sexta-feira, 27 de abril de 2018

Trabalho Eterno

Estamos chegando a mais um Dia do Trabalhador. Dia em que, segundo consta em seus princípios -- que o fizera este dia -- refletimos acerca do nosso trabalho junto às empresas, ao patrão, e este ao empregado. Por isso, o feriado. Irei um pouquinho mais longe: o Dia da Reflexão junto ao Universo, a si mesmo.

Não é preciso ir muito longe para entender que emprego (trabalho, profissão...) não mais é que aspecto subjetivo de um mundo que precisa se capitalizar, mesmo porque não se vive sem pagar qualquer conta, a minha, a sua, das pessoas que procuram remunerar-se de alguma forma, mesmo quando estão sem trabalho, enfim, se mexer dentro de um contexto no qual precisa estabilizar-se financeiramente e assim psicologicamente para o bem de uma sociedade, de um grupo, de uma família, de si mesmo, como chefe de família ou não.

É nobre, é compreensível. No entanto, quando levamos a reflexão um pouco além disso, percebemos que trabalho é algo que não é inerente apenas ao ser humano, mas ao todo, a tudo, principalmente ao que desconhecemos: o invisível. Sem ele, o concreto, o visível, o palpável é certo que não existiriam.

Quando Platão se refere ao mundo Inteligível, não quer dizer longe de  nós, em galaxias distantes. Não. Está aqui, do nosso lado, perto o bastante para entendermos que nossas ideias, nossos conceitos de Justiça, de Amor, de Beleza não são apenas conceitos, mas realidades das quais podemos extrair algo e plasmar junto ao sensível-- o mundo concreto. Nações antigas, como a do Egito, faziam isso. Então é certo que um dia demos certo como nação e seres humanos. 

Não há patrão, nem mesmo empregados no universo. Ao contrário do que dizem que "Deus fez isso e Deus fez aquilo", como um ser que pode subjugar o próprio trabalho de acordo com seus interesses e um dia jogar tudo para o alto e dizer... "Vou acabar com o Mundo". Não podemos deixar que isso corra nas veias de um ser humano, como ideia que se tornou verdade, plasmada por repetição; a não ser que entendamos de maneira mítica, simbólica, como há vários séculos em Roma, na Grécia clássica, na qual mitos cristãos saíram também para explicar o fim e o início do mundo... Além de outras várias nações antes de Cristo.

Não há uma Inteligência que demita uma estrela, um sol, uma célula, uma vida... E sim a natureza em perder sua "validade" junto ao universo, pois tudo que é concreto um dia se vai. A depender do tamanho, demora ou não; e isso deve ser incutido novamente nas massas, como um dia o foi no passado, de maneira que entendam que por mais belo que seja o sol, a terra, o homem e seus questionamentos junto ao sagrado, um dia se vai.

Entretanto... O que está ao seu lado, como ideia, com elemento invisível que se formou, como diria Demócrito, uma Alma antes da alma, a qual depois dessa, não se cala, não se vai. E o próprio Uno, como constatou mestre Platão, a possuir sua alma, deixa bem claro que mesmo se indo como concreto (sensível), não se vai no inteligível.

Tudo trabalha, ainda que depois de morto; pois há elementos que transformam aquela parte, aparentemente morta, em algo, talvez até mais útil -- a depender do que aquele corpo fizera em vida. E é disso que precisamos, de reflexões ao que fazemos aqui e agora junto ao Sagrado, à Natureza, a Deus. Não adianta, concluo, ser um grande empregado de uma firma maravilhosa, ganhar rios de dinheiro por mês, e como ser humano não ter nada a oferecer. Parece algo bobo de se dizer, mas a palavra trabalho tem que sair de nossos dicionários como reflexões externas, e passar para internas no sentido de levar nossa consciência ao que somos, não apenas ao que fazemos.

E como já disse em vários textos, precisamos descobrir nossa real vocação -- o chamamento da alma --, embarcar naquilo para qual nascemos, e naquilo que o próprio Deus nos colocou com vistas a conhecê-Lo melhor, e trabalhar muito e com amor, sempre.


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