quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Fuga da Realidade




Império do Sol: a fuga da realidade não é eterna.




Viver, uma Arte.

Não se pode ver a realidade por meio dos olhos de uma criança, pois ela sempre a verá como se houvesse algo que alimente sua imaginação, como uma brincadeira, eterna. No filme em que Cristian Bale (Batman, o Cavalheiro das Trevas; O Sobrevivente) trabalhou como protagonista pela primeira vez, Império do Sol, de Steven Spielberg, ao contar a história de uma família inglesa muito rica que vivia no Japão, em meados de 1943, sob o astral da dominação dos inimigos, foi um grande exemplo.

O menino, com doze anos na época, não pensava em outra coisa senão andar num avião de guerra, desses pilotados pelos combatentes, o qual era presente de seu pai sempre que fazia aniversário. A realidade para esse menino se fundia, ainda que maravilhosa, ao terror que rondava sua casa, sua família.

Depois da invasão, se desencontrou com os pais, ficou à mercê do destino, mas nunca perdia nos sonhos a vontade de voar. Fora, juntamente com milhares de americanos, ingleses, para um grande campo de concentração, no qual, ainda que estivesse sob os olhares dos generais cruéis, o menino nunca se deixara atormentar. Poder-se-ia dizer que estava em casa, por mais absurdo que fosse. Ao contrário dos outros meninos, dos adultos, dos senhores idosos, aquele garoto, além de uma educação que o fazia atento a alguma palavra nova, revela-se maior que ele mesmo...

Nós

De alguma forma, somos assim, em nosso nível. Retiramo-nos involuntariamente da realidade para não dar de cara com assassinatos, com os crimes hediondos que são manchetes, audiências, são, inclusive, motivos de formação de telejornais. Isso, em criança; outras vezes, na maioria delas, corremos e não queremos nos deparar com situações que nos desastralizam (que nos deixam cabisbaixos), reflexivos em um mundo que não nos dá outra saída: fugir de nós mesmos. Aqui, já estamos bem crescidos.

Sim... Preferimos viajar, estar perto de uma grande praia com pessoas que amamos, com filhos, esposa, amigos... Enfim, queremos a paz tão desejada à nossa alma; por outro lado, a felicidade, aquela que pede nossa inclinação aos valores humanos, diz que precisamos ser fortes, e isso não significa ser fisicamente fortes, e sim psicologicamente.

Não podemos nos enganar, é o que nosso Ideal nos diz. Temos que enfrentar as lamúrias do mundo, entender que todas as coisas que nele acontece são reais, e a razão de confrontarmos tal realidade é uma grande necessidade.

Sei que o menino que fora educado para não entender a vida como ela é leva uma grande vantagem sobre nós, pois não sente, em sua estrutura, o que sentimos quando presenciamos a dor. Nosso mundo, depois disso, desaba, e a depender da vítima, vamos juntos, como se fosse conosco...

É por essa e outras que devemos estar informados, em relação ao mal que nos ronda, pois não somos diferentes; por mais que busquemos uma realidade paralela, ela jamais será válida se não confrontarmos com os problemas que estão do nosso lado.

Educação Nossa

Sei que os conselhos aos jovens são os mesmos que recebi quando possuía as duas idades. “Saia de perto dessa televisão, não tem nada que presta!”, “Pare de falar em morte, meu filho, que isso traz agouro!”, sim, eram conselhos mais do que naturais de uma mãe que se preocupava com tudo, e morreu assim, em relação aos filhos que ficaram.

É notório que o pai e mãe deem conselhos relativos à vida moral e nela fazê-los distanciarem-se de uma realidade que invade a cerca, a porta e até mesmo nossas casas; mas também é notório que saibamos nos defender, seja física, psicológica, religiosa ou filosoficamente quando temos que fazê-lo em algum tempo.

É preciso se armar internamente, e não fugir, desviar-se, dos acontecimentos frios da vida; olhar para ele, bem nos olhos, contemplá-lo sempre que possível; assim, enfrentando a morte, as enfermidades, as perdas, decepções e ilusões, além das falsas esperanças, evitamos pensamentos mesquinhos de inveja, ou qualquer coisa semelhante.

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