Como entender o coração das pessoas sem que seja pelo racional exacerbado de informações inúteis, com as quais nos distanciamos de sentimentos, como a paixão?
Há duas partes em nós que filtram o
mundo. A mente e o coração. Este último, ponte da alma, percebe quando as
cinzas de um fogo estão frias ou quentes, não as cinzas do homem, mas as da própria
vida. A mente, solitária, tenta se exaltar
mais, ser mais bela, forte, firme, como um farol, em meio a um mar de fúrias
que a circunda... Porém, pede ao coração que não seja tanto vulnerável,
volúvel, poético...
Não adianta, as dores existem,
ele, o coração irá sentir, e temer o mundo; vai correr para debaixo dos cobertores, e pedir aos deuses para crescer tanto quanto a sua parte o racional, que
ainda não se revelou. O coração não é medroso, apenas misterioso, e ama enfrentar
o mistério como o sol enfrenta as nuvens; de outro lado, a mente, sujeita a
poeiras, revela-se adulta e sem conhecer o adversário, abre matas até encontrá-lo.
Assim o somos. Peça de duas
partes que se harmonizam, se integram para a realização de objetivos, ideais,
sonhos, dentro dos quais, a esperança, a liberdade, o fruto de nossa fé,
estejam tão claros quanto o chão em que pisamos. Sem eles, seríamos carnes e ossos ambulantes,
zumbis, a devorar uns aos outros – e disso temo muito.
Mas, graças aos deuses, não iniciamos esse processo canibalístico, em que pessoas se olham, se matam, se comem, mas, na falta do coração, isso, temos a certeza, pode vir com o tempo. Simplesmente porque o racionalismo ao extremo, como colunas próprias de um castelo de areia, pode vir a desabar em poucos anos, e assim, o coração, servo das emoções, das paixões, do amor, deixar-nos-á para sempre...
Mas, graças aos deuses, não iniciamos esse processo canibalístico, em que pessoas se olham, se matam, se comem, mas, na falta do coração, isso, temos a certeza, pode vir com o tempo. Simplesmente porque o racionalismo ao extremo, como colunas próprias de um castelo de areia, pode vir a desabar em poucos anos, e assim, o coração, servo das emoções, das paixões, do amor, deixar-nos-á para sempre...
E quando observo exemplos de
profissionais que singularizam o ser humano voltado a suas tarefas diárias, sem
preocupar-se consigo mesmo, ou com sua família, apenas em compor um quadro de
funcionários excelentes, penso nas reflexões que os mestres do passado nos ensinaram. Penso no
Conhecer a Si Mesmo, e o que levou a Platão a isso mencionar.
Não fora por acaso, porque somos
peças, mas peças fundamentais para a compreensão de nossas existência, a partir
de nós mesmos. E dentro dessa premissa básica, salientar o amor em tudo,
principalmente em nós, o que realmente nos falta.
O que aconteceu é que, por
gerações, conceituamos sem praticar, amamos, sem amar, pensamos, sem refletir,
viramos humanos, sem ser, e tentamos buscar um lado da vida que poderia
harmonizar com o outro, o do coração.
Contudo, dentro do que temos como
política, religião, sistemas, nada se compara ao que um dia nos foi proposto
pelo grandes homens, os quais são citados apenas como matéria de faculdade, e
mesmo assim tão rapidamente, que chegam a dizer que a filosofia nunca
prestou...
Na verdade, se temos uma ponte
real entre nós e o conhecimento, entre nós e as divindades, entre nós e nossos
sonhos, essa ponte se chama Filosofia, simplesmente porque ela não pede nada, e
mesmo assim nos faz ver o que há entre o céu e o inferno humano, e nos faz levar
para a vida o que realmente é valido...
De volta ao Coração..
Para se compreender a busca pelo conhecimento, no
entanto, é preciso coração, mente, os dois a trabalharem juntos em nome de
Deus, ou seja, não precisamos de uma mente vaidosa que quer obter o poder já
pelo fato de entender (ou ler) um Platão, um Aristóteles, ainda que tais
filósofos nos ensinam o contrário. Mas a mente, destruidora, quer saber, quer
ir atrás de informações, de tudo, apenas para a realização de seu ego... E
sectarizar o mundo.
O coração, em lágrimas, assiste a
tudo isso, e pede aos deuses para não se corromper com facilidade aos desejos
de falsas crenças, falsas politicas, mas, mesmo assim, o faz, porque é coração,
porque é também objeto de manipulação de terceiros, quartos, de todos... A
alma, assim, se torna papel ao vento.
Mas o coração, quando preso aos
reais valores, pede a mente que seja passiva, calma, humilde, e quando o
escuta, homens se comunicam, se integram, se harmonizam em qualquer esfera. E assim,
como dois cavaleiros em nome de Deus, cavalgam sem cessar pelo mundo.
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