Política: na origem, o melhor caminho. |
Já entoamos a canção da célula
que nasceu e cresceu, desenvolveu-se e se transformou em um ser humano. Já
sussurramos ao ouvido do leitor um pouco do mistério perdido, da falta de busca
que tanto faz parte da alma humana; no entanto, em respeito a várias entidades,
filosóficas ou não, temos que dedilhar outras canções... A do desrespeito à
essência que carregamos.
Em muitas civilizações, para
inicio de conversa, podemos perceber que, ainda que haja certa decadência de valores, podemos observar que, nelas, um dia houve gerações que se
importaram com a educação, com a política, com a segurança, com a opinião dos povos
em relação às divindades, enfim, nada melhor do que recordar um tempo que nos
parece chave para a melhoria do nosso caos social, o que respiramos hoje.
Muitos se perguntam? Por que
temos que voltar ao passado? O passado
se foi e devemos enterrá-lo de modo a não acordá-lo mais de sua tumba. Não
podemos fazer isso, ainda que em individualmente. Pois, um dia me disseram que
somos um pouco do fomos, somos e seremos. Então, em termos coletivos, não
podemos, de forma alguma, deixar de citar experiências que nos fizeram um pouco
melhores, apesar dos pesares.
Claro que, atualmente, temos um
quadro crítico, quase hediondo, de várias estruturas que, com o tempo, deixaram
de ser elementos de base, núcleos de confiança para ser a razão da decadência
civilizatória. A política é a pedra à qual me refiro.
Outras, claro, como religião,
família, sociedade... Ciência são também pilares de um mundo que precisa se
reerguer mesmo com pingo de esperança que possui. Mas, antes de tudo, o que
rege a sociedade, o que a transforma em meio revoltoso ou não é a Política.
Nela, se decide caminhos ao povo,
como melhor educação, melhor transporte, melhor moradia, salários, economia,
enfim, hoje, o que temos e deixamos de ter nada mais é fruto de uma boa
política – ou política nenhuma.
Para ser mais claro, a política
funciona, como bons autores o indicam, como uma Ciência dedicada ao trato de
governar um Estado ou Nação, ou compartilhar interesses... O termo tem origem
no grego politiká, uma derivação de
polis que designa aquilo que é público... Seu conceito, no entanto, é tão maior
do que o usual.
E seu conceito, o usual, é que
faz com que tenhamos uma ojeriza em relação à sua praticidade, ao seu real
ideal. Que é o humano. Prova disso, é que um grande filósofo grego, chamado
Platão, um dia, ao explicar por
intermédio de um mito por ele criado, o Mito da Caverna, a relação entre
indivíduo e Justiça, explicou-nos, o
verdadeiro sentido de política.
O Mito da Caverna
Em “A República”, livro VII,
Platão nos expõe uma metáfora de sua época, que, como toda civilização em
decadência, no caso a Grécia Antiga, demostrava sua política injusta de
violação aos valores , na não expressividade, ou seja, da falta de liberdade
nas palavras, na restrição de filosofias individuais, as quais, no mais tardar,
poderiam “corromper” a juventude, ou melhor, fazê-la pensar, questionar acerca
do que se passava à época, ou mesmo, o significado de Justiça, Política,
Deus... Enfim, coisas que, até hoje, amos de cavernas não tão alegóricas fazem
questão de nos restringir do seu significado real.
E por passar pela época em que
seu mestre Sócrates estava sendo subjugado pelos crimes que diziam ter cometido
– influenciando pessoas com seu pensamento --, Platão, iniciado, fez a
República, livro este que com o passar dos séculos ganhou notoriedade por
influenciar, no bom sentido da palavra, inúmeras civilizações, mas ao mesmo
tempo servir de instrumento para outras que nunca deviam ter nascido.
Hoje, bíblia dos filósofos modernos,
a República, de Platão, educa, religa, engrandece, porém escurece os sentidos
de quem quer ver nela informações frívolas, conceitos corriqueiros, e
racionalismos científicos.
E a prova dessa porta que se abre
e se fecha é do Mito da Caverna, que, no Livro Sete, deixa de ser uma questão
temporal para ser universal, atemporal e mítica. No mito Platão nos faz
imaginar vários indivíduos presos, desde criança, amarrados (algemados),
virados contra uma grande parede, dentro de uma enorme caverna. Atrás deles,
uma grande fogueira dita as regras com suas sombras refletidas na parede a que
eles observam, desde a tenra idade...
Assim, imaginando formas, nossos
personagens, presos, acreditam que elas são as reais pessoas (amos que passam por
detrás deles, mas não são identificados) que os fazem reais escravos refletindo
somente o que podem com o que veem.
Platão nos dá prova da filosofia
a que tanto Sócrates pregava, ao demostrar, depois, o quanto a política da
época enganava. É no momento em que um dos indivíduos se incomoda com as
algemas, ou seja, o papel do filósofo em refletir acerca do sistema ou o papel
do humano, quando a alma é desejosa de voar, ou do pensamento em elevar.
E o indivíduo, o filósofo, ao
sentir a necessidade de levantar, buscar, pesquisar, voar, mudar o mundo,
levanta. Quase que involuntariamente vai ao encontro da saída da grande
caverna, passa pelos corredores íngremes, pontiagudos, e, enfim, se depara com
a saída...
Nesse instante, o filósofo
descobre a realidade que estava por detrás de seu mundo incriado,inato,
construído apenas para satisfazer-lhe e aos seus irmãos de algema. Mais do que
isso, o cena revela intuições filosóficas, com a descoberta do Bem, da Justiça
do Amor; e, com os olhos ainda meio fechados pelo sol que nele batia, se vai...
O Bem, como luz a humanidade, não pode ser total,
poderíamos nos cegar. Temos que conhecer sua outra parte, o Mal, aquele que
separa. Essa é a intenção do sol nos olhos... A parte que nos interessa, no
entanto, é quando o individuo volta. Ao entender a realidade das coisas, do
mundo, da vida... Ele se faz filósofo. Ou como diria na cultura hindu, seria um
Krishina.
O filósofo se fez, e o Ideal
Político idem.
A política, ao ver do filósofo
Platão, nada mais é que ir ao encontro de sua real humanidade ou passar aos
seus entes o mais belo de todos os sentidos, dos quais podemos extrair até
mesmo a divindade. Ou seja, simplesmente uma lição ao que temos hoje.
Assim, podemos abrir mais o
conceito sobre Política e trazer elementos práticos dentro de nossa vida, seja
familiar, social, religiosa até, fugindo do conceito moderno que nos remete a
interesses partidários, individuais, assemelhando-se a filosofias modernas.
Volto daqui a pouco...
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