sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

O Triunfo da Responsabilidade


“O que acontece com os irresponsáveis é que eles amam os responsáveis. Porque estes farão sempre tudo pelos primeiros”.




Enfrentar a vida. Enfrentar o mundo.




Estou a ler um livro interessante a respeito de uma guerra que se deu nos tempos de Temístocles, um dos grandes guerreiros gregos, que conseguiram espantar os persas quando estes invadiram a antiga Grécia, há mais ou menos duzentos anos depois de Cristo.

No início do livro, para um desavisado, percebe-se que há uma aula com um grande professor de línguas, o qual, entre poucos alunos, entre eles nosso personagem, ainda muito jovem, tenta dar sua maravilhosa aula. Contudo, seus pequenos inventam, falam muito, brincam, enfim, quase não prestam atenção na aula...

Após muito tempo – ainda no livro (Salamita) – aparece o grande guerreiro, Temístocles, já vestido com a carapaça de um general de embarcação grega, sem seus traços juvenis de irresponsabilidade, que no passado deixara evidente.

O que faz uma pessoa escolher o triunfo da responsabilidade em meio a um mundo que lhe pede, vorazmente, que seja mundano, vadio, sem iniciativa e irresponsável? A educação? Família, iniciativa quanto aos seus objetivos, consciência natural do que precisa para crescer, ou muita dor?

Talvez uma mistura de tudo isso.


Triunfo da Irresponsabilidade


Quando se sente o arder das pernas estáticas, quando pessoas há que se mostram fiéis ao seu caminho, fazem de tudo para percorrê-lo, está sempre trabalhando em função das necessidades que, hora em hora, ou minuto em minuto, aparecem, e você, que optou por ser aquele que tem tudo, ainda que não tenha nada; você, que se adequou a ser aquele que se sente fraco, simplesmente porque lhe foi negado um emprego, um empréstimo... E, apesar de tudo, prefere que todos te façam tudo, e mesmo assim, mostra-se feliz...

O triunfo da irresponsabilidade inicia-se quando nos questionamos em demasia acerca do que dera errado com o próximo, e assim, de alguma forma, ou como dizem, por tabela, por ter o mesmo efeito conosco... É o medo. O medo de levantar é o mesmo de não ir atrás do que nos é inerente, assim como da própria comida, bebida, luz, água, esgotando todas as desculpas dentro de um meio em que há pessoas que nos possam fazer tudo. E nos entregamos ao mal da preguiça, das palavras entrecortantes, que justificam tudo, sem justificar nada... E assim, temos um homem irresponsável, formado pela universidade da vida, com crachá é tudo.

O Responsável

Este, já com o triunfo de ser o que é, até mesmo em horas que lhe pedem descanso, está sempre a fazer algo que justifique a necessidade de estar caminhando em prol de sua estrela, de seu caminho. Nunca, em momento algum, se cansa, pois sua arma maior – sua mente – está sempre engatilhada a abraçar causas e consequências de todos os lados. Até dos irresponsáveis. E isso é um defeito nosso de cada dia.

Se soubéssemos dar a César o que é de César, estaríamos mais confortáveis, em nossos caminhos, que já são um tanto quanto difíceis. E isso me lembra duma outra frase de um amigo professor... “Já nascemos com uma tremenda casa de abelha nas mãos, então por que pegar outra das mãos do próximo?”.

O que ele quis dizer, no entanto, é que, de alguma forma, já temos nossos problemas, cultivados durante toda nossa jornada, cheias de experiências nas quais alguns problemas são fáceis, outros, por assim dizer, são tão difíceis, que ficam para outra vida resolvê-los rs.

O responsável desenha seu destino, traça suas metas, seja em um plano horizontal – metas materiais, como consecução de realizações de seus sonhos de um carro, casa, família, filhos -; seja em planos verticais, os quais abrangem, a depender do mestre, fiéis, alunos ou até mesmo discípulos.

O mestre, aquele que aconselha por intermédio de chaves simples ao seu discípulo, sabe que há um pouco de responsabilidade dele quando a ele vem um individuo com objetivo de alcançar a espiritualidade por intermédio de seus conselhos; sabe, também, que, quando se é discípulo, fará o possível e o impossível para seguir suas palavras, ainda que erre na vida.

Podemos falar um pouco do papel dos pais quando se sentem eternamente responsáveis por seus filhos. É meio complexo, pois, quando se vê uma criança ao seu lado que ainda não entende o que se diz a ela, e mais tarde, a mesma coisa com um adolescente que não respeita as experiências do pai, e quer, a todo custo, passar por suas experiências sem qualquer tipo de conselho... É difícil de entender.

Talvez seja porque somos, em algum nível, incoerentes quando nos referimos a responsabilidades, conselhos, caminhos, dedicação, porque, há horas em que nos sentimos tão irresponsáveis quanto qualquer jovem que se deita altas horas da noite, e só volta a abrir os olhos quando se cansa de dormir; talvez, porque o que fazemos tem um pouco de tudo, inclusive das mínimas pessoas que conhecemos, cuidamos e são eternas crianças em pensamentos e atos.

Isso, no entanto, não justifica. Não podemos ser responsáveis pelas abelhas do outro, ainda que o outro seja um filho barbado, adolescente, ou que esteja dormindo como se fosse uma criança em pleno meio dia. Nossos conselhos não são lixos que jogam em mentes que não querem entender que vivemos em função de algo que precisa ser feito, assim como um grande sol cuja responsabilidade é vir em nome de Deus, iluminar, satisfazer a todos, simbolizando o Bem, e ao mesmo tempo a Justiça e o Amor.


Não podemos jogar ao irresponsável nossas experiências que foram semeadas e colhidas anos antes de nascerem, ou não, mas que não queremos ser incapazes de levantar, ser medrosos em um mundo tão pobre em comunicação, de internets que satisfazem, de pronto, inteligências que poderiam mudar o mundo, mas que hoje se enclausuram em cavernas cheias de computadores, a semelhança da grande caverna que um dia fora metáfora eterna de uma cidade, e hoje, de um universo de pessoas que não mudam nem de cadeira, muito menos seu próprio mundo.




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