sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Um Minuto para a Alma

Sem filosofias, ideologias, sem rumo... É o que nos mostra a real sociedade moderna que se consome em músicas sem sentido, ritmos paranoicos, letras dúbias, e muito sucesso... Quanto à arte, distorcida, desconfigurada, fria e sem artistas referenciados no Belo, desejada pelo mais intelectual dos especialistas, em busca de relatar as dores do mundo, não a leveza do céu.



"Saia da frente de meu sol!"


Chopin
https://www.youtube.com/watch?v=V60USaluxGA

Mozart
https://www.youtube.com/watch?v=Rb0UmrCXxVA&list=RDRb0UmrCXxVA#t=0


Bach
https://www.youtube.com/watch?v=6JQm5aSjX6g&index=4&list=RDRb0UmrCXxVA




Um minuto somente, nem mais um. Ouvindo sinfonias de Bach, Mozart, Frederic Shopin, a Nona de Beethoven, e ao mesmo tempo perto de uma cascata, a jorrar um véu de noiva, tão branco quanto sonhos de criança. Nesse mesmo instante, um sol se pondo, imergindo por detrás de um oceano límpido, a fazer aquele barulho que somente os puros ouvem.

Pássaros revoando aos seus ninhos, crianças nadando nas primeiras espumas das ondas que se calham na areia alaranjada; um sonho. Nossos olhos, a lacrimejar, não sabem o porquê de tanto, mas jorram tantas águas quanto a que desagua em sua frente... E o sorriso, misturado, cansado, se abre como uma janela ao mundo, desacreditado, mas fisicamente capaz de ser belo quando o homem o procura.

Mais claro do que isso é dizer que temos uma alma, e não podemos maltratá-la, simplesmente porque possuímos desejos voltados ao sol, ao belo, que não devemos abaixar nossas cabeças ao que realmente é eterno.

No entanto o que mais a corrói são as lhanuras desbotadas a que tanto nos referenciamos para viver uma vida... Simpática. Isso, mais uma vez, está a destruir qualquer propósito humano em seguir em nome de algo que acreditamos ser realmente bom para nossos semelhantes, ou mesmo para nós.

Mesmo porque temos um patrimônio divino, que apanha das virulências do dia a dia em forma de músicas, imagens, atos, sentimentos... E esse patrimônio, hoje, e mais do que nunca, jamais sofreu tanto...

Se soubéssemos a importância de um bom momento, sentávamos em uma cadeira de balanço, respirávamos um ar limpo, sorriamos ao nada, e encantados com a revoada dos pardais, louvaríamos o céu que nos protege; se soubéssemos o quanto a alma pede que nos sintonizamos com seus princípios, seriamos mais educados e dedicados à música (de musas) na qual podemos encontrar um pouco da paz a que tanto buscamos;

Paz também buscada em poesias, em literaturas de heróis; em clássicos nos quais nos elevamos e nos sentimos bem, de verdade; não em culturas de autoajuda, nais quais a pobreza de ideias há e palavras são ditas com intuitos agradáveis, mas não com a profundidade de um Marco Aurélio, de um Platão, de um Cristo, enfim, a alma precisa se encontrar, e se acostumar com o que era antes dessa violência que avança fronteiras físicas e emocionais.

Se soubéssemos a importância de cantar ou assobiar uma música que vem do fundo de nossos corações, sentir-nos-íamos mais alegres, trabalharíamos mais felizes, pois a alma, esse pequeno manancial que nos acompanha desde sempre, precisa de portas para voar.

Pois o que fazemos nada mais é que prendê-la, sufocando-a em nossos interesses, em nossas hipocrisias que há tanto se instalou em nós. Hoje, ser verdadeiro é para poucos; e ser verdadeiro não é assumir um papel de monstro ante a uma sociedade na qual brotam em esquinas pequenos filhos esquecidos de outros monstros – nós mesmos. Não é inventar do nada experiências que não se levam a nem mesmo quando se vai para o desconhecido -- o contrário talvez. Quando há ideias que sobrevivem anos a fio em nome de uma humanidade que sofre pelos dezelos humanos, realmente aquele pensamento veio da alma, não de uma mente competitiva...

Ser verdadeiro é saber que existe em nós, no mais profundo de nosso ser, algo que respeita as leis superiores, e delas se pode viver a partir do momento em que abdicamos do nosso mal interior, ou pelo menos o canalizamos em forma de energia idealística na tentativa de entender o que realmente precisamos em termos sociais, religiosos, políticos, porém, é mais que isso que necessita a alma. Necessita de se encontrar, e de viver fora das prisões que a colocamos diariamente...

Aprisionar a alma é manter restrições ao que ela tem de direito e que conquistou há séculos – na realidade, mais que isso; a alma é desde sempre um legado divino sem o qual não nos apaixonaríamos, não teríamos fome, instintos, desejos, mas não adianta ter uma espada se com ela cortamos tomates para fazer salada, ou melhor, uma espada que nasceu para defender-se do mal, hoje o está enraizando debaixo da terra, e dando frutos.

Estamos retirando o direito de a alma ser alma, quando não estamos dispostos a parar, em meio a um trânsito louco, e observar um sol maravilhoso. Estamos matando nossas raízes mais humanas quando deixamos de satisfazer uma criança e vê-la triste, simplesmente porque acreditamos que o trabalho é o que nos faz melhor todos os dias. Nada melhor do que ouvir os clássicos (links acima), sentir cada gota se suas harmonias, quando falam conosco. A verdadeira música vem de cima, ou pelo menos tem raiz celeste, pois quando nos rebelamos contra o mundo, desativamos todas nossas armas e encontramos as soluções para um mundo melhor as ouvindo. E isso é concreto.



Vamos nos sentar, conversar algo que podemos partilhar um com o outro, sem rasuras, vinganças, indiretas, problemáticas existenciais; vamos rever nossos conceitos de humanidade, amor, beleza, justiça, e dialogar sobre estes sem... Violência.

Levar em consideração o que o próximo pensa como religioso, olhar em seus olhos e dizer que o que move o homem é a própria alma, seus ideais que um dia, num passado clássico, tentaram nos mostrar e conseguiram a duras penas.





Ave!

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