Platão aponta para o céu, Aristóteles para a terra. Escolha o caminho. |
Na tradição, encontro eu mesmo, revestido de homens que
vivenciaram a letargia de sistemas, e sentiram na pele a necessidade de
engrandecer, elevar a patamares morais, o próprio homem, que, mesmo cego ante
os desastres que criou, pedia aos deuses que lhe dessem a primazia da proteção –
uma hipocrisia, que fora retratada muito tempo depois em nosso tempo.
Assim, os tempos se passaram, a estrutura física, moral,
ética do homem virou relatividades – conversa de barzinho – das quais nasceram
frivolidades em forma de leis. E homens a obedecê-las. Era a desconexão com o
passado, com o sagrado, com Deus, e, por consequência, consigo mesmo. Ficando
para novos ciclos a tomada de atitudes em relação ao que é realmente
valoroso...
Do que falo? – revolução.
Um dia, em uma palestra, de um filósofo chileno de nome
Jorge A. Livrarga, em vídeo, fiquei estático com uma realidade simples a que
estávamos passando. Ele falava de coisas simples, objetivando o profundo do ser
humano, como o papel da mesa, da cadeira; falava da harmonia e beleza entre
coisas diferentes. Falava do universo a que estamos tão acostumados a viver, mas não presenciar.
Enfim, ainda que não fosse possível entender todo seu
sotaque rápido-latino, percebi que havia entendido o bastante. O resto não
importava. Mesmo assim, vibrava quando podia! Era a informação adentrando em
meu cérebro, tomando conta de meu racional, adentrando em meus sentidos, e
sutilmente tocando a crista de minha alma. Era música para ela.
“Precisamos , disse ele, de voltar às nossas origens! De
entender o papel humano, aqui e agora, senão a decadência nos banirá.
Precisamos entender nosso papel, assim como uma mesa que serve para colocar
coisas, assim como uma cadeira para se sentar” completou. “entender que a
beleza não está longe de nós, pois é em elementos diferentes que a encontramos;
em elementos simples, como esse forro – tocando no pano da mesa – e unido a
essa jarra, a esses copos, podemos dizer que mesa, cadeira, copo e jarra fazem
uma harmonia, por isso temos a beleza”, sublinhou. falou um pouco sobre Justiça. Se todos os objetos, naquela mesa, estivessem fazendo o seu papel de acordo com sua natureza, estariam sendo justos em relação ao que são. Isso me tocou, pois me perguntei se eu estaria de acordo com minha natureza...
...Olhei para mim, e pude ver um pouco dessa grandeza. Mas
percebi que o simples não é tão fácil de ser percebido, pois somos passivos de
sermos complexos, imediatistas, racionalistas, no sentido mais baixo possível,
mas nunca simplistas, de modo a perceber que mesa, cadeira e copos formam
elementos naturais de harmonia e beleza – claro, tudo isso como metáforas – e ainda,
tinha que refletir mais, não só sobre mim e a meus atos, mas também sobre o próprio
homem moderno, que, como foi dito, está se distanciando de suas
origens.
Depois de muito tempo mesmo, percebi que o grande
filósofo tinha bebido na água dos grandes mestres da humanidade – Platão,
Sócrates, Pitágoras, Cristo, Zoroastro, Pré-socráticos, etc – e trazido a
fumaça do conhecimento aos parcos seres que ali se sentiam mais parcos ainda, pois, tenho a certeza, foi um baque para todos...
Ele, um mestre, que já tinha milhares de discípulos, estava
ali graças a sua praticidade naquilo que expunha a todos. Ou seja, não era mais
um falacioso ser que lera duzentos e um livros e dizia-se (se é que disse
alguma vez...) filósofo. Não, não era. Sua honradez, elucidada em suas
palavras, deixava claro que não tínhamos um crente, católico, frei, monge, mas um homem especial, dizendo que não havia mais tempo a perder, e, mais do que
nunca, partir para a humanização do homem. Já!
E dentro desse critério, desse referencial, digo mais uma
vez, temos que nos pautar. Seja onde estivermos -, em casa, no trabalho, no
amor, nas escolhas, no buscar material ou não. Enfim, dar um basta sem dar um basta
radical, sem ser xiita, desumano, senão estaremos fazendo parte do mesmo mundo,
tentando não ser dele.
Volto com mais revoluções.