quarta-feira, 14 de agosto de 2013

O Outro Lado do Espelho - O Pingo que Somos (iii)





Deixar de acreditar em pontos do passado que um dia foram formas míticas, é uma necessidade do mundo atual. Não podemos, no entanto, de uma hora para outra, estarmos livres daquilo que um dia nos educou para um mundo voltado somente àqueles que se subjugam detentores de inteligência o bastante para dizer que são poderosos, pois possuem conhecimento. Ledo engano.

Não somos poderosos, por isso, mas porque sabemos lidar com o poder; para isso é preciso ter vocação para tanto, ou seja, possuir uma maestria – seja em qualquer tipo de função voltada ao homem – natural, sem apegos, sem dependência de qualquer coisa. O poder, nesse instante, recai sobre o que podemos fazer em função de um todo, ao qual chama um outo maior, ao infinito, porém que possua uma organização, disciplina, ou melhor, uma natureza arquetipal , ideal, ou como diziam os mestres, de acordo com o Arquiteto Universal.

Nem que seja um pingo d´água, mínimo, mas que possua vínculo com o Oceano Vital. Ser esse pingo d água é que a questão. É uma questão complexa, pois nos faz entender de forma relativa o que o Absoluto nos mostra. Enfim, é como se todos, de alguma forma, acreditassem que uma bola, na sua mais incrível esfericidade, fosse vista por visões diferentes, ao passo de confundi-la com uma pedra – e suas várias formas. É assim que apreciamos o Absoluto.

E nas grandes civilizações, nas mais sábias, quando um faraó ou um rei sábio era designado para subir ao trono, sabia que teria que demonstrar, na prática, um pouco do Absoluto, do Invisível, do Um, o qual estaria dentro de cada um, mas que se salientava naquele que era designado para representá-lo.

E um faraó, principalmente, ainda que com aparência humana, com sentimentos idem, não daria trégua a uma personalidade egoísta, aos mais ínfimos interesses que jaziam em sua alma, pois sabia que tínhamos um ser que sobressaia não apenas na teoria, ou seja, em suas máximas, mas na prática diária com seu povo, num trabalho árduo em que o sagrado – religado aos deuses – era a ponte para a realização dos sonhos dos seus filhos*.

Assim o foi Arthur, o grande cavalheiro que um dia fora escudeiro, que se transformou em um dos reis mais lendários e míticos da história da humanidade. Lendário, porque mudou o modo de pensar de diversas tribos com sua bondade, e mítico, porque fora tão mágico o seu reino, que a história se encarregou de liga-lo ao sagrado; enfim, cada instrumento de sua história começou a ter um simbolismo, e profundo, só visto em culturas tão antigas quanto à dele.

Sem falar nos antigos avathares, cuja vida era transpor montanhas com sua fé, além de passarem por provas iniciáticas, desde a tenra idade, nos deixaram marcas na alma, que até então são como a eterna semântica nossa de cada dia.

Estes, e muitos outros, eram homens que se igualavam a deuses no que faziam, por isso se igualavam ao Absoluto, como pingos ao Oceano maior. E o que eles são, como pingos, pode criar em nós, durante nossa estada nesse mundo, novos pingos, menores talvez, porém um tanto quanto gêmeos aos do passado. Aos mestres do passado.


Como diria aquele sábio, “por que não?... Um dia um oceano também já foi um pingo! Não é mesmo?”



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* O povo egípcio era tratado como filho espiritual do governante.

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