terça-feira, 19 de novembro de 2013

O Banquete de Diógenes

Diógenes. Modelo de pessoa, em tudo.




Não falarei aqui do Banquete, de Platão, no qual o filósofo alude acerca do Amor. Falarei de outro banquete, o nosso.

Já perceberam o quanto ficamos apressados em comer quando com fome estamos? Parecemos cães deixados por donos, e quando sentimos o cheiro da bendita, não pensamos em outra coisa – mesmo! – senão em nós próprios. Nesse ato instintivo, esquecemo-nos do comportamento e de nossas raízes, pois ultrapassamos a qualidade de sermos seres educados, reflexivos, homens de bem, enfim, a única coisa que nos passa eliminar a fome...

Claro que não se pode exigir de uma criança faminta ou de um senhor ou senhora pedinte que sejam corteses quando passam por situações idênticas a animais, e, no mais tardar, quando encontram algo para saciar a fome, sejam delicados. Hoje, me refiro aos famintos de saber, de homens que levam para si o pensamento Diogeniano (de Diógenes) de padrão comportamental.

Dizem que Diógenes, um dos grandes filósofos clássicos, o qual, ainda que vivesse humildemente, tinha padrões eruditos de ser. Claro que, na maioria das vezes, era uma chamada a elite da época, que, sintetizava outros padrões, o da comodidade e do intelectualismo. No entanto, seus gestos eram nobres, suas palavras eram claras, e sempre sabia que as coisas tinham seu poder de volta.

O que seria isso?

Hoje, em meio a tudo que vivemos, sempre queremos mais e mais. Seja em forma de pecúnia, seja da maneira espiritual; cada um acredita que tudo é um plano divino de consecução de suas realizações. Todos, ou pelo menos a maioria, não acredita que seus atos, por menor que seja, geram reações em cadeia, pois estamos sempre “vigiados” e abençoados e perdoados por Deus.

Mas quando nos vêm as reações do Tempo, imploramos para que não sejam conosco. Diógenes, ao contrário disso, dentro do seu padrão de vida, sabia que a natureza não era imediata, tudo possuía uma razão de ser, e que, como um banquete, teríamos que ter atitudes de cavalheiros, no qual o comportamento seria acima de tudo filosófico – elegante, moderado.

Em um banquete, fora os piratas, exige-se a finesa, a elegância, modos, e muito mais. E quando nos é passada a refeição, refletimos acerca do que podemos ou não comer. E nele, no grande banquete, por mais famintos que estejamos, temos que comer um pouco de cada coisa, usando mais a reflexão do que o instinto.

Assim era Diógenes, modelo de pessoa, a quem referenciavam os grandes homens que um dia passaram a conhecê-lo. Assim, podemos, dentro de nossas possibilidades, nos referenciar, seja em Diógenes, seja em Heráclito, no qual também refletia tais qualidades, e viver uma vida regada de disciplina; entretanto, sabendo que a vida vai nos oferecer reservas de provas nas quais o instinto, fora de sua contenção, falará mais alto.

Saibamos que o banquete, a depender da mesa, é imenso. E por isso, esperemos a nossa vez, pois seremos servidos pela vida, seremos ‘lembrados’ pelos deuses, pois nossas ações sempre geram outras, e que delas podemos plantar e colher alhos e tomates, ao passo também podemos plantar e colher veneno.

Pessoas


Quem não tem uma pessoa para sentir raiva? Quem não se sente tolhido em quebrar tudo por não ter conseguido algo que alguém não conseguiu? Vamos esperar. A nossa vez sempre chegará e vamos provar da maneira mais perfeita possível, sem quebrar, sem eloquências, apenas provar regadamente o que o céu nos enviou.

Assim também em relação ao trabalho, ao estudo, a tudo que priorizamos e queremos uma resposta imediata. Lembremos do banquete, que, na realidade, simboliza nossa ignorância perante à natureza, perante os mistérios da vida, os quais estão se realizando todos os dias, nos ensinando que, por mais forte que seja a fome do homem, deve-se respeitar quando nosso objetivo estiver em nossa frente.


A própria vida pede para ser vivida moderadamente.

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