sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Berços do Espírito

Viver, uma Arte.



"O Egito não é desse mundo" S.III.



Os egípcios, há mais de dois mil anos, no tempo das grandes iniciações, sobreviviam com filosofias sagradas, nas quais e das quais o faraó vivia e tirava proveito para o seu belo povo, sempre guiado sob os preceitos divinos, os quais culturalmente tentamos entender. O pouco que entendemos, no entanto, é tão pouco que precisamos confiar em grandes escritores, que vão a campo, pesquisam e relatam a sobrevida do que encontrou. São os egiptólogos.

Mas não é preciso ser apenas egiptólogo, mas também um pouco filósofo, respeitando as essências do que aquela nação nos deixou, seja em forma de pirâmides, relevos em suas paredes; seja em forma crença pós-morte, sua visões acerca dos deuses, enfim... O egiptólogo, que busca somente informações as terás, mas não saberá lidar com elas, se se nelas não se aprofundar, pois, a querer ou não, todas as civilizações do passado tiveram um lado que, naturalmente, são alvo de críticas contundentes até hoje.

O Egito, como uma dessas nações, não seria diferente...  Por isso, ao adentrar em razões que não nos cabe, quando temos ideais, é ir de encontro a ele. Assim como conhecemos uma pessoa, um microcosmo, um pequeno universo, uma partícula, todas elas de algum modo esconde uma face pouco aproveitável.

Um dia um samurai disse, “para baixo ou para cima, não há finitos, sempre há o que encontrar”. Sábias palavras, porque a realidade em que vivemos sempre nos demonstra, para baixo, situações dantescas, hediondas, nos deixando abismados em todos os aspectos. E se procuramos, na própria realidade, a seguridade do alto, do céu, de suas nuvens, de seu sol, seja metafórico, simbólico ou não, teremos o infinito em nossas possibilidades...

Justo Meio

Contudo, lembremos daquele grande mito, de Dédalo e Ícaro, no qual pai e filho, presos em uma torre grega, decidem pular e voar, com asas de seda feitas à mão, pelo gênio Dédalo. “Não voes alto demais, filho, suas asas podem derreter!”... “E não voes  muito baixo, pois cairás nas águas molhando suas asas e se afogando...”... O rapaz, sem escutar seu pai, assim como todo adolescente senil, voa o mais alto que pode, e ao chegar perto dos raios do deus sol, sente que suas asas começam a derreter... Cai e morre.

Saber lidar com o justo meio foi assunto de muitos mitos, entre eles está o de Sindarta Galtama, o Buda, que havia se iniciado debaixo de uma árvore, depois que ouvira um senhor, ao lado de uma criança, dizer “não deixe que as cordas afrouxem, pois podem não  tocar. Não as estique demais, pois podem se arrebentar”...

Depois de te lido essa história, comentei a um grande professor de filosofia, o que havia entendido. E lho disse, “Temos café, temos o leite. Supondo que os dois têm naturezas distintas, e tem. Misturando-os, temos a terceira natureza. Seria esta um justo meio?”... Ele riu, e nada respondeu. Ele sabia que mais cedo ou mais tarde eu iria encontrar a resposta.

Voltando ao Faraó

E descobri que o justo meio era uma questão de praticidade, no sentido literal da coisa. Era descobrir a essência de cada ser humano, de cada espécie que nos ronda. Calma... eu disse praticidade, mas dentro de minhas possibilidades. Eu olhava, e começava a enxergar que somos hiperdiferentes, em tudo, em comportamentos, em físico, em pensamentos, em ideias, em personalidades, caráter, mas em nós, naquilo que subjaz a tudo que sabemos a respeito de nós mesmos, somos iguais; somos divinos; somos o sol que não cessa de brilhar. A chama que não se apaga. Ali, em nós, na parte que se iguala ao grande Espirito, os sábios dormem, e acordam sorrindo em meio a um mundo eloquente, sem dono.

Desse ser que desconhecemos, viviam os grandes iniciados – Pitágoras, Platão, Zoroastro, Cristo... – e antes deles, levando os deuses ao seu grande povo, o faraó, o homem-deus, cujos atos, moderados, unidos ao sereno, fantasticamente simples, divinos ao nosso ver, eram a prova do justo meio.

Uma das maiores provas do divino homem era não deixar-se influenciar por terceiros, pois seus atos, baseados no sagrado, eram inquebrantáveis, ainda que países o fizessem, que nações inimigas tentassem corrompê-lo no sentido de levar seu mundo a filosofias diferentes, adotadas em seu mundo, a terra vermelha, não conseguiam.

Era um homem deus, pois vivia daquela parte que está em nós, e ele, o grande homem, graças às iniciações, que davam mais forças ao ser, sobrevivia a cada ataque, fosse psicológico ou não. Na maioria das vezes, era em forma de invasões, nas quais inimigos mais fortes até, tomavam, escravizavam, e torturavam aquele grande povo, mas a potência que se escondia nos sábios homens, ainda que em um homem só às vezes, fazia com que nada se perdesse.

As esperanças tinham nome. Faraó. Como uma célula que se desenvolve – e que aparece das ideias sagradas – cresce, leva mais seres em sua volta, consome todo mal, revitaliza seu povo, e volta mais forte que o inimigo. Assim, o Egito  prevaleceu; serviu de exemplo ao mundo, como seus homens de ferro, de grandes rainhas, de sacerdotes mágicos, os quais para o homem atual eram Ets que um dia vieram e construíram pirâmides.

Eram mais que isso.

Em relação à terra, antes de tudo, não admitiam sabotagem contra ela, nas quais atitudes negativas poderiam tomá-la e, como uma doença degenerativa, leva-la. O Egito, para o seu povo, era o céu. Era melhor do que qualquer terra, que qualquer paraíso religioso, culturalmente falando. O pior para o cidadão egípcio era morrer longe de sua terra, e esse sentimento não temos com relação ao nosso país – seja ele americano, inglês, espanhol... – por mais belo que seja, não há mais esse amor.

Nas ruas, se houvesse alguém que comentasse a respeito da má política, tudo era trabalhado para que ali mesmo se esvaísse; a má política veio depois, quando os faraós já não significavam mais homens deuses, e sim criadores de túmulos, escravagistas, líder sem povo... E hoje, infelizmente, o que se guarda é essa a imagem, tanto que em livros clássicos, como a bíblia cristã, o que se pode perceber é quase uma propaganda contra a terra que governou há mais de cinco mil anos o mundo, e que fora berço de tudo que vemos, seja em medicina, religião, respeito, disciplina, está sintetizada em escravagista e ditadora.





Volto com mais divagações.

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