quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Cinzas quentes

O que somos, de onde viemos; por quê?



Se nosso objetivo é andar, damos passos; mas antes, engatinhamos. Se nosso objetivo é realizar um sonho de consumo... Economizamos, mas antes, temos que trabalhar para tanto. Se nosso objetivo é ser feliz, que encontremo-nos nas mínimas vias porque passamos, mas antes, entendamos a felicidade, o amor, a vida, seus conceitos.... E sejamos humanos, para que, em caminhos tortuosos ou não, sejamos práticos. Simples não?

O progresso espiritual é assim mesmo, um tanto quanto mais denso, afunilado como uma pirâmide que se encontra com sua ponta erguida, ou mesmo uma montanha que se julga, com seu cimo, inalcançável.  A espiritualidade em nós permeia somente depois de chegarmos a um desses pontos, porém internos.

E se chegamos até aqui, nessa elucubração filosófica, é porque somos fortes, firmes e homens de bem. Somos mais, somos humanos em busca de algo maior que nós mesmos, nos sentido mais teórico da palavra, sim, mesmo porque é preciso práticas diárias que nos faça entender uma natureza latente, que pede, implora, clama nosso nome interno – e às vezes não entendemos.

E isso é belo por natureza. Quando temos em nossas mãos a liberdade de acender nossos pavios de sabedoria, ainda que ilumine apenas um pequeno e simples cômodo em nossas mentes. É a chama que, um dia, vai nos iluminar por completo. Assim eram os estoicos, os pitagóricos. Não precisavam dizer o que ou a quem seguiam. Iluminavam com sua presença.

Podemos ser assim. Mas somos meigos em beleza, somos ínfimos na busca. Somos mais racionais que intuitivos. No entanto, nossos âmagos são feitos degraus, nos quais subimos a cada estação, e nelas choramos, realizamos, sonhamos e vivemos o melhor de nós.

Assim eram os homens de bem. Entendiam suas vocações, iam atrás delas, não importando o que representavam, mas sabiam que tudo era o inicio de uma revelação interna, e mais. Davam o melhor de si, em pesquisas, em buscas pessoais, a fazer de suas vidas a própria filosofia. O amor à sabedoria.

Para nós, entender a vida é difícil. Assim como a morte, e entende-la nem passa pelas nossas cabeças. Por isso sofremos. Impor em nossas cabeças valores relativos, como se fôssemos meramente robôs, é uma falha coletiva ocidental, pois perdemos o sentido da vida, desse manancial que nos cobre e se realiza independente de nós.

Assim, se criou o etnocentrismo, esse coletivismo (quase que individualista) do Ocidente, dentro do qual o medo se tornou uma arma neutra que nos fez criar religiões diferentes, de um Deus racionalista, que cuida apenas de seus filhos, os quais ninguém sabe quem são, pois, todos os dias, cria-se um céu com seus eleitos.

E assim, nosso semblante, mais coletivo ainda, corre as vias naturais sem busca, sem direção, apenas em nome de um materialismo doentio que nos amarra a partir de nossos desejos. Mesmo assim, em nome da felicidade, filósofos tradicionais, por meio desse desejo, de nossas escolhas, tentam traspassar uma realidade a que temos direito desde o dia em que nascemos: o que somos, de onde viemos e por quê.

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