Diógenes. Modelo de pessoa, em tudo. |
Não falarei aqui do Banquete, de Platão, no qual o filósofo alude
acerca do Amor. Falarei de outro banquete, o nosso.
Já perceberam o quanto ficamos apressados em comer quando
com fome estamos? Parecemos cães deixados por donos, e quando sentimos o cheiro
da bendita, não pensamos em outra coisa – mesmo! – senão em nós próprios. Nesse
ato instintivo, esquecemo-nos do comportamento e de nossas raízes, pois
ultrapassamos a qualidade de sermos seres educados, reflexivos, homens de bem,
enfim, a única coisa que nos passa eliminar a fome...
Claro que não se pode exigir de uma criança faminta ou de um
senhor ou senhora pedinte que sejam corteses quando passam por situações
idênticas a animais, e, no mais tardar, quando encontram algo para saciar a
fome, sejam delicados. Hoje, me refiro aos famintos de saber, de homens que
levam para si o pensamento Diogeniano (de Diógenes) de padrão comportamental.
Dizem que Diógenes, um dos grandes filósofos clássicos, o
qual, ainda que vivesse humildemente, tinha padrões eruditos de ser. Claro que,
na maioria das vezes, era uma chamada a elite da época, que, sintetizava outros
padrões, o da comodidade e do intelectualismo. No entanto, seus gestos eram
nobres, suas palavras eram claras, e sempre sabia que as coisas tinham seu
poder de volta.
O que seria isso?
Hoje, em meio a tudo que vivemos, sempre queremos mais e
mais. Seja em forma de pecúnia, seja da maneira espiritual; cada um acredita que
tudo é um plano divino de consecução de suas realizações. Todos, ou pelo menos
a maioria, não acredita que seus atos, por menor que seja, geram reações em
cadeia, pois estamos sempre “vigiados” e abençoados e perdoados por Deus.
Mas quando nos vêm as reações do Tempo, imploramos para que
não sejam conosco. Diógenes, ao contrário disso, dentro do seu padrão de vida,
sabia que a natureza não era imediata, tudo possuía uma razão de ser, e que,
como um banquete, teríamos que ter atitudes de cavalheiros, no qual o
comportamento seria acima de tudo filosófico – elegante, moderado.
Em um banquete, fora os piratas, exige-se a finesa, a
elegância, modos, e muito mais. E quando nos é passada a refeição, refletimos
acerca do que podemos ou não comer. E nele, no grande banquete, por mais
famintos que estejamos, temos que comer um pouco de cada coisa, usando mais a
reflexão do que o instinto.
Assim era Diógenes, modelo de pessoa, a quem referenciavam
os grandes homens que um dia passaram a conhecê-lo. Assim, podemos, dentro de
nossas possibilidades, nos referenciar, seja em Diógenes, seja em Heráclito, no
qual também refletia tais qualidades, e viver uma vida regada de disciplina;
entretanto, sabendo que a vida vai nos oferecer reservas de provas nas quais o
instinto, fora de sua contenção, falará mais alto.
Saibamos que o banquete, a depender da mesa, é imenso. E por
isso, esperemos a nossa vez, pois seremos servidos pela vida, seremos ‘lembrados’
pelos deuses, pois nossas ações sempre geram outras, e que delas podemos
plantar e colher alhos e tomates, ao passo também podemos plantar e colher
veneno.
Pessoas
Quem não tem uma pessoa para sentir raiva? Quem não se sente
tolhido em quebrar tudo por não ter conseguido algo que alguém não conseguiu?
Vamos esperar. A nossa vez sempre chegará e vamos provar da maneira mais
perfeita possível, sem quebrar, sem eloquências, apenas provar regadamente o que o céu nos enviou.
Assim também em relação ao trabalho, ao estudo, a tudo que priorizamos e queremos uma resposta imediata. Lembremos do banquete, que, na realidade, simboliza nossa ignorância perante à natureza, perante os mistérios da vida, os quais estão se realizando todos os dias, nos ensinando que, por mais forte que seja a fome do homem, deve-se respeitar quando nosso objetivo estiver em nossa frente.
A própria vida pede para ser vivida moderadamente.
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