segunda-feira, 3 de junho de 2013

A Dívida com Prometheu: o que ficou.






Em cada ato, voltado ao mistério, Prometeu está;





... Não podemos nos esquecer de Prometheu; suas centelhas efervescentes em nossos corações nos transformam em vulcões em busca de uma verdade latente; seja ela relativa ou absoluta – não importa – realçando o que somos, dentro de um universo  em que precisamos saber principalmente de onde viemos e para onde vamos.

Sob as asas da dúvida, questionamentos nos vêm e nos revelam poderes, portas, caminhos, mistérios. Contudo, nem tudo pode-se ter, como portas a abrir, caminhos a trilhar, mistérios a desvendar, mas sabemos, no entanto, que somos humanos, e já nos é o bastante para galgar o que um dia os deuses nos deram para subir.

Alguns nascem com seus dons, outros, com menos, nascem com parcas ferramentas, desatam seus nós, e em outras chances, revelam-se sábios em seu tempo. E assim, se vão nossas remanescentes forças, que foram nos dadas em épocas de Prometheu, o deus que roubara dos deuses a chama da vida, e fora castigado por isso...

Claro que somos pequenos em compreender o que os maiores sacerdotes nos deram de presente para decifrar esse mito, mas o certo é que esse sopro de vida, tão frágil e precioso, é o maior tesouro que um deus pudera dar ao seu humano.

Muitos, entretanto, respiram, andam, conseguem suas profissões nobres, e se vão na velhice sem entender o porquê da vida. Tão difícil se torna, assim, essa centelha de ser compreendida, tornando-se mais evidente a natureza humana com relação ao que lhe foi dado.

Criança

Quando criança, questiona-se o porquê de tudo. Aqui um pequeno diálogo entre mim e meu filho de quatro anos...

Ao pegar um desses carrinhos de metal da hot wells, cheio de parafusos pequenos, fechando partes, como a de cima e a de baixo, rodas, volantes, poltronas, ele, filhão, com a idade de um pequeno humano que se impressiona com o concreto, pergunta-me:

- pai, que isso? – apontando para debaixo carro.

- são parafusos,

- pra quê, pai?

- para segurar as duas partes, a de cima e a de baixo...

- por que, pai?

- por que podem sair, se não estiverem seguras.

- por quê?!

- porque que podem sair, e o carro se abrir, e perder as peças.

- por quê?

E por ai vai...

Assim, para ressarcir suas reais e simples dúvidas, ele questiona, sem medo, acerca de uma pequena peça, e ao passo que consegue elementos para a primeira pergunta (respostas), não para e consegue, em pouco tempo, descobrir mais mistérios de seu pequeno universo.

Por quê?

Porque somos assim, seres que não cessam de procurar o que nos incomoda,  graças a nossas almas. E como crianças nos revelamos, às vezes, com mais de quarenta, cinquenta, sessenta e mesmo, bem velhinhos, em nosso último respirar, muitas coisas nos são reveladas, e outras, como diriam os mestres, nos serão reveladas com o Tempo, pois nossos questionamentos não foram todos respondidos...

Por essas e outras que os maiores sábios nos fizeram histórias nas quais somos protagonistas. Ou mesmo contos nos quais há príncipes e princesas, com papeis simbólicos, e dentro deles alma, coração e mente são fontes que sintetizam o que somos.

Por quê?

Porque haverá um dia que vamos esquecer que somos humanos e buscaremos apenas o que é de deleite apenas no mundo animal, vegetal e mineral. Porque um dia perderemos a singularidade de ir atrás daquilo que nos é inerente, através das orações, dos nossos caminhos, perdendo até mesmo o amor pela manhã de sol, que nos espera tão bela, do outro lado da areia.

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A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....