"O Egito não é desse mundo" S.III. |
Os egípcios, há mais de dois mil anos, no tempo das grandes
iniciações, sobreviviam com filosofias sagradas, nas quais e das quais o faraó
vivia e tirava proveito para o seu belo povo, sempre guiado sob os preceitos
divinos, os quais culturalmente tentamos entender. O pouco que entendemos, no
entanto, é tão pouco que precisamos confiar em grandes escritores, que vão a
campo, pesquisam e relatam a sobrevida do que encontrou. São os egiptólogos.
Mas não é preciso ser apenas egiptólogo, mas também um pouco
filósofo, respeitando as essências do que aquela nação nos deixou, seja em
forma de pirâmides, relevos em suas paredes; seja em forma crença pós-morte,
sua visões acerca dos deuses, enfim... O egiptólogo, que busca somente
informações as terás, mas não saberá lidar com elas, se se nelas não se aprofundar, pois,
a querer ou não, todas as civilizações do passado tiveram um lado que,
naturalmente, são alvo de críticas contundentes até hoje.
O Egito, como uma dessas nações, não seria diferente... Por isso, ao adentrar em razões que não nos
cabe, quando temos ideais, é ir de encontro a ele. Assim como conhecemos uma
pessoa, um microcosmo, um pequeno universo, uma partícula, todas elas de algum
modo esconde uma face pouco aproveitável.
Um dia um samurai disse, “para baixo ou para cima, não há
finitos, sempre há o que encontrar”. Sábias palavras, porque a realidade em que
vivemos sempre nos demonstra, para baixo, situações dantescas, hediondas,
nos deixando abismados em todos os aspectos. E se procuramos, na própria realidade,
a seguridade do alto, do céu, de suas nuvens, de seu sol, seja metafórico, simbólico
ou não, teremos o infinito em nossas possibilidades...
Justo Meio
Contudo, lembremos daquele grande mito, de Dédalo e Ícaro,
no qual pai e filho, presos em uma torre grega, decidem pular e voar, com asas
de seda feitas à mão, pelo gênio Dédalo. “Não voes alto demais, filho, suas
asas podem derreter!”... “E não voes
muito baixo, pois cairás nas águas molhando suas asas e se afogando...”...
O rapaz, sem escutar seu pai, assim como todo adolescente senil, voa o mais
alto que pode, e ao chegar perto dos raios do deus sol, sente que suas asas
começam a derreter... Cai e morre.
Saber lidar com o justo meio foi assunto de muitos mitos, entre eles está o de
Sindarta Galtama, o Buda, que havia se iniciado debaixo de uma árvore, depois
que ouvira um senhor, ao lado de uma criança, dizer “não deixe que as cordas
afrouxem, pois podem não tocar. Não as
estique demais, pois podem se arrebentar”...
Depois de te lido essa história, comentei a um grande
professor de filosofia, o que havia entendido. E lho disse, “Temos café, temos o
leite. Supondo que os dois têm naturezas distintas, e tem. Misturando-os, temos
a terceira natureza. Seria esta um justo meio?”... Ele riu, e nada respondeu. Ele
sabia que mais cedo ou mais tarde eu iria encontrar a resposta.
Voltando ao Faraó
E descobri que o justo meio era uma questão de praticidade,
no sentido literal da coisa. Era descobrir a essência de cada ser humano, de
cada espécie que nos ronda. Calma... eu disse praticidade, mas dentro de minhas
possibilidades. Eu olhava, e começava a enxergar que somos hiperdiferentes, em
tudo, em comportamentos, em físico, em pensamentos, em ideias, em
personalidades, caráter, mas em nós, naquilo que subjaz a tudo que sabemos a
respeito de nós mesmos, somos iguais; somos divinos; somos o sol que não cessa
de brilhar. A chama que não se apaga. Ali, em nós, na parte que se iguala ao
grande Espirito, os sábios dormem, e acordam sorrindo em meio a um mundo
eloquente, sem dono.
Desse ser que desconhecemos, viviam os grandes iniciados –
Pitágoras, Platão, Zoroastro, Cristo... – e antes deles, levando os deuses ao seu
grande povo, o faraó, o homem-deus, cujos atos, moderados, unidos ao sereno,
fantasticamente simples, divinos ao nosso ver, eram a prova do justo meio.
Uma das maiores provas do divino homem era não deixar-se
influenciar por terceiros, pois seus atos, baseados no sagrado, eram
inquebrantáveis, ainda que países o fizessem, que nações inimigas tentassem
corrompê-lo no sentido de levar seu mundo a filosofias diferentes, adotadas em
seu mundo, a terra vermelha, não conseguiam.
Era um homem deus, pois vivia daquela parte que está em nós,
e ele, o grande homem, graças às iniciações, que davam mais forças ao ser,
sobrevivia a cada ataque, fosse psicológico ou não. Na maioria das vezes, era
em forma de invasões, nas quais inimigos mais fortes até, tomavam, escravizavam,
e torturavam aquele grande povo, mas a potência que se escondia nos sábios
homens, ainda que em um homem só às vezes, fazia com que nada se perdesse.
As esperanças tinham nome. Faraó. Como uma célula que se
desenvolve – e que aparece das ideias sagradas – cresce, leva mais seres em sua
volta, consome todo mal, revitaliza seu povo, e volta mais forte que o inimigo.
Assim, o Egito prevaleceu; serviu de
exemplo ao mundo, como seus homens de ferro, de grandes rainhas, de sacerdotes
mágicos, os quais para o homem atual eram Ets que um dia vieram e construíram pirâmides.
Eram mais que isso.
Em relação à terra, antes de tudo, não admitiam sabotagem
contra ela, nas quais atitudes negativas poderiam tomá-la e, como uma doença
degenerativa, leva-la. O Egito, para o seu povo, era o céu. Era melhor do que
qualquer terra, que qualquer paraíso religioso, culturalmente falando. O pior
para o cidadão egípcio era morrer longe de sua terra, e esse sentimento não
temos com relação ao nosso país – seja ele americano, inglês, espanhol... – por
mais belo que seja, não há mais esse amor.
Nas ruas, se houvesse alguém que comentasse a respeito da má
política, tudo era trabalhado para que ali mesmo se esvaísse; a má política
veio depois, quando os faraós já não significavam mais homens deuses, e sim
criadores de túmulos, escravagistas, líder sem povo... E hoje, infelizmente, o
que se guarda é essa a imagem, tanto que em livros clássicos, como a bíblia cristã,
o que se pode perceber é quase uma propaganda contra a terra que governou há
mais de cinco mil anos o mundo, e que fora berço de tudo que vemos, seja em
medicina, religião, respeito, disciplina, está sintetizada em escravagista e ditadora.
Volto com mais divagações.
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