quinta-feira, 9 de outubro de 2014

O Homem, o Leão e o Pôr do Sol

"Nosso trabalho é a nossa maior oração" (JAL)



Quando em nossos olhos a vida vem com toda sua fúria, a mente não rejeita. Levantamos, mesmo com todos nossos demônios desejando o inverso, com todos nossos ossos a doer pelos trabalhos passados, mesmo e apesar de lembranças que não nos deram paz de espirito... Seguimos em luta.

Oramos ao sol nosso dia cada dia, meio tímidos, mas o leão manso acorda, sorri, destrói os lírios do mal, as plantações de uma madrugada mal sonhada – pesadelos sem fim; acordamos, enfim. Sentimos o hibrido de uma consciência de seguir e ficar ante a terra presos à matéria, ao átomo incansável que nos impressiona, e esquecemos o espírito – tão incansável quanto à lua, que paira milhões de anos sobre nossos ombros.

E o sol, esfera que nasce em nós, como uma tocha incansável que não se apaga, penetra em nosso âmago de forma tão afincada que nos faz vestir o belo, o bom e o justo, nos fazendo mais sábios um dia atrás do outro. E a ele, sempre que posso, faço minha reverência...

Sol nosso de cada dia, te peço, abençoe meu dia, proteja meu rebanho, alimente-os, faça-os justos e fortes como tu, e os faça perseguir cada raio de sua miríade, e andar em seu caminho de paz e Justiça. Sol meu, ilumine minhas folhas, ainda que meus espinhos sejam mais fortes que o número de pétalas em mim, dê-me forças para ser e não ter, assim o que há em mim de mal, harmonizar-se-á com a outra parte que em mim está. Pai Esférico, não deixai a covardia me deter, pois ela, meu reflexo do Bem, me distancia das pessoas, da vida, e me faz temer a morte.

E continuamos a perseguir a vida, observando as serras, tão curvas como a própria vida do homem, que rejeita as leis e depois se volta pelo medo, pela ignorância; tão esquivas, e belas, com o segredo de uma mulher que resguarda seus mistérios; tão verdes e alaranjadas, como espetáculos jamais vistos por olhos que um dia viram o mal se fazer pelas mãos do humano...

Contudo, prosseguir é a nossa tônica, pisar em cacos de vidro, deixar sangrar, olhar o ferimento, curar-se, prosseguir, é a nossa natureza; chorar, sentar-se, esperar a dor tomar a alma, impressionar-se pelos glóbulos que caem ao chão é do ser humano, no entanto, devemos andar, como um monge, sempre que podemos, como oradores sem fim...

Não baixar a cabeça, não servir de bezerros aos senhores das leis vulneráveis, e sim questioná-los, aborrecê-los, torná-los intrigados pelo nosso desejo de viver. Deixar que nos ignore, deixar que suas opiniões baseadas em premissas intelectuais faça o desejo dos menos favorecidos no saber, e ser o que os deuses nos pedem a cada instante: profissionais do céu.

Esse céu, tão perto, florescente, que incandesce nosso corpo, nos eleva ao pico de nossos desejos mais internos, está preso à nossa consciência maior, espera-nos como um senhor milenar, em uma cadeira de balanço, a nos dar conselhos de como envelhecer bem, ao mesmo tempo, sendo jovem em nossas possibilidades, doando o que em nós persiste em ficar preso: nossos corações.

Amor

Quando o amor nos vem, ficamos presos a ele; um sentimento tão maravilhoso, que nos faz repensar a vida, nossos atos frente a ela; faz-nos refletir o que somos perante o próximo, ao mundo, e quando temos em nós, diante de nós, uma situação em que possamos demonstrá-lo, agimos em conformidade com o que somos, seres magníficos, filhos de uma natureza que age voluntariamente, sem pedir, tomar, desejar, apenas por ação, sem  reações, as quais, infindáveis seriam se nossos atos tivessem o desejo material.


Vamos caminhar, encontrar em nossas esferas naturais, em nossos caminhos diários, o que deixaram para nós, todos os dias, sementes das quais possam nascer mais humanos, com pretensões de justiça, amor, liberdade, paz e vida...



Lua, nessa noite tão bela quanto vós, adormeça nossos sentidos mais virulentos, acorde os nossos mais humanos. Dê-nos vossa luminosidade, e que dela possamos refletir acerca desse mistério que nos faz acordar, viver e dormir, todos os dias.



Amém.




Nenhum comentário:

Postar um comentário

A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....