Há muito fazemos revoluções, e
delas retiramos o sumo para mudar todo um processo que nos indigna. Dar-se em
família, em sociedade, em um país, de modo a perscrutar chances de um mundo
melhor. E tudo isso com pessoas capazes,
ou não, manipuladas ou não, mas sempre com um teor positivo – ou melhor, com
uma esperança no bolso e outra na alma.
Tudo isso se faz a partir do
momento em que a base dos princípios – seja em nós, ou mesmo em algum
grupo -- esteja sendo violada. Mas o
pontapé, o início dela – da revolução – é, a depender do povo ou mesmo do
homem, vagarosa, lenta, ao ponto de acreditar que ainda não se faz uma
re-volução.
Por ser arrastada, ou pelo menos
suas consequências, às vezes, não acreditamos nela – ou seja, que os pontos pelos
quais se luta não serão atingidos, no bom sentido da palavra. Acreditar, assim
como grande homens acreditaram em modificações estruturais a longo prazo, não
passa pela cabeça dos revolucionários.
Pois, se sou subjugado injustamente durante anos, se meu país é um exemplo nato
de desordem e caos; se problemas básicos são vistos como montanhas e que
ninguém tem coragem de subir, fincar bandeira e resolvê-lo, então, quando se
vai às ruas, a natureza do pedido é simples: quero dar um basta.
Mas revolução é mudar
completamente – da água para o vinho – ou seja, do pior para o melhor... Por falar nisso, até um bom tempo atrás,
alguns franceses quando perguntados acerca da Grande Revolução Francesa, diziam
que “não fora grande coisa”... Estranho não?? – pois, quem leu, se informou,
entendeu, filosofou sobre o que ocorrera em tempo idos, quando da Queda da
Bastilha, sabe que a necessidade dos burgos de terem tomado o papel da elite
francesa à época foi clara. Por isso, se organizaram. Criaram vários lideres, depuseram
a rainha, e tomaram o poder.
Quer dizer, se pretendemos ser
revolucionários, há de convir que é preciso, a priori, uma organização, uma
militância – assim como em várias outras revoluções. Como na Americana, em cima
os ingleses, não como algumas que se dizem “revolução”, como o processo
ditatorial no Brasil, há mais de vinte anos. Aqui não houve revolução.
E sim, uma marcha ré dos
princípios básicos aos quais foram referenciados em interesses frios e
covardes, tendo como papel de parede a economia do país, que se engrandeceu.
Muitos, no entanto, simpatizantes do sistema, até hoje, reivindicam esse
retrocesso como forma de comandar (de governo), novamente, o Brasil,
simplesmente porque não estiveram na pele ou não tiveram parentes, amigos,
enfim, suplicando o que ele e seus filhos têm hoje: liberdade de expressão, e
de ir e vir – princípios também básicos de um país livre e democrático.
No entanto, a Democracia, como
sistema de governo, em alguns países, tem servido apenas como desculpa para
resolução de alguns problemas os quais não se consegue dar o nome. Quero dizer
que, hoje, quando se pega um deputado ou senador, até mesmo um presidente com
desrespeito ao cidadão, o prende, o leva a responder processos, e o livra da
tormenta do cárcere – sinônimo prisão para pobre --, a resposta é a Democracia.
Hoje, quando se têm problemas
graves de desvios de recursos, e que intuitivamente sabemos para onde vão;
quando obras imensas ficam paradas, ao léu, durante séculos em um país...
Quando partidos, ainda que com sinônimos de farsa, quadrilha, ladrões, fazem a
história e a cultura... Quando se colocam representantes de um povo sem que
estes tenham pelo menos o primário... Quando olhamos para a TV e uma das
maiores emissoras do mundo é falha em relatar a realidade, pois para ela seria
doloroso... Quando todos os desrespeitos nos batem a porta... Quando somos
governados pelos piores... Até quando isso será uma Democracia? – um grande
escritor-filósofo chamaria isso de Tirania.
Mas a revolução, como dito, não
se faz assim, como se fosse um assalto em um banco vinte quatro horas, em uma
manifestação. Precisa-se de organização. Precisa-se de um líder sensato, que
leve a sério os planos de mudança, e que tenha principalmente em sua vida
experiências natas de governo. Até mesmo nas pequenas revoluções, que, quando
se tem a intenção de mudar o comportamento de um vereador, governador,
presidente em relação ao que faz com seu estado, país... Necessita-se de um
planejamento.
Não se pode, ainda que se pareça
sensato, ir às ruas, agrupar-se, andar, e com palavras de ordem mudar um
sistema. Sem planejamento, organização, líder, partidário ou não, pode vir a
cair no esquecimento. É a pequena grande revolução, sem pernas e braços, pois
não sabe para onde ir e como ir, e, principalmente, definir seus parâmetros de
exigências.
A violência.
Quando se vê a violência a tomar
contar dos maiores movimentos, é tão natural quando colocar uma criança ao lado
de uma bandeja copos de vidro. Todos se quebrarão. Não há – é o que quero dizer
– manifestações sem a mínima vontade de externar o que se sente pelos
governantes, ao se deparar com injustiças claras, quando se pega um ônibus,
quando se vai a um hospital público – e privado --; quando se é assaltado,
quando se cresce a desordem política, unida a religiosa, cheia de opiniões
fétidas, em relação à educação.
Há de preparar para o pior.
Revolução Ideal
Mas a maior das revoluções, a
interna, aquela pela qual passamos todos os dias, nos remete somente a nos
depararmos conosco mesmos, e a nossas vaidades, egoísmos, desejos de ter, ser,
ao ponto de nos debatermos com várias outras, nas quais caímos e levantamos, em
nome de uma modificação não clara, mas que nos permite ser responsáveis pelos
nossos atos.
É a revolução humana. A de nos
elevarmos nas horas mais insensatas, mais cruéis, e permanecermos fortes, e ao passo ético.
E disso falaremos depois...
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