terça-feira, 12 de novembro de 2013

Eu Posso (final)

Vamos conseguir. Podemos.




Em todas as culturas, conhecemos a filosofia em relação aos desejos, os quais sintetizam nosso monstro insaciável particular, que não se contenta em matar apenas a sede quando quer, mas comandar todos os sentidos humanos, de referenciais externos, tão efêmeros quanto à brisa que vai e vem. Os desejos, se não comandados, nos levam a transpassar a linha imaginária dármica, a que tanto aludimos quando nos referirmos à filosofia hindu.

Queremos sempre subir mais, ser demais o que não podemos; ter demais, tudo demais. A linha, tão invisível quanto nosso ar, simbólica e sutil, é a retidão universal, é o Deus do homem que busca a perfeição, é o todo dentro do Todo. No entanto, com desejos alheios, que se revelam crianças e bestas com desejos semelhantes, imprimimos nosso modo de vida.

Temos que ser prudentes. Saber lidar com esse monstro; ter a consciência na hora certa; ouvir sempre o Dédalo de nossa alma, “não subir demais, não descer demais”. Se isso ocorrer, com certeza, estaremos dando passos firmes em direção ao céu.

Epíteto

Epíteto, um dos iniciadores do estoicismo, disse que nascemos com ferramentas para cada situação. E como todas elas devem ser usadas? Cada circunstância pede que cada uma delas seja usada em seu momento oportuno. Ou seja, se houver uma situação em que pede que tenhas paciência, use-a; se houver uma outra que vos pede compaixão, por que não usá-la?

É preciso prática. Pois as dificuldades na vida virão aos montes. Se começamos um projeto, uma meta... qualquer coisa que vá ao encontro de algo semelhante ao bom, a certeza de colisão com conflitos é mais que certa. Portanto, é preciso calma e recorrer aos recursos internos, aqueles que, na maioria das vezes, só usamos na maturidade ou quando em idade avançada. Quando jovem, é meio difícil, pois sempre queremos tudo de pronto, bem feito, sem que precisamos recorrer a qualquer ferramenta... Errado.

Jovens

É de jovem que experimentamos as sensações. Não aquelas que hoje o mundo externo implora para que sintamos, mas a sensação de está sendo direcionado por si mesmo quando houver situações que pedem calma e capacidade em lidar com o próximo, resistência ao mal, enfim, usar meios  eficazes, que normalmente não nos ensinam na escola como fazê-lo.

Claro. A realidade é outra. A realidade é que, quando chegamos à idade de respeitar o próximo, ou em saber lidar com situações nas quais precisamos ser práticos, os pais sempre intercedem por nós, resolvem tudo, vão atrás de quem nos bateu, de quem nos ofendeu; andam por nós, estudam por nós; e, a depender da família, compram provas de vestibulares, nos dão carros zero quando passamos, e assim, nos retiram (quase) todas as possibilidades de crescimento...

Mas nunca é tarde.

Renascemos a todos os instantes para conhecer o ideal. Fazemos parte dele. Por isso, vários homens do passado, em nome de Aláh, Deus, Cristo, Buda, Maomé, etc..., vieram e nos trouxeram palavras em código; se foram, mas estão sempre presente como linhas imaginárias, seja no Ocidente, seja no Oriente.


Vamos lembrar-nos das ferramentas; usá-las de acordo com o momento, assim como a natural lágrima nos aparece na hora em que deve cair. Usá-las, assim como o próprio sol o faz quando sobe de manhã, e se vai de tarde; praticar essa disciplina, pois nossa felicidade depende, e muito, da maneira como usamos nossos melhores recursos.




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"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....