O que somos, de onde viemos; por quê? |
Se nosso objetivo é andar, damos
passos; mas antes, engatinhamos. Se nosso objetivo é realizar um sonho de
consumo... Economizamos, mas antes, temos que trabalhar para tanto. Se nosso
objetivo é ser feliz, que encontremo-nos nas mínimas vias porque passamos, mas
antes, entendamos a felicidade, o amor, a vida, seus conceitos.... E sejamos
humanos, para que, em caminhos tortuosos ou não, sejamos práticos. Simples não?
O progresso espiritual é assim
mesmo, um tanto quanto mais denso, afunilado como uma pirâmide que se encontra
com sua ponta erguida, ou mesmo uma montanha que se julga, com seu cimo,
inalcançável. A espiritualidade em nós
permeia somente depois de chegarmos a um desses pontos, porém internos.
E se chegamos até aqui, nessa
elucubração filosófica, é porque somos fortes, firmes e homens de bem. Somos
mais, somos humanos em busca de algo maior que nós mesmos, nos sentido mais
teórico da palavra, sim, mesmo porque é preciso práticas diárias que nos faça
entender uma natureza latente, que pede, implora, clama nosso nome interno – e
às vezes não entendemos.
E isso é belo por natureza.
Quando temos em nossas mãos a liberdade de acender nossos pavios de sabedoria,
ainda que ilumine apenas um pequeno e simples cômodo em nossas mentes. É a
chama que, um dia, vai nos iluminar por completo. Assim eram os estoicos, os
pitagóricos. Não precisavam dizer o que ou a quem seguiam. Iluminavam com sua
presença.
Podemos ser assim. Mas somos
meigos em beleza, somos ínfimos na busca. Somos mais racionais que intuitivos.
No entanto, nossos âmagos são feitos degraus, nos quais subimos a cada estação,
e nelas choramos, realizamos, sonhamos e vivemos o melhor de nós.
Assim eram os homens de bem. Entendiam
suas vocações, iam atrás delas, não importando o que representavam, mas sabiam
que tudo era o inicio de uma revelação interna, e mais. Davam o melhor de si,
em pesquisas, em buscas pessoais, a fazer de suas vidas a própria filosofia. O
amor à sabedoria.
Para nós, entender a vida é
difícil. Assim como a morte, e entende-la nem passa pelas nossas cabeças. Por
isso sofremos. Impor em nossas cabeças valores relativos, como se fôssemos
meramente robôs, é uma falha coletiva ocidental, pois perdemos o sentido da
vida, desse manancial que nos cobre e se realiza independente de nós.
Assim, se criou o etnocentrismo,
esse coletivismo (quase que individualista) do Ocidente, dentro do qual o medo
se tornou uma arma neutra que nos fez criar religiões diferentes, de um Deus
racionalista, que cuida apenas de seus filhos, os quais ninguém sabe quem são,
pois, todos os dias, cria-se um céu com seus eleitos.
E assim, nosso semblante, mais
coletivo ainda, corre as vias naturais sem busca, sem direção, apenas em nome
de um materialismo doentio que nos amarra a partir de nossos desejos. Mesmo
assim, em nome da felicidade, filósofos tradicionais, por meio desse desejo, de
nossas escolhas, tentam traspassar uma realidade a que temos direito desde o dia
em que nascemos: o que somos, de onde viemos e por quê.
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