quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Em busca do Paraíso perdido

Encontramos o paraíso. Estava em nós o tempo todo.



Não adianta a gente buscar a paz nas coisas externas. Todas elas perecem. Todas elas têm um futuro: voltam para o lugar de onde vieram; seja corpóreo, material (no sentido mais literal possível), até no pensamento que vaga além-mente. Este também é perecível. Extingue-se com o tempo.

Nada melhor, então, do que buscar a serenidade, a paz interior por meio de uma prática que nos envolve e nos direciona aos deuses. A prática sempre nos abre portas, e nesse instante, quando percebemos que o tumulto, que a dor, os conflitos são ilusões que nos turbam o coração, damos o primeiro passo em direção à paz. Meditamos, refletimos e nos encontramos.

Marcos Aurélio, general-filósofo, dizia que não adianta viajar atrás de paraísos, na tentativa de encontrar a paz. A paz, segundo ele – e concordo – está em um cantinho de nossa alma, em um lugar idílico, cheio de brisas ressoando a tranquilidade. Mas, ressalta, não adianta ir atrás desse sonho se não resolvermos nossas pendências externas. Caso contrário, estaríamos dando passos inversos ao nosso ideal.

Platão, filósofo grego, já dizia que a paz do coração é o paraíso dos homens. Quer dizer, não adianta buscar a paz no coração da humanidade, se não temos, a priori, um sentimento que nos leve ao que tanto pretendemos. Ele tinha razão. O paraíso está em nós.

“E neste lugar darei a Paz”, disse o Senhor. É uma referência bíblica na qual Deus não promete, mas realiza. Assim como uma grande Vontade universal, aliada ao espírito de realização, sem interferências alheias, Ele se faz, seja dentro ou fora de Suas possibilidades.

Deus em nós.

E quando dizemos que Deus está em nós, não é uma pieguice, mas uma realidade que, embora seja simples de entender, nos leva a refletir o quanto somos contraditórios em relação ao que podemos, entendemos e realizamos. Se sei que existe uma Força superior em mim, e por meio dela posso buscar a real paz, por que não inicio um processo (um programa) de busca dessa Força?

Claro, somos humanos. Abraçamos alguém num dia, e no mesmo dia socamos a parede de ódio por não conseguir nossos objetivos. O que queremos? A realização exterior de algo perecível, que vai e não volta mais. É correto esse exercício, no entanto, afixar-se nele é um tanto quanto grotesco para quem busca uma realidade mais sagrada, interna. Deve haver sempre um contrapeso.

Vamos dispensar os pensamentos fúteis e desagradáveis, do tipo “tenho que trabalhar, senão não consigo nada na vida, ou mesmo minha aposentadoria!” ou, “tenho que repreender meu filho, senão ele vai tomar as rédeas!”...

É preferível morrer de fome a viver sem norte. Os dissabores sempre haverá; as desconfianças, idem! Os temores em perder a moral, a liderança... Tudo isso vai nos levar a envelhecer antes que conseguimos conquistar pelo menos uma parcela daquele terreno que já nasce dentro de nós, na alma.


 Autodomínio.


O autodomínio deve ser agora. Mas, assim como degraus em nossa vida, temos que inicia-lo no primeiro, com ações de paciência moderadas; ações reflexivas, mas que podem nos trazer benefícios internos ao idealista. Dizer para si mesmo, em situações difíceis, “calma, calma, calma!”, não ajudará em nada... Devemos começar em situações simples, tais quais aquelas em que, raramente, nos deixam com pensamentos frios, como a queda de uma xícara alheia, como a provocação simples de um amigo, ou mesmo a quebra de um brinquedo caro que você acabou de comprar para o seu filho...

Tais circunstâncias, de fato, nos incomodam, mas, se buscamos nosso paraíso, aqui em nós, não podemos sair correndo delas, muito pelo contrário. Nestas situações é que se faz o guerreiro, o soldado, o sábio. Aqui, se não gerarmos pequenas atitudes em relação a nós mesmos, não mudaremos o mundo, muito menos a nós mesmos. E isso não queremos.

Saber lidar calmamente com aborrecimentos, pequenos, grandes, enormes, dantescos, depende de nós. De mais ninguém. A paz não se consegue de graça.

Assim, quando há rastros de uma situação difícil, prepare-se, eleve-se, sorria. Dê o máximo de ti. Tente entender que até mesmo seu filho pode ir contra ao que você busca, e por isso, já de antemão, não se perturbe, pois até mesmo o rei Artur, depois de enviar seus homens ao sacrifício, não sabia que seu cálice estava ali, ao seu lado, mas você sabe agora que o seu está aí dentro.


Não esqueça, seja sereno, seja moral.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....