terça-feira, 27 de agosto de 2013

Política, Uma Canção Esquecida

Política: na origem, o melhor caminho.


Já entoamos a canção da célula que nasceu e cresceu, desenvolveu-se e se transformou em um ser humano. Já sussurramos ao ouvido do leitor um pouco do mistério perdido, da falta de busca que tanto faz parte da alma humana; no entanto, em respeito a várias entidades, filosóficas ou não, temos que dedilhar outras canções... A do desrespeito à essência que carregamos.

Em muitas civilizações, para inicio de conversa, podemos perceber que, ainda que haja  certa decadência de valores, podemos observar  que, nelas, um dia houve gerações que se importaram com a educação, com a política, com a segurança, com a opinião dos povos em relação às divindades, enfim, nada melhor do que recordar um tempo que nos parece chave para a melhoria do nosso caos social, o que respiramos hoje.

Muitos se perguntam? Por que temos que voltar ao passado?  O passado se foi e devemos enterrá-lo de modo a não acordá-lo mais de sua tumba. Não podemos fazer isso, ainda que em individualmente. Pois, um dia me disseram que somos um pouco do fomos, somos e seremos. Então, em termos coletivos, não podemos, de forma alguma, deixar de citar experiências que nos fizeram um pouco melhores, apesar dos pesares.

Claro que, atualmente, temos um quadro crítico, quase hediondo, de várias estruturas que, com o tempo, deixaram de ser elementos de base, núcleos de confiança para ser a razão da decadência civilizatória. A política é a pedra à qual me refiro.

Outras, claro, como religião, família, sociedade... Ciência são também pilares de um mundo que precisa se reerguer mesmo com pingo de esperança que possui. Mas, antes de tudo, o que rege a sociedade, o que a transforma em meio revoltoso ou não é a Política.

Nela, se decide caminhos ao povo, como melhor educação, melhor transporte, melhor moradia, salários, economia, enfim, hoje, o que temos e deixamos de ter nada mais é fruto de uma boa política – ou política nenhuma.

Para ser mais claro, a política funciona, como bons autores o indicam, como uma Ciência dedicada ao trato de governar um Estado ou Nação, ou compartilhar interesses... O termo tem origem no grego politiká, uma derivação de polis que designa aquilo que é público... Seu conceito, no entanto, é tão maior do que o usual.

E seu conceito, o usual, é que faz com que tenhamos uma ojeriza em relação à sua praticidade, ao seu real ideal. Que é o humano. Prova disso, é que um grande filósofo grego, chamado Platão, um dia, ao  explicar por intermédio de um mito por ele criado, o Mito da Caverna, a relação entre indivíduo e Justiça, explicou-nos,  o verdadeiro sentido de política.

O Mito da Caverna

Em “A República”, livro VII, Platão nos expõe uma metáfora de sua época, que, como toda civilização em decadência, no caso a Grécia Antiga, demostrava sua política injusta de violação aos valores , na não expressividade, ou seja, da falta de liberdade nas palavras, na restrição de filosofias individuais, as quais, no mais tardar, poderiam “corromper” a juventude, ou melhor, fazê-la pensar, questionar acerca do que se passava à época, ou mesmo, o significado de Justiça, Política, Deus... Enfim, coisas que, até hoje, amos de cavernas não tão alegóricas fazem questão de nos restringir do seu significado real.

E por passar pela época em que seu mestre Sócrates estava sendo subjugado pelos crimes que diziam ter cometido – influenciando pessoas com seu pensamento --, Platão, iniciado, fez a República, livro este que com o passar dos séculos ganhou notoriedade por influenciar, no bom sentido da palavra, inúmeras civilizações, mas ao mesmo tempo servir de instrumento para outras que nunca deviam ter nascido.

Hoje, bíblia dos filósofos modernos, a República, de Platão, educa, religa, engrandece, porém escurece os sentidos de quem quer ver nela informações frívolas, conceitos corriqueiros, e racionalismos científicos.

E a prova dessa porta que se abre e se fecha é do Mito da Caverna, que, no Livro Sete, deixa de ser uma questão temporal para ser universal, atemporal e mítica. No mito Platão nos faz imaginar vários indivíduos presos, desde criança, amarrados (algemados), virados contra uma grande parede, dentro de uma enorme caverna. Atrás deles, uma grande fogueira dita as regras com suas sombras refletidas na parede a que eles observam, desde a tenra idade...

Assim, imaginando formas, nossos personagens, presos, acreditam que elas são as reais pessoas (amos que passam por detrás deles, mas não são identificados) que os fazem reais escravos refletindo somente o que podem com o que veem.

Platão nos dá prova da filosofia a que tanto Sócrates pregava, ao demostrar, depois, o quanto a política da época enganava. É no momento em que um dos indivíduos se incomoda com as algemas, ou seja, o papel do filósofo em refletir acerca do sistema ou o papel do humano, quando a alma é desejosa de voar, ou do pensamento em elevar.

E o indivíduo, o filósofo, ao sentir a necessidade de levantar, buscar, pesquisar, voar, mudar o mundo, levanta. Quase que involuntariamente vai ao encontro da saída da grande caverna, passa pelos corredores íngremes, pontiagudos, e, enfim, se depara com a saída...

Nesse instante, o filósofo descobre a realidade que estava por detrás de seu mundo incriado,inato, construído apenas para satisfazer-lhe e aos seus irmãos de algema. Mais do que isso, o cena revela intuições filosóficas, com a descoberta do Bem, da Justiça do Amor; e, com os olhos ainda meio fechados pelo sol que nele batia, se vai...

O Bem, como  luz a humanidade, não pode ser total, poderíamos nos cegar. Temos que conhecer sua outra parte, o Mal, aquele que separa. Essa é a intenção do sol nos olhos... A parte que nos interessa, no entanto, é quando o individuo volta. Ao entender a realidade das coisas, do mundo, da vida... Ele se faz filósofo. Ou como diria na cultura hindu, seria um Krishina.
  
O filósofo se fez, e o Ideal Político idem.

A política, ao ver do filósofo Platão, nada mais é que ir ao encontro de sua real humanidade ou passar aos seus entes o mais belo de todos os sentidos, dos quais podemos extrair até mesmo a divindade. Ou seja, simplesmente uma lição ao que temos hoje.

Assim, podemos abrir mais o conceito sobre Política e trazer elementos práticos dentro de nossa vida, seja familiar, social, religiosa até, fugindo do conceito moderno que nos remete a interesses partidários, individuais, assemelhando-se a filosofias modernas.





Volto daqui a pouco...

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