quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Simples Organizações Complexas

O Pensar é de todos. Refletir para alguns.



Quando uma organização se faz, não se faz por si mesma, algo por traz dela impõe uma inteligência sutil, em que estruturas são erguidas, bases são feitas, paredes são levantadas, tetos são colocados... Depois, pessoas vocacionadas são chamadas, limites são impostos, leis são obedecidas, princípios se tornam leis e um caminho a essa organização é dado.

As organizações filosóficas do passado, nas quais Sócrates e sua filosofia eram referenciais, ou pelo menos, a essência do pensamento tradicional era o núcleo, tiveram um papel fundamental para a evolução humana. Seus caminhos, para o alto, para cima, para o sagrado. Seus princípios, os mais humanos possíveis. Seus organizadores, mestres iniciados em mistérios ocultos.

Eram escolas nas quais o indivíduo (que vem de indivisível...) entrava, aprendia, se iniciava, e se tornava outra pessoa. Ou, quando deixava sua escola, antes do momento final, ainda sim, tinha consciência de um mundo que precisava ser mudado, no tocante ao seu valor.

Nelas, nas escolas, dirigidas por sábios, não cabia o pensamento mundano, mas a percepção de valores que ele, o mundo, nos dava, quando em sua decadência nos fazia (e nos faz) refletir. E o candidato à iniciação, ao passar pelas provas internas, sabia que o mundo necessitava religar-se, compor-se, elevar-se. E por isso, estavam ali. Pela necessidade de religar-se com Deus, pois Ele estava sendo esquecido.

Contudo, alguns desavisados de plantão, como sempre há em todas as épocas, não poderiam saber, como um todo, nem mesmo em particular, acerca do que acontecia nas dependências de tais escolas, pois, se houvesse essa possibilidade, chocar-se-ia com o que era dado pelos mestres e pelos educadores do mundo velho, e a finalidade daquela instituição, como sempre aconteceu, cairia do precipício.

Mas infelizmente desses desavisados, agora mal informados, alguns mais do que outros, tiravam conclusões precipitadas a respeito do que se realizava nas dependências das escolas; e como toda precipitação, destruíram algumas instituições que, segundo eles, eram de outro mundo. E eram.

Não se poderia comparar o que se dava em aulas normais a alunos normais, com discípulos das escolas de iniciação. O que poderia ocorrer, no mínimo, era uma avalanche de devastações no que se referia ao ensino interno.

Mesmo e apesar de..., hoje usufruímos de homens que respeitam as disciplinas antigas, contudo, para efeito prático, quase ninguém. Era realmente necessário que houvesse uma tangente ao que recebíamos (e o que recebemos) como educação.

Pois, para inicio de conversa, toda e qualquer tipo de educação era dada antes de qualquer formação, fosse um rei, rainha, um pedreiro, barbeiro, de modo a serem não só melhores no que faziam em suas profissões ou cargos, mas principalmente com pessoas.

ROMA

Houve vários exemplos de generais romanos, que se confrontavam com o inimigo, mas, não como qualquer general, tinham suas estratégicas, suas disciplinas romanas, baseadas em sua grande e cultuada educação; enquanto, em outros povos, não tendo como ser (ou ter), entravam em batalhas com a forma do físico, da estratégica fria, sem disciplina, apenas para vencer e conseguirem a liberdade.

Diante de tais exemplos, ainda hoje tentamos compreender o porquê alguns povos foram melhores do que outros em batalhas, mesmo com exércitos reduzidos, porém com homens cientes da vida e da morte. Cientes principalmente da morte.

Para isso, deuses e deusas eram clamados e ritos em seus nomes eram realizados, mas a grandeza desses atos não iremos compreender, pois governos posteriores queimaram e mudaram a história com a finalidade de elevar somente suas pessoas, não seus atos em relação às divindades. Foi a derrocada da civilização.

A QUEDA

Outra derrocada, no entanto, fora a mudança de comportamento com relação ao sagrado. Um professor meu de filosofia, tão esperto em assuntos relacionados a Roma, me disse um dia “... o Banho quente matou Roma”... Outros, menos do que ele, disseram... “A falta de patriotismo a matou”... Referia-se aos soldados romanos, que, na maioria das vezes, eram repatriados, ou seja, eram de outros países e depois se iniciaram como soldados romanos...

Porém, não o eram em sua essência. Ou melhor, não entendiam o que era ser... Romano. A agua quente?... Acredito que o grande professor estava sendo simplista ao tentar explicar o comportamento leniente do grande império, que um dia reinou por mais de setecentos anos. Dizendo que “banho de água quente”, como hoje, relaxa. E, em sua opinião, o Império Romano relaxou em todas as frestas, não só no recrutamento dos soldados, como também, ou principalmente, no quesito religião...

Quesito este talvez mais responsável pela queda de Roma. Para o professor, depois de abrir brechas ao Cristianismo, e sua desestrutura que mais tarde se estruturou, o qual tomou pontos principais com seus fiéis, o grande império ruiu e hoje só temos belezas externas de uma época que nos ensinou tanto...

O aprendizado.

O que eu quero dizer com isso? Que para se sair de uma caverna é preciso ter cautela. Não precisamos mostrar que somos idealistas, mas sim respeitar o que o Ideal quer. Ou seja, abrir devagar nossas possibilidades de sair de nossas prisões. Se sabemos que somos prisioneiros de um mundo obscuro, sem base, decadente, em primeiro plano devemos saber resgatar nossas teorias a respeito do que é Ideal.

Se temos a certeza do que queremos, não vamos abrir mão disso, porque já estamos dentro do que muitos não estão, ou seja, de uma verdade imensa, que nos faz se um tanto quanto conscientes do nosso papel ante à vida.


E a vida, essa fresta enraigada de mistérios que carregamos em nós, deve-se ser a ponte entre o que queremos e podemos. Contudo, antes de tudo, temos que ter a certeza do que somos, se não a luta não tem por quê.

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