terça-feira, 4 de junho de 2013

Maya e a Falsa Realidade


"Nada existe, o que vemos são apenas ilusões erguidas"(1)





Os antigos hindus sabiam das coisas (e ainda sabem!). Com uma visão além-objeto, sabiam que a realidade nossa de cada dia tinha algo de errado. Não poderia ser esse devaneio todo no qual acreditamos ser... Real.  Claro que ainda somos meio que ignorantes quando nos referimos aos sábios antigos, e principalmente da Índia, na qual figura milhares de deuses e milhões de religiões atualmente; mas não vamos fazer alusão a atual Índia, e sim, em específico, àquela que nos trouxe Maya, a deusa da Ilusão.

Dela, dessa antiga Índia, como chamam alguns autores de Ariavarta, de onde possivelmente vem o termo “ariano”, de povo sábio, conhecedor, do qual a maioria dos deuses tinha realmente fundamento – não que perderam completamente o sentido, mas se observarmos bem, há vacas enormes em meio a esquinas nas quais a fome e a miséria tomam conta... E isso, com certeza, não é sinal de espiritualidade – a não ser que a relativizaram tanto, que nivelaram por baixo seu conceito...

Na Ariavarta, deuses e homens se entrelaçavam; faziam a terra harmonizar-se com o céu, de modo que todos eles, homens e mulheres, e deuses vivessem em paz (ou em guerra quando preciso, mas...) procurando estabelecer regras universais, não conformistas, em comportamentos em grupos, em sociedade...

Nesse meio, a maior das deusas era Maya (ou Shakti, primeiro nome de antes)– que ainda prenomina nos dias de hoje – a qual era objeto de adoração e possuía, como a Maât, egípcia, o poder de sincronização, era além de tudo os mistérios da Ilusão.

Nela, e a partir dela, o homem subjugava-se como mero ser que participava de um todo e ao passo igualava-se ao átomo invisível, o qual guardava, em sua essência, assim como nós, o mistérios do Real. Mas sabia que ele mesmo era uma ilusão, não sua essência.

As aparências nada mais eram que a presença de Maya aos olhos do homem. Aparências essas que confundem o homem o transformando em escravo até mesmo de seu próprio corpo, de sua personalidade, e, quando sua própria alma cai, também se vai enganada pela parte de Maya que mais obscurece os sentidos...

Aos olhos da Deusa, não há tempo ou espaço, tudo é Um. O ontem é agora, o futuro também. A idade do homem não existe, a do universo é de uma criança que acorda e obedece a sua mãe. Cometas são apenas pequenos riscos quase invisíveis riscando o minúsculo espaço, e este, como um ponto obscuro dentro de uma concha, cheia de pérolas negras, na qual se encontra estático, dentro de outros espaços, formando um cosmos, mais estático ainda.

Maya e ilusão são sinônimos, mas também nos confundem pela dualidade em representar o Absoluto, como realidade, e a parte objetiva como irreal. Aqui, nos transformamos em pequenos seres que não conseguem entender a parte completa de um mistério maior que a própria Maya.






Por isso, aqui fico.



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(1)... Na sexta série, quando me perguntaram como eu via o mundo...

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