quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Como as Estrelas

JAL: “Olhe para a estrela para qual aponto; não para mim”






“Se você não sabe se vestir, nem mesmo se portar diante das pessoas, imite”. Com a simplicidade que lhe era apraz, um grande professor repetia sempre a mesma frase quando se deparava com alunos que lhe perguntavam “o que faço nessa hora quando eu esquecer dos referenciais aqui aludidos?”

Há uma necessidade, percebi. Não há como não ir por essa direção. Às vezes, nos perdemos, e temos, inclusive, medo de nos corrigir ante as pessoas, quaisquer que sejam. Então, ao surgir alguém que nos eleve naturalmente, com seu porte e caráter, por que não nele se basear? É como improvisar um barco com um papelão no meio do mar, o qual nos serve, provisoriamente, para nos “salvar”.

Talvez eu esteja fazendo a alusão metafórica errada, e de repente seja como centralizar-se, referenciar-se em alguém, com o objetivo de se iluminar um pouco mais, pois sabemos que, por mais que tenhamos forças, elas se vão com o tempo; por mais que tenhamos visão ao nossos objetivos, essa visão começa a deturpar, sair do foco... Então, nesse caso, é melhor que nos baseemos em alguém, de modo a reforçar o que tanto temos em nós.

Mestres.

Não podemos, no entanto, confundir tais referenciais com o referencial interno. Aquele que encontramos é o nosso mestre interior, e por sermos um tanto quanto volúveis, vamos dizer assim..., à matéria, tal figura desaparece como uma luz que esvai no escuro, perdendo sua energia... O referencial a que me refiro é apenas um meio para que não possamos esquecer aquela luz que deixamos ir.

Após a repetição dos modos, que, intuitivamente, estão em nós; após a imitação natural da voz, do andando, do comportamento, da virtude que um dia se fora, lembramo-nos dos conceitos que a tanto fizeram parte de nosso contexto vital. O mestre, assim, em nós, volta a aparecer.

Explico melhor. É como se olhássemos a figura de uma pessoa parecida com aquela que um nos deu amor, carinho, proteção... Enfim, valores básicos que recebemos dos pais; porém tal pessoa (ou pessoas) não mais existe. Assim, na falta dela, nossos instintos “procuram” algo que se assemelhe a ela e inicia um processo natural seletividade nas pessoas que nos rondam...

Aluno e Discípulo

É claro que com o mestre, quando o esquecemos, é porque somos e fomos apenas alunos, não discípulos, pois este último nunca esquece a figura do mestre nem mesmo no último dia de sua vida. O aluno, por sê-lo, revela-se mais ansioso por viver uma vida fora do circulo do saber, em razão de se comprometer com alguém que, por natureza, nasceu para ensinar, mas o aluno, somente para escutar, não praticar.

O discípulo, quando compreende a vida que o aguarda, sabe que seus objetivos não são mais os mesmos. Ele vai fazer tudo que um dia fizera, mas que somente agora terá um sentido espiritual. 


Vai andar em seu caminho, vai usar as suas palavras, vai trabalhar naturalmente, mas sempre dentro de chaves que o mestre lhe confiar. Toda sua vida, em meio a um mundo, uma época, sociedade, será um campo em que semeará o Amor, a Verdade e a Beleza, os quais não compreendia, e que sempre estiveram em si, desde há muito.

Cuidados

Entender que é preciso às vezes copiar modos é uma tarefa fácil, porém temos que tomar bastante cuidado, pois estamos a copiar pessoas, nada mais. Elas podem deixar-se levar pelos ventos dos joguetes de uma sociedade; pode se embriagar facilmente com amizades fortuitas, pode se apaixonar e cair na clausura de uma paixão louca, enfim... O que mais nos interessa pode até ser a parte virtuosa da pessoa, contudo, com o tempo, podemos fazê-la de ídolo falso e com ela cair em devaneio pelo mundo.

E JAL, um grande mestre do presente, dito por ele mesmo como discípulo aceito, o que significa em nosso nível Mestre, ressaltava em seus ensinamentos, os quais jamais em minha vida esquecerei, uma frase que somente há pouco tempo pude entender... ““Olhe para a estrela para qual aponto; não para mim”.

Sabia que mesmo com toda a sua virtude, todo o seu amor à humanidade, era um ser humano, ou seja, estaria, de alguma forma (não me pergunte qual) sujeito a errar. Isso me lembra também os grandes de épocas passadas, mais especificadamente Sócrates, depois que a sacerdotisa lhe disse “Você é o homem mais sábio da Grécia!”, e ele, humildemente, respondeu... “Só sei que nada sei”.







A JAL.

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