" A Humildade exprime uma das raras certezas: a de que ninguém é superior a ninguém" - Paulo Freire, educador.
Paulo Freire: um dos homens mais humildes de nossa era. |
Antes do Cristianismo, antes do perdão, palavra que possivelmente
ganhara força desde então, havia guerras nas quais se aprendia a dar valor às
honrarias, ou aos homens de valor. Deles, se retiravam aprendizados tão fortes,
que até hoje prevalecem e nos enriquecem. Um deles é a humildade...
Para alguns, quase a maioria, humildade vem a ser sinônimo de
pobreza. Temos que ser um pouco... “pobres”! – não no sentido literal, mas
figurado; de modo a obedecer a regras, leis, disciplinas de terceiros, e, de
antemão, esquecendo-se da nossa. Isso é subserviência (ou sujeição servil à
vontade outrem. Dicmaxi Michaelis).
Humildade é seguir de acordo com a justiça, indo em busca de
seus direitos e respeitando o dos outros. É mais, é saber lidar seja
politicamente, seja religiosamente com a sua vocação, voltados sempre a um fim
comum a todos, além de sua obrigação. É ser e estar.
Ser cidadão, não só alimentando seus sonhos de justiça, mas
realizando-os dentro de suas possibilidades; é estar de acordo com as leis a
que se deve obedecer, sabendo que todas elas são realmente justas. É pensar
coletivo em atos. É provar na somatória de experiências que se pode vencer com a
simplicidade das nossas armas, inerentes ao ser humano – vontade, amor,
sabedoria, etc.
Humildade é ser o que somos. Não no sentido Cristão. Mas
saber lidar com valores que estão resguardados (e latentes) em nós. Mesmo
porque estamos geralmente em guerras, conflitos, diálogos bruscos, trazendo o
que há de pior e melhor.
Não podemos baixar a guarda, como diria Marco Aurélio. Ao
contrário do Cristão, que, interpretando de maneira errônea, diria “tome o outro
lado de minha face para bater”. Possivelmente máxima detentora de comportamentos
visíveis em vários seguidores, ou não, pois já virou inconsciente de uma massa
que não sabe ou não quer rever seus valores, conceitos, e reaprendê-los.
E hoje, beirando a subserviência, a humildade calha em
mostrar a parte mais fora do contexto humano que se pode perceber.
No Egito...
Quando entramos no Cairo, capital egípcia, e nos deparamos
com pirâmides que assombram o tempo, nos perguntamos o porquê de tudo aquilo. E
quando buscamos a tradição sentimos que a necessidade de mostrar a força
simbólica divina aos homens de hoje foi tão necessária quanto o pão de cada dia
em nossas mesas.
Nelas, a alegria, a dedicação, a força de um povo em mostrar
o quão forte somos quando idealizamos em realizar algo tão maior do que nós, ou
que o próprio tempo. Aqui não houve subserviência, mas humildade de um povo, de
uma majestade em transformar uma época em algo ao qual nos referenciaríamos para
sempre. E conseguiram.
Nós, no entanto, conseguimos dizer que havia escravos, pois
não conseguimos fazer nada sem que haja algo em troca, como dinheiro,
presentes, agrados... como se fôssemos cãezinhos na hora da comida. É assim que
funcionamos, sempre em torno de algo que alimente nossa personalidade animal, e
não compreendemos a vontade de alguém, seja em particular, ou levada a fazer
algo que transcenda a si próprio, sem que seja escravo.
Hoje, mais uma vez, quando nos deparamos com exemplos tais,
acreditamos que não existe, é mentira, então, o passado se desfaz, e iniciamos
uma nova descoberta... a de que estamos certos, já que as opiniões convergem com
nossos pensamentos.
Opiniões que dizem “todos egípcios eram maus”, outra, “os
judeus eram escravos”, mais uma, “as pirâmides foram feitas por escravos...”.
Isso, em nossa cultura é mais que normal. Tanto que fazem filmes hollywoodianos
baseados em opiniões! E assim caminha a humanidade, de opiniões cegas.
A subserviência, a pior de todas, já alimentada pela falsa
humildade, já não aparece no linguajar como antes, pois já colidiu com uma
humildade mentirosa e se transformou em mero instrumento invisível na pele de
muitos.
Minha grande mãe dizia... “Não se abaixe tanto, porque se
pode mostrar os fundos!”... Ela sabia que a humildade ao extremo era sinônimo de
escravidão. E não podíamos sê-lo, pois o que mais fazemos é reverenciar falsos
homens honrados até nos mostrar escravos de seus interesses – isso vai para os
grandes que querem impedir passeatas no mundo. E ela só reverencia a Deus.
Dessa forma, vamos fazer um pacto: tenhamos nossos objetivos
em mente, e que eles sejam tão fortes quanto nós, e que não deixemos de abrir
mão de nossos sonhos, e que se um dia formos escravos, sejamos deles – dos
sonhos – porque as pirâmides um dia também o foram.
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