quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Quando a Alma não é Pequena

"Muita gente pequena,
Em lugares pequenos,
Fazendo coisas pequenas,
pode mudar o mundo"

(Eduardo Galeano)








Conheci um professor que, sempre após suas maravilhosas palestras de filosofia, não esperava os aplausos, pois se virava, pegava seu cigarro, descia do palco, e saia. Eu achava tudo aquilo uma má educação do caramba! Mas depois de muito tempo, percebi o quanto essa questão é pessoal, essa de você querer aplausos, abraços, parabéns, como se dependesse de tudo aquilo para andar, falar, realizar, se vestir, sorrir...

Depois de mais tempo ainda, percebo que, na maioria das vezes, quase toda nossa vida é feita para os outros, tentando encontrar algo para agradar ao próximo, e quase nunca a nós mesmos – fora os egoístas de plantão, claro! – mas fora esses, estamos inclinados a acordar pensando o que vamos vestir para agradar à esposa, ao filho, aos amigos de trabalho, como se fôssemos eternas crianças que querem ouvir um... “que linda camisa”, “que lindo sapato”, “o que você passou no cabelo? Está ótimo!”...

É involuntário quase. Criamos essa dependência. Não podemos depender da admiração do outro. Não há força nenhuma. Se no fundo tivermos que analisar, encontraremos um pote vazio no lugar de um caldeirão cheio de ouro. O que não queremos. Por que não criar nosso próprio mérito, por meio de nosso trabalho, de nossos atos?

Depois que se cria essa mentalidade de ir e vir com vistas a elogios, fica meio difícil prosseguir, porque não fomos criados dessa forma. Existe uma necessidade do âmago em ser cultivado, acariciado, moldado por palavras e atos que o agradam; porém, reeduca-lo torna-se mais que necessário. Faz parte de nosso ideal de felicidade.

Ao entender que a maioria das espécies que são belas trabalha solitária ou em conjunto, não precisam ser bajuladas para seres assim; ao vir o pôr do sol, que sempre disciplinarmente surge sem nada pedir; ao vir o arco-íris aparecer após uma tarde chuvosa, além das águas que correm direito para sua foz... Depois de tudo isso e mais, percebemos que a natureza é o nosso espelho, e podemos criar uma única dependência... Assemelhar-se a ela.

Como?

Ao criar nosso próprio mérito, obedecendo às leis em nossa volta, realizando tarefas da  maneira mais bela possível, criando boas amizades, sendo fortes em qualquer ocasião, lendo
clássicos, aprendendo com eles, expondo ideias úteis, enfim, nosso mérito não pode se basear em méritos alheios, ou seja, dependendo dos outros.

(Re) Educação

Isso tudo, no entanto, não é um trabalho gratuito. Assim como as questões foram levantadas até agora, precisamos nos educar como se realizássemos um renascimento em nós mesmos, pois o que nos falta é a identidade para assumir que tudo é possível, desde que seja para o alto.

Claro que nos vem a mentalidade de que somos fracos, às vezes velhos demais para conseguir determinados objetivos, mas estamos a falar de ideal, esse ser que pede ao homem todos os dias para se igualar a ele, ou antes, para se harmonizar com ele, a conhecer um pouco de si mesmo, sem que haja sequelas tal qual um homem que sobe montanhas geladas apenas para dizer... “subi! E agora, o que façoooo!”.

Nós iremos subir aos poucos, dentro de nossas possibilidades, pois sabemos que a escadaria da Penha, na Bahia, é grande, mas a do ideal é maior, mesmo porque mexe conosco, lá dentro, fazendo com que deixemos de lado muitas das coisas que conquistamos para a leveza da subida. E aqui é que dói.

Entretanto, para os idealistas, para os homens que buscam aventura, para os homens que amam a verdade  e acima de tudo buscam interagir com Deus, nada é em vão.


O mais importante: criar o que é verdadeiramente seu.

Um comentário:

A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....