sexta-feira, 7 de junho de 2013

A Sombra e o Dragão

A sombra de nossos instintos.




Se nos lembrássemos de onde viemos e para onde vamos, teríamos mais respeito, talvez mais amor ao próximo, nessa terra de ninguém. Somos, no entanto, falhos ocidentais em procurar rever nossos conceitos acerca de origem e fim, revelando-nos frios e calculistas em meio a pessoas, esses seres que não são compostos apenas de carne e ossos, tais quais reis sem tronos.

E na consecução de nossos fins, tão infinitos e ao passo vagos, somos o que não somos, vegetais, levados a cantarolar em dias de tristeza e chorar em dias de alegria. Ainda sim, presos ao vício de tentar ser algo, no propomos em seguir regras naturais de um universo só nosso. A lei relativa que diz que somos os melhores do mundo, e que não há nada nem ninguém que nos faça volver a palavra...

E pisamos, e matamos, maltratamos, injuriamos qualquer que seja o ser humano, animal, religião, partido, mulher, homem, em nome de uma lei que criamos, e que ao mesmo tempo desfazemos sem saber, pois nos faz rever nossos conceitos, o que seria uma tremenda afronta a nossa pequena relativa lei.

E morremos ao pedir perdão; ao achar belo o sol, ou até bonito o que uma criança negra, gorda, feia, de uma família pobre, pedinte, faz em um papel, com suas canetinhas de cor, ao ponto de nos transformar em santos por isso... Somos monstros.

Revestidos de sorrisos felizes, nos quais a qualidade de cínico nos faz bem, e o peso da hipocrisia em nossa consciência, nem se fala. O mais importante, nessa lei, assim, é resolver nossos problemas, onde estivermos, juntos a quem amamos, e o que o resto – resto mesmo – se encontre no pior estado de lamuria. Pois eu estou bem...

É a sombra do preconceito se fazendo como pequenas células em nosso corpo, por meio de uma patologia ancestral, na qual morrem e vivem seres humanos-vegetais, tolhidos a selecionar apenas (e somente...) aqueles que lhes interessam para o seu círculo de amizades, irmandades, e o que resta em sua jaula, de um circo montado por eles mesmos.

Enquanto isso, morrem crianças esquecidas, jogadas de morros, em fossas, em lixos, sem direitos, apenas na obrigação de morrer, simplesmente por essas células enormes, cancerígenas, que matam mais que cem Hitleres no mundo, todos os dias.

Mal sabemos nós que nascem todos os dias idealistas, filósofos reais, cientistas reais, homens reais, aos quais se podem dar credibilidade, e mais, a nossa própria vida. A sombra desses homens, mais que tais sombras do mal, reivindicam a vida, e o amor a todos os seres, inclusive aos maus, senão a morte destes e banimento do próprio mal.

Tais homens de bem, agora, mais do que nunca, minoria em nossa visão, se encontram em espírito, no alto de nossas possibilidades, inatingíveis talvez, no entanto, em orações podemos sentir que tais pessoas podem existir em nossas almas, e permitir que andemos como vingadores armados de fé e de fogo, que jamais encontraremos nos hipócritas, amor à humanidade!

O que podemos retirar disso tudo é que o Bem, feito de elementos misteriosos, nos une, a nós e ao todo; e o próprio mal – como diria o grande faraó Sessostris III, “como lágrima de Deus” – ferramenta do homem para dissipar seus vícios, separar-nos-ia completamente de nossos ideais, o que é normal do prisma natural do universo, contudo, lutaria até o fim para saciar seus desejos em forma de dores, misérias, política humana, sistemas assassinos, terror...

Apesar de tudo, também teríamos nossa luta, nossas vozes, nossos filhos por quem lutar. Teríamos a base familiar nos dada pelos deuses como estrutura inviolável e eterna, na qual nem mesmo o mais cruel dos homens teria receio de burlar. E mais, nossos corações, tão frágeis pela impunidade presente, tornar-se-ia um dragão de sete cabeças tão maiores quanto à própria cobiça alheia.


Aqui a sombra do mal se desfaz, sem o sorriso largo de sempre.  Sem a beleza para enfeitiçar os mais ingênuos, e se revelando como animais híbridos da pior espécie, envenenando o mundo. E nós, sem claudicar em nossos atos, a destruiríamos com a espada da virtude, como todo cavalheiro de bem enterrando sua certeza no centro do grande mal.







Aos que nascem e morrem sem ideal.

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