Em cada ato, voltado ao mistério, Prometeu está; |
... Não podemos nos esquecer de Prometheu; suas centelhas efervescentes
em nossos corações nos transformam em vulcões em busca de uma
verdade latente; seja ela relativa ou absoluta – não importa – realçando o que
somos, dentro de um universo em que
precisamos saber principalmente de onde viemos e para onde vamos.
Sob as asas da dúvida, questionamentos nos vêm e nos revelam
poderes, portas, caminhos, mistérios. Contudo, nem tudo pode-se ter, como
portas a abrir, caminhos a trilhar, mistérios a desvendar, mas sabemos, no
entanto, que somos humanos, e já nos é o bastante para galgar o que um dia os
deuses nos deram para subir.
Alguns nascem com seus dons, outros, com menos, nascem com
parcas ferramentas, desatam seus nós, e em outras chances, revelam-se sábios em
seu tempo. E assim, se vão nossas remanescentes forças, que foram nos dadas em épocas
de Prometheu, o deus que roubara dos deuses a chama da vida, e fora castigado
por isso...
Claro que somos pequenos em compreender o que os maiores
sacerdotes nos deram de presente para decifrar esse mito, mas o certo é que esse
sopro de vida, tão frágil e precioso, é o maior tesouro que um deus pudera dar
ao seu humano.
Muitos, entretanto, respiram, andam, conseguem suas
profissões nobres, e se vão na velhice sem entender o porquê da vida. Tão difícil
se torna, assim, essa centelha de ser compreendida, tornando-se mais evidente a
natureza humana com relação ao que lhe foi dado.
Criança
Quando criança, questiona-se o porquê de tudo. Aqui um
pequeno diálogo entre mim e meu filho de quatro anos...
Ao pegar um desses carrinhos de metal da hot wells, cheio de parafusos pequenos, fechando partes, como a de
cima e a de baixo, rodas, volantes, poltronas, ele, filhão, com a idade de um
pequeno humano que se impressiona com o concreto, pergunta-me:
- pai, que isso? – apontando para debaixo carro.
- são parafusos,
- pra quê, pai?
- para segurar as duas partes, a de cima e a de baixo...
- por que, pai?
- por que podem sair, se não estiverem seguras.
- por quê?!
- porque que podem sair, e o carro se abrir, e perder as
peças.
- por quê?
E por ai vai...
Assim, para ressarcir suas reais e simples dúvidas, ele
questiona, sem medo, acerca de uma pequena peça, e ao passo que consegue
elementos para a primeira pergunta (respostas), não para e consegue, em pouco
tempo, descobrir mais mistérios de
seu pequeno universo.
Por quê?
Porque somos assim, seres que não cessam de procurar o que
nos incomoda, graças a nossas almas. E
como crianças nos revelamos, às vezes, com mais de quarenta, cinquenta, sessenta
e mesmo, bem velhinhos, em nosso último respirar, muitas coisas nos são
reveladas, e outras, como diriam os mestres, nos serão reveladas com o Tempo,
pois nossos questionamentos não foram todos respondidos...
Por essas e outras que os maiores sábios nos fizeram
histórias nas quais somos protagonistas. Ou mesmo contos nos quais há príncipes
e princesas, com papeis simbólicos, e dentro deles alma, coração e mente são
fontes que sintetizam o que somos.
Por quê?
Porque haverá um dia que vamos esquecer que somos humanos e
buscaremos apenas o que é de deleite apenas no mundo animal, vegetal e mineral.
Porque um dia perderemos a singularidade de ir atrás daquilo que nos é inerente,
através das orações, dos nossos caminhos, perdendo até mesmo o amor pela manhã
de sol, que nos espera tão bela, do outro lado da areia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário