A diferença de caminhos nos separa; o fim nos une, nos torna amigos. |
"A sabedoria nos torna harmônicos; ao passo, nos separa".
Até mesmo na escala material, quando se sobe, tornando-se um
empresário de sucesso, um governador, um presidente... Sabemos que muitas
coisas mudam, como por exemplo, a amizade. Nossos amigos, pessoas comuns, mas
que nos fazem felizes com sua presença, cheia de ânimo, nos exaltando, e na
maioria das vezes, nos segredando, ficam em segundo plano...
Ao passo, em nosso cotidiano. também o fazemos, dando-lhes
margem para resguardar o que há de mais secreto em nós, tornando cofres naturais
invioláveis. Assim são os amigos. Não irmãos, não pais, não filhos, mas amigos.
Seres que consideramos especiais porque nos transmitem a segurança que
imaginamos nos outros.
No entanto, em uma busca acirrada à felicidade, tão
perseguida quanto o ar que respiramos, devemos entender que amizades, assim
como valores que consideramos tão humanos, são naturezas que não podemos
confundir com o que buscamos.
Em razão de segredos, alegrias e momentos que nos afinam com
o individuo, perdemos um pouco de nossos objetivos, que é idealizar o que
realmente somos ou pretendemos ser. Ou seja, o que quero dizer, no momento, é
que a busca é individual, e há possibilidades de a perdermos em circunstâncias amistosas,
as quais nos submetem a colhermos o que não é aprazível ao espírito...
É possível que nossas amizades não estejam caminhando da
mesma forma que nós. Isto é, vivendo idealisticamente. Tenhamos cuidado. Imitar
os hábitos já pode estar inserido em nossa personalidade; desfazer disso requer
que nos afastemos, dentro de nossos critérios, observando, mais um vez, nossos princípios,
os quais estão direcionados ao que mais pretendemos. Ser feliz.
Não é desfazer das amizades. Mas ser criterioso. Não trazer
à tona, em diálogos, em conversações inúteis, em alegrias vulgares, o que, em
nós, estamos desenvolvendo. Mais uma vez é preciso salientar que é comum que é
quase uma regra opinarmos, termos interesses, valores do outro, pois, na
maioria das vezes, são bem intencionados – são nossos amigos!
No entanto, ainda que sejam simpáticos, não somos obrigados
a despender nosso tempo. Não é preciso que nos relacionemos com eles, mesmo que
nos procurem e sejam amigos. Não. Temos que ser seletivos. Pessoas podem afetar
nosso destino. Ou seja, os princípios dos outros podem, sem querer, se embasar,
de forma misturada, com os nossos.
Mundo cheio
Em meio à multidão, podemos ser confundidos, e graças a
nossa voluveidade natural, perder o
que de inicio idealizamos. “Os caminhos fáceis metem”, já diziam os mestres. E
quando observo milhares de pessoas que caminham em função de algo, me pergunto
sempre, “será que a maioria corre em fazer daquilo que realmente interessa?”...
A realidade é que a felicidade, esse ser tão relativo na
visão de muitos, se torna básico, fútil, agradável, na medida que se consegue
supri-lo. Falo de dinheiro, roupas, carros, mulheres, casamentos. Mas não o que
realmente precisamos. Ser felizes, lá dentro de nosso âmago, a unir nossas
possibilidades, com ferramentas que nunca usamos.
Tais ferramentas naturais de nossa personalidade, as quais
traduzimos em erros e acertos diários, nos fazem canalizar o que os deuses nos
deram de presente, e que não sabemos usar de modo correto.
Montanha
E cabe a nós, filósofos de plantão (não de Platão...),
reconhecermos, dentro de nossos passos, que o caminho espiritual, ainda que
para nós seja apenas uma expressão, será uma realidade, na medida em que
trabalharmos em favor dele.
E assim com no lado material cria-se filtro à medida que
crescemos, no lado mais interno, dentro do que temos e podemos, respeitar as
regras da montanha que, por ser elevada, nos diz que a maioria não pode chegar
a seu cume, por não acreditar, por não entender, pelo cansaço, ou por amar em
viver de fantasias a respeito do que ela pode oferecer.
O filósofo, por acreditar no Bem, na Justiça e no Amor,
valores que estão além-mundo moderno, deve, por obrigação, idealizar projetos
com finalidade de subir, elevar-se tornar-se um, tornar-se mais, e ser a
montanha. Porque acredita nos mestres do passado e não precisa visualizar a
montanha. Ela já existe dentro dele.
A amizade será sempre bem vinda, mas sempre dentro do que
refletirmos a respeito do alto.
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