"Nosso trabalho é a nossa maior oração" (JAL) |
Quando em nossos olhos a vida vem
com toda sua fúria, a mente não rejeita. Levantamos, mesmo com todos nossos
demônios desejando o inverso, com todos nossos ossos a doer pelos trabalhos
passados, mesmo e apesar de lembranças que não nos deram paz de espirito... Seguimos em luta.
Oramos ao sol nosso dia cada dia,
meio tímidos, mas o leão manso acorda, sorri, destrói os lírios do mal, as
plantações de uma madrugada mal sonhada – pesadelos sem fim; acordamos, enfim. Sentimos
o hibrido de uma consciência de seguir e ficar ante a terra presos à matéria, ao
átomo incansável que nos impressiona, e esquecemos o espírito – tão incansável quanto
à lua, que paira milhões de anos sobre nossos ombros.
E o sol, esfera que nasce em nós,
como uma tocha incansável que não se apaga, penetra em nosso âmago de forma tão
afincada que nos faz vestir o belo, o bom e o justo, nos fazendo mais sábios um
dia atrás do outro. E a ele, sempre que posso, faço minha reverência...
Sol nosso de cada dia, te peço,
abençoe meu dia, proteja meu rebanho, alimente-os, faça-os justos e fortes como
tu, e os faça perseguir cada raio de sua miríade, e andar em seu caminho de paz
e Justiça. Sol meu, ilumine minhas folhas, ainda que meus espinhos sejam mais
fortes que o número de pétalas em mim, dê-me forças para ser e não ter, assim o
que há em mim de mal, harmonizar-se-á com a outra parte que em mim está. Pai Esférico,
não deixai a covardia me deter, pois ela, meu reflexo do Bem, me distancia das
pessoas, da vida, e me faz temer a morte.
E continuamos a perseguir a vida,
observando as serras, tão curvas como a própria vida do homem, que rejeita as
leis e depois se volta pelo medo, pela ignorância; tão esquivas, e belas, com o
segredo de uma mulher que resguarda seus mistérios; tão verdes e alaranjadas,
como espetáculos jamais vistos por olhos que um dia viram o mal se fazer pelas
mãos do humano...
Contudo, prosseguir é a nossa
tônica, pisar em cacos de vidro, deixar sangrar, olhar o ferimento, curar-se,
prosseguir, é a nossa natureza; chorar, sentar-se, esperar a dor tomar a alma,
impressionar-se pelos glóbulos que caem ao chão é do ser humano, no entanto,
devemos andar, como um monge, sempre que podemos, como oradores sem fim...
Não baixar a cabeça, não servir
de bezerros aos senhores das leis vulneráveis, e sim questioná-los,
aborrecê-los, torná-los intrigados pelo nosso desejo de viver. Deixar que nos
ignore, deixar que suas opiniões baseadas em premissas intelectuais faça o
desejo dos menos favorecidos no saber, e ser o que os deuses nos pedem a cada
instante: profissionais do céu.
Esse céu, tão perto, florescente,
que incandesce nosso corpo, nos eleva ao pico de nossos desejos mais internos,
está preso à nossa consciência maior, espera-nos como um senhor milenar, em uma
cadeira de balanço, a nos dar conselhos de como envelhecer bem, ao mesmo tempo,
sendo jovem em nossas possibilidades, doando o que em nós persiste em ficar
preso: nossos corações.
Amor
Quando o amor nos vem, ficamos
presos a ele; um sentimento tão maravilhoso, que nos faz repensar a vida,
nossos atos frente a ela; faz-nos refletir o que somos perante o próximo, ao
mundo, e quando temos em nós, diante de nós, uma situação em que possamos
demonstrá-lo, agimos em conformidade com o que somos, seres magníficos, filhos
de uma natureza que age voluntariamente, sem pedir, tomar, desejar, apenas por
ação, sem reações, as quais, infindáveis
seriam se nossos atos tivessem o desejo material.
Vamos caminhar, encontrar em
nossas esferas naturais, em nossos caminhos diários, o que deixaram para nós, todos os dias, sementes das quais possam nascer mais humanos, com pretensões de
justiça, amor, liberdade, paz e vida...
Lua, nessa noite tão bela quanto vós, adormeça nossos sentidos mais virulentos, acorde os nossos mais humanos. Dê-nos vossa luminosidade, e que dela possamos refletir acerca desse mistério que nos faz acordar, viver e dormir, todos os dias.
Amém.
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