sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Palavras, pontes de nossos caminhos.

Viver, uma Arte.


Oradores romanos: professores eternos.




Muitos comentam a respeito do comportamento dos filósofos de antigamente. Como falavam, como se expressavam ante as pessoas, ao amigo, à sociedade. Será que eram arrogantes, frios, ou como diria na linguagem moderna, metidos?

O bom do filósofo que ama o conhecimento, que vai atrás da verdade, sabe que “quando se está em busca de um sol, de alguma forma já se sente iluminado”, tem seus modos, gestos, palavras, principalmente palavras, como conexões claras ao que pretende.

O filósofo tem, antes de tudo, aptidão por sê-lo, por isso não faz algo simplesmente porque quer, mas sim, porque há uma necessidade de elevá-lo, transformá-lo, ou mesmo porque sabe que é Bom, senão não seria possível.

Assim, em meio a essa vertente de palavras, de opiniões, desse emaranhado de pensamentos que nos sufocam, o filósofo vê a moral em tudo – nas ações e nas palavras. Não faz parte da vida dele, desse ser intrépido, esquecer as lições humanas. Muito pelo contrário. Ele as faz pontes ou cordas para alcançar o cume de seu Eu.

Discurso Correto

A vida moral tem a sua essência nas palavras, nas ações, no discurso. O filósofo tenta se aperfeiçoar neles pois sabe que são essências para o seu “projeto espiritual”. Assim, pensa antes de falar, e norteia cada palavra ao centro do contexto a fim de que não cause distúrbios aos outros ou a você mesmo de forma vergonhosa. Para o filósofo, não há o discurso vazio.

Hoje, quando me vejo dentro de meu ambiente de trabalho, sinto que estamos longe de repensar o que vamos falar, no sentido de moldar a nós mesmos. Claro. Se partirmos da premissa de que todos vão direcionar as palavras de maneira pensada, não estaremos no mesmo mundo, mas sim em esferas celestes.

Contudo, ainda que não sejamos buscadores (ou somos?) da verdade, ainda que não sejamos santos ou vocacionados para tanto, de alguma forma, nos aparecem situações nas quais o discurso correto é algo necessário, mas somente em algumas circunstâncias.

Para o filósofo, não há circunstâncias que o fazem, mas o próprio o faz independentemente das pessoas, dos lugares, de seu estado de espírito. Pois sabe que a exposição de sua intimidade, do que pensa acerca de si mesmo, de sua família, das pessoas, exageradamente, é um desrespeito a si mesmo.

Sabe ele que a maioria esmagadora ‘joga’ seus pensamentos de forma inconsequente e despeja conteúdos como se fizessem o bem a quem está ao seu lado. É uma prática, segundo a filosofia, moralmente perigosa. Aqui, com nossa tagarelice, podemos correr o risco de falar o que sentimos realmente, misturando com sentimentos irreais, vaidosos, pondo em risco o que somos ou transformando tudo em uma conversa vazia. Não podemos cair nessa vala.

O silêncio

“ O silêncio vale mais que mil palavras”, como diria o ditado. E na prática percebo isso diariamente. Ao me sentar, converso, falo bastante, imprimo minhas ideias a respeito de um determinado trabalho, processo, projeto, mas só obtenho a resposta de tudo quando me calo. Mas é preciso pensar antes em tudo para que não se caia em opiniões pífias e sem nexo.

Assim, muitos cientistas conseguiram suas fórmulas que mudaram o rumo da história. Dizem que Einstein discutia muito com seus alunos sobre Espaço, Tempo, Massa... E buscava uma solução breve (uma fórmula) em meio a tudo – seus papeis, rascunhos – para que unificasse o entendimento.

Um dia, certo dia, lá estava um aluno a escrever, sem saber, em seu quadro, separadamente, o Espaço (E), Massa (M), e a aceleração (C) como que por encanto. Dizem que foi daí que surgiu a grande e inexplicável fórmula da Teoria da Relatividade (E=M.C2), com todas as ferramentas intrínsecas do gênio, as quais já tinham se formado a priori...


Mudando de assunto (não mudando)

Não quero dizer que devamos ficar calados, mas, se estamos em uma busca moral, é preciso salientar que a palavra moderação deve ser seguida literalmente. Mesmo em discussões, em ocasiões sociais, devemos manter o espírito, ou cuidar para tanto. Sem conversa fiada.

Precaução

O racional, na maioria das vezes, dita a regra. “já que somos inteligentes, vamos dar um banho nesses caras!”. Tenhamos cuidado. Não é moral sobressair-se em conversas, devemos nos limitar a assuntos elevados, mas que devamos dar ao outro a sua vez, ainda que não tenha a mesma opinião, pois, como sabemos, a verdade é algo inalcançável ao homem. Não há porque ficar digladiando em favor de algo ou contra algo, ou tentando persuadir o próximo com o que sabemos. Pode ser uma falha humana achar que sabemos tudo. Precaução.

E assim, em nome do que buscas, torne a conversa acima das pretensões vazias do outro. Senão, se retire. Eleve, construa; tenha bom humor – ria sempre com, nunca de; tenha atitude, ou fique simplesmente calado.

Enfim, as palavras, quando bem intencionadas no sentido mais elevado de ser, pode nos ajudar a encontrar nossos caminhos mais curtos, porém, perigosos para outros. Para o filósofo, esse guerreiro do universo humano, incansável, sabe que nada é fácil, mas sabe que tudo é difícil se não andamos em nome de algo que nos vale à pena.



As palavras podem ser nossos ladrilhos.

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