quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

O Vestir do Sol


Roupas. O respeito ao sagrado.




Até hoje falam sobre o modo de vestir dos romanos, dos persas, egípcios... Não é verdade? Havia uma singularidade revelada quando colocavam suas roupas. Não se pode, contudo, comparar com os de hoje, algo que, em razão da palavra moda, se mostram mais livres, no sentido de estar de acordo com sua consciência. O ruim, no entanto, é quando nessa consciência paira a escuridão, a decrepitude, a dor, a loucura...

Enfim, em épocas passadas, pode-se perceber, e isso já foi estudado e aclarado, que a maioria se vestia de acordo com um principio: o Natural. O que significa isso? Quando nos deparamos com a beleza do sol, quando nasce, quando se vai; das estrelas que surgem no alto; com luminar de nossa querida lua... Isso era o natural.

É uma verdade incontestável.  Para quem lê os livros do egiptólogo Cristian Jaq, uma das maiores autoridades em Egito do mundo, sabe que ele faz questão de descrever as sacerdotisas, os faraós, os habitantes do lugar com tamanha beleza que nos faz perpetuar as imagens descritas pelo autor. Suas vestimentas, sempre de acordo com os astros, abordando sempre os pequenos detalhes da noite, do dia, ou mesmo de sua profissão.

No caso do faraó, a vestir sempre a saia justa, de linho, negra, portando insígnias dos deuses; sem falar nos detalhes dos braços, nos quais trazem puseras de cobre, anéis de ouro, a representar a dualidade, ou um colar de serpente negro, a representar a sabedoria ou o infinito do uno.

Na Grécia

...roupas que caiam ao ombro, brancas – o mesmo em Roma, com uma postura natural daqueles que andavam acima dos rios (firmes e fortes). O branco, como até hoje nos parece, a representar o puro. E mais, o respeito, a educação e a ética.

Atualmente.

Com desfiles de mulheres lindas, a demostrar roupas além-bolso, na atualidade ronda o toque da moda, baseada sempre em premissas “geniais” de grandes estilistas, os quais, em suas visões, ditam o que vestimos, desde que apareceram. Ainda sim, percebo que há pessoas, ainda que sejam ricas ou com poderio semelhante ao dos grandes empresários, a se vestir simples, incutindo uma moda natural, sem forçar as cores, o tom e principalmente não deixando de combinar com o contexto em que se encontra...

Nesse caso, mesmo que não haja qualquer motivo forte para tanto, e ainda sim o fazem, é preferível a se vestirem baseados em uma personalidade complexa, insinuando qualquer poder sem ter, riqueza sem ter – riqueza interna. Porque muitos o fazem pelo fato de mostrar grandes roupas, principalmente as mulheres, belíssimas em contextos nos quais a finalidade nada mais é que fazer inveja a outra.

Não adiante, nossos olhos, graças à palavra liberdade, mal concebida, mal interpretada, são outros. Não são de pessoas que possuem compromissos com a natureza ou consigo mesmas. Tudo, na realidade, parece um compromisso com o nada e ao passo com o tudo – menos com o que vale a pena. Por isso, a disforma, o desrespeito.

Vestir-se mal é estar desconectado com o universo, com o sagrado, com Deus. É só observar em que lugar estamos, e iniciar um processo simbólico no qual possamos demostrar uma conexão do alto. E quando os egípcios diziam... “O que está no alto deve ser demostrado embaixo”, não só falavam a respeito das estruturas que por si só nos faziam refletir acerca do alto, mas em nós também, em nosso andando, em nosso comportamento, em nossas falas e por que não no nosso vestir?

A moda exterminou qualquer possibilidade de reflexão acerca disso. Ela dita o que devemos vestir nos frio, no calor, e assim por diante. Seja em forma de casacos imensos, a tapar os rostos, seja em forma de biquínis que não tem nada a ver com o verão. E sim com o vaidosismo humano.

Enfim... Nosso corpo não é um cabide imenso no qual procuram impor limites modisticos dos quais se retiram e se colocam o que querem em nome de alguém que acha o que posso ou não vestir.


Se um dia observarmos a natureza, é assim que o filósofo se porta, estaremos concatenados interna e externamente também.

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