sexta-feira, 31 de outubro de 2014

O Dia do Medo

"Tanto para cima como para baixo, encontramos o infinito em qualquer coisa" (samurai)



Nosso "grito" está imbuído de razões que só ele explica.



Um dia um samurai nos disse, “tanto para cima como para baixo encontramos o infinito em qualquer coisa”. E quando me deparo com exemplos de violência, colocados à disposição em jornais online, em tevês, rádios, e em  outros veículos, sempre penso nessa frase. É como se, todos os dias, tivéssemos novos fatos, novos horrores. É de matar.

Não ficamos apenas na superfície dos conceitos, como antigamente, quando havia apenas notícias a respeito disso e daquilo, e não dávamos importância. Hoje, todos os valores criados pelo mal (homem) estão à venda, ou mesmo gratuitos, em forma de capas de jornais, revistas, sejam em forma de conversações – para aproximar amigos, seja para dialogar quando não se tem assunto --, enfim, temos em nossas portas o suficiente para dizer que o samurai está mais que correto...

E quando a barbárie se faz, tão perto de nós, ficamos estáticos, sem palavras, com medo. Mas as ruas não nos dão tréguas, o noticiário idem, e iniciam processos de desestruturação psíquica dentro da qual nos tornamos menos humanos, mais zumbis, com olhos imensos, frágeis, nos alimentando apenas do que um dia foram apenas notícias isoladas.

Se nos aprofundarmos mais, vamos dizer que, no passado, havia tal violência desmedida, e até um pouco mais, contudo, se colocarmos na balança os propósitos de ontem e de hoje, de toda essa violência, diríamos que a de hoje é tão espetacular como nunca, simplesmente porque, mentalidades se criam para o mal, e das profundezas deste, horrores em forma de atos dos quais ficamos impressionados surgem. No ontem, que não possuía tão refino, percebemos que, por mais que houvesse guerras, horrores, violências, não eram tão despropositais...

É uma opinião, claro, mas quando leio acerca das nações que um dia foram tomadas, da pior maneira possível – havendo todos os tipos de barbaridades que se pode haver por parte do colonizador, percebo que, atualmente, não se é preciso que se tome uma cidade, muito menos um país, é preciso somente observarmos o noticiário das nove... no qual países, por mais estruturados que sejam, não conseguem frear o mal humano. Mais uma vez, o medo se faz.

Já não bastassem tais atos virulentos, bárbaros, por parte do homem mais deslocado de sua época, realizam-se filmes de horrores nos quais, apaixonados por eles, se vestem, dialogam, criam seus próprios personagens, de modo que se pode perceber que estamos em busca de algo que nos impressione, de alguma coisa que nos mostre ao mundo.

Por outro extremo, temos mais filmes que retiram da realidade histórias nas quais acontecimentos se passaram com famílias, sociedades, com pessoas, e, como em toda película o objetivo é chamar a atenção, temos o dobro do real, temos fantasias, monstros,  feitos, dores, horrores, em doses que nem mesmo o maior dos interessados em filmes de horror suporta...

Para que isso? A frase do samurai, mais uma vez, se faz. Aqui, de alguma forma, temos a parte vertical da questão, a descer, cada vez que se descobre o quanto que há de pessoas admiradas pelo mal; e quando digo mal, me refiro àquele que segrega-nos do bem, que nos torna distante da parte superior da linha – do lado oposto ao horror, violência, barbaridade, ou seja, da parte pela qual deveríamos lutar sempre, que é a parte da consciência em busca de Deus, da Verdade, da Justiça, da Beleza, ética... Para o alto.

Se claudicarmos em direção aos nossos objetivos, por mais fortes que sejamos, vamos cair em diálogos, em pensamentos – assim como todos! – em atos, enfim , em forma de violências particulares, das quais não se consegue sair nunca. O mal assim já se infiltrou em nós.

Claro que é um tanto quanto difícil correr em direção oposta ao mal, mesmo porque ele se veste de tudo, até do bem, mas se tivermos princípios, e dentro deles a Verdade, a Beleza... respiraremos em qualquer canto nosso ideal de busca. Não há erro.

É por isso que filósofos, hoje em dia, assistem a noticiários, a filmes, mas nunca deixam de buscar, na fonte, que é a sabedoria clássica, a potencialidade adormecida que um dia – um dia – o primeiro ato de horror a fez dormir.


quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Entre o Homem e a Essência

Tudo na Índia tem um propósito: viver da essência.


Na antiga Índia respeitava-se uma tradição (acredito que até hoje a respeitam, mas não como antes), assim como muitas a respeitavam, e que norteou diversas nações cujas estruturas foram montadas a partir desse ponto, o espiritual. Nela, nessa antiga civilização, tão maravilhosa, ideal de muitos pensadores, filha de outras tão belas, cultivava-se a essência humana, por meio de suas leis. E uma prova disso são os Vedas.

De uma tradição ainda mais antiga, os Vedas eram como se fossem tábuas de leis sagradas as quais eram ensinadas de forma oral, mais tarde, assim como leis escritas e um tanto quanto fechadas, eles foram adaptados aos discípulos. Mas, assim, como muitos ensinamentos, dentro dessas leis ensinava-se a respeito do Homem, do Universo, de Deus.

E a partir daí, muitas outras foram adaptadas com esse ideal, de relatar os que os sábios nos propunham, ou seja, legar conhecimentos mais profundos possíveis, os quais, sintetizados, nada mais eram que ensinamentos entre o céu e a terra, entre a essência e matéria, o céu e o inferno de cada um...

Manvantara e Pralaya

Tudo na antiga Índia tinha um propósito. E era religioso. Não poderia ser diferente quando se tratava de nos explanar a respeito de um universo grandioso dentro do qual pairavam mistérios os quais, necessariamente, eram vistos no homem... Como no caso do Manvantara e  do Pralaya.

Quando o universo se expandia, tínhamos Manvantara, o que significava a expansão em direção a Brahma, o Criador no sentido positivo da palavra; Manu – de onde vem a raiz de Manvan... – cria o mundo e todas as suas espécies, durante seu crescimento, o qual no faz pensar na própria Vida, em nós, que estamos sempre em crescimento, aconteça o que for, sempre estamos voltados à elevação da alma para o grande espirito, ainda que, em alguma vezes, estejamos em momentos de Pralaya... Explico.

Pralaya nada mais é que o inverso do primeiro, como se estivéssemos observando uma grande bexiga – imensa mesmo – a se esvaziar bem lentamente. Porém, ainda que seja natural isso ocorrer no universo, é preciso que o momento de Manvantara alcance seu apogeu. E milhares de anos depois de nossa Índia filosófica, ainda temos, segundo pesquisadores, um cosmos em aceleração sempre se “esticando...”.

O Pralaya, a dissolução universal, pode ser percebido em nós, como meros seres mortais  que se sentem presos aos seus problemas, e quando chegam ao fundo do poço começam a criar forças para o Manvantara humano.

Antacarana

Dentro desses episódios pelos quais passamos, podemos dizer que, assim como o Universo, há uma grande necessidade de passarmos por tudo isso. Não estou a me referir aos problemas como algo desejoso, mas se não os tivermos não criaremos condições para conhecer o cimo de nossas montanhas, ao que chamamos de parte superior em nós.

No entanto, os Vedas, assemelhados muito mais ao Egito em suas sintéticas explicações acerca do uno e do homem, nos aconselha a não sermos reverberadores de filosofias a que não somos acostumados. O que vem ao encontro de Zoroastro e Platão, mais tarde.

Tríade

Contudo, ainda na Índia, acerca do que somos podemos dizer que há uma estrutura que sintetiza o ser humano, que é a Triade, dentro do quaternário universal, e o próprio quaternário, os quais estão ligados por uma outra estrutura, segundo a tradição védica, a uma linha quase que capilar... É o Antacarana.

O Antacarana, segundo a filosofia indiana (védica), se constrói a partir do momento em que estamos levando nossas vidas de forma real e  espiritual, seja por parte dos elementos primeiros – corpo denso, corpo vital, corpo astral, corpo dos desejos – os quais sintetizam o que “não somos”, apenas o veículo vital que nos conduz ao mais elevado – a tríade, Atman, Budhi, Manas -- o que somos.

Porém, antes disso, de passar para a parte de cima, nos encontramos – depois de reencarnações – com situações que nos fazem repensar nossa existência, nossos objetivos, e tudo isso de maneira involuntária, como se estivéssemos com um siting, e é aqui que entramos em uma atmosfera humana, em que nos coincidimos com a nossa parte superior, com Deus, com o Nous Platônico, ou o Átman.

O Antacarana, ponte entre esses dois grandes corpos – quaternário e tríade – sintetiza, simbolicamente, também, a ponte natural de nossos problemas quando realmente aprendemos algo em sua essência. Ou seja, quando olhamos nossos afazeres, nossos objetivos, nossas consecuções, todas elas voltadas à matéria (somente a ela) e entendemos que há algo maior, melhor e realmente válido a se buscar.

Tal consciência, no entanto, a depender de certos humanos, levam encarnações a fora, de modo que se aprende muitos séculos depois – mesmo assim, sob o que chamamos Karmas e Darmas em nosso mundo.

O Antacarana, enfim, seria a prova de que vimos, mesmo com nossas poucas ferramentas, a face divina, ainda que um pouco desconfigurada da realidade, mas que assim mesmo a tememos, e procuramos voltar ao Darma – retidão.

Ensinamento


Nada melhor, no entanto, do que ser o que somos, no melhor sentido da questão. Entender nossos conceitos básicos acerca de céu e inferno, matéria e essência, e respeitarmos as figuras lendárias e míticas do passado, dos quais tiramos aprendizados, e por eles, assim como filhos perdidos, devemos lutar, pois nada melhor do que viver e aprender com culturas que um dia respeitaram a humanidade e por ela viveram.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Solidão do Mundo



Deus,
Ouve-me.
Preciso de Você...
Dessa terra tão tenra,
Desse solo tão frio,
Volto minha consciência a Ti.
Onde está aquela
Que um dia foi minha donzela?
Para onde foi minha pátria amada,
Tão amada, que o amor não me cabia?
Não sabeis Vós?
Que Justiça em cinzas,
Em homens tão vis,
Que verdade que não passa
Em portas imensas,
Tão propensa a mentir,
Que revela a cor do homem,
Filho de outros,
Que nem belezas sabem distinguir!
Ouve-me, Deus!
Onde estou?
Que terra é essa,
Ao mesmo tempo bela,
Donzela e casta,
Ao passo me faz em pastos
Como equinos que não sou!
Fazei-me sábio,
Fazei-me teu cajado,
Teu servo alado,
Que possa a ti voar.
Sair desse mundo,
Sem esperanças e sujo,
Mas que dele tenho que cuidar.
Ouve-me, amigo da Solidão,
Para onde vou,
Se não tenho caminho,
Não tenho em teus braços
O meu ninho,
Só, e somente só,
O respirar agudo,
Profundo,
Findo,

Em dó.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Esperanças como Nuvens





Quando o sol bater

Na janela do teu quarto
Lembra e vê
Que o caminho é um só

(...)
Até bem pouco tempo atrás
Poderíamos mudar o mundo

Quem roubou nossa coragem?

(Legião Urbana)


Nesse tempo invariável, em que nuvens se vão de tarde e voltam de noite, percebemos o quanto a natureza tenta nos explicar a variabilidade natural das coisas, a mutabilidade, como se fôssemos expectadores de um grande teatro, sem sabermos.

As nuvens, quando escuras, nos proporcionam o entendimento de que os mistérios estão acima de nós, mas podemos refletir acerca deles, sem medo. Não é apenas a precipitação de chuva, mas de uma escuridão inviolável, na qual não podemos fazer nada, apenas esperar...

Pode ser a chuva, claro, ou, como diriam em tempos idos, pode ser a fomentação de mais forças a nos levar para o alto ou para o mais baixo da superfície da terra. É uma questão de saber lidar com a natureza, com suas potencialidades, com as cortinas que o mundo nos mostra...

E quando percebemos, do nosso ponto de vista, que estamos longe de perceber o que realmente pode nos acontecer... Deixamos de lado. Não olhamos nem mesmo a fresta que vem após a última nuvem que se foi. Esse é um dos males humanos... Não perceber que, nas mínimas entrelinhas, lhe ocorrem mistérios – não somente em filmes policiais, longe disso, não é desses que lhes falo..! – mas de mistérios sagrados que nos podem modificar a vida, nossos caminhos...

E nesses dias percebi que elas, as grandes nuvens, se uniram novamente. Deram-nos mais mistérios a refletir. E dentro deles o poder de mudança, seja ele entre nós, ou dentro de nós. Mas o que mais importante deu para perceber foi uma natureza que se harmonizou, se integrou com o homem, e está disposta a nos dar mais esperanças – não em forma de sistemas políticos, mas em forma de esperanças, de pensarmos mais em nós, como seres humanos, elevando-nos mais a consciência, como deveríamos fazer sempre.

Hoje... Não fazemos, no entanto. Olhamos para baixo, às vezes, para o lado, jamais para o alto; e isso nos transforma em seres não culturais, cuja natureza nada mais é que opinosa, eclética (no pior sentido da palavra), seres que não refletem acerca do seu próprio universo, de quem realmente somos.
Isso já é notório do homem atual, que se desligou de suas tradições; quebrou completamente seu legado natural, de conhecimento, de sabedoria, e se jogou em rios que foram sujos por um passado não muito distante.  E isso me faz lembrar do nazismo, que nada mais era que um movimento criado por um ditador com o objetivo de recomeçar tudo do zero, a partir de premissas “criadas” por eles mesmos!

Digo que não só o nazismo o fez. Mas todos os movimentos modernistas que tiveram como objetivo “pensar por si mesmos”, dando vazão ao cidadão de não ser influenciado pelos parnasianos, pela educação clássica grega, francesa, enfim, educação que ditava passos, ritmos, fosse na música, fosse  na poesia, e isso ao Ocidente, que se ‘organizava’ , era ruim, ao passo servir-lhe-ia como experiência cultural a gerações que um dia conheceram o que era realmente tradição.

Depois daquela época – em que nuvens negras se formaram, dando ao mundo o desespero, a dor, a falta de identidade – vejo que estamos com outras nuvens, diferentes, ainda que haja guerras, fomes, mortes, doenças, mais do que em outras épocas... Enfim, mesmo com tudo tão evidência, prefiro dizer que estamos passando por momentos necessários à humanidade, como se renascesse um novo mundo, baseado numa decadência pela qual todos um dia passam e passarão sempre, entretanto, tais nuvens que visualizo hoje nos traz, a meu ver, uma segurança de que nossos dias de automatismo, tristeza em excesso, hipocrisia, estão se indo...


O sol está surgindo.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

O Sapateiro de Platão

Do sapateiro de Platão, ao maior dos governantes... quem seria o melhor? A vocação é quem pode nos dizer.

A vocação se assemelha a nós.



Quando se nasce para algo – para algo pelo qual amaríamos pelo resto da vida, não sabemos. Apenas depois de várias experiências em que nos aparecem características em nossos atos, em nossas vocações para aquilo a que realmente somos voltados, é certo que nos dedicaremos eternamente...  

Eu, como leitor das obras de Platão, um leitor não muito atento, claro, penso sempre naquele sapateiro, ou mesmo naquele marceneiro que o filósofo cita quando está a construir sua República, sem os vazamentos a que somos obrigados a perceber na nossa. Imagino aquele ser, aquele homem a moldar as sandálias dos guerreiros, os calçados em geral, como um pequeno peixe feliz por está livre em um oceano no qual todas as suas espécimes circundam sem perigo – de qualquer nível.

O sapateiro, o marceneiro, os guardiões, segundo nosso amigo do conhecimento, estariam ali por valores internos, dos quais descobrir-se-ia que eram voltados a suas profissões – se é que se pode dizer assim, porque, ao se tratar de profissões, como conhecemos atualmente, fala-se de emprego, salário, contas, enfim, menos de nós, como humanos. E quando Platão fala de um ser que conhece sua vocação, é como se ele mesmo descobrisse quem ele é.

Claro que estamos nos referindo a processos tradicionais dos quais o filósofo retira toda a sua República. Não foi algo do nada. Muito pelo contrário. É uma mescla de sua filosofia, de seu conhecimento, unidos à tradição mais antiga que o próprio homem. E sendo assim, a "fumaça da boa filosofia" nos faz aludir um pouco sobre uma grande civilização, a egípcia.

E para quem conhece um pouco a filosofia egípcia, pode muito bem visualizar os grandes faraós, seus “funcionários” dedicados na realização de obras divinas, nos desenhos quase vivos, em relevo, daqueles artistas que eram completamente voltados ao que faziam.

No Egito, o que  mais se praticava era uma República real, concreta, dentro da qual valores eram respeitados, desde o dia em que se nascia, ao dia que conheceria o pós-morten.  Ou seja, mulheres eram mulheres, e respeitavam seus maridos, e vice-versa; mas quando tocamos nesse assunto, principalmente, ao papel das mulheres, nos parece machismo, e quando falamos de faraós, feminismo... Por quê?

Se uma mulher se dedica, desde a sua infância, ao seu papel de mulher, faz aquilo que sua vocação determina, sendo, antes disso, feminina, dedicada, bela, doce, instintiva e ao mesmo tempo guerreira, não quer dizer que o sistema fora machista.

Devemos entender que, nas mínimas coisas, temos que respeitar o que a natureza nos propõe, como ser humanos, sendo homens e mulheres, não deixando que “ismos” tomem conta de nossos ares, esferas e mentes, como gazes tóxicos.

Hoje, com certeza, não saberíamos como fazê-lo, e relutaríamos em entender nosso papel no universo, ou mesmo em uma sociedade, mesmo porque tal valor, nesse sistema, não é valido. Ou seja, buscar entender algo que faço, a partir do que sou, é como se estivesse indo de encontro a uma série de sistemas, não só esse, porque não o interessa há tempos tudo isso.

Mas no passado, se um homem abrisse sua casa, e sua esposa não tivesse com todas as coisas organizadas, era como se afrontasse uma pequena parcela de Deus – não o pessoal – e até mesmo do próprio universo humano, dentro do qual mulheres eram mulheres, homens eram homens – premissa boba, mas básica e importante...  E ao saber disso, o homem, ponte entre divina, poderia punir sua esposa...

O que nos faz pensar que, mesmo sabendo distinguir nossos gêneros, é preciso que busquemos a profundidade do que somos. Estou me referindo ao Logus, o que mora em cada um. A mulher, com terceiro logus, o homem, com o segundo, e os dois com a plenitude do primeiro. Não seria difícil, assim, entender os deuses, e o amor que sentiam por eles. Era uma conexão entre Logus.

O homem, atento ao seu papel, realizava suas funções de cavaleiro – característica maior a ser alcançada por ele --, resguardava a cidade, alimentava sua cria, dedicava-se ao campo, e amava seu povo, ao ponto de sacrifica-se espiritualmente por ele – cada homem tinha um pouco do faraó.

Não precisava ser um homem-deus para ser respeitado. Qualquer um que entrasse em sua moradia, fosse ela um casebre ou um castelo, era visto como um ser especial, pois seu papel já estava sendo trabalhado em sua pessoa, e quando isso acontece, muitos homens brilham e realizam ideais como lírios no campo.

O sapateiro


O sapateiro de Platão, assim, baseando-me em tais premissas, posso dizer que se este o fizer seu trabalho com amor e dedicação, a qualquer hora, seja para o homem, para a mulher, dentro de um universo que pede a ele que seja com tal, podemos dizer que nossa alma deve buscar, aqui e agora, dentro do que a subjaz, o que o Deus nos propõe, nos deu, e se somos um gari, um cobrador, um garagista, seremos tão importantes quanto àqueles que se dizem governantes, e fazem do mundo o que é hoje...

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Liberdade Grega

Muitas nações tentaram, mas nenhuma conseguiu lidar com esse tema tão belamente. A Grécia não foi aquela que iniciou o processo de liberdade entre os homens, mas foi aquela que mais cultivou seu real conceito.

Até mesmo na morte, a liberdade tinha sua prática.



Muitas histórias se contam a respeito das grandes nações e de  seus conceitos práticos sobre liberdade, entretanto, nenhum deles chega a ser tão perfeito quanto o da Grécia Antiga. Nela, nesse grande Navio, que muitos navegavam e aprendiam a navegar no passado, e que, se houver algum conceito semelhante que se aproxime dele, com certeza vem dessa grande civilização filosófica, da Grécia Antiga.

Não vou me ater aos filósofos da época (meio difícil), e tentar aludir a informações importantes, das quais, como posso dizer, achei muito interessante, e queria partilhar com todos. Uma questão que sempre é bom dedilhar a respeito... A Liberdade.

Dizem que houve nações cujo sistema não era escravocrata, e quanto a isso tudo bem, mas uma coisa é saber lidar com isso, e outra entender e praticar a liberdade em seu âmbito. Liberdade, para inicio de conversa, não tem nada a ver com pessoas, sejam aquelas que se sintam com vontades de voar, sair correndo, amar a todos, enfim, são apenas sentimentos, que se revelam presos e combinados com a ânsia de “liberdade” (não a grega), acreditam piamente que são práticos quando realizados seus sonhos.

Podemos até dizer que tal sentimento nos livra de alguma prisão, interna ou externa, de algum trabalho involuntário, no qual somos maltratados, ou seja, para nós, liberdade tem tudo a ver com o que fazemos ou com que deixamos.

A Grécia Antiga, quando se referia à liberdade, não se expressava opinosamente, nem mesmo literal, mas a praticava em seu âmbito cultural, o qual, como haviam adotado, religado ao próprio universo, o que nos lembra um pouco a cultura egípcia, mas esta, graças à misticidade restrita a poucos, teria uma certa dificuldade e levar à maioria, por meio de Maât, a deusa da Justiça, da Ordem, ainda que transparecesse o contrário

Mas nessa grande civilização,na Grécia, o sagrado respingava nas artes, na política, na religiosidade, e por isso, a tendência eram aparecer exemplos maravilhosos de esculturas, as quais se podem ver até hoje – pelo menos o que sobrou; podemos, de acordo com nossos estudos, entender o porquê de nossa política ser tão imperfeita ainda que a Grécia a tenha iniciado.

Não vamos comparar, mas tentar entender o que fez a politica ser possível, mesmo com a Democracia em voga, na Grécia. E o que podemos perceber é que a palavra liberdade esteve presente, levando respeito, disciplina, harmonia, ordem... Em todos os sentidos, quer dizer, em sentidos que desconhecemos, senão estaríamos tão bem quanto!

E não é o caso. Desestruturamos. Caímos. Desabamos em cima de valores que não sabemos ao certo se são, e claudicamos em entende-los, e para praticá-lo então... Mas a realidade é que se tentarmos buscar um pouco dessa liberdade, entenderemos o que deu errado.



Liberti et Dio


Aos estoicos, a liberdade era Deus, ou como diria no melhor grego, é Tudo que possui uma Organização, uma Ordem, dentro das quais estaríamos inseridos. E quando o homem entende esse conceito, busca em suas possibilidades, transfere ao mundo, à natureza (espelhando-se nela), temos o milagre grego.

Não poderia ser menos quando nos colocamos à disposição dela, dessa realidade (eterno), pois nações houve no passado que rebuscaram ordenarem-se, organizarem-se mediante estrelas, luas, sois, geografias espaciais, enfim, do Todo, com a finalidade de elevarem-se. E a Grécia soube fazê-lo.


Queda


Contudo, assim como tudo que decai, se vai ao chão metafórico, e às vezes físico, as nações se vão. Houve um grande filósofo da época que disse “o poeta não é mais o mesmo, a música não é mais a mesma; todos de alguma forma querem falar de si mesmos e isso está distante do que propõe nossa liberdade”...

E com isso, corrompidos os valores reais, entre eles a liberdade, a que tanto obedeciam os gregos, tão harmoniosamente, tão livres de vulgaridades e impropérios, nos tornamos nações livres no pior sentido a fazer o que queremos, baseados em premissas loucas e na maioria das vezes doentias, as quais se refletem em sistemas, em artes, religiões, sociedades, famílias, homens... Em tudo.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Corações e Mentes

Como entender o coração das pessoas sem que seja pelo racional exacerbado de informações inúteis, com as quais nos distanciamos de sentimentos, como a paixão?








Há duas partes em nós que filtram o mundo. A mente e o coração. Este último, ponte da alma, percebe quando as cinzas de um fogo estão frias ou quentes, não as cinzas do homem, mas as da própria vida.  A mente, solitária, tenta se exaltar mais, ser mais bela, forte, firme, como um farol, em meio a um mar de fúrias que a circunda... Porém, pede ao coração que não seja tanto vulnerável, volúvel, poético...

Não adianta, as dores existem, ele, o coração irá sentir, e temer o mundo; vai correr para debaixo dos cobertores, e pedir aos deuses para crescer tanto quanto a sua parte o racional, que ainda não se revelou. O coração não é medroso, apenas misterioso, e ama enfrentar o mistério como o sol enfrenta as nuvens; de outro lado, a mente, sujeita a poeiras, revela-se adulta e sem conhecer o adversário, abre matas até encontrá-lo.

Assim o somos. Peça de duas partes que se harmonizam, se integram para a realização de objetivos, ideais, sonhos, dentro dos quais, a esperança, a liberdade, o fruto de nossa fé, estejam tão claros quanto o chão em que pisamos.  Sem eles, seríamos carnes e ossos ambulantes, zumbis, a devorar uns aos outros – e disso temo muito.

Mas, graças aos deuses, não iniciamos esse processo canibalístico, em que pessoas se olham, se matam, se comem, mas, na falta do coração, isso, temos a certeza, pode vir com o tempo. Simplesmente porque o racionalismo ao extremo, como colunas próprias de um castelo de areia, pode vir a desabar em poucos anos, e assim, o coração, servo das emoções, das paixões, do amor, deixar-nos-á para sempre...

E quando observo exemplos de profissionais que singularizam o ser humano voltado a suas tarefas diárias, sem preocupar-se consigo mesmo, ou com sua família, apenas em compor um quadro de funcionários excelentes, penso nas reflexões que os  mestres do passado nos ensinaram. Penso no Conhecer a Si Mesmo, e o que levou a Platão a isso mencionar.

Não fora por acaso, porque somos peças, mas peças fundamentais para a compreensão de nossas existência, a partir de nós mesmos. E dentro dessa premissa básica, salientar o amor em tudo, principalmente em nós, o que realmente nos falta.

O que aconteceu é que, por gerações, conceituamos sem praticar, amamos, sem amar, pensamos, sem refletir, viramos humanos, sem ser, e tentamos buscar um lado da vida que poderia harmonizar com o outro, o do coração.

Contudo, dentro do que temos como política, religião, sistemas, nada se compara ao que um dia nos foi proposto pelo grandes homens, os quais são citados apenas como matéria de faculdade, e mesmo assim tão rapidamente, que chegam a dizer que a filosofia nunca prestou...

Na verdade, se temos uma ponte real entre nós e o conhecimento, entre nós e as divindades, entre nós e nossos sonhos, essa ponte se chama Filosofia, simplesmente porque ela não pede nada, e mesmo assim nos faz ver o que há entre o céu e o inferno humano, e nos faz levar para a vida o que realmente é valido...

De volta ao Coração..

Para se  compreender a busca pelo conhecimento, no entanto, é preciso coração, mente, os dois a trabalharem juntos em nome de Deus, ou seja, não precisamos de uma mente vaidosa que quer obter o poder já pelo fato de entender (ou ler) um Platão, um Aristóteles, ainda que tais filósofos nos ensinam o contrário. Mas a mente, destruidora, quer saber, quer ir atrás de informações, de tudo, apenas para a realização de seu ego... E sectarizar o mundo.

O coração, em lágrimas, assiste a tudo isso, e pede aos deuses para não se corromper com facilidade aos desejos de falsas crenças, falsas politicas, mas, mesmo assim, o faz, porque é coração, porque é também objeto de manipulação de terceiros, quartos, de todos... A alma, assim, se torna papel ao vento.

Mas o coração, quando preso aos reais valores, pede a mente que seja passiva, calma, humilde, e quando o escuta, homens se comunicam, se integram, se harmonizam em qualquer esfera. E assim, como dois cavaleiros em nome de Deus, cavalgam sem cessar pelo mundo.

Mestres

Eu conheci dois mestres, um era todo coração, e o outro, tão racional e vibrante, que me emocionava com suas aulas; mas vi que meu coração e mente, hoje, precisam muito mais do primeiro do que do segundo. Certamente porque minha alma quer ser alma, e quando isso acontece é porque meu espírito está falando mais alto.







terça-feira, 21 de outubro de 2014

O Homem e a Eternidade

Presa aos nossos atos como pele ao nossos ossos, a eternidade está além da compreensão humana, pois revela o que podemos com o pouco que temos.



"O Homem é eterno quando o seu trabalho permanece."




Nessa vasta terra em que passamos nossos dias, nossas histórias, não tem aquele que não acredite que, um dia, a eternidade passou pelos nossos olhos. Ela existe. Com um gosto de doce de goiaba com creme de leite (o melhor do mundo!), em nossos lábios de maneira que nem o creme, nem o doce seriam desejosos – a eternidade é concreta aos olhos da alma.

Prova disso foram nossos ancestrais que nos deram os mitos, as lendas, os contos, as histórias de ninar. Sem eles adormeceríamos em nossos túmulos como cadáveres famintos de esperança, boquiabertos, esquecidos, se transformando em pó, antes, comida para vermes...

Mas os vermes sempre o serão, e nós, sempre humanos, em busca de nos assemelharmos aos deuses, assim como cães admirando seus donos, como felinos, pelos leões africanos. Temos a eternidade em nossos corações, ao se harmonizar com a natureza da árvore, das folhas, do tronco, das sementes, ainda que venha o sol, a chuva, a tempestade...

Temos a eternidade em nossos passos, quando subimos uma montanha, caminhamos em direção a alguém para lhe salvar a vida, quando buscamos a Deus nos templos naturais, sem medo. Temos Deus. Ele é eterno.

Temo-Lo quando choramos por alguém, ou quando batalhas vencemos em nome de nossas famílias, sociedade, e quem sabe um dia pela humanidade. É um fogo aquecedor. Um fogo que nos transforma em vencedores naturais, sem que salientemos alguém ou mesmo o nosso nome  pelo feito, mas nossas almas, essas cuja grandeza persegue, se engrandecerá sempre que tais atos se realizem, e, como diria um grande filósofo, se encontrará com outras mais além...

Em uma reunião, talvez, na qual a referência maior tenha sido nossas orações, nas quais pedimos ao Todo e à sua essência que nos protejam de nossos inimigos, que se resguardam como açúcar em frutos maduros.

Marco Aurélio, o grande general-filósofo, diria “viva o mais intensamente possível, contanto que seja dentro da Lei”, estaria nos dando uma meta, um caminho, no qual a liberdade, essa a que tanto almejamos em tempos vis, para que possamos trilhar com humildade e fortaleza, como se fossem pássaros sem medo de voar, como tigres, sem medo de ir à caça, como formigas, em busca de seu alimento, enfim, como humanos em busca de sermos nós mesmos, em nossos atos, pensamentos, dentro de nosso meio.

Outros, com certeza, diriam a mesma coisa acerca de nossos atos, os quais são a tônica de uma vivência humana, pois realizam pensamentos, concretizam sonhos, sintetizam o que o coração é. E a alma, agradecida, sobe aos ares, sente o cheiro de Deus, volta ao homem, que lacrimeja e diz... “Eu vi a face de Deus!”...

Na realidade, as faces da divindade estão em nós, e, como tudo que é sagrado fica oculto aos olhos do homem ignorante, tudo serve com meio para alcançar a Deus, e assim se vai, com a pouca instrumentalidade que tem, servir seus desejos mais íntimos.

O guerreiro não guarda esse sentimento. Ele realiza. Vai atrás. Desfaz reinos déspotas, encara os inimigos com a frialdade que lhe é devida, contudo guarda o amor de sua amada na alma, porque sabe que sem aquele amor, símbolo de sua alma, não pode seguir, não pode se harmonizar, e acredita que, sem aquela lembrança, as divindades são apenas ventos que correm soltos nas montanhas, são pássaros que voam a esmo, são planetas que nascem ao acaso...

Então, ele vai... Combate até mesmo a morte, e quando morre, seus atos são reverenciados pelos homens que viram e sentiram que a sua derrota, na realidade, foi a maior vitória de todas, pois, naquele instante, sua alma, tão engrandecia quanto vivo, sobrevoa seu povo, sua família, e mais do que nunca sua raça...


E não morre aos olhos de alguns, pois ninguém pode matar a alma, o espírito, o desejo de ser livre.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Manipuladores de Sonhos (final)

Que tenhamos em nossos sonhos a humanidade.



Tudo pode nos levar ao céu. Até o sonho.


Ontem eu tive um sonho e nada mais era do que uma projeção de meus pensamentos acumulados em relação ao que eu passava durante o dia, ou semana. Tinha tudo a ver com eleições. Sonhei que o candidato que vinha perdendo, desde as primeiras pesquisas, agora venceria por uma margem pequena de votos...

Enfim, foi apenas um sonho. Um sonho baseado no que eu estava passando, e com certeza não tinha muitos elementos internos para que a alma pudesse, como poderia dizer..., se encaixar. Apenas um racional meio preocupado, regado de informações acerca das eleições que nos podem ser uma das mais concorridas da história.

Mas os sonhos, como eu havia dito, podem ser elos divinos nos quais podemos dialogar com os deuses, não com os homens – coisa que fazemos todos os dias! – o que, para muitos, já é algo transcendental, mas não para mim.

Os sonhos, nos ensinaram, é uma esperança de realizações – seja no âmbito material, seja no emocional, espiritual, enfim, -- o sonho, hoje, se materializou, criou raízes como árvores, e não sai dos significados terra.

Prova disso são revelações esmiuçadas de especialistas atuais quando nos referimos ao que sonhamos.  Mas as épocas, todas elas, no revelam a importância dada ao que temos como dons, talentos, vocações, e o sonho, como sabemos, é um dom humano (não sei se se animal sonha...), do qual podemos tirar lições diárias para nossa evolução humana.

A forma como isso se dá é que é um tanto quanto metafísico. Por isso, especialistas se jogam de prédios quando se fala em simbolismos, em mitos, lendas, enfim, de raridades esquecidas pelo homem comum, mas que poderiam nos auxiliar a sermos um tanto quanto mais respeitadores de interpretações das quais, quando nos perdemos, inventamos, e falamos qualquer coisa.

Esses últimos são os chamados especialistas. Contudo, respeito há às tradições. Se não conseguem lidar com ferramentas do passado, pelo menos não as destroem. Mas a questão não seria tão simples assim, se pegássemos e colocássemos no meio de tudo isso a pessoa comum, aquele individuo que sai de casa, vai trabalhar, ganhar seu parco dinheiro, pagar suas contas no fim do mês e, no final das contas, não consegue ter sonhos, graças ao Sistema, com certeza ele diria que seu sonho era nada mais que nada menos que uma casa, um carro, ou uma vida melhor para seus filhos.

O sonho a que me refiro é o mesmo que todo homem deve ter. Sonhos de elevação, de realização interna, enfim, esse sonho está tão longe do homem comum quanto à lua da terra e muito mais.

Em primeiro lugar, hoje quando se fala em sonho, temos que falar de coisas palpáveis, realizáveis, as quais sintonizam com aquela vida pequena, que sempre tenta sair de seu caminho e pegar outro – com seu próprio carro, ou com táxi, sei lá, mas que tal desejo se torna sonho, um desejo único, de tal forma que a palavra sonho reflete o que queremos que seja realizado, aqui e agora, ao passo com muita luta e força na alma...

Enquanto não realizamos nossos desejos, a palavra sonho se desgasta e cai no devaneio de pessoas que querem o mínimo, o pequeno, o irrisório, o nada, e mesmo assim o chamam de sonho.

Manipuladores

Por trás de tudo isso, contudo, sabemos que há amos de cavernas imensas com pensamentos voltados às nossas realizações, ao que queremos, sempre preocupados em realizar, materialmente, nossas vidas, nunca espiritualmente. A depender do sistema, pode-se pensar, refletir até, mas não do modo claro, como na antiguidade acerca dos sistemas, das pessoas, e mais, de valores como Justiça, Ética, Moral, como um dia pregara Sócrates antes de Cristo.

Quero dizer que não se pode argumentar com pessoas a respeito de um valor exato, profundo, se ainda naquela república o sistema predominante é pobre, mesmo sabendo que argumentações são algo humano, amos relutam em tornar a coisa tão difícil quanto tudo que pensamos, por isso o sonho se esvai com ponte, como elo.


Não apenas o sonho, mas a reflexão em si, podemos dizer, algo natural da qual podemos retirar premissas básicas para ascender em situações simples, nos faz hoje refletir acerca de imbecilidades, como a próprio política, como a decência das religiões, ou mesmo acerca de quem as propaga. Isso, para mim, nos é inútil, mas ao mesmo tempo o inicio de um labirinto no qual, no meio dele, podemos encontrar a realidade que tanto tentam nos esconder... Nós mesmos.


quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Manipuladores de Sonhos

 Desde que nos conhecemos como humanos,sonhamos, e queremos entender o porquê dessa função atribuidora de reflexões natural. No fundo sabemos, e por isso jamais devemos vulgarizá-la.


Ontem, simbolismos; hoje, apenas sonhos.





Ao sonhar, tenho a nítida impressão de que os deuses querem se comunicar comigo. Não sei para os leitores deste, mas não consigo imaginar outra coisa. Calma, uma coisa é sonhar, ser agraciado por elementos simbólicos dos quais, na maioria das vezes, não se consegue tirar nada, outra coisa é achar que somos os únicos. Não, não somos. “Somos o sonho dos deuses”, disse um dia um pensador.

Mas ao sonhar, penso em algo maior que os meios nos quais circundo, nas pessoas com quem falo diariamente; ao sonhar, olho profundamente minha alma, e tento questionar a respeito de seus desejos internos – se estão sendo mais matéria ou não – e sempre a primeira vence... Nada pior do que constatar que meus desejos ainda não se elevaram, não se tornaram mais divinos – no sentido montanha da questão --, ao mesmo tempo, agradeço aos deuses por me darem a grande oportunidade (humana) de pensar a respeito de mim mesmo, pois meu ideal depende disso...

Sonhos

Mas o que seria de nós sem o sonho? Talvez apenas peças ambulantes,  buscadores de realizações a partir de esperanças físicas, realizadas sem qualquer finalidade – seria horrível! – E mais, como poderíamos enxergar o futuro dentro de nosso presente, dentro do que fazemos, assim, sem mais nem menos? Seríamos máquinas, robôs, ciborgs frios, com a parte interessante voltada a outra menos ainda.

Temos que refletir sobre isso, sobre o sonho. Porque ele nos fala com outra voz, uma voz escondida que se revela  quando dormimos, ou seja, quando nossa alma descansa – ou pelo menos penso que descansa --, e nos traz à tona ventos fortes que nos acorda para uma outra realidade, a de que temos um Mundo Inconsciente e dele devemos cuidar.

Tal realidade, no entanto, fica distante à medida que não temos uma organização física presa aos nossos olhos diariamente, ou pelo menos, quando queremos. Mas o sonho é assim mesmo, é como se fosse um país do qual fazemos parte, e que somos perfeitos organizadores dele, e que podemos traçar metas, andar, voar, ser um deus, sermos nós mesmos!

Mas o sonho, em si, para  muitos, é um espelho torto, por isso não se deve levar a sério, e que fazem questão de esquecer porque não vai influenciar em nada nossas vidas – ou a vida daquele descrente...

Sonhos no passado

Se soubessem o quanto o sonho foi importante no passado, saberiam que cada elemento é vital para trabalharmos nossa vida física em função da espiritual. No entanto, graças a nossa falta de referência para interpretá-lo, não temos mais o comando para isso. Nem mesmo o faraó que sonhava, ou rei que o fazia, o tinha, mas acreditavam tanto no sonho, que tinham indivíduos capazes de interpretá-los (um sacerdote dos sonhos, talvez), e deles partiam premissas para o bem ou para o mal daquele reino.

Todos sabem a história da história bíblica de José do Egito, um cristão que fora expulso da família pelos irmãos e que caíra nas mãos dos egípcios. Depois de saberem o quanto José era craque em interpretar sonhos, iniciou-se um processo de confiança entre ele e o reino do homem-deus... O resto, já sabem.

Não apenas no Egito, mas em Roma, quando sacerdotisas que tomavam conta dos templos dos deuses sonhavam, era como se o mundo parasse. Todos do império, assim como uma coletiva, ouviam o que elas tinham para dizer. E assim por diante em outros impérios.

O sonho de cada dia

Hoje, em forma de relâmpagos, nossos sonhos se vão, não deixam margem ao que precisamos saber, e se o fossem diferentes, o que teríamos a dizer? Não sei. Apenas alguns elementos dos quais podemos retirar do passado que nos dão a livre iniciativa de (tentar) interpretá-los, e isso, a nosso limite, já está de bom grado.

Mas queremos mais, queremos entender o porquê do sonho, porque, sempre, quando estamos em meio a uma batalha, seja ela qual for, nos aparece elementos fortes nos quais subtraímos o que nosso caráter pensa que é, mas não é.  Por quê?... Esse país, no qual poderíamos ter nossas ferramentas para manipular, nos manipula, enjaula, e nos faz... Pensadores.

Pensadores já somos. Agora temos que caminhar, de uma forma que referenciemos algo maior que nossos desejos interesseiros, temos que edificar, assim como construções que se iniciaram do primeiro tijolo, nosso próprio edifício humano, a fim de dialogarmos com os deuses.


Quem sabe seja esso o motivo dos sonhos. Os deuses nos presentearam com esse intuito, de fazer com que o sonho seja a ponte entre Eles e nós.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

A distância entre Sede e o Copo D’água

O Desânimo nos toma como dragões que aparecem do nada, jogando seu fogo em nossos corpos, desfazendo nossas alegrias, nossos ideais. Matar esse dragão com as espadas que temos, levantar de nossos castelos, e seguir sempre, em nome de nossa estrela, nosso real caminho, o caminho da tradição.


Você consegue!



Quando se assiste a um desses filmes incríveis que nos faz refletir acerca de nossa existência, de nossas ideologias, de nossos objetivos, enfim, quando se senta, em um sofá, sem pretensões de aprender qualquer coisa advinda de uma programação pobre, em horários de entretenimento, sabe-se que a cabeça vaga entre o bem e o mal, como um capacete que descolou-se da cabeça do astronauta e se foi espaço a dentro...

E nesses dias, dias de eleições, dias em que muitos afirmam compromissos com horários eleitorais gratuitos, assistindo à decadência humana, impregnada de manipulações visuais, mudei de canal – graças à tv paga – e comecei a ver uma animação, dessas em que crianças nem param pra ver, só dormir.

E eu, um mero crianção, quase a dormir no sofá da sala, comecei a apreciar o desenho moderno, cheio de firulas animadas, mas que, no fundo, como não era de se esperar, trazia algo, mas um algo incrível, o qual me dizia lá no fundo de meu coração que eu precisava praticar meus ideais, nunca cessá-los, jamais abandoná-los.

Falava a incrível animação de uma inseto (uma formiga não sei) buscando um mundo utópico em sua visão, mas que acreditava nele piamente, e esse, cheio de frutos paradisíacos, de espaços nos quais nenhum ser humano poderia pisar, era a meta dele, desse pequeno ser, que, em hipótese alguma, pensava em desistir.

Muitos, no entanto, como na vida real, eram contra; diziam que a vida que ele pedia era uma mentira, que os sonhos dele eram muito caros, e realiza-los era uma utopia. Não nessas palavras, claro, mas a verdade é que me alertou para o que realmente acreditamos, para o que precisamos acreditar, e o que está dentro de nossas possibilidades...

Dentro das minhas, estava levantar, ficar de pé; dentro de minhas possibilidades estava lavar meu rosto, tomar um banho, ficar forte para auxiliar minha esposa, meu filho, enfim, coisas que, no fundo, não eram tão importantes em certos contextos, mas que, para a realização de meu pequeno objetivo, estava...

Na animação, vi que, apesar de ser uma animação, o autor quer deixar claro que não devemos deixar de sonhar, e jamais deixar que pessoas (no caso formigas, insetos...) nos coloquem ao contrário do que realmente acreditamos, e isso é básico e muito bom para iniciar uma conversa entre jovens, mas para  o filósofo significa algo maior. Significa olhar para o céu, encontrar uma estrela, tentar alcançar pelo menos sua luminosidade, e não desistir dela nunca.

Para o homem comum que necessita crescer, a realização material é mais que importante, é um degrau natural em sua vida, pois o sucesso profissional, familiar, religioso (não no sentido tradicional), social, enfim, todos eles funcionarão como degraus nos quais se deve subir, sem que haja qualquer aprendizado interno. Mas a natureza o faz aprender.

Ainda na referida animação, descobri que, no final, talvez o mais belo de todos o fins jamais vistos por mim, mostra a realização daquela formiga que tanto queria seu cantinho naquele lugar a que se referia desde o inicio.

Ela, que não saia de seu formigueiro, visava a um lugar maravilhoso, distante (e para ela, realmente era), belo e ao mesmo tempo concreto, como ela sempre pensou que fosse...Quando se descobre tal lugar, a bendita da câmara se distancia e nos revela que o local de onde ela se encontrava ao local que sonhava, não tinha, a nosso ver (não só a meu ver) qualquer distância. Eram praticamente colados!

Filosofia

Lembrou-me uma série de histórias nas quais se aprende que nossos ideais de realização, sejam eles quais forem, estão tão perto de nós, quanto o cálice do rei Arthur, que, na tentativa de encontra-lo, envia seus cavaleiros em nome de Deus, a sacrificarem-se a todo custo até encontrarem a taça.

Sabemos que o Cálice arturiano significa algo grande, imenso, de um teor espiritual maior do que possamos expor, mas sabemos que a simbologia nos remete a consecução de nossos valores, a partir de nossas práticas internas.

Tais valores estão por perto, assim como aquele mundo dos sonhos da formiga que sabia que não era apenas uma visão, mas muito mais. Sabia que podia continuar, apesar do tudo, das duras penas, das falações, das provas em contrário, das pessoas que sempre se revelam contra nós, enfim, sabemos que o nosso mundo perfeito está em algum lugar – assim como a felicidade está – e podemos ir ao encontro dele, ou mesmo da estrela, ou do nosso cálice, como se fôssemos crianças teimosas por um brinquedo.

O que podemos e temos que fazer é levantar-nos, sair de nossos sofás, entender que há objetivos nos esperando, e realizando-os, passo a passo, podemos entender que são realizáveis, pois estão aqui perto de nós. Podemos mais; sabe aquele mistério, aquele que burlou em nós desde o inicio, que nos fez assistir até o fim a animação?.. Pois é, ele vai nos dizer que tudo porque passamos nada mais era que o inicio de uma grande viagem em busca dos nosso sonhos.




sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Um Minuto para a Alma

Sem filosofias, ideologias, sem rumo... É o que nos mostra a real sociedade moderna que se consome em músicas sem sentido, ritmos paranoicos, letras dúbias, e muito sucesso... Quanto à arte, distorcida, desconfigurada, fria e sem artistas referenciados no Belo, desejada pelo mais intelectual dos especialistas, em busca de relatar as dores do mundo, não a leveza do céu.



"Saia da frente de meu sol!"


Chopin
https://www.youtube.com/watch?v=V60USaluxGA

Mozart
https://www.youtube.com/watch?v=Rb0UmrCXxVA&list=RDRb0UmrCXxVA#t=0


Bach
https://www.youtube.com/watch?v=6JQm5aSjX6g&index=4&list=RDRb0UmrCXxVA




Um minuto somente, nem mais um. Ouvindo sinfonias de Bach, Mozart, Frederic Shopin, a Nona de Beethoven, e ao mesmo tempo perto de uma cascata, a jorrar um véu de noiva, tão branco quanto sonhos de criança. Nesse mesmo instante, um sol se pondo, imergindo por detrás de um oceano límpido, a fazer aquele barulho que somente os puros ouvem.

Pássaros revoando aos seus ninhos, crianças nadando nas primeiras espumas das ondas que se calham na areia alaranjada; um sonho. Nossos olhos, a lacrimejar, não sabem o porquê de tanto, mas jorram tantas águas quanto a que desagua em sua frente... E o sorriso, misturado, cansado, se abre como uma janela ao mundo, desacreditado, mas fisicamente capaz de ser belo quando o homem o procura.

Mais claro do que isso é dizer que temos uma alma, e não podemos maltratá-la, simplesmente porque possuímos desejos voltados ao sol, ao belo, que não devemos abaixar nossas cabeças ao que realmente é eterno.

No entanto o que mais a corrói são as lhanuras desbotadas a que tanto nos referenciamos para viver uma vida... Simpática. Isso, mais uma vez, está a destruir qualquer propósito humano em seguir em nome de algo que acreditamos ser realmente bom para nossos semelhantes, ou mesmo para nós.

Mesmo porque temos um patrimônio divino, que apanha das virulências do dia a dia em forma de músicas, imagens, atos, sentimentos... E esse patrimônio, hoje, e mais do que nunca, jamais sofreu tanto...

Se soubéssemos a importância de um bom momento, sentávamos em uma cadeira de balanço, respirávamos um ar limpo, sorriamos ao nada, e encantados com a revoada dos pardais, louvaríamos o céu que nos protege; se soubéssemos o quanto a alma pede que nos sintonizamos com seus princípios, seriamos mais educados e dedicados à música (de musas) na qual podemos encontrar um pouco da paz a que tanto buscamos;

Paz também buscada em poesias, em literaturas de heróis; em clássicos nos quais nos elevamos e nos sentimos bem, de verdade; não em culturas de autoajuda, nais quais a pobreza de ideias há e palavras são ditas com intuitos agradáveis, mas não com a profundidade de um Marco Aurélio, de um Platão, de um Cristo, enfim, a alma precisa se encontrar, e se acostumar com o que era antes dessa violência que avança fronteiras físicas e emocionais.

Se soubéssemos a importância de cantar ou assobiar uma música que vem do fundo de nossos corações, sentir-nos-íamos mais alegres, trabalharíamos mais felizes, pois a alma, esse pequeno manancial que nos acompanha desde sempre, precisa de portas para voar.

Pois o que fazemos nada mais é que prendê-la, sufocando-a em nossos interesses, em nossas hipocrisias que há tanto se instalou em nós. Hoje, ser verdadeiro é para poucos; e ser verdadeiro não é assumir um papel de monstro ante a uma sociedade na qual brotam em esquinas pequenos filhos esquecidos de outros monstros – nós mesmos. Não é inventar do nada experiências que não se levam a nem mesmo quando se vai para o desconhecido -- o contrário talvez. Quando há ideias que sobrevivem anos a fio em nome de uma humanidade que sofre pelos dezelos humanos, realmente aquele pensamento veio da alma, não de uma mente competitiva...

Ser verdadeiro é saber que existe em nós, no mais profundo de nosso ser, algo que respeita as leis superiores, e delas se pode viver a partir do momento em que abdicamos do nosso mal interior, ou pelo menos o canalizamos em forma de energia idealística na tentativa de entender o que realmente precisamos em termos sociais, religiosos, políticos, porém, é mais que isso que necessita a alma. Necessita de se encontrar, e de viver fora das prisões que a colocamos diariamente...

Aprisionar a alma é manter restrições ao que ela tem de direito e que conquistou há séculos – na realidade, mais que isso; a alma é desde sempre um legado divino sem o qual não nos apaixonaríamos, não teríamos fome, instintos, desejos, mas não adianta ter uma espada se com ela cortamos tomates para fazer salada, ou melhor, uma espada que nasceu para defender-se do mal, hoje o está enraizando debaixo da terra, e dando frutos.

Estamos retirando o direito de a alma ser alma, quando não estamos dispostos a parar, em meio a um trânsito louco, e observar um sol maravilhoso. Estamos matando nossas raízes mais humanas quando deixamos de satisfazer uma criança e vê-la triste, simplesmente porque acreditamos que o trabalho é o que nos faz melhor todos os dias. Nada melhor do que ouvir os clássicos (links acima), sentir cada gota se suas harmonias, quando falam conosco. A verdadeira música vem de cima, ou pelo menos tem raiz celeste, pois quando nos rebelamos contra o mundo, desativamos todas nossas armas e encontramos as soluções para um mundo melhor as ouvindo. E isso é concreto.



Vamos nos sentar, conversar algo que podemos partilhar um com o outro, sem rasuras, vinganças, indiretas, problemáticas existenciais; vamos rever nossos conceitos de humanidade, amor, beleza, justiça, e dialogar sobre estes sem... Violência.

Levar em consideração o que o próximo pensa como religioso, olhar em seus olhos e dizer que o que move o homem é a própria alma, seus ideais que um dia, num passado clássico, tentaram nos mostrar e conseguiram a duras penas.





Ave!

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

O Homem, o Leão e o Pôr do Sol

"Nosso trabalho é a nossa maior oração" (JAL)



Quando em nossos olhos a vida vem com toda sua fúria, a mente não rejeita. Levantamos, mesmo com todos nossos demônios desejando o inverso, com todos nossos ossos a doer pelos trabalhos passados, mesmo e apesar de lembranças que não nos deram paz de espirito... Seguimos em luta.

Oramos ao sol nosso dia cada dia, meio tímidos, mas o leão manso acorda, sorri, destrói os lírios do mal, as plantações de uma madrugada mal sonhada – pesadelos sem fim; acordamos, enfim. Sentimos o hibrido de uma consciência de seguir e ficar ante a terra presos à matéria, ao átomo incansável que nos impressiona, e esquecemos o espírito – tão incansável quanto à lua, que paira milhões de anos sobre nossos ombros.

E o sol, esfera que nasce em nós, como uma tocha incansável que não se apaga, penetra em nosso âmago de forma tão afincada que nos faz vestir o belo, o bom e o justo, nos fazendo mais sábios um dia atrás do outro. E a ele, sempre que posso, faço minha reverência...

Sol nosso de cada dia, te peço, abençoe meu dia, proteja meu rebanho, alimente-os, faça-os justos e fortes como tu, e os faça perseguir cada raio de sua miríade, e andar em seu caminho de paz e Justiça. Sol meu, ilumine minhas folhas, ainda que meus espinhos sejam mais fortes que o número de pétalas em mim, dê-me forças para ser e não ter, assim o que há em mim de mal, harmonizar-se-á com a outra parte que em mim está. Pai Esférico, não deixai a covardia me deter, pois ela, meu reflexo do Bem, me distancia das pessoas, da vida, e me faz temer a morte.

E continuamos a perseguir a vida, observando as serras, tão curvas como a própria vida do homem, que rejeita as leis e depois se volta pelo medo, pela ignorância; tão esquivas, e belas, com o segredo de uma mulher que resguarda seus mistérios; tão verdes e alaranjadas, como espetáculos jamais vistos por olhos que um dia viram o mal se fazer pelas mãos do humano...

Contudo, prosseguir é a nossa tônica, pisar em cacos de vidro, deixar sangrar, olhar o ferimento, curar-se, prosseguir, é a nossa natureza; chorar, sentar-se, esperar a dor tomar a alma, impressionar-se pelos glóbulos que caem ao chão é do ser humano, no entanto, devemos andar, como um monge, sempre que podemos, como oradores sem fim...

Não baixar a cabeça, não servir de bezerros aos senhores das leis vulneráveis, e sim questioná-los, aborrecê-los, torná-los intrigados pelo nosso desejo de viver. Deixar que nos ignore, deixar que suas opiniões baseadas em premissas intelectuais faça o desejo dos menos favorecidos no saber, e ser o que os deuses nos pedem a cada instante: profissionais do céu.

Esse céu, tão perto, florescente, que incandesce nosso corpo, nos eleva ao pico de nossos desejos mais internos, está preso à nossa consciência maior, espera-nos como um senhor milenar, em uma cadeira de balanço, a nos dar conselhos de como envelhecer bem, ao mesmo tempo, sendo jovem em nossas possibilidades, doando o que em nós persiste em ficar preso: nossos corações.

Amor

Quando o amor nos vem, ficamos presos a ele; um sentimento tão maravilhoso, que nos faz repensar a vida, nossos atos frente a ela; faz-nos refletir o que somos perante o próximo, ao mundo, e quando temos em nós, diante de nós, uma situação em que possamos demonstrá-lo, agimos em conformidade com o que somos, seres magníficos, filhos de uma natureza que age voluntariamente, sem pedir, tomar, desejar, apenas por ação, sem  reações, as quais, infindáveis seriam se nossos atos tivessem o desejo material.


Vamos caminhar, encontrar em nossas esferas naturais, em nossos caminhos diários, o que deixaram para nós, todos os dias, sementes das quais possam nascer mais humanos, com pretensões de justiça, amor, liberdade, paz e vida...



Lua, nessa noite tão bela quanto vós, adormeça nossos sentidos mais virulentos, acorde os nossos mais humanos. Dê-nos vossa luminosidade, e que dela possamos refletir acerca desse mistério que nos faz acordar, viver e dormir, todos os dias.



Amém.




A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....