quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Solidão do Mundo



Deus,
Ouve-me.
Preciso de Você...
Dessa terra tão tenra,
Desse solo tão frio,
Volto minha consciência a Ti.
Onde está aquela
Que um dia foi minha donzela?
Para onde foi minha pátria amada,
Tão amada, que o amor não me cabia?
Não sabeis Vós?
Que Justiça em cinzas,
Em homens tão vis,
Que verdade que não passa
Em portas imensas,
Tão propensa a mentir,
Que revela a cor do homem,
Filho de outros,
Que nem belezas sabem distinguir!
Ouve-me, Deus!
Onde estou?
Que terra é essa,
Ao mesmo tempo bela,
Donzela e casta,
Ao passo me faz em pastos
Como equinos que não sou!
Fazei-me sábio,
Fazei-me teu cajado,
Teu servo alado,
Que possa a ti voar.
Sair desse mundo,
Sem esperanças e sujo,
Mas que dele tenho que cuidar.
Ouve-me, amigo da Solidão,
Para onde vou,
Se não tenho caminho,
Não tenho em teus braços
O meu ninho,
Só, e somente só,
O respirar agudo,
Profundo,
Findo,

Em dó.

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