sexta-feira, 9 de agosto de 2013

O Grande Pai

Superman e Superboy!





Vossos filhos não são vossos filhos.
São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.
Vêm através de vós, mas não de vós.
E embora vivam convosco, não vos pertencem.
Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos,
Porque eles têm seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;
Pois suas almas moram na mansão do amanhã,
Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.
Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós,
Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.
Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.
O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força
Para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe.
Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria:
Pois assim como ele ama a flecha que voa,
Ama também o arco que permanece estável.

 Khalil Gibran


Quando Jesus nos ordenou que rezássemos o Pai nosso, sabia que, em nós, reinava (e reina um ser) que governa nossas ações. Um ser puro, disciplinado, cuja abrangência de sua bondade e justiça equivale ao tamanho do universo: infinita. O mestre, visto como Pai que virou filho na cruz, depois de séculos, assemelha-se ao grande Pai, após tornar-se Cristo, aquele que se iluminou. Torna-se mais, uma estrutura simbólica referência dos homens de bem, os quais no passado, não apenas cristãos, como também templários, maçons, que, em seus templos iniciáticos dele lembravam como o cimo do espírito, ou o próprio.

Cristo nos é referência, assim com o foram os grandes Pais da humanidade antes dele. A maioria, mesmo que muitos não aceitem, em razão do fanatismo, sabe que houve nações governadas por bons homens, os quais, em suas cidades ou países, transformaram o povo em seus filhos.


É o caso do grande faraó Ramsés II (1303 a 1213 aC), por seguir seus antecessores em sabedoria, mais também pelo seu amor ao Egito, tinha mais de oitenta filhos. Explico, por se tornar um homem espiritual, talvez um dos maiores da história, seguidores houve em seu reinado que disseminavam seu conhecimento em sua obras, e transformavam seu reinado em bem-aventurança.

Um pai, vigilante, austero, inclinado a cuidar de seu povo, de sua nação. Assim foi Ramsés II, que, ao pressentir pragas, enfermidades... tornava-se um místico, ou um ser que pedia auxílio aos deuses no sentido de isolar os males presente. Assim o fora aos seus filhos, que, governados por esse grande pai, o viam como um homem-deus, ou a ponte inquebrantável entre eles e Deus. E era.


A expressão grande pai, no entanto, após séculos, tornou-se sinônimo poder, pois, em nome de um governo assassino, um dia, após uma revolução (a Revolução Russa), tornou-se líder maior de um povo o pai que precisava insurgir-se após anos de caos e miséria naquele país.

Após a morte de seu companheiro Lenin, tornou-se o maior líder que a (antiga) União Soviética poderia ter, o que não significa a realização de um sonho, talvez para muitos, os quais, até hoje, se lembram dele como o maior dos pais. Para outros, o maior dos demônios. O nome dele: Josefh Stalin.

Na grande Segunda Guerra Mundial, Josefh Stálin fazia pactos com outro ditador, Hitler, o qual pedia auxílio na consecução de seus fins, mas Stálin, velhaco, sabia que a realidade era outra, e teria que exterminar todas as possibilidades de fazer qualquer pacto, acordo, enfim, de armistício com outro demo.

Terminada a guerra, depois da grande derrota de Hitler, todos viram o grande Pai Stálin como o maior dos homens, de modo que morriam por ele. Mal sabiam que alimentavam o maior dos cães da história, pois, em nome do vaidosismo governamental, muitos – mais de dois milhões de pessoas, entre cientistas, sociólogos e intelectuais em geral – foram assassinados, além de, claro, civis que na surdina eram contra o seu governo de massacres internos.


Mas, como hoje, quando governadores são presos, mesmo que tenham extorquido de muitos, Stálin foi amado, venerado pelos seus fiéis filhos, os quais não se esqueceram da grande derrota do mal que poderia ter tomado o berço das inteligências, a União Soviética.

Não vejo, no entanto, que esse ditador tenha sido um grande pai, longe disso – está mais para um grande monstro – mas, no antigo Império Romano, quando Julius Caezar fora um dia ditador, fez uma série de reformas administrativas e econômicas. Ditador, na antiga Roma, não seria exatamente o que temos em mente.

Quando se tem uma educação voltada ao sagrado, desde tenra idade; quando se é respeitador de um universo do qual respostas indagamos diariamente; quando se entende que a disciplina e a ética não é algo fruto de um individualismo, e sim muito maior; quando surge a possibilidade de poder, então vem o ditador, aquele que dita as regras baseadas em preceitos maiores que ele mesmo. No antigo Egito, chamaríamos de Maât. Na antiga Roma, de Júlio César...


Enfim, se eu pudesse fazer referência aos grandes pais da humanidade, não caberiam tantas histórias e reverências. Teria que buscar em pesquisas intermináveis nomes que jamais um dia citei, além de outros que cito normalmente, como o grande Mahatman Gandhi, que um dia, depois de libertar seu país, jamais fora esquecido pelo seu povo como o maior dos pais, a grande alma. Citaria, também, Sesóstris III, o grande faraó, antes de Ramsés II, que um dia, apesar da época, salvou seu povo das raízes de um fanatismo grotesco que, hoje, depois de séculos, assola mundo...

Falo do fanatismo religioso, cuja possibilidade de engrandecimento veio a época de  Sessóstris, o qual, com seu amor ao povo, com sua religação com o divino, levou a todos o pão de cada dia, a cerveja das festas, a alegria de ser filho desse grande pai.

MAS... Hoje, como pais que somos, pelo menos eu que sou, sinto que há poesias no ar, apesar do pesares. Sinto como se fosse uma taça de vinho tentando passar o melhor que tenho em mim para o meu filho. Seja na hora que acordo, e lhe dou um grande beijo de bom dia, seja na hora em que dormimos, ao beijá-lo de novo, esperando que durma mais cedo.

Como pai, penso nos grandes homens que do passado, como sempre..., iniciavam seus rebentos em guerras, e penso na minha diariamente. A guerra, graças, não é a mesma do passado, na qual, com cinco ou seis anos de idade, o pequeno enfrentava sozinho, em situações de medo, animais, o escuro...

Hoje, ao ver meu filho junto a mim nas horas em que vou dormir, penso em sua pequena iniciação, nos seus querês , nos seus questionamentos acerca de tudo que o ronda, e mais, penso em minhas respostas, as quais, no fundo, são ditas com o veludo merecido, ainda que eu esteja bravo.

Penso na forma que vai ter quando crescer. Em suas titubeações em conseguir um local na sombra do mundo; penso em mim, como o referencial para as suas consecuções, além da minha grande responsabilidade de ser herói sem capa, sem cinto, sem poderes, mas com o maior deles, de transferir todo o meu amor – não confundamos com fragilidade em excesso --, além de ir ao passado e resgatar o pouco que nos deixaram como legado para o crescimento interno do indivíduo.

Os pais, querendo ou não, são frutos do grande pai espiritual, a que tanto Jesus no inicio citava, mas, muito mais, somos a materialização desse Pai, que, espiritual, no ilumina com o intuito de velarmos pela segurança de nossa família e por que não do mundo?




Ao meu grande Pai.

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