quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

A Tocha que não pode ser apagada.

Nunca é demais falar de nós.




A Razão há muito nos fez pensar que éramos seres privilegiados em relação a outros que nos rondam. Uma declaração de um dos lideres do Gren Peace, na qual teria dito, em defesa dos tubarões, que o homem raciocina da seguinte forma... “nada pode me atrapalhar em minha evolução”, ilustra bem isso. E na tentativa de lidar com essa teoria racional, expulsa determinadas espécies da maneira como lhe convém, de seu habitat.

Outra declaração, semelhante a essa, pude escutar de um especialista em Bíblia, o qual teria afirmado que, quando Adão nasceu, Deus o teria feito rei dos animais. Por isso o comportamento de grandeza do ‘primeiro homem da humanidade’ ter sido copiado em muitas comunidades arcaicas. E quem sabe, até hoje.
O racional, sem profundidade teórica, sem as chaves naturais que lhe foram dadas, se revela apenas um texto a ser interpretado como letra morta. Não é só um corpo. Ali, naquele episódio de Adão, não apenas nele, mas em outros e muitos, não se pode usar o racional como mera ferramenta de interpretação fria, literal, pois é possível que caiamos em uma atmosfera irreal.

Nessa grande atmosfera, infelizmente, vivemos. Após anos e anos, na  tentativa de lidar com clássicos, inventamos meios para que possam ser o que o queremos que eles sejam, fazendo com que os grandes mitos e lendas do passado – sejam eles egípcios, gregos, romanos, persas, hindus... maias, incas – tenham nossas perspectivas, nosso modelo de vida. É uma tendência ao homem atual ao saber que não pode lidar com algo que não conhece.

Para as crianças de hoje, os egípcios serão sempre o povo que perseguiu os hebreus, e que, na fuga muitos morreram pela ira divina; os gregos, os amantes dos deuses inúteis, e criadores de homens que pensavam besteiras. Os persas, apenas um povo que nos deixou tapetes belos; hindus, homens que vivem em cima de pregos na tentativa de encontrar a paz; os romanos, esses, comedores de judeus eternos, e para terminar, os maias e incas, que, além de deixar rastros em forma de pirâmides estranhas, eliminavam criancinhas para satisfazer os deuses!

Tal ignorância, sem pedir licença, se infiltra em cavernas, desvenda relevos, se encanta, se entusiasma, mas gera uma expectativa morna ao que se pede. O racional está ali, como se fosse uma criança, sem rastros de história, sem a moral ou ética passadas, e atravessam rios de informações, sem qualquer profundidade, repito.

E como se fosse um óculos imenso (talvez da cor escura)  no rosto de todos, o homem moderno se apodera de tudo, inclusive das opiniões a que temos direito de pensar e refletir acerca do que é ou não é certo. A sabedoria não é estanque.

Estanque é um quadro abstrato, advindo de uma personalidade racional na qual a expressividade humana nada mais é que um monte de traços a representar, na maioria das vezes, um homem doente, uma sociedade revoltada, um chuva de sangue, um sol negro... Como se tudo que rondasse a nós fosse limitado ao que o homem é e faz.

Nosso racional está doente. Pede uma revolução. Não externa. Mas uma revolução pequena, em que possamos visualizar o que erramos no passado. O porquê de nossa maneira de quebrar com a tradição, com o que somos; uma revolução em que nossos pensamentos sejam voltados ao que podemos fazer para resgatar nossa espiritualidade, junto aos homens de bem, assim como Platão, Sócrates, Aristóteles, Cristo, Plotino, etc, e entender que deles, e de muitos outros, se usarmos nosso racional para o Bem – ao que une, a harmonia, a justiça, ao amor – vamos desintoxicar essa persona fria e calculista e deduzir, não como especialistas, mas como fiéis ao que um dia fomos, e nunca deixamos de ser, que estamos errados, desde a tenra idade.

E se um dia tudo isso nos foi tirado, não vamos recorrer aos direitos relativos, nem mesmo a palavras vãs, vamos proporcionar a nós mesmos uma vida religada aos valores que um dia deixamos de lado ou que reconceituamos para o nosso bel prazer.


A tocha pode ser acesa.

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