terça-feira, 21 de outubro de 2014

O Homem e a Eternidade

Presa aos nossos atos como pele ao nossos ossos, a eternidade está além da compreensão humana, pois revela o que podemos com o pouco que temos.



"O Homem é eterno quando o seu trabalho permanece."




Nessa vasta terra em que passamos nossos dias, nossas histórias, não tem aquele que não acredite que, um dia, a eternidade passou pelos nossos olhos. Ela existe. Com um gosto de doce de goiaba com creme de leite (o melhor do mundo!), em nossos lábios de maneira que nem o creme, nem o doce seriam desejosos – a eternidade é concreta aos olhos da alma.

Prova disso foram nossos ancestrais que nos deram os mitos, as lendas, os contos, as histórias de ninar. Sem eles adormeceríamos em nossos túmulos como cadáveres famintos de esperança, boquiabertos, esquecidos, se transformando em pó, antes, comida para vermes...

Mas os vermes sempre o serão, e nós, sempre humanos, em busca de nos assemelharmos aos deuses, assim como cães admirando seus donos, como felinos, pelos leões africanos. Temos a eternidade em nossos corações, ao se harmonizar com a natureza da árvore, das folhas, do tronco, das sementes, ainda que venha o sol, a chuva, a tempestade...

Temos a eternidade em nossos passos, quando subimos uma montanha, caminhamos em direção a alguém para lhe salvar a vida, quando buscamos a Deus nos templos naturais, sem medo. Temos Deus. Ele é eterno.

Temo-Lo quando choramos por alguém, ou quando batalhas vencemos em nome de nossas famílias, sociedade, e quem sabe um dia pela humanidade. É um fogo aquecedor. Um fogo que nos transforma em vencedores naturais, sem que salientemos alguém ou mesmo o nosso nome  pelo feito, mas nossas almas, essas cuja grandeza persegue, se engrandecerá sempre que tais atos se realizem, e, como diria um grande filósofo, se encontrará com outras mais além...

Em uma reunião, talvez, na qual a referência maior tenha sido nossas orações, nas quais pedimos ao Todo e à sua essência que nos protejam de nossos inimigos, que se resguardam como açúcar em frutos maduros.

Marco Aurélio, o grande general-filósofo, diria “viva o mais intensamente possível, contanto que seja dentro da Lei”, estaria nos dando uma meta, um caminho, no qual a liberdade, essa a que tanto almejamos em tempos vis, para que possamos trilhar com humildade e fortaleza, como se fossem pássaros sem medo de voar, como tigres, sem medo de ir à caça, como formigas, em busca de seu alimento, enfim, como humanos em busca de sermos nós mesmos, em nossos atos, pensamentos, dentro de nosso meio.

Outros, com certeza, diriam a mesma coisa acerca de nossos atos, os quais são a tônica de uma vivência humana, pois realizam pensamentos, concretizam sonhos, sintetizam o que o coração é. E a alma, agradecida, sobe aos ares, sente o cheiro de Deus, volta ao homem, que lacrimeja e diz... “Eu vi a face de Deus!”...

Na realidade, as faces da divindade estão em nós, e, como tudo que é sagrado fica oculto aos olhos do homem ignorante, tudo serve com meio para alcançar a Deus, e assim se vai, com a pouca instrumentalidade que tem, servir seus desejos mais íntimos.

O guerreiro não guarda esse sentimento. Ele realiza. Vai atrás. Desfaz reinos déspotas, encara os inimigos com a frialdade que lhe é devida, contudo guarda o amor de sua amada na alma, porque sabe que sem aquele amor, símbolo de sua alma, não pode seguir, não pode se harmonizar, e acredita que, sem aquela lembrança, as divindades são apenas ventos que correm soltos nas montanhas, são pássaros que voam a esmo, são planetas que nascem ao acaso...

Então, ele vai... Combate até mesmo a morte, e quando morre, seus atos são reverenciados pelos homens que viram e sentiram que a sua derrota, na realidade, foi a maior vitória de todas, pois, naquele instante, sua alma, tão engrandecia quanto vivo, sobrevoa seu povo, sua família, e mais do que nunca sua raça...


E não morre aos olhos de alguns, pois ninguém pode matar a alma, o espírito, o desejo de ser livre.

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