Temos que aceitar nosso pepel no Grande Teatro. |
Atores somos de uma peça de
teatro, como já diziam os gregos. O grande espírito nos deu um papel sem bater
em nossos ombros e dizer “Qual dos personagens você se encaixa? Mecânico,
professor, advogado...”, ou mesmo... “Olha, você vai ter que fazer esse
personagem e pronto!”. Não, não foi assim.
Nascemos como pobres miseráveis,
ou às vezes não nascemos; ou quem sabe, como ricos ignorantes, ou pobres
sábios, não necessariamente desse jeito, mas as possibilidades são inúmeras!
Sem falar naqueles (ou neste) que nascem com problemas físicos, psicológicos,
ou sei lá, com doenças raras, ou simplesmente como um simples cidadão sem a
mínima vontade de ascender na vida...
Não importa, mesmo que não
sejamos atores renomados, temos, porém, que exercer nossos papeis da melhor
maneira possível. Não adianta chorar, não temos como voltar para trás das
cortinas, pedir ao grande criador que nos dê uma chance de escolher o que
queremos. Não é assim.
Assim como grandes pessoas que
nascem sem teto, lutam pelo seu abrigo, vão adiante, com todos os seus
problemas, e não ficam a lamuriar pelos cantos da vida, devemos fazê-lo. Sei
que há casos de pessoas que nascem com dificuldades físicas, tais qual esse que
lhes escreve, contudo, exercer papeis e ir em frente, com uma sociedade que
discrimina, preconceitua, e faz suas
escolhas baseadas em seres perfeitos (?), é um desafio divino.
Não é fácil. Devemos buscar, em
nosso âmago, referenciais fortes, ao passo, harmonizarmos com a vida, com a
natureza e tentar fazer nossas escolhas em preceitos mais que claros, pois a
vida – em nosso caso – não nos dá o direito de escolher muitas coisas. Reclamar
desse manancial, buscando culpados, a clamar deuses, e se questionar acerca dos
grandes problemas a enfrentar, faz parte, mas ir a fundo ao fosso é perigoso.
Perdemos a noção do grande teatro, de nosso papel, que, com certeza, não é
chorar a peça inteira... Mesmo porque não seremos expectadores. Mas atores!
Nossas vocações nos são dadas.
Trabalhá-las sem medo de ser ou ter é nosso trabalho. Se eu nasci para varrer
uma rua, deixa-la limpa, qual a vergonha, qual o medo que tenho disso? Se nasci
para ser um garçom, destes simpáticos que são elogiados a toda hora, pelo
trabalho que exerço, mas no fundo sinto vergonha em sê-lo, por quê? Não há que
ter vergonha!
Exercer nossos papeis divinamente
é a nossa meta, nosso ideal, ainda que seja difícil. Nada é fácil, pois as
estruturas sociais mudam com o tempo, os homens mudam com o tempo, e seus conceitos
idem. Mas o que temos dentro de nós, o que bate em nome da vida a ser vivida da
melhor maneira possível, não muda. E isso é sagrado.
A J.A.L.
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