Presa aos nossos atos como pele ao nossos ossos, a eternidade está além da compreensão humana, pois revela o que podemos com o pouco que temos.
"O Homem é eterno quando o seu trabalho permanece." |
Nessa vasta terra em que passamos
nossos dias, nossas histórias, não tem aquele que não acredite que, um dia, a
eternidade passou pelos nossos olhos. Ela existe. Com um gosto de doce de
goiaba com creme de leite (o melhor do mundo!), em nossos lábios de maneira que
nem o creme, nem o doce seriam desejosos – a eternidade é concreta aos olhos da
alma.
Prova disso foram nossos
ancestrais que nos deram os mitos, as lendas, os contos, as histórias de ninar.
Sem eles adormeceríamos em nossos túmulos como cadáveres famintos de esperança,
boquiabertos, esquecidos, se transformando em pó, antes, comida para vermes...
Mas os vermes sempre o serão, e nós,
sempre humanos, em busca de nos assemelharmos aos deuses, assim como cães admirando
seus donos, como felinos, pelos leões africanos. Temos a eternidade em nossos
corações, ao se harmonizar com a natureza da árvore, das folhas, do tronco, das
sementes, ainda que venha o sol, a chuva, a tempestade...
Temos a eternidade em nossos
passos, quando subimos uma montanha, caminhamos em direção a alguém para lhe
salvar a vida, quando buscamos a Deus nos templos naturais, sem medo. Temos
Deus. Ele é eterno.
Temo-Lo quando choramos por
alguém, ou quando batalhas vencemos em nome de nossas famílias, sociedade, e
quem sabe um dia pela humanidade. É um fogo aquecedor. Um fogo que nos
transforma em vencedores naturais, sem que salientemos alguém ou mesmo o nosso
nome pelo feito, mas nossas almas, essas
cuja grandeza persegue, se engrandecerá sempre que tais atos se realizem, e,
como diria um grande filósofo, se encontrará com outras mais além...
Em uma reunião, talvez, na qual a
referência maior tenha sido nossas orações, nas quais pedimos ao Todo e à sua
essência que nos protejam de nossos inimigos, que se resguardam como açúcar em
frutos maduros.
Marco Aurélio, o grande
general-filósofo, diria “viva o mais intensamente possível, contanto que seja
dentro da Lei”, estaria nos dando uma meta, um caminho, no qual a liberdade,
essa a que tanto almejamos em tempos vis, para que possamos trilhar com
humildade e fortaleza, como se fossem pássaros sem medo de voar, como tigres,
sem medo de ir à caça, como formigas, em busca de seu alimento, enfim, como
humanos em busca de sermos nós mesmos, em nossos atos, pensamentos, dentro de
nosso meio.
Outros, com certeza, diriam a
mesma coisa acerca de nossos atos, os quais são a tônica de uma vivência
humana, pois realizam pensamentos, concretizam sonhos, sintetizam o que o
coração é. E a alma, agradecida, sobe aos ares, sente o cheiro de Deus, volta
ao homem, que lacrimeja e diz... “Eu vi a face de Deus!”...
Na realidade, as faces da
divindade estão em nós, e, como tudo que é sagrado fica oculto aos olhos do
homem ignorante, tudo serve com meio para alcançar a Deus, e assim se vai, com
a pouca instrumentalidade que tem, servir seus desejos mais íntimos.
O guerreiro não guarda esse
sentimento. Ele realiza. Vai atrás. Desfaz reinos déspotas, encara os inimigos
com a frialdade que lhe é devida, contudo guarda o amor de sua amada na alma,
porque sabe que sem aquele amor, símbolo de sua alma, não pode seguir, não pode
se harmonizar, e acredita que, sem aquela lembrança, as divindades são apenas
ventos que correm soltos nas montanhas, são pássaros que voam a esmo, são
planetas que nascem ao acaso...
Então, ele vai... Combate até
mesmo a morte, e quando morre, seus atos são reverenciados pelos homens que
viram e sentiram que a sua derrota, na realidade, foi a maior vitória de todas,
pois, naquele instante, sua alma, tão engrandecia quanto vivo, sobrevoa seu
povo, sua família, e mais do que nunca sua raça...
E não morre aos olhos de alguns,
pois ninguém pode matar a alma, o espírito, o desejo de ser livre.
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