O Pensar é de todos. Refletir para alguns. |
Quando uma organização se faz, não se faz por si mesma, algo
por traz dela impõe uma inteligência sutil, em que estruturas são erguidas,
bases são feitas, paredes são levantadas, tetos são colocados... Depois,
pessoas vocacionadas são chamadas, limites são impostos, leis são obedecidas, princípios
se tornam leis e um caminho a essa organização é dado.
As organizações filosóficas do passado, nas quais Sócrates e
sua filosofia eram referenciais, ou pelo menos, a essência do pensamento tradicional
era o núcleo, tiveram um papel fundamental para a evolução humana. Seus
caminhos, para o alto, para cima, para o sagrado. Seus princípios, os mais
humanos possíveis. Seus organizadores, mestres iniciados em mistérios ocultos.
Eram escolas nas quais o indivíduo (que vem de
indivisível...) entrava, aprendia, se iniciava, e se tornava outra pessoa. Ou,
quando deixava sua escola, antes do momento final, ainda sim, tinha consciência
de um mundo que precisava ser mudado, no tocante ao seu valor.
Nelas, nas escolas, dirigidas por sábios, não cabia o
pensamento mundano, mas a percepção de valores que ele, o mundo, nos dava,
quando em sua decadência nos fazia (e nos faz) refletir. E o candidato à
iniciação, ao passar pelas provas internas, sabia que o mundo necessitava
religar-se, compor-se, elevar-se. E por isso, estavam ali. Pela necessidade de
religar-se com Deus, pois Ele estava sendo esquecido.
Contudo, alguns desavisados de plantão, como sempre há em
todas as épocas, não poderiam saber, como um todo, nem mesmo em particular,
acerca do que acontecia nas dependências de tais escolas, pois, se houvesse
essa possibilidade, chocar-se-ia com o que era dado pelos mestres e pelos
educadores do mundo velho, e a finalidade daquela instituição, como sempre
aconteceu, cairia do precipício.
Mas infelizmente desses desavisados, agora mal informados,
alguns mais do que outros, tiravam conclusões precipitadas a respeito do que se
realizava nas dependências das escolas; e como toda precipitação, destruíram
algumas instituições que, segundo eles, eram de outro mundo. E eram.
Não se poderia comparar o que se dava em aulas normais a
alunos normais, com discípulos das escolas de iniciação. O que poderia ocorrer,
no mínimo, era uma avalanche de devastações no que se referia ao ensino
interno.
Mesmo e apesar de..., hoje usufruímos de homens que respeitam
as disciplinas antigas, contudo, para efeito prático, quase ninguém. Era
realmente necessário que houvesse uma tangente ao que recebíamos (e o que
recebemos) como educação.
Pois, para inicio de conversa, toda e qualquer tipo de
educação era dada antes de qualquer formação, fosse um rei, rainha, um
pedreiro, barbeiro, de modo a serem não só melhores no que faziam em suas
profissões ou cargos, mas principalmente com pessoas.
ROMA
Houve vários exemplos de generais romanos, que se confrontavam
com o inimigo, mas, não como qualquer general, tinham suas estratégicas, suas
disciplinas romanas, baseadas em sua grande e cultuada educação; enquanto, em
outros povos, não tendo como ser (ou ter), entravam em batalhas com a forma do
físico, da estratégica fria, sem disciplina, apenas para vencer e conseguirem a
liberdade.
Diante de tais exemplos, ainda hoje tentamos compreender o
porquê alguns povos foram melhores do que outros em batalhas, mesmo com
exércitos reduzidos, porém com homens cientes da vida e da morte. Cientes
principalmente da morte.
Para isso, deuses e deusas eram clamados e ritos em seus
nomes eram realizados, mas a grandeza desses atos não iremos compreender, pois
governos posteriores queimaram e mudaram a história com a finalidade de elevar
somente suas pessoas, não seus atos em relação às divindades. Foi a derrocada
da civilização.
A QUEDA
Outra derrocada, no entanto, fora a mudança de comportamento
com relação ao sagrado. Um professor meu de filosofia, tão esperto em assuntos
relacionados a Roma, me disse um dia “... o Banho quente matou Roma”... Outros,
menos do que ele, disseram... “A falta de patriotismo a matou”... Referia-se
aos soldados romanos, que, na maioria das vezes, eram repatriados, ou seja,
eram de outros países e depois se iniciaram como soldados romanos...
Porém, não o eram em sua essência. Ou melhor, não entendiam o
que era ser... Romano. A agua quente?... Acredito que o grande professor estava
sendo simplista ao tentar explicar o comportamento leniente do grande império,
que um dia reinou por mais de setecentos anos. Dizendo que “banho de água
quente”, como hoje, relaxa. E, em sua opinião, o Império Romano relaxou em
todas as frestas, não só no recrutamento dos soldados, como também, ou
principalmente, no quesito religião...
Quesito este talvez mais responsável pela queda de Roma. Para
o professor, depois de abrir brechas ao Cristianismo, e sua desestrutura que
mais tarde se estruturou, o qual tomou pontos principais com seus fiéis, o
grande império ruiu e hoje só temos belezas externas de uma época que nos
ensinou tanto...
O aprendizado.
O que eu quero dizer com isso? Que para se sair de uma
caverna é preciso ter cautela. Não precisamos mostrar que somos idealistas, mas
sim respeitar o que o Ideal quer. Ou seja, abrir devagar nossas possibilidades
de sair de nossas prisões. Se sabemos que somos prisioneiros de um mundo
obscuro, sem base, decadente, em primeiro plano devemos saber resgatar nossas
teorias a respeito do que é Ideal.
Se temos a certeza do que queremos, não vamos abrir mão
disso, porque já estamos dentro do que muitos não estão, ou seja, de uma
verdade imensa, que nos faz se um tanto quanto conscientes do nosso papel ante
à vida.
E a vida, essa fresta enraigada de mistérios que carregamos
em nós, deve-se ser a ponte entre o que queremos e podemos. Contudo, antes de
tudo, temos que ter a certeza do que somos, se não a luta não tem por quê.
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