Decadência e ascensão: eles já sabiam. |
...Como disse um dia um grande filósofo moderno, que sempre
se baseou na tradição sábia dos grandes do passado, “É mais fácil fazer um
foguete com as próprias mãos e ir para a
lua com ele, do que se conhecer a si mesmo”. É uma realidade.
Nunca na historia do homem se esteve tanto em desconformidade
com os ideais humanos. Nunca se viu tamanhos absurdos humanos, unidos a grandes
invenções tecnológicas, as quais têm trazido mais distâncias ao que realmente
devia aproximarmos.
Como diria um imbecil dirigente de um clube de futebol, que
sempre disse idiotices, mas que dessa vez, acreditem, acertou... “uma coisa é
uma coisa, outra coisa é outra coisa!”... Para ele serviu de desculpas a se safar de
suas intenções escusas como diretor de futebol, mas para nós serve como parâmetro
para dizer... Uma coisa é a tecnologia, a
outra é o homem.
Muitos, no entanto, acreditam que as duas coisas estejam
ligadas, no sentido de transformar o homem em uma das raças mais poderosas, mas
inteligentes, mais racional, mas espiritual, do que as outras, enfim, mais em
tudo. Prova disso é a linha imaginária que criaram para ilustrar o nível de
evolução humana, riscando uma planilha em forma diagonal, desde um ponto no
meio da folha, a outro, mais distante ainda, um pouco mais acima.
O ponto, como exemplo, demostra a posição do homem, e o
outro, o nível que se encontra este. Ligando os dois pontos, tem-se uma
diagonal, em forma de rampa, revelando nossa evolução desde a época das
cavernas até a nossa – nível esse medido em todos os aspectos.
Digo, no entanto, que se fizéssemos algum gráfico para
revelar nossa posição, teríamos que iniciar a partir de um ponto preciso,
depois iniciar uma esfericidade que mal terminaria, iniciando outra, e assim
por diante, a demonstrar quedas e ascensões, sem que haja fim...
Conclui-se que temos uma mola, cuja distância de cada grau
seria um tanto quanto mais longínquo, mas que, também, a exemplo da História,
nos mostraria o quanto demoramos em evoluir.
O sobe e desce nosso de cada dia dá para exemplificar o que
tento dizer. Há dias em que estamos de bem com a vida, há outros que não; há
dias em nos sentimos evoluídos, outros não; mas nessa constância de inconstâncias,
aprende-se, ensina-se, em qualquer nível, e nos mostramos ascendentes, de
acordo com primeiro e enganoso gráfico, mas em relação ao segundo, podemos
dizer que estamos no substrato, no subsolo, na caverna, mesmo porque os valores
em que tanto acreditamos são somente vistos como belamente teóricos.
Não é de um todo teórico, claro. Se começarmos a levar como
parâmetros nossas ações humanas – digo humanas no melhor sentido da palavra –
teremos que entender que nossas ações, em relação ao passado, não se movem,
porque no passado fizeram tanto quanto nós; mas tais ações, em comparação com
outras, nos levam a dizer que estamos saindo das algemas, ou seja, alguma coisa
está-se fazendo. As mesmas ações, em relação ao modernismo acelerado, voltam
para um outro breu, não o anterior, ou seja, faz-se crer que estamos subindo e
descendo, passando por diversas experiências válidas, mas caímos em buracos que
nós próprios cavamos como nossos atos de loucura, desamor, covardia,
corrupção... E depois subimos.
O universo é assim, feito de ciclos históricos, nos quais
cabem quaisquer ciclos, inclusive o nosso. E temos que nos perguntar sempre, “em
qual parte do meu ciclo estou?” – ou menos do que isso. É preciso apenas saber
de nossa posição para iniciar um processo de progressão maior ou simplesmente
iniciar qualquer que seja o processo para sairmos da penumbra em que estamos.
Civilizações
Egípcios, maias, hindus e gregos sabiam, em suas épocas
douradas, que não seria para sempre aquela vestimenta natural e cultural a que
tanto faziam questão de mostrar ao povo de sua época, mas um ponto evolutivo
devia se impor sempre que houvesse a decadência: a sabedoria eterna de cada civilização.
Quer dizer, as experiências eram em ciclos, mas a sabedoria estaria no ápice da
história humana. E para quem conhece tais nações, sabe muito bem que somos tão tecnológicos
quanto eles, mas em espiritualidade, nem nascemos ainda.
E com lastro ao que os grandes diziam, H.P.Blavastsky,
fundadora da escola de Teosofia, acreditava que a roupagem humana muda, mas os
ciclos não. Falava, aqui, do homem espiritual, que, de acordo com Uno,
elevava-se em suas experiências vitais, e se fortificava no limiar do tempo,
passando pelas nuances que os deuses lhe davam. Ou seja, enquanto uns levavam (e levam) tempo
para essa consciência universal, outros, em uma mesma sociedade, já teriam
passado por diversos ciclos, e consequentemente sendo mais sábios.
E baseado nisso, o grande Heráclito soltou, “Não se banha em
um rio mais de duas vezes”. Ou seja, a natureza tem seus ciclos, muda a todo
instante, ainda que não percebemos. Contudo, nós seres humanos temos que passar
por eles, com vistas à perfeição, ao sagrado.
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