledo engano.
Não somos poderosos, por isso,
mas porque sabemos lidar com o poder; para isso é preciso ter vocação para
tanto, ou seja, possuir uma maestria – seja em qualquer tipo de função voltada
ao homem – natural, sem apegos, sem dependência de qualquer coisa. O poder,
nesse instante, recai sobre o que podemos fazer em função de um todo, ao qual
chama um outo maior, ao infinito, porém que possua uma organização, disciplina,
ou melhor, uma natureza arquetipal ,
ideal, ou como diziam os mestres, de acordo com o Arquiteto Universal.
Nem que seja um pingo d´água,
mínimo, mas que possua vínculo com o Oceano Vital. Ser esse pingo d água é que
a questão. É uma questão complexa, pois nos faz entender de forma relativa o
que o Absoluto nos mostra. Enfim, é como se todos, de alguma forma,
acreditassem que uma bola, na sua mais incrível esfericidade, fosse vista por
visões diferentes, ao passo de confundi-la com uma pedra – e suas várias
formas. É assim que apreciamos o Absoluto.
E nas grandes civilizações, nas
mais sábias, quando um faraó ou um rei sábio era designado para subir ao trono,
sabia que teria que demonstrar, na prática, um pouco do Absoluto, do Invisível,
do Um, o qual estaria dentro de cada um, mas que se salientava naquele que era
designado para representá-lo.
E um faraó, principalmente, ainda
que com aparência humana, com sentimentos idem, não daria trégua a uma
personalidade egoísta, aos mais ínfimos interesses que jaziam em sua alma, pois
sabia que tínhamos um ser que sobressaia não apenas na teoria, ou seja, em suas
máximas, mas na prática diária com seu povo, num trabalho árduo em que o sagrado
– religado aos deuses – era a ponte para a realização dos sonhos dos seus filhos*.
Assim o foi Arthur, o grande
cavalheiro que um dia fora escudeiro, que se transformou em um dos reis mais
lendários e míticos da história da humanidade. Lendário, porque mudou o modo de
pensar de diversas tribos com sua bondade, e mítico, porque fora tão mágico o
seu reino, que a história se encarregou de liga-lo ao sagrado; enfim, cada
instrumento de sua história começou a ter um simbolismo, e profundo, só visto em
culturas tão antigas quanto à dele.
Sem falar nos antigos avathares,
cuja vida era transpor montanhas com sua fé, além de passarem por provas
iniciáticas, desde a tenra idade, nos deixaram marcas na alma, que até então
são como a eterna semântica nossa de cada dia.
Estes, e muitos outros, eram
homens que se igualavam a deuses no que faziam, por isso se igualavam ao Absoluto,
como pingos ao Oceano maior. E o que eles são, como pingos, pode criar em nós,
durante nossa estada nesse mundo, novos pingos, menores talvez, porém um tanto
quanto gêmeos aos do passado. Aos mestres do passado.
Como diria aquele sábio, “por que
não?... Um dia um oceano também já foi um pingo! Não é mesmo?”
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* O povo egípcio era tratado como filho espiritual do governante.
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