sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Radicalismo com Peneira


"Quanto mais um homem diminui suas necessidades,
mas ele se aproxima das condições divinas"




Sócrates: Radicalismo levemente filosófico




Normalmente somos meio radicais naquilo que possuímos – dizendo, “isso é meu!”, e nada mais. Assim, nos valores, na maioria das vezes, também somos xiitas, ou seja, mais radicais ainda, deixando de escutar pessoas amigas, por nos sentir melhor que elas.

Lembro-me de várias vezes, ao tentar conversar com meus amigos crentes, traçar diálogos diferentes no momento em que chegávamos a respostas nenhuma acerca de Deus; porém, as condições deles era uma só... A Bíblia.

Não tenho nada contra a Bíblia. Muito pelo contrário. Nela há a sabedoria eterna, da qual, nós, homens, podemos fazer do mundo um lugar melhor a cada dia – assim como os clássicos filosóficos, nos quais me baseio para fazer esse blog. Mas os “tradutores” que enxergam de maneira relativa, sem que haja qualquer religação com as antigas culturas, inventam, dentro das chaves arcaicas, meios de manipular – poucas vezes para o bem comum – pessoas de bem.

O radicalismo é perigoso em todo sentido. Ele não ouve pessoas. Ele as comanda de suas inteligências, sem deixar que façam questionamentos referentes ao mundo, às minucias, ao próprio mistério que nos ronda. Não há respostas, claro. (Pois) Quem lê apenas um livro jamais terá todas as respostas. Isso é tão exato quando matemática.

Para manter nossas aspirações – nossos ideais – ainda que tenhamos que estar bem informados, como fora dito no texto anterior, também, dentro de nossas linhas filosóficas ou não, devemos escutar as pessoas, levá-las a encontrar meio de se encontrarem com linhas imaginárias, mas que possuam caminhos concretos.

É raro manter uma linha na qual possamos lidar de maneira abrangente, aberta, sem que nosso mundo seja afetado. Isso nos acontece principalmente na hora da morte, quando nos chega a hora de escutar amigos e amigas em suas simples exposições acerca do que acreditam... “para estar morto é preciso estar vivo”, é o que sempre se ouve em enterros, como se fosse a máxima de uma placa que leram no início...

Não fazendo pouco caso, mas deviam, em torno do ocorrido, repensar o que dizem. No entanto, devemos escutá-los, dar-lhes toda a atenção, mesmo porque não deixaremos de ser amigos ou amigas por uma simples frase, que, com certeza, pobre ou não, tem em um viés de carinho e conforto por trás.

Ser radical em nossos ideais é transformá-lo em tudo, menos em ideal.


As Três Peneiras

Sócrates, um grande filósofo grego, cujo pai era pedreiro e sua mãe, parteira, era considerado o maior sábio de sua época, e todos sempre estavam ao seu lado a escutar sua filosofia acerca das coisas simples e complexas, das quais cidadãos gregos retiravam seu sustento interno, pois refletiam o que era Deus, Universo, Beleza, Amor...

No entanto, o mestre, sempre dedicado ao que passava a seus amigos, via naquele seu talento uma forma de modificar a estrutura de uma cidade que, mesmo que fosse erguida com seus mitos e lendas, deveria ser mais sólida naquilo que acreditava... Pois, assim como as grandes nações do passado, estava a desabar, caindo...

Para isso, tinha que manter, dentro de seus ideais, a linha dentro das conversas, dos diálogos acerca da ética, da moral, do amor... Enfim, deveria ser mais radical. Em “As Três Peneiras”, o mestre se revela um tanto quanto sutil em seu propósito, mas nos deixa, eternamente claro, que o radicalismo filosófico, na maioria das vezes, é necessário...


Foi assim...

Um homem procurou um sábio e disse-lhe: - Preciso contar-lhe algo sobre alguém! Você não imagina o que me contaram a respeito de... Nem chegou a terminar a frase, quando Sócrates ergueu os olhos do livro que lia e perguntou: - Espere um pouco. O que vai me contar já passou pelo crivo das três peneiras? - Peneiras? Que peneiras? - Sim. A primeira é a da verdade. Você tem certeza de que o que vai me contar é absolutamente verdadeiro? - Não. Como posso saber? O que sei foi o que me contaram! - Então suas palavras já vazaram a primeira peneira. Vamos então para a segunda peneira: a bondade. O que vai me contar, gostaria que os outros também dissessem a seu respeito? - Não! Absolutamente, não! - Então suas palavras vazaram, também, a segunda peneira. Vamos agora para a terceira peneira: a necessidade. Você acha mesmo necessário contar-me esse fato, ou mesmo passá-lo adiante? Resolve alguma coisa? Ajuda alguém? Melhora alguma coisa? - Não... Passando pelo crivo das três peneiras, compreendi que nada me resta do que iria contar. E o sábio sorrindo concluiu: - Se passar pelas três peneiras, conte! Tanto eu, quanto você e os outros iremos nos beneficiar. Caso contrário, esqueça e enterre tudo. Será uma fofoca a menos para envenenar o ambiente e fomentar a discórdia entre irmãos. Devemos ser sempre a estação terminal de qualquer comentário infeliz! Da próxima vez que ouvir algo, antes de ceder ao impulso de passá-lo adiante, submeta-o ao crivo das três peneiras porque: Pessoas sábias falam sobre ideias; Pessoas comuns falam sobre coisas; Pessoas medíocres falam sobre pessoas.


Tudo demonstra uma realidade -- a Verdade -- na qual o homem deveria estar em harmonia, nunca sair dela. Tentar entrar em interesses que não sejam dele, burlar a vida do próximo, ou seja de quem ele acredite, revela-o pobre em sentido, no mais literal  que se possa entender.

Sócrates, em suas peneiras, tenta nos explicar que devemos refletir acerca do nosso mundo, do nosso modo de ser e pensar, em sentidos simples e sagrados – em nosso nível, claro, pois, às vezes, o fazemos, e somos harmônicos, sem saber. Isso nos torna volúveis a qualquer coisa, porém se temos referenciais fortes, como verdade, bondade, amor... podemos impor tais elementos em qualquer questão, sem que sejamos radicais.

Nossos pensamento que voam céu acima são como plásticos, é o que Sócrates quis dizer. São pegos por qualquer coisa, e, como sempre, com futilidades, deixando-nos afora de nossas pretensões em relação à verdade, à bondade... 

Vamos radicalizar, assim como os grandes o fizeram. Vamos nos elevar, buscar, em livros clássicos, a melhor maneira de seguir o Bem, de modo a segui-lo, mesmo em pequenas conversas com amigos.







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