Império do Sol: a fuga da realidade não é eterna. |
Viver, uma Arte.
Não se pode ver a realidade por meio dos olhos de uma
criança, pois ela sempre a verá como se houvesse algo que alimente sua
imaginação, como uma brincadeira, eterna. No filme em que Cristian Bale (Batman,
o Cavalheiro das Trevas; O Sobrevivente) trabalhou como protagonista pela
primeira vez, Império do Sol, de Steven Spielberg, ao contar a história de uma
família inglesa muito rica que vivia no Japão, em meados de 1943, sob o astral
da dominação dos inimigos, foi um grande exemplo.
O menino, com doze anos na época, não pensava em outra coisa
senão andar num avião de guerra, desses pilotados pelos combatentes, o qual era
presente de seu pai sempre que fazia aniversário. A realidade para esse menino
se fundia, ainda que maravilhosa, ao terror que rondava sua casa, sua família.
Depois da invasão, se desencontrou com os pais, ficou à mercê
do destino, mas nunca perdia nos sonhos a vontade de voar. Fora, juntamente com
milhares de americanos, ingleses, para um grande campo de concentração, no
qual, ainda que estivesse sob os olhares dos generais cruéis, o menino nunca se
deixara atormentar. Poder-se-ia dizer que estava em casa, por mais absurdo que
fosse. Ao contrário dos outros meninos, dos adultos, dos senhores idosos, aquele
garoto, além de uma educação que o fazia atento a alguma palavra nova,
revela-se maior que ele mesmo...
Nós
De alguma forma, somos assim, em nosso nível. Retiramo-nos involuntariamente
da realidade para não dar de cara com assassinatos, com os crimes hediondos que
são manchetes, audiências, são, inclusive, motivos de formação de telejornais.
Isso, em criança; outras vezes, na maioria delas, corremos e não queremos nos
deparar com situações que nos desastralizam
(que nos deixam cabisbaixos), reflexivos em um mundo que não nos dá outra
saída: fugir de nós mesmos. Aqui, já estamos bem crescidos.
Sim... Preferimos viajar, estar perto de uma grande praia
com pessoas que amamos, com filhos, esposa, amigos... Enfim, queremos a paz tão
desejada à nossa alma; por outro lado, a felicidade, aquela que pede nossa
inclinação aos valores humanos, diz que precisamos ser fortes, e isso não
significa ser fisicamente fortes, e sim psicologicamente.
Não podemos nos enganar, é o que nosso Ideal nos diz. Temos que
enfrentar as lamúrias do mundo, entender que todas as coisas que nele acontece
são reais, e a razão de confrontarmos tal realidade é uma grande necessidade.
Sei que o menino que fora educado para não entender a vida
como ela é leva uma grande vantagem sobre nós, pois não sente, em sua
estrutura, o que sentimos quando presenciamos a dor. Nosso mundo, depois disso,
desaba, e a depender da vítima, vamos juntos, como se fosse conosco...
É por essa e outras que devemos estar informados, em relação
ao mal que nos ronda, pois não somos diferentes; por mais que busquemos uma
realidade paralela, ela jamais será válida se não confrontarmos com os
problemas que estão do nosso lado.
Educação Nossa
Sei que os conselhos aos jovens são os mesmos que recebi
quando possuía as duas idades. “Saia de perto dessa televisão, não tem nada que
presta!”, “Pare de falar em morte, meu filho, que isso traz agouro!”, sim, eram
conselhos mais do que naturais de uma mãe que se preocupava com tudo, e morreu
assim, em relação aos filhos que ficaram.
É notório que o pai e mãe deem conselhos relativos à vida
moral e nela fazê-los distanciarem-se de uma realidade que invade a cerca, a
porta e até mesmo nossas casas; mas também é notório que saibamos nos defender,
seja física, psicológica, religiosa ou filosoficamente quando temos que fazê-lo
em algum tempo.
É preciso se armar internamente, e não fugir, desviar-se,
dos acontecimentos frios da vida; olhar para ele, bem nos olhos, contemplá-lo
sempre que possível; assim, enfrentando a morte, as enfermidades, as perdas,
decepções e ilusões, além das falsas esperanças, evitamos pensamentos
mesquinhos de inveja, ou qualquer coisa semelhante.
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