quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Sonata de Amor


Em vias e esquinas,
Em dobras, em luas,
Sóis, matas, horizontes,
Perfumes, serras,
Escuros constantes,
Cavernas errantes,
Me perco.
Em carne e ossos,
Fossos distantes,
Ruas vazias,
Rostos sem nome,
Teu nome.
Luz do céu
Que ilumina
Meu inferno;
Cobertas finas,
Alvas, meninas,
Sujas, cansadas,
Cheias de vida,
Sem almas.
Não clamo teu véu,
Estás comigo...
Deslizo em tua pele;
Seu umbigo.
Cheiro teus canais
Aromatizados,
Arados, em cardumes,
E colho cansado,
No verde dos teus olhos,
Meu fruto do mar.
E saio do mar,
Vou ao pomar,
Embriago-me
Em relvas,
Corro selvas,
Nas nuas brumas,
E um rio de pedras,
E me vou descalço;
Me engano...
São doces perfeitos,
Em forma de picos.
São montanhas...
  
Vou ao cume,
Ao frio quente
Do amor passivo,
Da loucura sana,
Inconsciente clara;
Caminho devagar,
Sonho acordado,
Como soldado,
Batalho nas terras,
Sem guerras,
Sem aliados,
Sem inimigos,
Sem ninguém,
Apenas eu e você,
Nas ondas que vão e
Vêm...

Um silêncio se fez,
As ondas cessaram.
O brio de teu lírio,
Em minhas crostas,
Calhadas no rio...
Santificaram
O impuro.
Não era sangue,
Era o suor vermelho
Da saudade,
Ríspida de vontade,
Sem algemas,
Sem cordas,
Sem som.

Vulcão,
Terremotos,
Tsunamis,
Alertas do fim...
As horas se foram,
O ar se foi.
Apocalipse,
Fim, destruição,
Frestas imensas,
Você se vai,
E teu sorriso fresco,
Sincero, agudo,
Atinge a plenitude,
Açude,
Cachoeiras,
E meu dique se quebra,
Meu calor se vai,
e meu coração...

sonata que vem.

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