Um dia um grande amigo me disse, "se não nascemos, é porque não temos pecados a pagar; então é certo que nascemos e pagamos pelos nossos erros passados". Claro que esse amigo estava se referindo a transmigração das almas para o corpo, falava de um conhecimento que há milênios muitos filósofos da antiguidade, como Platão, Sócrates e até o próprio Aristóteles, nos deixaram nas entrelinhas de seus textos quase ilegíveis por se tratar de um assunto que não seria, nem mesmo naquela época, café com pão -- fácil de digerir.
Quando nascemos, como diria a filosofia Clássica, estamos dentro de uma Justiça concebida por Deus para que tenhamos consciência, no limiar do tempo, de que precisamos nos ajustar em pontos nos quais falhamos. Seja física, emocional, psicológica ou mesmo espiritualmente, precisamos evoluir, mesmo porque temos provas de que a Natureza evolui em sentidos semelhantes em tudo, e o homem, como parte dela, não seria diferente.
A questão fica mais complexa quando mudamos nossa opinião em relação a essa nossa natureza evolutiva, simplesmente porque chega ser difícil conceber humanamente, principalmente na prática. Ou seja, quem quer evoluir em pensamento?... Acham alguns que seria um tipo de ditadura advinda dos céus, de um ser sobrenatural, do qual leis e artigos estariam embutidos em algum tipo de tábua; interessante, mas não seria tão simples assim. A Ditadura não deve ser vista de forma antropomórfica, como hoje a vemos, imaginamos e em alguns países adotamos. Estamos nos referindo a leis incompreensíveis, dentro das quais estamos somente como físicos, biólogos, filósofos e etc, e só.
A evolução não é uma escolha. Ela passa por todos os seres humanos, ainda que leve milhões de anos, e, mesmo assim, temos que considerar que alguns ainda ficam para trás nesse quesito! Por isso que, de certa forma, aparece um ser em uma determinada época e nos irradia com suas palavras, com seu modo de ser, nos deixando mais que fortes, dentro do que somos -- humanos; nos deixa pequenos farelos de sua paz, a compreender o céu que tanto deixamos de ver, o nosso. Aqui dentro. Não é escolha dele, mas algo que se sobressaiu acima de nossas ignorâncias.
E quando percebemos que a grande Justiça se infiltra em nossa pele, pernas e braços; depois que passa para o lado interno de nossos corpos, como mente, coração e alma, iniciamos nossos questionamentos, do tipo... "Porque Eu?". A depender de quem pergunta e de quem as responde, temos respostas "pão com manteiga", como se não tivéssemos outra saída. E às vezes, confesso, fico com tais respostas... "Deus quis assim" ou "Ele faz isso para você se converter", ou a mais bela... "Ele precisa de você para salvar aquela pessoa"...
Nada contra os grandes homens simples, de respostas mais simples ainda, mas precisamos nos aprofundar no ser humano, no seu papel junto à Natureza, ao Cosmos, a Deus, mesmo porque nada é tão simples, e nada que nos foi deixado pelos grandes do passado tem o cunho literal. Se não não duraria uma década.
O que me dá medo, no entanto, é quando nos revestimos de nossas carapaças invioláveis, nas quais nada penetra, nem mesmo a justiça divina. Carapaças impenetráveis, que conseguimos ao nos vestir com um paletó, uma gravata, uma camisa de seda por baixo, e acreditamos que, naquele minuto, junto com nosso talento oral acima de alguns que em nós acredita, nada nos penetra.
Entretanto, para quem já ouviu um mestre ou mesmo alguém ao seu lado que tenha um pouco de conhecimento, sabe que o nosso maior erro é nos esconder atrás do que não somos -- carros, casas, roupas, vida social baseada no que ganhamos, vestimos... -- pois o que somos não está desvinculado de nossas atitudes, sejam elas para o bem ou para o mal.
Não adianta, estamos apenas postergando nossa possibilidade de evoluir junto a uma humanidade que de ser humano precisa -- não ontem, não amanhã, mas agora -- nesse minuto, com ou sem roupas, com ou sem pessoas que nos subjugam, mesmo porque a evolução do ser não depender delas, apenas de você, desse ser misterioso e grandioso no qual reside divindades tão belas quanto imaginamos.
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