sexta-feira, 20 de abril de 2018

Entre a Espada e a Cruz

Ontem, em uma série sobre os vikings, pude assistir a um dos mais belos espetáculos já colocados na televisão: a guerra entre clãs vikings e ingleses cristãos. Era o ano de 700 a 800 d.C no qual muitas tribos ainda se formavam a partir dos descobrimentos e tomadas de terras alheias, e os grandes guerreiros vikings, por si sós, já falavam bem alto, sem qualquer palavra acerca de suas pretensões. Sua fama e fome de invasão ao desconhecido eram milenares. 

E foi assim que exércitos cristãos temiam aqueles que eram vistos como o responsáveis pelo mal, pela dor, desespero e morte da irmandade, que tinha como referência Cristo, Deus (da maneira deles), e outros santos. Eram diferentes em tudo, até na hora da batalha que exigia força, coragem e certeza de confronto com o inimigo...E mais, não temer a morte -- algo que aprenderam (e porque não dizer, aprendemos) a ter quando a paixão e a incerteza tomaram conta da humanidade em forma de gestos simplórios.

Era a era das batalhas, dos deuses que beatificavam os mais fortes, os mais destemidos e premiavam todos que morressem com honra. Não havia essa filosofia nos soldados cristãos, apenas um paraíso que começava a se formar na alma do homem manso, que perdoava em nome de Deus, que se sentia um pouco melhor ao dar a outra face.

Aos vikings, enquanto isso, sobrava-lhes o sorriso em ver homens fracos, com medo dos seus exércitos, os quais eram como crianças abandonas mortas de fome, em nome dos deuses, a encher o prato de comida. E comiam. Em seus olhos o sangue já dava sinal de que Thor e Odin já estavam naquele espírito, e não tem coisa mais medonha do que ver a alma do homem sem medo sendo extraída pelo físico. Fosse qual fosse, do menor ao maior.

A ideia dos cristãos, assim como a dos vikings, era mesma: seus olhos já irradiavam medo e dor, como numa união híbrida entre álcool e gasolina, no mesmo tanque, só que o efeito não era o esperado. Pelo contrário. Em batalha, pareciam que espadas e escudos pesavam, elmos o atrapalhavam a visão, tudo era motivo de deserção, e muitos o fizeram no limiar do sangue negro nas roupas.

A paixão de Cristo em guerra não era uma boa saída, ainda que tentassem; mesmo assim, graças a muitos reis que se converteram no cristianismo, conseguiram, e anos após anos, em nome de Deus, destruíram fortificações, deuses, histórias, lendas e mitos, que poderiam ter sido elevados até os dias atuais. E o pior, transformaram sua bela história cristã com alguns elementos do passado nórdico.

Para muitos que acreditam que os vikings eram apenas guerreiros destruidores, devo dizer que estão errados, simplesmente pelo fato de que cultura não se mede, nem mesmo se critica pelo fato de ir de encontro à nossa. Muito pelo contrário. Devemos mergulhar em suas crenças, nos apaixonarmos por ela, sem deixar a nossa de lado; caso contrário, seremos xiitas e estaríamos destruindo o mundo, ao invés de construí-lo para nossos filhos.

Tais homens, grandes homens, desbravaram terras, mas nem sempre atropelavam seus supostos inimigos, pois sua natureza nada mais era do que enriquecer, tomando do outro o que para gente é apenas uma porção de pratas e ouro; para eles, os mistérios contidos na natureza eram mais raros e por isso mais caros do que o ouro que tradicionalmente roubavam... Eles tinham que se mostrar melhores, e eram no que faziam.

Amavam suas esposas, seus filhos, sua gente. Tinham sua parte mítica adotada como princípios naturais, pois acreditavam que a própria natureza possuía sua Regra, sua Ordem, e de alguma forma tínhamos que adotá-la, e o faziam por meio dos deuses, os quais falavam não somente a cada um, mas ao e do próprio universo, dentro do qual nascimento, vida e morte, nascimento, vida e morte, sempre se revelava ante aos olhos da vida. 

Quanto ao deus penoso, cheio de lágrimas, inventado pelos homens apaixonados por paraíso, tomava conta do mundo, homens se desconectavam da natureza e criavam para si a história centralizada no próprio homem, sem deuses, sem potencialidades sagradas, nas quais princípios eram apenas interesses individuais, com vestes santificadas, e quando cometiam (cometem) impropérios, clamam a Deus.










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