segunda-feira, 17 de junho de 2013

Humildade e Subserviência

" A Humildade exprime uma das raras certezas: a de que ninguém é superior a ninguém" - Paulo Freire, educador.





Paulo Freire: um dos homens mais humildes de nossa era.





Antes do Cristianismo, antes do perdão, palavra que possivelmente ganhara força desde então, havia guerras nas quais se aprendia a dar valor às honrarias, ou aos homens de valor. Deles, se retiravam aprendizados tão fortes, que até hoje prevalecem e nos enriquecem. Um deles é a humildade...

Para alguns, quase a maioria, humildade vem a ser sinônimo de pobreza. Temos que ser um pouco... “pobres”! – não no sentido literal, mas figurado; de modo a obedecer a regras, leis, disciplinas de terceiros, e, de antemão, esquecendo-se da nossa. Isso é subserviência (ou sujeição servil à vontade outrem. Dicmaxi Michaelis).

Humildade é seguir de acordo com a justiça, indo em busca de seus direitos e respeitando o dos outros. É mais, é saber lidar seja politicamente, seja religiosamente com a sua vocação, voltados sempre a um fim comum a todos, além de sua obrigação. É ser e estar.

Ser cidadão, não só alimentando seus sonhos de justiça, mas realizando-os dentro de suas possibilidades; é estar de acordo com as leis a que se deve obedecer, sabendo que todas elas são realmente justas. É pensar coletivo em atos. É provar na somatória de experiências que se pode vencer com a simplicidade das nossas armas, inerentes ao ser humano – vontade, amor, sabedoria, etc.

Humildade é ser o que somos. Não no sentido Cristão. Mas saber lidar com valores que estão resguardados (e latentes) em nós. Mesmo porque estamos geralmente em guerras, conflitos, diálogos bruscos, trazendo o que há de pior e melhor.

Não podemos baixar a guarda, como diria Marco Aurélio. Ao contrário do Cristão, que, interpretando de maneira errônea, diria “tome o outro lado de minha face para bater”. Possivelmente máxima detentora de comportamentos visíveis em vários seguidores, ou não, pois já virou inconsciente de uma massa que não sabe ou não quer rever seus valores, conceitos, e reaprendê-los.

E hoje, beirando a subserviência, a humildade calha em mostrar a parte mais fora do contexto humano que se pode perceber.

No Egito...

Quando entramos no Cairo, capital egípcia, e nos deparamos com pirâmides que assombram o tempo, nos perguntamos o porquê de tudo aquilo. E quando buscamos a tradição sentimos que a necessidade de mostrar a força simbólica divina aos homens de hoje foi tão necessária quanto o pão de cada dia em nossas mesas.

Nelas, a alegria, a dedicação, a força de um povo em mostrar o quão forte somos quando idealizamos em realizar algo tão maior do que nós, ou que o próprio tempo. Aqui não houve subserviência, mas humildade de um povo, de uma majestade em transformar uma época em algo ao qual nos referenciaríamos para sempre. E conseguiram.

Nós, no entanto, conseguimos dizer que havia escravos, pois não conseguimos fazer nada sem que haja algo em troca, como dinheiro, presentes, agrados... como se fôssemos cãezinhos na hora da comida. É assim que funcionamos, sempre em torno de algo que alimente nossa personalidade animal, e não compreendemos a vontade de alguém, seja em particular, ou levada a fazer algo que transcenda a si próprio, sem que seja escravo.

Hoje, mais uma vez, quando nos deparamos com exemplos tais, acreditamos que não existe, é mentira, então, o passado se desfaz, e iniciamos uma nova descoberta... a de que estamos certos, já que as opiniões convergem com nossos pensamentos.

Opiniões que dizem “todos egípcios eram maus”, outra, “os judeus eram escravos”, mais uma, “as pirâmides foram feitas por escravos...”. Isso, em nossa cultura é mais que normal. Tanto que fazem filmes hollywoodianos baseados em opiniões! E assim caminha a humanidade, de opiniões cegas.

A subserviência, a pior de todas, já alimentada pela falsa humildade, já não aparece no linguajar como antes, pois já colidiu com uma humildade mentirosa e se transformou em mero instrumento invisível na pele de muitos.

Minha grande mãe dizia... “Não se abaixe tanto, porque se pode mostrar os fundos!”... Ela sabia que a humildade ao extremo era sinônimo de escravidão. E não podíamos sê-lo, pois o que mais fazemos é reverenciar falsos homens honrados até nos mostrar escravos de seus interesses – isso vai para os grandes que querem impedir passeatas no mundo. E ela só reverencia a Deus.


Dessa forma, vamos fazer um pacto: tenhamos nossos objetivos em mente, e que eles sejam tão fortes quanto nós, e que não deixemos de abrir mão de nossos sonhos, e que se um dia formos escravos, sejamos deles – dos sonhos – porque as pirâmides um dia também o foram.

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