Vamos conseguir. Podemos. |
Em todas as culturas, conhecemos a filosofia em relação aos
desejos, os quais sintetizam nosso monstro insaciável particular, que não se
contenta em matar apenas a sede quando quer, mas comandar todos os sentidos
humanos, de referenciais externos, tão efêmeros quanto à brisa que vai e vem.
Os desejos, se não comandados, nos levam a transpassar a linha imaginária
dármica, a que tanto aludimos quando nos referirmos à filosofia hindu.
Queremos sempre subir mais, ser demais o que não podemos; ter
demais, tudo demais. A linha, tão invisível quanto nosso ar, simbólica e sutil,
é a retidão universal, é o Deus do homem que busca a perfeição, é o todo dentro
do Todo. No entanto, com desejos alheios, que se revelam crianças e bestas com
desejos semelhantes, imprimimos nosso modo de vida.
Temos que ser prudentes. Saber lidar com esse monstro; ter a
consciência na hora certa; ouvir sempre o Dédalo de nossa alma, “não subir demais,
não descer demais”. Se isso ocorrer, com certeza, estaremos dando passos firmes
em direção ao céu.
Epíteto
Epíteto, um dos iniciadores do estoicismo, disse que
nascemos com ferramentas para cada situação. E como todas elas devem ser
usadas? Cada circunstância pede que cada uma delas seja usada em seu momento
oportuno. Ou seja, se houver uma situação em que pede que tenhas paciência,
use-a; se houver uma outra que vos pede compaixão, por que não usá-la?
É preciso prática. Pois as dificuldades na vida virão aos
montes. Se começamos um projeto, uma meta... qualquer coisa que vá ao encontro
de algo semelhante ao bom, a certeza de colisão com conflitos é mais que certa.
Portanto, é preciso calma e recorrer aos recursos internos, aqueles que, na
maioria das vezes, só usamos na maturidade ou quando em idade avançada. Quando jovem,
é meio difícil, pois sempre queremos tudo de pronto, bem feito, sem que
precisamos recorrer a qualquer ferramenta... Errado.
Jovens
É de jovem que experimentamos as sensações. Não aquelas que
hoje o mundo externo implora para que sintamos, mas a sensação de está sendo
direcionado por si mesmo quando houver situações que pedem calma e capacidade
em lidar com o próximo, resistência ao mal, enfim, usar meios eficazes, que normalmente não nos ensinam na
escola como fazê-lo.
Claro. A realidade é outra. A realidade é que, quando
chegamos à idade de respeitar o próximo, ou em saber lidar com situações nas
quais precisamos ser práticos, os pais sempre intercedem por nós, resolvem tudo,
vão atrás de quem nos bateu, de quem nos ofendeu; andam por nós, estudam por
nós; e, a depender da família, compram provas de vestibulares, nos dão carros
zero quando passamos, e assim, nos retiram (quase) todas as possibilidades de
crescimento...
Mas nunca é tarde.
Renascemos a todos os instantes para conhecer o ideal.
Fazemos parte dele. Por isso, vários homens do passado, em nome de Aláh, Deus,
Cristo, Buda, Maomé, etc..., vieram e nos trouxeram palavras em código; se
foram, mas estão sempre presente como linhas imaginárias, seja no Ocidente,
seja no Oriente.
Vamos lembrar-nos das ferramentas; usá-las de acordo com o
momento, assim como a natural lágrima nos aparece na hora em que deve cair.
Usá-las, assim como o próprio sol o faz quando sobe de manhã, e se vai de
tarde; praticar essa disciplina, pois nossa felicidade depende, e muito, da
maneira como usamos nossos melhores recursos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário